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10 agosto 2017

O suicídio - Divaldo P.Franco



O SUICÍDIO

Com caráter epidêmico, o suicídio alcança índices surpreendentes na estatística dos óbitos terrestres, havendo ultrapassado o número daqueles que desencarnam vitimados pela AIDS.

A Ciência, aliada à tecnologia, tem facultado incontáveis benefícios à criatura humana, mas não conseguiu dar-lhe segurança emocional.

Em alguns casos, a comunicação virtual tem estimulado pessoas portadoras de problemas psicológicos e psiquiátricos a fugirem pela porta abissal do autocídio, como se isso solucionasse a dificuldade momentânea que as aturde.

Por outro lado, sites danosos estimulam o terrível comportamento, especialmente entre os jovens ainda imaturos, que não tiveram oportunidade de experienciar a existência. De um lado, as promessas de felicidade, confundidas com os gozos sensoriais, dão à vida um colorido que não existe e propõem usufruir-se do prazer até a exaustão, como se a Terra fosse uma ilha de fantasia.

Embalados pelos muito bem feitos estimulantes de fuga da realidade, quando as pessoas se dão conta da realidade, frustram-se e amarguram-se, permitindo-se a instalação da revolta ou da depressão, tombando no trágico desar.

Recentemente a mídia apresentou uma nova técnica de autodestruição, no denominado “clube da baleia azul”, no qual os candidatos devem expor a vida em esportes radicais ou situações perigosíssimas, a fim de demonstrarem força e valor, culminando no suicídio. Se, por acaso, na experiência tormentosa há um momento de lucidez e o indivíduo resolve parar é ameaçado pela quadrilha de ter a vida exterminada ou algum membro da sua família pagará pela sua desistência.

O uso exagerado de drogas alucinógenas, a liberdade sexual exaustiva e as desarrazoadas buscas do poder transitório conduzem à contínua insatisfação e angústia, sendo fatores preponderantes para a covarde conduta.

O suicídio é um filho espúrio do materialismo, por demonstrar que o sentido da vida é o gozo e que, após, tudo retorna ao caos do princípio.

É muito lamentável esse trágico fenômeno humano, tendo-se em vista a grandeza da vida em si mesma, as oportunidades excelentes de desenvolvimento do amor e da criação de um mundo cada vez melhor.

Ao observar-se, porém, a indiferença de muitos pais em relação à prole, a ausência de educação condigna e os exemplos de edificação humana, defronta-se, inevitavelmente, com a deplorável situação em que estertora a sociedade.

Todo exemplo deve ser feito para a preservação do significado existencial, trabalhando-se contra a ilusão que domina a sociedade e trabalhando-se pelo fortalecimento dos laços de família, pela solidariedade e pela vivência do amor, que são antídotos eficazes ao cruel inimigo da vida – o suicídio!


N.R.: Transcrição de artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 20 de abril de 2017.

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