FAÇA O BEM
Somos uma população encarnada de mais de 7 bi de habitantes e falidos moralmente em razão de um passado delituoso e comprometido com as leis naturais ou Divinas. Em razão de nossa pequenez moral, a humanidade pratica diariamente bilhões de atos de maldade, contaminando a psicosfera do planeta que fica envolto por uma camada de miasma deletério, poluindo o psiquismo humano e também o meio ambiente. O miasma deletério no sentido espiritual, é a emanação de uma vibração negativa, que causa uma sensação de ansiedade opressora e mal-estar geral.
Em consequência desses pensamentos e atos deletérios, estamos todos sujeitos a essa influência que nos tira, muitas vezes, o discernimento da realidade e dos acontecimentos em nossa volta, distorcendo a nossa compreensão da vida e suas vicissitudes. Isso nos coloca em uma condição de mútuo comprometimento com a realidade existencial e com a finalidade de estarmos encarnados, qual seja, a de nos empenharmos em nosso desenvolvimento, especialmente o moral, provocando assim uma espécie de imantação ao mal ou ao bem, dependendo do que vai no interior de cada alma. Diante de catástrofes e grandes mudanças coletivas, somos imantados por esse nosso psiquismo, como uma espécie de atração para passar por tais episódios.
Somos todos interligados por essa realidade em razão de, ainda como espíritos moralmente falidos, somos submetidos, muitas vezes, ao sofrimento, a tortura e até mesmo prematuramente à morte do corpo, o que nos leva a conclusão de que muitas vezes há e haverá injustiças nesse mundo, mas que nenhum de nós somos injustiçados em razão das próprias maldades por nós criadas diariamente, comprometendo o ajustamento da marcha evolutiva em direção à perfeição a qual estamos todos destinados.
Uma das formas de atenuar e até mesmo modificar essa condição é a proposta do bem, praticando-o na sua mais extensa profundidade, qual seja, fazer o bem sem olhar a quem, naquela alusão de o evangelho que nos conclama a: “não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita”. Mas como fazer o bem pode mudar nossa realidade? Quando, de fato, se faz o bem como preconiza o evangelho, estamos criando uma nova realidade interior e exterior pois, passamos a construir novas opções nas nossas ações diante da vida. Porém quando alguém faz um bem, mesmo a contra gosto, surgem realidades e circunstâncias nem sempre por nós compreendidas ou percebidas de imediato, como ocorreu com Simão de Cirinaica, naquela fatídica tarde da via crucis em que retornava de exaustivo dia de trabalho, se depara com Jesus carregando injustamente em seus ombros o madeiro infame da acusação de pervertedor da ordem estabelecida, e se vê obrigado por um soldado romano a carregar a cruz até o Monte da Caveira e, ao abaixar-se para devolver a cruz que não lhe pertencia, cruza seus olhos com os do Mestre que lhe diz: “Meu filho, Deus te abençoe a dádiva bem vinda, mesmo que a contra gosto, por que todo bem feito é uma luz que se ascende pelo caminho.” Naquele momento Simão sente um frêmito e fica magnetizado por aquele olhar que lhe invade a alma. Sem compreender essa sensação, agitado e ansioso, retira-se rapidamente desejando chegar ao seu lar.
Ora, se um bem feito, mesmo a contra gosto, uma luz se ascende pelo caminho, imaginemos o bem intencionalmente feito com o propósito de amparar o carente, o desamparado, o abandonado, o vilipendiado, o excluído, a criança de rua, os animais, os acometidos pelas grandes catástrofes, que pomposamente chamam de “tragédia ambiental”, enquanto que na verdade esse tipo de tragédia ambiental provém do mais alto grau de egoísmo e cupidez humanas, sendo um crime contra a vida.
São esses atos que podemos denominar de o amor em ação, que progressivamente praticados, mesmo que a contra gosto, vai eliminando de nossas almas as mazelas da indiferença, da omissão, da ganância, do egoísmo, da vaidade de nossos nomes e títulos, do orgulho de nos crermos melhores do que nosso irmão de caminhada, por ainda não compreendermos que somos todos iguais perante Deus e que devemos amar ao nosso próximo com toda a intensidade para que nos sintamos irmãos diante uns dos outros.
Que grande sabedoria e que maravilhosa estratégia que a lei divina nos concede em podermos nos melhorar através de nós mesmos. É o Criador em nosso íntimo, permitindo chegar até Ele com nossos atos e atitudes, sem que dependamos de quem quer que seja para o nosso crescimento. Portanto, a chave do nosso avanço moral reside em nosso íntimo e dispomos dos meios para eliminarmos de nossas almas os rígidos sentimentos antifraternos e egoísticos, que a séculos e milênios nos tem mantidos morosos conosco mesmo, impedindo-nos de alcançar o brilho das estrelas dos diversos mundos do cosmo infinito. Não fomos criados para permanecer nesta inércia e apatia diante da grandiosidade da vida que nos é reservada na Obra Divina. No entanto, cabe-nos a iniciativa de buscar os meios para que a evolução aconteça. Portanto, façamos o bem, sem olhar a quem e muitos menos que seja alardeado com o fim de recebermos a auréola social dos nossos atos pois, ela será divina, no íntimo de nossas almas e com a presença do Criador em nós.
Foi exatamente assim que aconteceu com Simão, que não tinha a mínima noção do que viria a acontecer-lhe, por um ato a contra gosto: Na pedra fria do calvário Jesus ao receber novamente a cruz, cruza o seu olhar com o de Simão e sente que ele também carregava uma cruz em seus ombros, que era a cegueira de sua amada filhinha que o aguardava no lar, e por esse seu gesto sendo obrigado a carregar momentaneamente sua cruz, cura a cegueira da criança como gratidão pelo bem que recebera em um momento em que não conseguia mais carregar o infame madeiro sobre seus ombros.
Valci Silva – Psicólogo
Diretor Depto. Doutrina
USE Intermunicipal de Tupã
São Paulo-SP
Fonte: Rede Amigo Espírita
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