A
mais pungente dor moral, pertinaz e profunda, é a que decorre da separação
imposta pela morte física.
Nada que se lhe equipare, considerando as injunções que impõe,
de tal modo que dilacera os tecidos sutis da alma.
Mesmo quando aguardada ou almejada, constitui surpresa, graças ao convite
vigoroso que faz em relação à única realidade de
que ninguém se pode eximir: - a imortalidade!
Sorrateira, arrebata os afetos e carrega os adversários, produzindo inusitada
emoção que sempre aflige, particularmente quando se trata dos
amores, aos quais se tem vinculado o coração.
Enigmática, transfere os seres de um para outro estágio de vida,
mas não os aniquila.
Libertação para uns, ensejando felicidade e triunfo; após
as caminhadas rudes faz-se grilheta e cárcere para a consciência
que se intoxicou pelos vapores da insensatez, ou que cultivou os cardos da criminalidade
a que se submeteu, em demorada constrição.
Concessão divina, é incompreendida por aqueles que amam a ilusão
e se arrogam a fatuidade do poder terreno.
A ninguém poupa e a todos iguala, temporariamente, para selecioná-los
logo depois, através dos títulos morais de que Não te rebeles
ante as conjunturas da morte, que te separou, momentaneamente, do ser a quem
amas.
Não será definitiva tal circunstancia.
Tem paciência e espera, preparando-te para o reencontro que logo mais
se dará.
Os teus afetos te aguardam, esperançosos. Não os decepciones com
a revolta ou com o desespero injustificado.
Eles vivem como também viverás.
Anleciparam-te na viagem, mas não se apartaram, realmente, de ti.
Não os vês, mas estão ao teu lado...
Se os amas, estão contigo, se os detestas, vinculam-se a ti.
Não os fixes às memórias inditosas, aos impositivos da
paixão, às condições da tua dor.
Luariza a saudade, mediante a certeza de reencontrá-los.
Assim, utiliza as tuas horas disponíveis para produzir no Bem, pensando
neles, orando por eles, convertendo moedas em pães, flores transitórias
em reconforto para outros seres que padecem privações.
Se desejares fazer mais, coloca alguém arrancado dos braços da
orfandade ou da miséria, da velhice ou da viuvez, no lugar deles, no
lar, e ajuda por amor a eles.
Bendirão teu gesto e acercar-se-ão mais de ti, ajudando-te também.
*
Essa dor angustiante e hebetadora diminui quando o amor se desdobra em direção
do sofrimento humano, por afeição e gratidão dos que morreram,
e vivem.
No Calvário, rompendo o silêncio dominador, à hora extrema,
Jesus, antes da libertação total, fez-nos o precioso legado de
entregar Sua mãe a João e este àquela, como a legislar
que a mais alta expressão do amor é a doação da
vida a outras vidas, por tributo de carinho à Sua vida.
Medita e enxuga o pranto da saudade, transformando-o em esperanças de
felicidade porvindoura.
Joanna
de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco
Médium: Divaldo Pereira Franco
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