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16 julho 2020

Menos Armas, Mais Amor - Cláudio Sinoti




MENOS ARMAS, MAIS AMOR


Os tempos que vivemos, com avanços significativos em várias áreas do conhecimento e na tecnologia, fazem com que certos embates se tornem muito intensos, desafiando a mulher e o homem modernos a alçarem os altos voos do espírito aos quais estão destinados, conforme a lei de progresso.

Nada obstante, as questões do passado não muito longínquo, de seres primitivos recém-saídos das cavernas, nos mostram que para a conquista da consciência ainda há um longo percurso pela frente. E não é preciso ir muito longe para comprovar que estamos distantes de uma consciência plena, e que a psique e o nosso mundo emocional ainda são grandes incógnitas a serem decifradas.

As psicopatologias, em suas diversas manifestações, muitas vezes levando ao suicídio, têm apresentado índices alarmantes. Ao lado desse quadro, a violência, nas suas várias faces, bate à nossa porta, adentrando-se pelos nossos lares de forma cada vez mais preocupante. Esses são sinais que os instintos agressivos ainda encontram guarida no comportamento humano, na violência que o indivíduo pratica consigo mesmo, assim como contra o próximo e a coletividade.

Descrentes dos valores nobres da vida, muitos desistem de buscar uma solução pacífica e harmoniosa para os graves problemas que enfrentamos, e passam a alimentar a ideia que, para combater a violência, devem ser usadas com intensidade as armas da própria violência. E quando já não é mais um eco isolado a ideia de que é preciso nos armarmos mais, assim como fazer uso de meios punitivos mais severos, chegando à pena de morte, o ser “primitivo” demonstra que ainda predomina diante do ser espiritual que somos em essência, mas que ainda adormece em nosso mundo íntimo.

E qual será a saída para tudo isso que vivemos?

Não existe receita mágica para resolução de crises, senão o enfrentamento consciente de todas as questões que nos inquietam, individual e coletivamente. Isso passa pela decisão consciente do indivíduo de se autoconhecer e se aprimorar, assim como a construção de mecanismos educacionais e sociais que proporcionem o despertar de uma nova consciência, para conseguirmos estabelecer uma vivência mais harmoniosa e respeitosa entre os seres humanos.

Algumas terapêuticas têm-se mostrado excelentes para construção de uma cultura de paz e amorosidade, e estão à disposição de todos, como por exemplo:

– Prática diária da reflexão e meditação. Esse hábito deve ser estimulado nas escolas, com crianças e jovens, no trabalho, nos grupos religiosos e em todos os ambientes em que pudermos implementá-lo. Pesquisas sérias, como as conduzidas pelo Dr. Richard Davidson (1), comprovam os efeitos benéficos da meditação para uma vida mais saudável e consciente. Na Índia há relatos de uma experiência positiva da inclusão da prática da meditação em presídios (2), com resultados excelentes. Breves momentos diários podem resultar em benefícios para toda uma vida.

– Diálogo familiar. O diálogo familiar, que pode dar-se em meio às refeições, é excelente terapêutica para que os membros da família construam laços mais fortes de afetividade. Esse hábito é útil tanto para que a família possa perceber quando um dos familiares estiver passando por algum desafio que não está sabendo lidar, assim como para compartilhar alegrias, conquistas e percepções. Na correria da vida moderna, alguns hábitos saudáveis têm sido deixados de lado, comprometendo nossa saúde emocional, física e espiritual.

– Evangelho no Lar. A oração em família, a reflexão sobre valores morais e espirituais, proporciona uma reavaliação das nossas atitudes, assim como a serenidade necessária para lidar com questões desafiadoras sem que nos desesperemos. Além disso, favorece para que os guias espirituais encontrem em nosso lar a harmonia necessária para nos intuir, proteger e direcionar nossos esforços em prol de uma vida espiritual saudável.

– A Caridade. Doar coisas é importante, especialmente quando a carência material se faz presente, mas doar de si, do próprio sentimento, é uma alavanca de transformação, pois ao tempo em que nos mobiliza a amar, proporciona que nos conectemos ao outro de uma forma mais profunda. Ademais, estimula aquele que passa por dificuldades a superar-se e a encontrar forças para sair da situação na qual se encontra, quando possui forças e possibilidades para tal, ou a resignar-se e encontrar um sentido mais profundo na existência, quando viva situações limitadoras.

E em casos mais graves, quando o comportamento de algum componente familiar necessitar de cuidados mais urgentes, não negligenciar a busca de profissionais do campo do comportamento, para que aliada às terapêuticas acima, a ciência possa fazer sua parte, com os avanços que já dispõe.

É o momento, portanto, de escolhermos o amor como solução, pois como propõe a Benfeitora Joanna de Ângelis (3): “…a força do amor terminará por vencer as barreiras fortes da impiedade e do materialismo de que se reveste esse sentimento vil, e instalará, a pouco e pouco, os alicerces do respeito humano, que se expande em favor da Natureza, do planeta, de toda expressão de vida que nele se manifesta…”.


Autor: Cláudio Sinoti


Referência:

1- Sugerimos o livro: O Estilo Emocional do Cérebro (The Emotional Life of Your Brain)



3- O Amor como Solução. Leal Editora

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