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31 dezembro 2021

Retrospectiva - Nilton Moreira

 
RETROSPECTIVA

Vemos que a imprensa de um modo geral sempre traz à baila assuntos que aconteceram e que marcaram de algum modo na trajetória do ano anterior. É levado a sério isso que até temos em vários veículos o espaço denominado “retrospectiva do ano” ou nome parecido.

De fato é interessante relembrar alguns acontecimentos e a maior parte das pessoas agrada ver/ouvir assunto que ensejam catástrofes, acidentes, mas também tem aquelas que gostam da retrospectiva do esporte, assim como tem as que não são adeptas desse tipo de programa, pois dizem ter de recordar coisas desagradáveis que possuem ruim energia.

Uma das datas que sempre procuro relembrar nesta época é o acontecido há 2000 anos, ocasião que nasceu entre nós na mais pura humildade um Homem que nos trouxe os parâmetros para que conseguíssemos nos melhorar e ir habitar uma das “Moradas da Casa do Pai" mais evoluída, onde já não há sofrimentos como os existentes aqui na Terra.

Os parâmetros que nos referimos é o do Evangelho, o qual é professado por quase todas as religiões do mundo, mas na prática ainda deixa a desejar, pois vemos muita maldade no coração dos que aqui habitam, motivo pelo qual vivemos entrelaçados com tristezas, dores, o que nos rende muitas lágrimas.

Jesus ficou um breve período entre nós, mas nos ensinou só amor, fortificando nossa fé quando nos ensina a rezar, através da prece “Pai Nosso” e nos demonstrando que não estamos aqui abandonados, existindo um Criador.

Aproxima-se o aniversário do nosso Irmão Maior, aquele que está conosco sempre e que normalmente só lembramos nos momentos difíceis. Ele é que dirige o nosso Planeta e sempre quis a união de todos. Não nos forçou a seguir nenhuma religião. Apenas pedia para que não pecássemos mais por ocasião que efetuava curas.

O tempo todo que esteve conosco, embora sendo perseguido, pedia para que amássemos ao próximo, e também afastou espíritos obsessores, almejando sempre nossa transformação moral, o que até agora constatamos estar difícil.

Mas também é verdade que muitos de nós ao olhar para seu respectivo passado vai ver que muito progrediu e tornou-se uma pessoa de melhor índole, distanciando-se de muitos irmãos que ainda vivem atrelados em maus procederes, prejudicando outrem, principalmente aqueles que detém o poder e não dão o exemplo para que o mundo melhore.

Certo é que todos nós vamos ter de prestar contas quando retornarmos à espiritualidade, e assistir nossa própria retrospectiva, e a dor maior será de não ter feito todo o bem que poderíamos fazer.


Nilton Moreira
Artigo da Semana - Estrada Iluminada
Fonte: Espirit Book

30 dezembro 2021

O Espiritismo e o Progresso da Humanidade - Ana Paula Januário

 
O ESPIRITISMO E O PROGRESSO DA HUMANIDADE

Ao contrário da primeira e da segunda revelação que foram simbolizadas por Moisés e por Jesus, respectivamente, o Espiritismo, a terceira revelação, surgiu em diferentes pontos do globo espontaneamente, através de vários Espíritos, que são as vozes do céu (KARDEC, 2009, cap. I). O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal (KARDEC, 2009, cap. I). Oposto do que muitas pessoas acreditam, a doutrina espírita não [...] ensina nada de contrário ao que o Cristo ensinou, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros para todo o mundo, o que não foi dito senão sob a forma alegórica (KARDEC, 2009, cap. I). Mas fica uma questão curiosa quanto a isso, de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso da humanidade?

Essa pergunta é uma das milhares que compõem o Livro dos Espíritos, mais precisamente a questão 799, na qual Allan Kardec tem como resposta dos espíritos a seguinte argumentação:

“Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos.”

Em consequência disso, crer no espiritismo ajuda o homem a [...] melhorar-se fixando as ideias sobre certos pontos do futuro. Ela apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas, porque permite conhecer o que seremos um dia, é um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O espiritismo ensina a suportar as provas com paciência e resignação. Ele desvia os atos que podem retardar a felicidade futura e é assim que contribui para essa felicidade (KARDEC, 2008, questão 982), porém vale lembrar que o homem tem a mesma oportunidade em qualquer caminho que ele seguir para alcançar a sorte futura, pois é o bem que assegura essa condição.

Assim como qualquer outro advento próspero e que fuja aos padrões da sociedade, o espiritismo também possui resistência para ser aceito por todos, mas como trazem os espíritos na questão 798 do Livro dos Espíritos, ela [...] se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos.

É importante considerar que o espiritismo apesar de estar destinado a exercer grande influência no adiantamento dos povos, [...] pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange (KARDEC,2013, cap. XVIII, item 25), não pode desencadear uma renovação social fazendo com que todos, incluindo os materialistas e os ateus, creiam nele e em todas as informações a respeito do que nos espera no outro lado da vida.

Nem Jesus com seus prodígios conseguiu convencer a todos. [...] Não é por meio de prodígios que Deus quer encaminhar os homens, em sua bondade, ele lhes deixa o mérito de se convencerem pela razão (KARDEC, 2008, questão 802), gradativamente, sem atropelar o rumo natural das coisas; por isso a doutrina espírita surgiu na hora em que podia ser de utilidade, já que se viera mais cedo, teria esbarrado em obstáculos insuperáveis (KARDEC, 2013, cap. XVIII, item 25). Cada coisa tem seu tempo.

Entretanto, os espíritas devem continuar fazendo o trabalho em divulgar o conteúdo do espiritismo, lançando à sociedade um novo modelo de compreensão sobre manter-se na Terra e sobre a vida vindoura, operando diretamente no comportamento individual e coletivo, como constatou Allan Kardec e afirmou no seu discurso:

Tem impedido inumeráveis suicídios; restaurou a paz e a concórdia num grande número de famílias; tornou mansos e pacientes homens violentos e coléricos; deu resignação aos que não a tinham e consolações aos aflitos; reconduziu a Deus os que não O conheciam, destruindo-lhes as ideias materialistas, verdadeira chaga social que aniquila a responsabilidade moral do homem (KARDEC, 2019, Discurso do Sr. Allan Kardec).

Esse depoimento, assim como outros, mostra-nos o resultado que o espiritismo pode proporcionar ao indivíduo e à humanidade, porém quando é bem assimilado e vivido, já que apenas crer na existência dos espíritos e não tornar-se uma pessoa melhor, mais benigna e indulgente para com os seus semelhantes, não determina a transformação individual e da sociedade (KARDEC, 2006, item 350).

Dessa forma, tendo como objetivo combater os vícios e encorajando o desenvolvimento de virtudes, o espiritismo oferta condições para inspirar no progresso da humanidade, promovendo assim uma era de aperfeiçoamento social e moral, pois a Doutrina Espírita é, [...] acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos (XAVIER, 1998).O Espiritismo é a chave com a ajuda da qual tudo se explica com facilidade (KARDEC, 2009, cap. I), é a luz para os ensinamentos do Cristo, [...] explica o Evangelho não como um tratado de regras disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora mensagem de fraternidade e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis mais simples da vida (XAVIER, 1998.


Ana Paula Januário
Fonte:
Blog Letra Espírita

Referências:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 177. ed. São Paulo: Ide, 2008. 352 p.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 363. ed. São Paulo: Ide, 2009. 288 p.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 77. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

KARDEC. Allan. A Gênese. 53. ed. Brasília: FEB, 2013. 409 p.

KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de estudos psicológicos. Ano 4, 1861. 4 ed. Brasília: FEB, 2019. 552 p.

XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Cap. 38 (Missão do Espiritismo), p. 159.

29 dezembro 2021

Reencarnação - Processo - Donizete Pinheiro


  REENCARNAÇÃO - PROCESSO

Como explicar a reencarnação, se morremos adultos?

A mesma pergunta Nicodemos fez a Jesus há quase dois mil anos. Naquela época, não haveria como o doutor do Templo entender uma explicação que só agora a Doutrina Espírita nos oferta de forma clara. Pela mediunidade, os Espíritos informaram o processo pelo qual se dá a reencarnação, que é a volta do Espírito a um novo corpo. Trata de corpo humano, pois não é possível o retorno de um Espírito num corpo de animal, já que não existe o retrocesso espiritual. Também está afastada a tese da ressurreição, que seria a volta no mesmo corpo, porquanto a ciência não admite a possibilidade da reunião dos mesmos elementos depois da desagregação molecular e reaproveitamento da matéria na natureza.

Para entender como se dá a reencarnação é preciso ter em mente que o corpo é apenas um instrumento do Espírito, um veículo mais grosseiro que este usa para locomover-se aqui na crosta da Terra. Ligando o Espírito ao corpo existe um corpo intermediário denominado perispírito, com estrutura semelhante ao de carne, mas de natureza fluídica. Essa ligação se faz pela justaposição célula a célula, de modo que o que ocorre no corpo espiritual reflete automaticamente no corpo material e vice e versa.

É na natureza fluídica do perispírito que está a chave do processo reencarnatório. Por ser fluídico, é passível de ser moldado, trabalhado com muito mais facilidade do que a matéria mais consistente do corpo de carne. Compreenderemos melhor se acompanharmos o definhar de uma pessoa gravemente enferma. Ninguém acreditaria que um doente terminal de câncer ou AIDS, macérrimo, enrugado, pequenino é o mesmo homem forte, saudável e bonito de alguns meses antes. Se essas transformações ocorrem com o corpo de carne, imaginemos o que não é possível com um corpo fluídico.

Pois bem. Antes de mergulhar na carne, o Espírito (de mediana evolução) se submete a um trabalho de programação do seu renascimento, definindo os itens mais importantes para a próxima vida, como a família onde deverá nascer, as provas que enfrentará, a profissão, casamento e, em especial, que tipo de corpo será o seu. Tudo isso em razão das suas necessidades de progresso espiritual.

O corpo será definido com base nos genes dos futuros pais, previamente identificados pelos técnicos encarregados da reencarnação e com conhecimento de genética muito além dos grandes avanços já alcançados pelos nossos melhores cientistas.

Em tempo próximo da concepção (união do espermatozoide com o óvulo), o perispírito é magnetizado, sofre uma redução à forma de criança e parte da sua memória é adormecida. Logo após a fecundação, o perispírito é ligado ao ovo e o corpo vai crescendo conforme o molde perispiritual, permanecendo o Espírito junto da mãe até o momento do nascimento. O processo reencarnatório mesmo só se completa por volta dos sete anos, quando o Espírito mais se ajusta ao corpo, agora já quase liberto das energias físicas transmitidas pela mãe durante a gestação.

Essas são informações elementares e o interessado encontrará outros ensinamentos na medida em que se aprofundar no estudo da literatura espírita.

Donizete Pinheiro
Fonte:
Agenda Espírita Brasil


28 dezembro 2021

Visão Nova - Inácio Bittencourt

 
VISÃO NOVA

Você pergunta quais as primeiras sensações do “eu”, além da morte, e eu devo dizer, antes de tudo, que é muito difícil entender, na carne, o que se passa na vida espiritual.

As ilusões da vida comum são demasiado espessas para que o raio da verdade consiga varar, de pronto, a grossa camada de véus que envolvem a mente humana.

Há vastíssima classe de pessoas que se agarram às situações interrompidas pelo túmulo com o desespero somente comparável às crises da demência total.

Para nós, entretanto, que possuímos algum discernimento, por força da autocrítica, que não somos nem santos nem criminosos, as impressões iniciais de além-túmulo são de quase aniquilamento.

Só então percebemos a nossa condição de átomos conscientes.. A nossa frente, os valores diferem numa sucessão de mudanças imprevisíveis. Há transformações fundamentais em tudo o que nos cerca.

O que nos agradava é, comumente, razão para dissabores, e o que desprezávamos passa a revestir-se de importância máxima.

A intimidade com os outros mundos, tão celebrada por nós, os espiritistas, continua a ser, como sempre, um grande e abençoado sonho... De quando em quando, o obreiro prestimoso, na posição do aprendiz necessitado de estímulo, é agraciado com uma ou outra excursão de mais largo vôo, mas sempre condicionado a horário curto e a possibilidades restritas de permanência fora de seu habitat, o que também ocorre aos investigadores da estratosfera que vocês conhecem aí: viagens apressadas e rápidas, com limitação de ausência e reduzidos recursos de sustentação.

Incontestavelmente, grandes vultos da Humanidade gloriosamente vivem em outros climas celestes; mas, falando da esfera em que nos encontramos, compete-me afirmar que é ainda muito remota para nós qualquer transferência definitiva para outros lares suspensos da nossa comunidade planetária. Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, importantes companheiros da Terra, no sistema presidido pelo nosso Sol, acham-se a milhões e milhões de quilômetros. A própria Lua, considerada dependência terrestre, rola a centenas de milhares de quilômetros.

E as constelações mais próximas?

Você já imaginou o que seja o Espaço, esse domínio imenso, povoado de forças espirituais que ainda não conseguimos compreender em seus simples rudimentos? já calculou o que seja esse plano infinito, onde a luz viaja com a velocidade de trezentos mil quilômetros por segundo?

Francamente, hoje creio que um homem, dentro do nosso reino solar, é, comparativamente, muito menor que uma formiga no corpo ciclópico da montanha onde se oculta.

Sentindo-nos, assim, quase na condição de ameba pensante, somos, depois do transe carnal, naturalmente constrangidos a singulares metamorfoses do senso íntimo. Sempre nos supomos. figuras centrais no mundo e acreditamos, ingenuamente, que o nosso desaparecimento perturbará o curso dos seres e das coisas; contudo, no dia imediato ao de nossa partida, quando é possível observar, reparamos que os corações mais afins com o nosso providenciam medidas rápidas para a solução de quaisquer problemas nascidos de nossa ausência.

Se deixamos débitos sob resgate, pensamentos pungentes daí se desfecham sobre nós, cercando-nos de aflições purgatoriais; e se algum bem material legamos aos descendentes, é preciso invocar a serenidade para contemplarmos sem angústia os tristes aspectos mentais que se desenham ao redor do espólio.


A vida, porém, prossegue imperturbável, e nós precisamos acompanhar-lhe o ritmo na ação renovadora e constante.

Somos, assim, atribulados por enormes problemas.


Não será mais possível prosseguir com as ilusões a que nos agarrávamos entre os conceitos provisórios e os títulos convencionais, e nem podemos, de imediato, penetrar nos serviços da Espiritualidade Superior, por nos faltarem credenciais de luz íntima, com o amor e a sabedoria por bases.

Resta-nos, pois, diante das transformações inelutáveis da morte recomeçar humildemente aqui o velho curso de aperfeiçoamento moral, reaprendendo antigas lições de simplicidade e de serviço; e, quando nos comunicamos entre os homens de boa-vontade, é natural não sejamos os espíritos iludidos de ontem, mas os discípulos da verdade, no presente imperecível, edificados na integração mais perfeita com os princípios de Jesus, nosso Mestre e Senhor, não obstante a nossa demora multissecular em pleno jardim da infância.

Inácio Bittencour
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Falando à Terra


27 dezembro 2021

Famílias Tóxicas e o Espiritismo - Juliana Procópio

 
FAMÍLIAS TÓXICAS E O ESPIRITISMO

O termo família, no dicionário online, define o grupo de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou o grupo de pessoas com ancestralidade comum. Nessa concepção estão inclusos os pais, irmãos, tios e parentes mais próximos.

“Os familiares são os primeiros relacionamentos e experiências, e nosso lar o primeiro ambiente de convivência humana. No lar as experiências humanas são mais complexas. O organograma da família atual é composto por vários tipos e ramificações. O amor ao próximo deve ser exercitado dentro de lar, onde são desenvolvidos valores elevados de sentimento e da razão”.

É na família geralmente que está a nossa fortaleza e educação moral, como também as nossas maiores provas e resgates.

“Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova”. L.E.

Nunca foi tão necessário sentir-se acolhido no seio familiar como se faz no presente, no entanto para muitos o convívio com as pessoas que a constitui é algo difícil.

É na família que geralmente estão as nossas maiores provas. Todos temos um planejamento reencarnatório e, muitas das vezes, repleto de resgates de dívidas pretéritas ou de crescimento em conjunto.

No entanto, por vermos a instituição “Família” como algo sagrado, muitas vezes justificamos determinados comportamentos como excesso de zelo e preocupação aliados ao amor. Mas assim como nos relacionamentos amorosos e nas amizades, encontramos formas tóxicas no seio familiar relacionadas ao tratamento de um ou mais indivíduos.

“O termo ‘família tóxica’ designa um grupo familiar que traz angústia e sofrimento emocionais por causa do comportamento que alimentam. Acontece que muitas pessoas não sabem identificar de forma adequada esses indivíduos, pois, para isso, é necessário mergulhar na dor que eles causam”.

E quantos já não sentiram que não pertenciam a determinada família? Que não se parece com seus membros? Que pensa e age diferente de todos? Se sente deslocado?

Segundo a espiritualidade em alguns casos somos unidos não por sentimentos afins, mas pelas dívidas e resgates que temos juntos e mesmo no processo reencarnatório com o véu do esquecimento, alguns sentimentos e lembranças estão enraizadas em nosso perispírito e se manifestam em sentimentos que não podemos explicar. Reencarnamos para sanar essas dívidas preteridas, mas isso não justifica aceitar maus tratos e comentários depreciativos que minam a autoestima de uma pessoa e nada tem a agregar em nossa evolução.

Segundo uma pesquisa os relacionamentos familiares tóxicos podem gerar vários problemas, tais com:
  • estresse;
  • ansiedade;
  • depressão;
  • pouca autoestima;
  • dependência emotiva;
  • transtorno de personalidade;
  • sensação de inferioridade;
  • incapacidade de lidar com conflitos.
Geralmente são decorrência de comportamentos familiares onde há troca de papéis (entre pais e filhos), falta de diálogo, brigas constantes, violência psicológica ou física, distanciamento emocional, comparação excessiva entre os membros, atitudes e tratamento diferentes entre os pares, entre outros que intensificam esses problemas.

Alguns desses comportamentos e atitudes podem gerar emoções conflituosas, sensação de abandono e de não pertencimento. Quem por exemplo, não tem aquela amizade que é mais família do que a sanguínea? Que se entende pelo olhar? Essa é a nossa família espiritual, geralmente ligados por séculos.

O que temos que ter claro em nós é que estamos todos aqui para evoluir e nos melhorar moralmente. Uns estão apenas alguns passos à frente em sua evolução e isso não significa que somos melhores, mas que devemos usar esse entendimento para buscar paciência e formas de seguir.

No entanto, nenhuma relação, seja ela familiar, de amizade ou amorosa deve se manter quando uma das partes está sendo violada mental, físico ou psicologicamente. Devemos ter muito claro dentro de nós esse comportamento, que muitas vezes são “mascarados” de amor e cuidado.

É preciso ter em mente que Deus não quer o nosso sofrimento. Tudo o que vivenciamos está relacionado ao nosso livre arbítrio e as escolhas boas ou equivocadas que tivemos ao longo de nossas várias reencarnações. Portanto, conviver em um ambiente violento não é vontade de Deus para seus filhos.

Afastar-se não é desamor, mas uma forma de buscar mantê-lo e seguir em frente. Busquemos o equilíbrio em nossos relacionamentos e se for preciso e possível afastar-se, será uma solução viável para se evitar a aquisição de novas dívidas.


Que Deus ilumine seu caminho.

Paz e bem!


Juliana Procópio
Fonte:
Blog Letra Espírita

Referência:

O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mundo Maior Editora. In https://espirito.org.br/wp-content/uploads/2017/05/O-Evangelho-Segundo-O-Espiritismo.pdf
 

26 dezembro 2021

A Família - Divaldo P. Franco

 
A FAMÍLIA

A palavra família vem do latim famulus, que era o grupamento dos amos com os seus servos e todos quantos lhes eram chegados sob o mesmo teto.

Ainda podemos assim considerá-la, afirmando de maneira emocional que todos os membros de um grupo podem ser chamados de família.

A palavra tem uma abrangência muito grande, no entanto, desejamos referir-nos à tradição cristã de que a família é constituída pelos membros que têm vinculação parental. Nesse sentido, dispomos de duas famílias: a biológica ou consanguínea e a espiritual, que é toda a sociedade unida pelos laços da fraternidade.

O conceito se deriva de uma herança do Cristianismo primitivo de referência ao pai, à mãe e ao filho no grupo social.

Esta, a família tradicional, sustentou-se na ética do comportamento sociológico, que estabelecia dogmas encarregados praticamente de serem as leis que deveriam ser cumpridas, mesmo quando arbitrárias. Eram estabelecidas por teólogos e tradutores do Evangelho, que o faziam ao sabor das suas paixões políticas, morais e religiosas, buscando sempre impedir o progresso da sociedade.

O progresso, no entanto, é Lei Divina, e nada pode permanecer estacionado na ignorância; facultando melhor entendimento dos mecanismos da vida, foi desmistificando os mistérios que envolviam a procriação humana, os relacionamentos sociais, vencendo as trevas até quando o sexo, que era considerado pecado ou coisa imunda, passou a merecer respeito e consideração, em face da sua finalidade de perpetuar a vida orgânica.

Nos tempos modernos e contemporâneos, tornando-se órgão de alta significação, e especialmente após os estudos de Freud e inúmeros cientistas, vêm sendo banidas as teses perturbadoras em torno das suas funções, especialmente nos fenômenos psicológicos e psiquiátricos, além da organização somática, merecendo justa compreensão para a sua existência.

A família biológica, portanto, resultado da união sexual através do matrimônio ou do consórcio afetivo, é a base da sociedade, com altas finalidades em favor da evolução.

A família é a primeira escola na qual se exercitam os hábitos saudáveis da educação, da construção da Humanidade feliz ou desventurada. Devem basear-se os seus fundamentos na perfeita identificação de sentimentos elevados, gerando grupos harmônicos que se unirão na família universal.

Nos dias atuais, no entanto, em face dos incontáveis conflitos que tomam da sociedade, a família vem sendo desconstruída, e os seus membros, separando-se para assumir os objetivos da existência sem maturidade para o comportamento digno.

É urgente a reflexão em torno do lar, dos filhos, dos pais, dos demais parentes, reconstruindo-se a família feliz para o bem da Humanidade.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 02/12/21

25 dezembro 2021

O Natal Segundo a Doutrina Espírita - Carla Silvério Barbosa



O NATAL SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA

Estamos no mês de dezembro, época do ano que tradicionalmente “respira” os ares do natal e das festividades de final de ano.

Contudo, muitos comemoram esta data sem sequer imaginar as suas origens e o seu real significado, que vai muito mais além do que trocar presentes e compartilhar a ceia na madrugada do dia 24 para o dia 25.

Afinal, o que o natal?

Como surgiu essa data festiva na humanidade?

O natal como o conhecemos nos dias atuais tem sua origem no paganismo do Século II D.C., por volta de 274 D.C., quando o então imperador romano Aureliano determinou que se comemorasse o início do solstício de inverno com homenagens ao Deus-Sol Natalis Solis Invicti (Deus-Sol Invicto)[1].

O Cristianismo incorporou essa festividade pagã e a transformou na comemoração do nascimento de Jesus de Nazaré, considerado pelos cristãos até os dias atuais como o “Sol”, filho de Deus, a encarnação da justiça divina, personificação da “luz do mundo”[2].

Sabe-se que historicamente não há nenhuma comprovação de que Jesus de Nazaré tenha nascido numa noite de 25 de dezembro, até mesmo porque, à época de seu nascimento sequer existia o calendário e o sistema de datas utilizados hoje.

O decreto de que o nascimento de Jesus de Nazaré seria comemorado pelos cristãos no dia 25 de dezembro somente veio a ser estabelecido durante o papado de Julio I, no Século III D.C. e considerado feriado no Império Romano apenas com o Imperador Justiniano, no ano de 529 D.C.[3].

A Igreja Católica, no princípio do Cristianismo, percebeu que teria que usar de artifícios para cristianizar o povo romano, que até então era praticante do paganismo politeísta (religião oficial do Império Romano até 380 D.C., quando Teodósio I instituiu o Édito de Tessalônica [4], decretando a partir daí o Cristianismo como religião oficial de todo império) e usou de datas e divindades pagãs como ponto de partida para a introdução da nova doutrina que surgia naquele povo, a exemplo da figura de Jesus de Nazaré no lugar do Deus-Sol Invicto, e tantas outras incorporações da cultura pagã usada pelo Cristianismo primitivo como forma de se aproximar dos novos fiéis e conquistar a sua simpatia.

Desde a idade média até os dias atuais, o Cristianismo passou por diversas modificações e adaptações ao longo dos séculos, e com ele, transformou-se também o significado do Natal em meio à humanidade.

Como tempo surgiu a figura do presépio (inventado por Francisco de Assis), a árvore de natal (inventada por Martinho Lutero), papai noel (ou São Nicolau, bispo turco do Século IV que viveu em Mira, onde atualmente é a Turquia e que no seus aniversário dava presentes para as crianças locais), trenó com henas voadoras, presentes de natal (que remonta aos três reis magos que foram até Jesus de Nazaré em seu nascimento para lhes presentear) e toda a simbologia natalina da atualidade.

Em meio a toda a movimentação comercial e publicitária que hoje toma conta do natal e de toda a sua simbologia, muitos se perguntam qual seria o verdadeiro sentido do natal.

O natal não é apenas um dia festivo em que compartilhamos o jantar com familiares e amigos e trocamos presentes. Vai muito mais além!

Numa data em que lembramos e festejamos o nascimento de Jesus de Nazaré, nosso maior exemplo e grande governador espiritual do orbe terrestre devemos ter em mente o verdadeiro sentido do natal, revivendo em nossos corações as valiosas lições morais deixadas pelo Mestre enquanto esteve reencarnado no meio dos homens.

E o Espiritismo, comemora o natal?

Para a Doutrina Espírita, o natal é o momento de profunda reflexão, de ponderação de nossa conduta tanto vista intimamente como para com os demais, a respeito da mensagem que Jesus nos deixou e que até hoje temos dificuldade em entende-la e vivenciá-la.

Assim como ocorre em todo o mundo cristão do ocidente, todo dia 25 de dezembro é comemorado o nascimento de Jesus, e para o Espíritas não poderia ser diferente, haja vista que o Espiritismo é doutrina cristã, fundada por Jesus e apenas codificada por Allan Kardec.

Jesus de Nazaré, como dito, é considerado o grande Sol da humanidade e não por acaso foi escolhido o dia 25 de dezembro como marco para sua festividade natalícia.

Como grande Sol da humanidade, ele nos guia pelo caminho reto da porta estreia, rumo à depuração de nossas faltas e falhas, em direção à elevação máxima do Espírito.

Nas palavras ensinadas pelo próprio Jesus o “caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6, BÍBLIA SAGRADA) [5].

Como ensina Emmanuel[6]:

As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos. A Manjedoura foi o Caminho. A exemplificação era a Verdade. O Calvário constituía a Vida. Sem o Caminho, o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida.

Jesus desde o seu reencarne na Terra vem deixando valiosas lições à humanidade, por meio de palavras e por suas exemplares ações tomadas em meio aos homens distanciados da senda do bem pelos equívocos cometidos nas existências desajustadas e obscurecidas pela ignorância.

Na obra A Caminho da Luz Emmanuel [7] nos ensina que a passagem de Jesus de Nazaré pelo planeta Terra foi um marco para a maioridade espiritual da humanidade terrestre: “Começava a era definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações”.

Na época de natal, a solidariedade emerge no meio social e muitos aproveitam a data para realização de atos concretos de caridade, a exemplo do que Jesus nos ensinou.

Contudo, não podemos nos esquecer de que a caridade não deve ficar restrita tão somente à época natalina. A caridade, a exemplo de Jesus, deve fazer parte naturalmente do cotidiano dos homens.

Jesus nos exorta que fora da caridade não há salvação! [8] A Doutrina Espírita tem nas festividades natalinas um poderoso reforço de reavivamento desta valiosa lição para toda a humanidade.

Entretanto, é de fundamental importância a compreensão do significado correto da caridade ensinada por Jesus, que vai muito além dos bens materiais.

A caridade ensinada por Jesus deve ter origem no seio familiar, ensinada de pais para filhos (Q. 208, L.E) [9], na formação do caráter de seres humanos de bem conforme nos direciona o Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. XVII, item “3") [10], ensinando já às crianças a importância conjunta da elevação moral do ser humano e do trabalho de cada um para a melhoria de todos, tanto espiritual quanto do ponto de vista material.

Jesus, como Espírito de mais alto gabarito que é veio até o orbe terrestre para ensinar aos homens o amor verdadeiramente, mostrar o caminho da verdadeira felicidade que nada tem de material, mas sim decorrente justamente do desapego das coisas do mundo grosseiro em que nos encontramos reencarnados e ao mesmo tempo, conquista de elevação espiritual pela prática do amor e caridade por vivenciados.

A Doutrina Espírita nos orienta e refletirmos o momento do natal com esperança no amanhã, no desenvolvimento de uma consciência humana sintonizada com a mensagem do Grande Mestre Jesus.

O nascimento ocorrido na manjedoura há mais de dois mil anos trouxe à humanidade a mais alta esperança a se ter e mais inequívoca comprovação da grandiosidade do Criador e de seu amor, justiça e misericórdia infinitos.

Em Jesus personificou-se o maior exemplo de purificação máxima do Espírito, com ele recebemos a boa nova do Pai de que somos perfectíveis e após traçarmos a nossa marcha evolutiva chegaremos à elevação de Espíritos Puros, tal qual conquistada ao longos das multimilenárias existências por Jesus.

Ao olharmos o Grande Mestre percebemos o quanto já percorremos e nos depuramos com a prova amorosa do Criador de que, cientes do percurso que ainda nos resta, nosso destino final é inevitavelmente a perfeição, à sua imagem e semelhança.

O amor em sua mais pura essência que encontramos ao olharmos para a manjedoura, nos mostra Jesus que deve (e é perfeitamente possível) reverberar em todos os seres da criação, principalmente no coração dos homens.

A celebração do Natal para a Doutrina Espírita é a aclamação do amor de Deus por todos, concretizado no exercício da caridade para consigo (por meio da reforma íntima) e com o próximo por cada um de nós.

Este é o verdadeiro significado do natal para todo cristão, em especial para todo bom espírita.

Que sejamos a exemplo de Jesus, luz no mundo, não apenas no Natal mas em todos os dias do ano.

Carla Silvério Barbosa
Fonte:
Blog Letra Espírita





[3] Andrew Alphonsus MacErlean. The Catholic Encyclopedia: An International Work of Reference on the Constitution, Doctrine, Discipline, and History of the Catholic Church. Robert Appleton Co.; 1912.
[5] BÍBLIA SAGRADA, edição luxo – tradução da Vulgata Latina por Pe. Antônio Pereira de Figueiredo, ed. DCL, 2006.

[6] XAVIER, Francisco Cândido. Antologia mediúnica do natal. Por diversos Espíritos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 21 (Mensagem de Emmanuel), p.57. [7] XAVIER. Francisco Cândido. A Caminho da Luz – Pelo Espírito Emmanuel. Ed. FEB, cap. 12.

[8] KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XIII – A Beneficência. Ed. IDE. 358ª edição, 2008.

[9] Q.208 L.E.: “Os Espíritos dos pais exercem alguma influência sobre os dos filhos, após o nascimento destes?

Muito grande. Conforme já dissemos, os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Isso constitui para eles uma tarefa: se falarem, serão culpados.”

[10] “3. O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, amor e de caridade em sua maior pureza. Se interroga a consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou essa lei; se não fez o mal e se fez todo o bem que podia; se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se ninguém tem o que reclamar dele; enfim, se fez a outrem tudo o que quereria que se fizesse para com ele. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. 
 
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. 
 
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.” Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. 
 
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. 
 
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. 
 
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, nº 9.) 
 
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.



Referências:

ANDREW. Alphonsus MacErlean. The Catholic Encyclopedia: An International Work of Reference on the Constitution, Doctrine, Discipline, and History of the Catholic Church. Robert Appleton Co.; 1912.

BÍBLIA SAGRADA, edição luxo – tradução da Vulgata Latina por Pe. Antônio Pereira de Figueiredo, ed. DCL, 2006.

KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XIII – A Beneficência. Ed. IDE. 358ª edição, 2008.

KARDEC. Allan. O Livro dos Espíritos – Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Ed. FEB. 2007

XAVIER. Francisco Cândido. A Caminho da Luz – Pelo Espírito Emmanuel. Ed. FEB, cap. 12.

XAVIER, Francisco Cândido. Antologia mediúnica do natal. Por diversos Espíritos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 21 (Mensagem de Emmanuel), p.57.


https://mundoeducacao.uol.com.br/natal-1. Acessado em 20/11/21

https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/primeira-celebracao-de-natal/. Acessado em 20/11/21


24 dezembro 2021

Dois momentos de Jesus - Nilton Moreira

(Pintura de Petrus van Schendel - Adoração dos Pastores)

DOIS MOMENTOS DE JESUS

Quando pesquisamos na literatura, nos deparamos de vários pontos de vista a respeito de determinado assunto. Claro que em alguns parâmetros existe convergência de ideias, mas em muitos são bastante divergentes, e em alguns casos em nada o contido nos livros se assemelham, principalmente quando se trata de crença, fé.

Consta que Jesus esteve presente na Terra em duas ocasiões principais. A primeira foi quando da formação do Globo, onde foram dados os primeiros passos na Criação, momento que foram reunidos os Intérpretes da Vontade Divina, e Jesus como sendo o Governador do nosso Planeta presidiu o grande laboratório que foi palco a Terra. Na época foram dados os primeiros passos na Criação dos corpos materiais, e também via-se chegar o Princípio Espiritual.

Depois, bilhões e bilhões de anos se passaram na Terra, e então as raças foram finalmente fixadas, com o desaparecimento de algumas.

Passados outro grande período, já a humanidade bem adiantada mas atrasada em relação aos dias de hoje, volta Jesus ao Orbe, agora trazendo a mensagem do Plano Cristo, ou seja, através do Evangelho de amor que tornou-se até os dias de hoje a base para a evolução moral de todos nós.

Este evangelho é algo que já vivenciamos em vidas passadas e vamos encontrá-lo certamente em vidas futuras por ocasião das reencarnações, pois é um compêndio de ideias que torna-se impossível assimilá-lo e praticá-lo numa só existência.

Mas Jesus nestas duas ocasiões que esteve em Missão na Terra, demonstrou o quanto nos ama. Primeiro nos dando o formato de vida e depois quando nasce fisicamente do ventre materno, tendo como Mãe Maria e Pai José.

Este mês estamos comemorando o nascimento deste Mestre que nos legou primeiramente que devemos lutar para sobreviver, pois que assim aconteceu com Ele quando tiveram que fugir para uma outra região para que nascesse com segurança. Também nos demonstra que embora tivesse uma Missão Divina, e portanto poderia ter nascido como rei, preferiu vir numa família simples de trabalhadores e nascer num local improvisado, nos legando a mais pura humildade e simplicidade.

Nos dias de hoje, com a corrida pelo poder, dinheiro, posição social, disputa de espaços, vemos que ainda estamos muito longe da perfeição pretendida pelo Criador, e não estamos dando importância ao que Jesus nos demonstrou. Vivemos abraçados com sofrimentos e angústias em razão de ainda não conseguirmos praticar o verdadeiro amor ao próximo.

Agradecemos ao Mestre o empenho e procuremos a cada dia que passa nos empenhar mais na nossa caminha em busca da purificação, pois só assim nossos dias serão de menos sofrer.

Nilton Moreira
Artigo da Semana - Estrada Iluminada
Fonte:
Espirit Book

23 dezembro 2021

Andarilhos e o Espiritismo - Juliana Procópio


ANDARILHOS E O ESPIRITISMO

Nas estradas, ruas e avenidas de grandes ou pequenas cidades, muitos de nós já observamos pessoas caminhando num frenético vai e vem. Mas poucos se apercebem de muitas pessoas que caminham pelas estradas numa caminhada sem fim. São aqueles que conhecemos como andarilhos.

Andarilho, no dicionário, é aquele que anda muito, que percorre muitas terras. Ou ainda aquele que não tem moradia, que perambula pelas rodovias e ruas de cidade a cidade.

Segundo estimativas publicadas em 2018 pelo IBGE, o Brasil possui em torno de 101 mil moradores de rua. Dentro desta estimativa não temos certeza do número exato das pessoas que passam o dia a caminhar nos diferentes espaços desse nosso país, quiçá no planeta todo.

São tantos os nossos irmãos que se encontram nesse momento vagando por ruas e avenidas buscando muitas vezes um propósito para suas vidas. Sim, um propósito, pois nem todos os andarilhos são pessoas sem familiares ou oriundos de uma boa condição financeira. Muitos sendo questionados apenas dizem que não gostam de estar parado em um único lugar, que andar ajuda a pensar, etc.

Esses irmãos são muitas vezes julgados por nós, pois não se encaixam no que consideramos uma vida normal. Além de moradores de rua, passam suas vidas a andar longas distancias todos os dias. Meimei em “Mensagem do homem triste”, no livro “Ideal Espírita” (ed. CEC), de Espíritos diversos, psicografado por Francisco Cândido Xavier diz:

“Passaste por mim com simpatia, mas, quando me viste os olhos parados, indagaste em silêncio porque vagueio na rua.

Talvez por isso estugaste o passo e, embora te quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.

É possível tenhas suposto que desisti do trabalho, no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina a oficina... Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar dignamente o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade; e outros, desconhecendo que vendi minha roupa melhor para aliviar a esposa doente, despediram-me apressados, acreditando-me vagabundo sem profissão.

Não sei se notaste quando o guarda me arrancou à contemplação da vitrina, a gritar-me palavras duras, qual se eu fosse vulgar malfeitor. Crê, porém, que nem de leve me passou pela mente a ideia de furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com fome, quando retorno à casa.

Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando-me embriagado, porque eu tremesse, encostado ao poste; afastaram-se todas, com manifesto desprezo, contudo não tive coragem de explicar-lhes que não tomo qualquer alimento há três dias...

A ti, porém, que me fitaste sem medo, ouso rogar apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo que dizemos amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com alegria, o dom de viver. Para isso, basta que te aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio, que ainda sou teu irmão”.

No filme Forrest Gump – O Contador de Histórias, o personagem sai pelas estradas do seu país caminhando sem destino e muitas pessoas passam a segui-lo na esperança de chegar a algum lugar específico e de repente ele para e retorna para casa do mesmo jeito que começou sua caminhada. Mas, e todos os que o seguiram, o que buscavam encontrar? Ficaram se questionando? Buscaram novo significado a sua caminhada?

Quantos de nós já não tivemos a vontade de sair pelo mundo andando sem destino quando nos deparamos com situações que não encontramos uma resposta. Mas, para muitos, essa ideia é passageira e continuam seguindo suas vidas.

No entanto, mesmo assim o que sai da nossa normalidade é visto como loucura, preguiça, malandragem. Não nos importamos em olhar o outro como um ser humano, com suas batalhas internas assim como nós.

O que fazemos para acolhê-los? Você os enxergam na rua como potenciais inimigos ou pessoas que merecem uma oportunidade? Isso faz muita diferença.

Claro assim como entre médicos, advogados, atendentes, policiais e outros profissionais, também entre eles existem os oportunistas, mas se colocarmos a todos no mesmo patamar do que é mal, qual a real oportunidade que estamos oferecendo a eles?

No mundo espiritual somos todos errantes caminhando pelas reencarnações em busca de nossa evolução.

Segundo Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, erraticidade é o estado em que se encontram os Espíritos errantes, ou erráticos, isto é, não encarnados e em processo de evolução, durante o intervalo de suas existências corporais, A duração em que o Espírito permanece na erraticidade e as condições dessa vivência variam, havendo relação direta com o adiantamento espiritual de cada indivíduo e das suas necessidades evolutivas, podendo essa permanência durar muito pouco ou custar longo tempo, em circunstâncias desde o ditoso ao penoso. Não é o mesmo estado de que gozam os Espíritos puros — aqueles que já percorreram toda a trajetória evolutiva e não mais precisam reencarnar para fins de aperfeiçoamento; estes então desfrutam da plenitude da vida espiritual.

Portanto somos todos espíritos errantes que de reencarnação em reencarnação buscamos galgar os degraus da evolução e podemos nos aproximar da perfeição e dos mundos perfeitos, pois Jesus Cristo mesmo nos disse “que existem várias moradas na casa de meu Pai”. Se a casa de Deus é todo o universo conhecido ou não como podemos acreditar que só aqui no planeta Terra existe vida e mais, que não existe vida após a morte. Seria acreditar que temos um Pai injusto não é mesmo?

Na questão nº 234, de O Livro dos Espíritos, é perguntado pelo codificador se há de fato, como já foi dito, mundos que servem de estações ou pontos de repouso aos Espíritos errantes? A qual os espíritos respondem que “Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiada longa erraticidade, estado este sempre penoso. (…). São o que conhecemos pelas obras como Nosso Lar de colônias espirituais, ou o umbral onde permanecem os espíritos que precisam passar pelo remorso, culpa ou revolta.

Portanto quando olharmos para um irmão na condição de andarilho, rogue a Deus por sua vida, passe boas vibrações. Já disse nosso mestre Jesus “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os doentes”.

Portanto olhemos com mais empatia por nossos irmãos, sejam eles em que situação estejam.

Juliana Procópio
Fonte:
Blog Letra Espírita

Referência:

22 dezembro 2021

Impedimentos Mediúnicos - Joanna de Ângelis

 
IMPEDIMENTOS MEDIÚNICOS

No exercício mediúnico serás surpreendido por dificuldades e óbices que te impedem a ascensão, ao desejares evoluir.

Obstáculos do personalismo destruidor e empeços do egoísmo avassalante surgem a todo instante.

Dificuldades que te ferem os pés, a brotarem do solo; compromissos que te prendem ao porto de necessidades vigorosas, repontando dos recônditos íntimos. Além desses, defrontarás, ainda, outros mais difíceis de serem vencidos.

Adversários do passado que te falarão a sutil e terrível linguagem da obsessão, através de intuições negativas, tentarão semear dúvidas, para que percas a coragem na luta.

Por meio de pensamentos cruéis, serás perturbado na estabilidade emocional, para que te detenhas na jornada evolutiva. Em processos de inspiração negativa se utilizarão de idéia infeliz e pertinaz, ferindo-te os sentimentos, a fim de que te desiludas, em relação aos companheiros da seara onde mourejas...

Experimentarás, também, a incompreensão dos que te partilham as idéias, atormentados em si mesmos, que te verão através das lentes que elaboram para uso próprio.

Zombadores malsinantes se farão perseguidores gratuitos em vestes amigas, conservando no semblante o sorriso de acolhimento fraterno, enquanto escarnecem. E dos que transpuseram a aduana da morte, sofrerás vibrações inferiores, os projéteis vigorosos dos pensamentos deles; deles registrarás o assédio constante, despertando em círculo de fogo no qual tua resistência poderá baquear.

* * *

Não te detenhas, porém. É necessário seguir adiante.

Se os obstáculos se demoram em ti mesmo, clareia a alma com a labareda da fé. Acende no coração a flama do culto ao dever e, genuflectindo-te intimamente, confia na Providência Divina, que está edificando o mundo novo com o barro deficitário da criatura humana.

Se os óbices repontam através dos companheiros atormentados, detém-te um pouco a meditar para prosseguir e realiza, outra vez, o exercício da oração e da paciência.

Não te agastes com eles, acionando a lâmina ferinte da língua, revidando os golpes recebidos. Lembra-te de que também eles são afligidos do caminho.

Imprescindível que evoluas para que outros evoluam através do teu exemplo.

Se apesar disso identificares nas tuas dores a força rude dos perseguidores desencarnados, procura, ainda uma vez mais, o santuário da prece e refugia-te na oração.

A oração é combustível excepcional para o lume da vida.

Vítima de hoje, algoz de ontem.

Filho rebelde de agora, pai descuidado do passado.

Cada um é herdeiro dos próprios atos...

Alegra-te e transforma tuas dores em oportunidade de meditação para eles, os teus perseguidores, conduzindo o teu fardo, na mediunidade – essa porta de luz – dignificando a consciência, a fim de galgares o monte da tua sublimação com nobreza, e poderes chegar aos braços da vida harmoniosa.

* * * 
 
Aquele que serve ao Senhor, carregando a cruz da mediunidade encontra, a cada instante, justos e necessários motivos de provação e dor... Não é lícito, por isso, esquecer que, desdenhado, perseguido e vitimado pela impiedade, o Mestre Divino, plantado numa cruz, transformou esse instrumento de aflição e insulto em escada, através da qual estabeleceu a ponte de luz entre o mundo físico e o mundo espiritual.

... “— E porque abundará a iniqüidade, a caridade de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar, até ao fim, se salvará”, — ensina com segurança o Senhor, consoante as anotações de Mateus, no Capítulo 24, versículos 12 e 13. Persevera, lutando contra os impedimentos e servindo, sejam quais forem as dores que defrontes.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 5


21 dezembro 2021

No campo da mediunidade - André Luiz

 
NO CAMPO DA MEDIUNIDADE

O cérebro físico é aparelho de complicada estrutura. Constitui-se de células emissoras e receptoras, que servem nos mais diversos centros mentais, reguladores da vida orgânica. Imantam-se, dentro dele, poderosas correntes magnéticas, a flutuarem sobre o líquido cérebro-espinhal, como a engrenagem de um motor em óleo adequado, produzindo vibrações elétricas com a freqüência de dez a vinte por segundo. Daí parte infinitamente de ordens, endereçadas ao sistema nervoso, ao aparelhamento endocrínico e aos órgãos diversos.

O cérebro, porém, tal qual é conhecido na Terra, representa a parte visível do centro perispiritual da mente, ainda imponderável à ciência comum, no qual se processa a elaboração do pensamento, que escapa à conceituação humana.

Referimo-nos a semelhante quadro para comentar a necessidade da cooperação do servidor mediúnico, ao intercâmbio entre os dois planos, visível e invisível. A tese do animismo, não obstante respeitável, pelas excelentes intenções que a inspiraram, muita vez desencoraja os companheiros, chamados a testemunhos de serviço, no ministério da verdade e do bem. Os investigadores rigoristas não favorecem o esforço dos médiuns bem intencionados; na maioria da ocasiões destroem-lhes os germes de boa vontade e realização, com as suas exigências particularistas, no capítulo da minudência, da gramática, da adivinhação.

A organização mediúnica, entretanto, como as demais edificações elevadas, não se improvisa, no caminho da vida. E o médium não é uma inteligência ou uma consciência anulada nas exteriorizações fenomênicas da comunicação entre as duas esferas. Ainda no chamado sonambulismo puro, no transe completo e nas hipnoses mais profundas, a colaboração dele será manifesta e indispensável. A energia da usina longínqua precisa do filamento da lâmpada, em que se manifesta, produzindo luz e calor. O artista, para arrancar a melodia perfeita, necessita de cordas afinadas firmes no violino que lhe empresta o concurso na demonstração musical.

A mensagem do cantor ou do político requer o aparelho de recepção para ser ouvida à distância. Exige a lâmpada características especializadas na fabricação, o violino requisita grande experiência e cuidado de manufatura e o receptor radiofônico pede extensa cópia de material elétrico para atender à finalidade que lhe é própria.

Se em semelhantes serviços de transmissão, à base de matéria comum, há imperativos de técnicos e organização, como improvisar um mecanismo mediúnico, no qual a base de matéria viva associada a elementos espirituais, ainda imponderáveis à ciência humana, exige a construção da vontade com os valores da cooperação? Edificar a mediunidade constitui uma obra digna do esforço aliado à perseverança no espaço e no tempo.

Um habitante de esfera diferente necessita valer-se dos recursos que lhe oferece o cooperador identificado com o círculo, onde pretende fazer-se sentir. Trata-se de imposição vulgar nas próprias relações entre países terrestres, de cultura diversa. O brasileiro que precise conduzir certa mensagem à Inglaterra, desprovido de contacto anterior com a vida britânica, de modo algum dispensará o intérprete e esse intermediário para cumprir a tarefa deve preparar-se devidamente.

Adaptar-se uma entidade desencarnada ao cérebro, ao sistema nervoso e aos núcleos glandulares do companheiro encarnado, ajustando peças biológicas e eliminando resistências celulares, sem nos referirmos aos processos mentais, inacessíveis à compreensão atual dos fenômenos, não é operação matemática que se efetue através dos cálculos de alguns instantes. É organização paciente, requisitando muito concurso e devotamento por parte dos amigos em serviço na Crosta Planetária.

E, assim afirmando, convidamos os colaboradores sinceros do Espiritismo Evangélico a dedicarem maior atenção à chamada mediunidade consciente, dentro da qual o intermediário é compelido a guardar suas verdadeiras noções de responsabilidade no dever a cumprir.

Cultive cada trabalhador o seu campo de meditação, educando a mente indisciplinada e enriquecendo os seus próprios valores, nos domínios do conhecimento, multiplicando as afinidades com a esfera superior e observará a extensão dos tesouros de serviço que poderá movimentar a benefício de seus irmãos e de si mesmo. Sobretudo ninguém se engane relativamente ao mecanismo absoluto em matéria de mediunidade. Todo intérprete da espiritualidade, consciente ou não, no decurso dos processos psíquicos, é obrigado a cooperar, fornecendo alguma coisa de si próprio, segundo as características que lhes são peculiares, porquanto se existem faculdades semelhante, não encontramos duas mediunidades absolutamente iguais.

Lembremo-nos de que não nos achamos empenhados em edificações exteriores, onde a forma deva sacrificar a essência e onde a letra asfixie o espírito, e sim na construção de um mundo melhor, nos círculos de experiência para a vida eterna. Guarde cada colaborador do Espiritismo Cristão a consciência, a responsabilidade e o espírito de serviço, à maneira de riquezas celestes que é necessário valorizar e multiplicar. Não nos esqueçamos de que, segundo a profecia, através dos canais mediúnicos, o Senhor está derramando a sua luz sobre a carne, mas que é preciso purificar o vaso carnal e enriquecer a mente, a fim de que o homem terrestre seja, de fato, o intérprete fiel da divina luz.

Pelo Espírito André Luiz
Do livro: Coletâneas do Além
Médium: Francisco Cândido Xavier

20 dezembro 2021

Emoções e Sentimentos na Visão Espírita - Marisa Fonte


EMOÇÕES E SENTIMENTOS NA VISÃO ESPÍRITA

“Somos seres em eterna transformação. O mundo e a vida pedem que sejamos adaptáveis e essa é a lei que rege a nossa existência.”

Costumamos confundir emoção e sentimento. Muitos até pensam que as duas coisas são iguais, porém, a diferença é bem grande. A emoção é uma reação instintiva; é uma resposta neural a um estímulo externo, e está ligada ao corpo, enquanto o sentimento é o efeito da emoção, podendo ser duradouro, e muitas vezes fácil de esconder, pois está dentro de nós e tem a ver com a nossa mente.

O neurocientista português António Damásio, afirma que “A emoção é um programa de ações, portanto, é uma coisa que se desenrola com ações sucessivas. É uma espécie de concerto de ações. Não tem nada a ver com o que se passa na mente. O sentimento eu tenho e você não sabe se eu tenho ou não tenho. E se você tiver um sentimento de profunda tristeza, mas se me quiser enganar, e quiser comportar-se como se estivesse alegre, vai me enganar mesmo, porque eu não posso saber o que está dentro da sua cabeça, posso adivinhar, mas é diferente.”

A palavra emoção vem do latim emovere; e significa “fora” e movere significa “movimento”. Embora na animação DivertidaMENTE apareçam apenas 6 emoções – felicidade, tristeza, medo, surpresa, raiva e nojo, pesqui 4.3 / 5 ( 9 votes ) sadores norte-americanos identificaram outros tipos de emoções, passando assim o número das emoções a 27, relacionadas a como reagimos diante das diversas situações. A lista das 27 emoções é a seguinte: admiração, adoração, apreciação estética, diversão, ansiedade, temor, estranheza, tédio, calma, confusão, desejo, nojo, dor empática, encantamento, inveja, excitação, medo, horror, interesse, alegria, nostalgia, romance, tristeza, satisfação, desejo sexual, simpatia e triunfo.

As emoções foram classificadas, ainda, como primárias, secundárias ou de fundo. Primárias são emoções que os que estão à nossa volta podem perceber claramente: tristeza, raiva, medo, alegria, aversão e surpresa. alegria, aversão e surpresa. As emoções secundárias – também chamadas de sociais ou adquiridas – podem ser impostas por heranças familiares, convenções sociais, religiosas, culturais e econômicas, e podem ser aparentes ou não: ciúme, orgulho, vaidade, vergonha, culpa e nervosismo. Emoções de fundo não são perceptíveis pelos outros e proporcionam bem estar ou mal estar, como por exemplo, a calma ou a angústia.

As emoções surgiram no processo evolutivo e foram de extrema importância para favorecerem a sobrevivência da espécie humana, uma vez que alertavam em relação aos perigos que cercavam os humanos de então, provocando reações rápidas de defesa.

Sentimento, do latim sentimentum, é a maneira como interpretamos a emoção. São encontrados 17 tipos de sentimentos no ser humano, que podem ser divididos em negativos (tristeza, medo, hostilidade, frustração, raiva, desespero, culpa, ciúmes), positivos (felicidade, humor, alegria, amor, gratidão, esperança) e neutros (compaixão, surpresa).

Na verdade, os sentimentos são experiências que cada um de nós tem a partir de uma determinada emoção, influenciados por experiências pessoais, memórias e crenças. Dessa forma, os nossos pensamentos e observações, bem como a forma como nos sentimos, fazem com que sejam despertados os sentimentos, e é preciso saber lidar com eles, pois isso pode afetar o que fazemos.

Muitos abusam do álcool e de outras substâncias tóxicas e outros ainda praticam automutilação, dentre outras coisas, e tudo isso é resultado de sentimentos que são nutridos pela pessoa e causam sofrimento que no início é somente mental, mas que acaba prejudicando o corpo também.

Para prevenir e evitar que os nossos sentimentos nos escravizem e tornem a nossa vida infeliz e por vezes até insuportável, podemos recorrer a vários recursos, desde a terapia a práticas de relaxamento, exercícios físicos, atividades e por aí afora; o que importa é que aprendamos a lidar com o que sentimos e que saibamos agir a nosso favor nas situações que chegam até nós e nos causam contrariedades ou frustrações, por exemplo.

Uma das formas de terapia é a escrita terapêutica. Bruna Ramos da Fonte, autora do livro “Escrita Terapêutica: um caminho para a cura interior”, sugere que façamos um diário, e diz que “escrever um diário é construir um altar onde você poderá depositar tudo aquilo que há de mais sagrado dentro de você”. Em outro trecho da mesma obra ela afirma: “escrever é um processo de autocompreensão que nos leva a uma compreensão maior do mundo externo”.

É atribuída a T. Harv Eker a frase “Pensamentos conduzem a sentimentos. Sentimentos conduzem a ações. Ações conduzem a resultados”. Portanto, faça as suas escolhas, e que sejam as melhores escolhas. Tome atitudes, e que sejam as melhores atitudes. Somos adaptáveis, somos capazes e sabemos discernir o que pode ser benéfico e o que pode ser prejudicial para nós. Segundo frase atribuída a Jeffrey Gitomer: “A atitude positiva não tem nada a ver com o que acontece com você. É o que você faz com o que acontece com você e como reage a isso.”

Quando assumimos nossas dificuldades, constituímos um fator importante para superá-las, e nos mostra a importância de aceitarmos a nós mesmos, entendendo que estamos em processo de crescimento, o que também nos tornará mais tolerantes para com as faltas alheias. De fato, se nós pensarmos que todos somos alunos na escola da vida, fica bem mais fácil entender que muitos ainda estejam engatinhando enquanto outros conseguem voar.

Ermance Dufaux, por sua vez, chama a atenção para a necessidade de aceitarmos as nossas emoções, uma vez que isso possibilita que nosso pensamento seja adequado à realidade e que ocorra o desenvolvimento da autoaceitação, a fim de que assim não ocorra o autoabandono.

Quando falamos em sentimentos, é necessário que falemos sobre o amor, que é o sentimento mais delicado de todos, pois o amor levado ao âmbito do amor pelo próximo, e não apenas do amor por aqueles que são nossos amigos ou entes queridos, nos mostra que somos todos irmãos, e que quando aprendermos a agir desse modo todas as misérias morais e materiais começarão a ser solucionadas, pois o amor é luz que pode iluminar qualquer escuridão, sendo capaz de desencadear virtudes oriundas desse sentimento, como caridade, humildade, paciência, devotamento, abnegação, resignação e sacrifício. Quando João, o Evangelista, não mais pode pregar devido à saúde precária, repetia apenas:

“Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros”, repetindo o que dizia Jesus, que nos ensinou também a que nos amassemos uns aos outros assim como Ele nos amou.

“Amai-vos e vereis a Terra em breve transformada em um Paraíso onde as almas dos justos virão repousar.” Fénelon (Bordeaux, 1861) - - O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Concluindo as nossas reflexões sobre emoções e sentimentos, a sugestão é de que você faça uma autoavaliação. Quais têm sido suas atitudes? Como você tem reagido aos relacionamentos e às circunstâncias? Que sentimentos você tem deixado tomar conta de você? A partir de agora, procure sempre usar uma linguagem positiva, mesmo diante de circunstâncias menos favoráveis, pare de se julgar o tempo todo e em vez disso mude de atitude, pare de julgar os outros, pois você não tem o poder de modificar quem não quer se modificar. E quem disse que a sua opinião é certa o tempo todo?

Cada qual tem a sua verdade. Portanto, pare de criticar. Reclame menos e agradeça mais.

Terapia, espiritualidade, oração, fé, gratidão, mudança de atitude mental e mudança de hábitos auxiliam a superar sentimentos negativos que acabam prejudicando a nossa saúde física e mental, e deixam no lugar a certeza de que estamos contribuindo para que o mundo seja um lugar melhor a partir da nossa atitude para conosco e para com as situações e pessoas que nos cercam.

Marisa Fonte
Fonte:
Blog Espiritismo na Rede


19 dezembro 2021

Moral - Joanna de Ângelis

 
MORAL

CONCEITO

Conjunto de regras que constituem os bons costumes, a Moral consubstancia os princípios salutares de comportamento de que resultam o respeito ao próximo e a si mesmo.

Decorrência natural da evolução, estabelece as diretrizes seguras em que se fundam os alicerces da Civilização, produzindo matrizes de caráter que vitalizam as relações humanas, sem as quais o homem, por mais avançado nos esquemas técnicos, poucos passos teria conseguido desde os estados primários do sentimento.

Da constante necessidade de defender-se e defender as primeiras comunidades, ainda na fase agrária, surgiram as medidas ora restritivas, ora estimulantes entre os chefes e os subalternos e nas relações recíprocas dos indivíduos, do que resultavam produtivos empreendimentos e proveitosos aprestos no concerto de interesses.

Da observação pura e simples, aglutinaram-se experiências que se transformaram, a pouco e pouco, em regras para as trocas comerciais e os acertos políticos entre os diversos grupos, evoluindo para os costumes que se fixaram nas gerações sucessivas, em forma de leis e estatutos.

Impostas por uns, espontaneamente aceitas por outros, desprezadas por muitos, as diretrizes morais evoluíram e se transformaram em Civilização e Cultura, conduzindo às diversas formas de governo superior e à manutenção da ordem pelo indivíduo, em relação a outro, à comunidade, ao Estado e reciprocamente.

Dividida em teoria e prática, a primeira busca determinar o bem supremo, enquanto a outra se encarrega de expor os múltiplos deveres, que constituem os princípios práticos, basilares da vida. Observando suas regras o homem pratica o bem e evita o mal.

DESENVOLVIMENTO

À medida que a necessidade do crescimento comunitário fomentava o povoamento de novas terras, encorajando a organização social em bases de progresso, a Moral, a princípio arbitrária, depois racional e lógica, sempre esteve presente, sustentando a disciplina e, simultaneamente, tanto o equilíbrio individual como o coletivo, constituindo preocupação fundamental de pensadores e governos, para a preservação dos princípios conquistados a duras penas, nas experiências da evolução.

Somente a partir de Sócrates passou a Moral a ser considerada pela Filosofia.

Indubitavelmente muitas vezes a Moral esteve sujeita a hábeis guerreiros, que a submetiam aos próprios caprichos, da mesma forma que o pensamento padeceu não poucas aflições sob o predomínio de conciliábulos nefandos de odientos políticos que, ardilosos no manejo das situações, sabiam como manter-se, engendrando normas de tirania com que asfixiavam ou tentavam dominar os idealistas e filósofos, a fim de se manterem venais, na cúpula sempre transitória da governança.

A resposta, porém, da vida à dominação e à arbitrariedade é a pequena duração da organização humana fisiológica e o repúdio, quando não o desprezo da posteridade.

Muitos sofistas, aferrados à negligência, ainda hoje tentam desconsiderar as linhas da moralidade, confundindo-as com os preconceitos e as conveniências dos hábitos sociais, nem sempre, é verdade, relevantes ou enobrecidos, assoalhando que, em variando entre os muitos povos, a Moral é uma questão de opinião sem valor...

Todavia, em qualquer período em que o lar esteve sob o estigma da dissolução dos costumes, a sociedade se corrompeu e a Civilização malogrou, consumida pelo desprestígio generalizado, dentro e fora das suas fronteiras, do que redundou o desaparecimento, malgrado o fastígio atingido, reduzindo-se a escombros, abatida pela guerra da dominação estrangeira, vencida que já estava pelo vírus da desordem interna...

Observando-se as conquistas do homem através do conhecimento, fácil é constatar-se que as regras morais são, também, medidas de higiene e saúde, com comprometimentos profundos nas atitudes e ações do próprio Espírito.

Sendo o homem um animal em evolução, a disciplina do instinto e o desdobramento dos recursos da inteligência, bem como a necessidade da preservação da vida, impõem, a princípio, a disciplina, depois, a lei e, por fim, a Moral, que se converte em nobilitante comportamento com que se liberta das constrições primitivas e se põe em sintonia com as vibrações sutis da Espiritualidade, para onde ruma na condição de Espírito imortal que é.

A história da Filosofia é uma constante busca de uma concepção otimista do mundo. E nesse capítulo a Moral é relevante.

De Hermes, com as suas asseverações espirituais, a Lao-tse, de Confúcio, com os princípios da família e da sociedade fundamentando a Moral numa filosofia da Natureza, otimista, a Zoroastro e Maomé, na concepção dualista da vida, de Sócrates, Platão e Aristóteles com os conceitos políticos, morais e espirituais, as leis apresentadas por Moisés, em Jesus a Moral assume relevante proposição, que modifica a estrutura do pensamento humano e social, abrindo o campo a experiências vigorosas, em que medram as legítimas aspirações humanas, que transitam do poder da força para a força do amor... Jesus se preocupa com a perfeição íntima, ética, intransferível, dos homens, conclamando-os a realizarem o "reino de Deus" interiormente, numa elaboração otimista.

CONCLUSÃO

Certamente a moral cristã ainda não colimou os seus objetivos elevados, conquanto os vinte séculos passados. Todavia, diante dos esforços do Direito e da acentuada luta pacífica das organizações mundiais, a Moral, em diversas apreciações tornadas legais, sancionadas por governos e povos, atingirá, não obstante as dificuldades e transições do atual momento histórico, o seu fanal nos dias do porvir, propondo ao homem moderno, na moderação e na equidade, nos costumes corretos, aceitos pelo comportamento das gerações passadas, a vivência do máximo postulado do Cristo, sempre sábio e atual: "Fazer ao próximo o que desejar que este lhe faça", respeitando e respeitando-se, para desfrutar a consciência apaziguada e viver longos dias de harmonia na Terra, com felicidade espiritual depois da destruição dos tecidos físicos pelo fenómeno da morte.

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco
Livro: Estudos Espíritas - 22