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08 dezembro 2021

A Lei Divina ou Natural - Renato Confolonieri

 
A LEI DIVINA OU NATURAL

Aprendemos em O Livro dos Espíritos que a Lei de Deus – chamada por diversas vezes de Lei Divina ou Natural – está escrita na nossa consciência, e que, por isso, todos podemos conhecê-la, embora nem todos possamos compreendê-la, conforme trazido pelo Espírito de Verdade nas respostas às perguntas 619 e 621 do primeiro livro da codificação espírita.

Os benfeitores espirituais, porém, fazem um complemento a essa afirmação, instruindo-nos no sentido de que “os que a compreendem melhor são os homens de bem e aqueles que a querem procurar.

Entretanto, todos a compreenderão um dia, porque é preciso que o progresso se cumpra.”

Chamam-nos a atenção as observações feitas por Allan Kardec em complemento ao que se tratou na pergunta 617 de O Livro dos Espíritos. Segundo o codificador, “entre as leis divinas, umas regem o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas e o seu estudo está no domínio da Ciência. Outras concernem especialmente ao homem, em si mesmo e em suas relações com Deus e com seus semelhantes. Elas compreendem as regras da vida do corpo, como também as da vida da alma: são as leis morais.”.

Mas se a criatura carrega na sua consciência a Lei de Deus (as leis físicas e as morais), por que há necessidade de sua revelação à humanidade? Esta é a segunda parte da pergunta feita pelo mestre de Lyon, sob o número 621.

Os espíritos nos respondem que há tal necessidade porque nós a esquecemos e menosprezamos, e que aqueles que fazem as revelações são espíritos superiores, encarnados com o objetivo de nos fazer avançar (respostas às questões 621, segunda parte, e 622, ambas de O Livro dos Espíritos). Eis o Mestre Jesus, o nosso guia, o nosso modelo de perfeição moral – aquela possível de ser alcançada por nós, criaturas –, além de ser o plasmador do planeta.

Continuando a tentativa de compreensão do raciocínio do professor Rivail, a pergunta 627 de O Livro dos Espíritos traz um questionamento crucial aos amigos espirituais, no sentido de qual seria a utilidade das informações por eles trazidas (claro que riquíssimas e imprescindíveis), já que Jesus revelou e ensinou as verdadeiras Leis de Deus?

A resposta, de uma importância ímpar ao nosso entendimento, não poderia ser mais lúcida e esclarecedora: “A palavra de Jesus era frequentemente alegórica e em parábolas, porque falava segundo os tempos e os lugares. É necessário agora que a verdade seja inteligível para todo o mundo. É preciso bem explicar e desenvolver essas leis, uma vez que há tão poucas pessoas que as compreendem e ainda menos que as praticam. Nossa missão é impressionar os olhos e os ouvidos para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas: aqueles que tomam as aparências da virtude e da religião para ocultarem suas torpezas. O ensino dos Espíritos deve ser claro e inequívoco, a fim de que ninguém possa pretextar ignorância, e cada um possa julgá-lo e o apreciar com sua razão. Estamos encarregados de preparar o reino do bem anunciado por Jesus; por isso, não é preciso que cada um interprete a lei de Deus ao capricho de suas paixões, nem falseie o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.”.

E o ensinamento continua na resposta à pergunta 628, no sentido de que a verdade não foi sempre colocada ao alcance de todos porque “é preciso que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: é preciso nos habituar a ela, pouco a pouco, de outra forma ela nos ofusca.”.

Aqui também se faz importante trazer a íntegra da questão 648 e do esclarecimento recebido dos benfeitores, por ser mais uma das importantes e extraordinárias 1.019 orientações espirituais trazidas em O Livro dos Espíritos:

“648. Que pensais da divisão da lei natural em dez partes, compreendendo as leis sobre a adoração, o trabalho, a reprodução, a conservação, a destruição, a sociedade, o progresso, a igualdade, a liberdade, enfim, a de justiça, de amor e de caridade?

– Essa Divisão da Lei de Deus em dez partes é a de Moisés, e pode abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, segui-la, sem que ela tenha por isso nada de absoluto, não mais que todos os outros sistemas de classificação que dependem do ponto de vista sob o qual se considera uma coisa. A última lei é a mais importante: é por ela que o homem pode avançar mais na vida espiritual, porque ela as resume todas.”

Diante de tudo o que foi apresentado acima, podemos concluir que a Lei de Deus, que engloba leis físicas e morais, foi-nos revelada por espíritos superiores, encarnados com o objetivo de nos fazer avançar (mais depressa), e também porque muitas vezes a esquecemos ou até menosprezamos.

No entanto, e como demonstrado, essas leis máximas que compõem a Lei Divina ou Natural não só foram trazidas por espíritos missionários encarnados. Elas também foram minuciosamente explicadas e desenvolvidas pelo grupo que compõe o Espírito de Verdade, criaturas elevadas na escala espírita. E isso quase 19 séculos após as lições ditas e vividas por Jesus, já que somente nesse momento a humanidade apresentava condições intelectuais, psíquicas e morais de as receber e melhor entender, além de se objetivar que o ensino fosse claro e inequívoco para que ninguém pudesse alegar ignorância dessas Leis Supremas.

Como dito na transcrita resposta à questão 648 de O Livro dos Espíritos, verifica-se que a Lei de Deus pode ser resumida pelo binômio amor e caridade, alicerçando definitiva e harmoniosamente todos os ensinos trazidos pelo Mestre Jesus, o nosso exemplo, modelo e guia.

Não nos esqueçamos, por fim, e em complemento, que todos os preceitos dessa Lei Maior estão minuciosamente tratados em cada um dos capítulos de O Evangelho segundo o Espiritismo, funcionando como iluminador e orientador das criaturas que se esforçam por viver o mais possível os códigos divinos de amor e caridade.

Renato Confolonieri
Fonte: Agenda Espírita Brasil

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