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30 abril 2021

Imortal - Rodrigo Ferretti


IMORTAL

Quantas vezes já te perguntaste, quem eu sou?

Tu és um Espírito imortal, responderá a tua consciência.

Acessa teu Eu profundo e ouve de dentro de ti, quem és verdadeiramente.

Tudo indica o que precisas se te mantiveres em silêncio mental para perceber.

Buscas incessantemente te ajustares à vida. Para isso, trabalhas, planejas, fazes cursos, viagens, convive com teus familiares e irmãos de experiências. Mas muitas vezes o sentimento de que falta algo a preencher-te ainda existe dentro de ti.

É que ainda não te conectou contigo de modo mais profundo e talvez ainda não estejas realizando o proposto por ti mesmo para este momento existencial.

É necessário estar inteiro para acessar e usufruir dos potenciais conquistados. Saibas que tens um Eu real, um Eu espiritual, que carrega tuas conquistas e também as sementes de um porvir glorioso. Há um anjo escondido dentro de ti, aguardando ser despertado, pleno de potenciais que surgirão através do esforço da conquista de valores nobres.

Mas para isso é preciso desbastar, abrir espaços interiores para que ele gradativamente surja. Prepara a terra interior de teus sentimentos, porque a semente quando em ambiente propício sempre frutificará.

O convite para o despertamento já está registrado em tua alma. Então por que ainda tens dúvida? Saibas que o momento chegou, pois a hora é agora!

Estás vivendo a última hora deste Ciclo da Bendita Escola Terrestre. É necessário apresentares as características dos valores conquistados por meio de tuas atitudes nobres. Não há mais tempo para distrações, porque os dias correm céleres.

Desperta tua consciência e assume o comando de ti mesmo. Conhece o desconhecido que és e abre teu coração aos valores reais da vida. Lembra-te que és imortal. Tu és um Espírito imortal, filho e herdeiro de Deus.

A vida material é a bendita oportunidade de aprendizados e recomeços. A reencarnação é o perdão de Deus que fala em ti sobre a tua própria renovação. A hora é agora e em toda parte. Neste momento a vida grita, desperta!

Quem tem ouvidos de ouvir, escuta o chamado e presta a atenção para seguir adiante para os postos a que se comprometeu.

Ninguém vem ao mundo sem um motivo que seja de se melhorar e se transformar. A hora chegou, assume o que comprometeste antes de nascer.

Estando ainda na erraticidade, ao conscientizar-te do momento histórico que o planeta já estava vivendo, e vendo a grande oportunidade, consideraste digno do trabalho, mesmo sabendo das dificuldades. Vislumbraste a ascensão de ti mesmo a estados conscienciais mais felizes, superiores e nobres. Soubeste da programação desta hora em que vive o planeta e te alistastes nas frentes de combate ao egoísmo, ao materialismo, como o soldado corajoso que se permite ir a campo arriscar-se em missão digna que é a de viver os ensinamentos da Boa Nova.

Assume a vivência nobre daquilo que já conheces e já te conscientizas-te.

Lembra-te que és um Espírito imortal e porta-te como tal. Nada levarás da vida física, senão as conquistas dos valores e aprendizados, experiências e sentimentos.

Sabias de antemão dos momentos auspiciosos que o planeta viveria, como últimos haustos de um esforço inútil de manter-se aprisionado à retaguarda evolutiva, por parte de entidades rebeldes que se utilizam de instrumentos encarnados que aceitam as influências nefastas nas diversas áreas da vida material.

Desperta e raciocina, não só enxerga, mas vê. Não só ouve, mas escuta o que te chega. Para que consigas discernir mais lucidamente sobre as informações e desinformações que te chegam. Lembra-te de orar e vigiar como Jesus ensinou.

O materialismo está com os dias contados, mas como o momento é de grandes provas, qualquer invigilância pode te levar a quedas e ninguém está isento disso.

Provas, adoecimentos, envelhecimento, fazem parte da vida e alcançam a todos. Portanto, não esperes os últimos momentos da vida para te vinculares ao que veio realizar. Assume teu posto de trabalho frente a regeneração desde agora e lembra-te que no plano espiritual não há aposentadoria.

Seja através de família, amigos, vizinhos, trabalho, tarefas, a vida sempre nos aproxima daqueles seres que temos a necessidade de trabalhar os sentimentos. Cumpre o teu papel com serenidade. Não és o salvador do mundo, então, não carregues o peso que cabe a cada um, mas também não deixe a mochila de tuas necessidades de experiências na porta de outro.

És um Espírito em trabalho de aquisição de valores imortais para sentir a própria felicidade.

Neste percurso, a vida lhe trará bençãos e também sofrimentos.

Tem sempre claro em tua mente que vieste das Esferas Espirituais e para lá retornarás.

Coloca o melhor de tuas energias para promover em ti mesmo a vivência em forma de atitudes daquilo que desejas para o planeta. Semeia amor e luz por onde passares e logo mais colherás grande felicidade de modo que não imaginas, multiplicadas vezes, o esforço bendito de agora.

Rodrigo Ferretti
Fonte:
Editora Dufaux

29 abril 2021

Sexo e Compromisso - Joanna de Ângelis

 
SEXO E COMPROMISSO

O problema do sexo é, invariavelmente problema do Espírito.

Reencarnado para o superior desiderato de recuperações morais, em face dos impositivos da evolução, o espírito elabora, com os recursos de que dispõe, o domicílio de células que se torna valioso instrumento para as operações de resgate e crédito na esfera física.

Abusos de ontem surgem como limitações de hoje.

Desgastes do passado aparecem como carência de agora.

Emboscado nos tecidos carnais, o espírito imprime por imperiosa necessidade de crescimento frustrações e ansiedades, distúrbios e falsas necessidades genésicas nas telas mentais responsáveis pelas aspirações e investidas que o atormentam inexoravelmente.

Por esse motivo, a questão essencial no panorama do sexo não diz respeito à continência ou à concessão emocional, mas à maneira como se cultiva uma ou outra condição.

Nesse particular, é urgente o processo de educação mental em relação ao aparelho genésico, sublime santuário de perpetuação da espécie na Terra.

Muitas escolas, fascinadas pelo assunto, sugerem a abstinência matrimonial através do celibato, sem o respeito, no entanto, à castidade.

Diversas outras prescrevem a castidade sem o amor disciplinante e educativo, e ambas as correntes, por constrição, criam desajustes e aflições dificilmente abordáveis.

Outras mais, ainda insistem no "amor-livre", convocando o corpo e a mente ao retorno à selvageria instintiva, condimentada com toda sorte de concessões amesquinhantes, em que o homem se corrompe e perverte, impondo futuros renascimentos marcados pela desventura e anormalidade...

Todavia, no celibato sem a abstinência sexual o homem se despudora; na castidade sem a educação moral desequilibra, e no abuso se compromete...

Qualquer atitude extremistas opera desarmonias e perturbações com lamentáveis consequências que se estendem após o decesso carnaval, em processos de sombras e aflições indescritíveis...

* * *

As águas que, embora represadas recebam um continuo fluxo das suas nascentes, transbordam com graves consequências, quando as comportas não lhes franqueiam o vasto campo para espraiar-se.

A chama indisciplinada que saltita irresponsável pode tornar-se causa de incêndios calamitosos e devoradores.

O paul desprezado, em estagnação, se converte em abismo de morte que a todos ameaça...

E também o sexo indomado ou incorreto constitui ameaça ao homem que o porta, fazendo-se grave problema sociológico e eugenético como soi acontecer na tormentosa vida hodierna...

Destinado aos nobres objetivos da vida, degenera-se quando incompreendido, em fator aniquilante, comprometendo gerações inteiras...

Causa de conflitos sem nome, é o sexo em desalinho a geratriz de muitas guerras de extermínio e dos crimes mais hediondos.

No entanto, na Terra, vive-se mais em função dele do que ele em função da vida.

Pensa-se, fala-se, cultiva-se o sexo como se o ser fosse destinado unicamente à função sexual, sem outro objetivo.

Por isso o desespero e a anarquia moral campeiam soberanos...

* * *

Respeita, no altar genésico da câmara física em que em clausuras no renascimento canal, a excelsa concessão da Divindade para a tua libertação santificante.

Utiliza-te do amor, na elevada expressão do matrimônio e permuta com a alma eleita a tua expressão de saúde, tecendo sonhos de ventura indestrutível para o futuro imortal.

Mas não te deixes conduzir pelas falsas e imaginosas conjeturas da emoção em desequilíbrio, inspirado por atentos verdugos da tua paz, desencarnados que te seguem, a conúbios amorosos de ilicitude, justificando tardios reencontros espirituais, em consequentes deserções do dever. Nem te afastes do compromisso assumido, alegando necessidade de libertação...

Cumprimento de deveres no tálamo conjugal é também castidade libertadora.

A conjuntura afetiva que desfrutas é a que mereces. Aproveitá-la sabiamente é a honra que disputas.

E, se encontraste no ideal que esposas o campo de estímulos fraternais para a nobre preservação dos deveres elevados do sexo que acalentas, cultua o trabalho e o bem, convertendo tuas disponibilidades em energias nervosas revigorantes, para que a virtude da caridade - essa venerável ginástica do espírito - te conceda os louros da vitória sobre a luta que travas nos dédalos íntimos.

No entanto, se o exercício de renúncia a que te afervoras te faz hipocondríaco e triste, não vaciles em obedecer a prescrição do Apóstolo dos Gentios, na primeira epístola aos Coríntios, capítulo 7, versículo 9: "Mas se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se".

Teu sexo pode ser comparado aos teus olhos, requerendo idênticos, especiais cuidados.

Para que vejas é necessário que o raio de luz fira a câmara óptica. Para que vivas equilibrado, servindo a Jesus, nas líderes espíritas, deixa que os superiores estímulos do teu equilíbrio sexual, como luz de harmonia interior haurida na dignidade evangélica que o espiritismo restaure, atinjam a câmara da tua visão espiritual, oferecendo-te panoramas jamais antes imaginados, como libertação real e ascensão legítima, a que aspiras.

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 54


28 abril 2021

O Grande Passo - Richard Simonetti


O GRANDE PASSO

Os grandes princípios morais têm características de universalidade e eternidade, isto é, servem para todos os quadrantes do Universo, em todos os tempos.

O exercício do Bem como caminho para a felicidade é um exemplo marcante, sempre evocado em todas as culturas e religiões:

Budismo: O caminho do meio entre os conflitos e a dor está no exercício correto da compreensão, do pensamento, da palavra, da ação, da vida, do trabalho, da atenção e da meditação.

Confucionismo: Não se importe com o fato de o povo não conhecê-lo, porém esforce-se de modo que possa ser digno de ser conhecido.

Judaísmo: Não faça ao próximo o que não deseja para si.

Islamismo: A verdadeira riqueza de um homem é o bem que ele faz neste mundo.

Cristianismo: Faça ao semelhante todo bem que deseja receber.

Espiritismo: Fora da caridade não há salvação.

Há uma dificuldade na vivência desses princípios, caro leitor.

Pedem divina base altruística: a disposição para cuidar dos outros. Contraria a humana base egoística: a vocação para cuidar de si mesmo. Todo o mal do mundo sustenta-se na tendência humana de cada qual resolver-se. Quanto aos outros, que se danem!

Corrupção, adultério, furtos, assaltos, estupros, assassinatos, guerras, massacres, conflitos e todos os demais males que afligem a Humanidade inspiram-se nessa maneira de ser.

E mais, leitor amigo: o egoísmo individual projeta-se no comportamento das nações, que elegem por modus operandi tirar todo proveito possível nas relações internacionais, partindo, não raro, para a agressão, exercitando domínio sobre outras nações.

A História é um suceder de guerras entre países, desde as tribos primitivas que disputavam espaço e domínio com o tacape, aos países que o fazem com sofisticados engenhos de guerra que dizimam populações e espalham o terror.

Isso, supostamente, em nome de melhores condições de vida, em regimes totalitários, ou em nome da liberdade, em países que se dizem democráticos.

Quando esse desvio for corrigido, invertida essa tendência, isto é, quando aprendermos a pensar nos outros e que se danem os interesses pessoais, estaremos construindo na Terra o Reino de Deus.

Essa é a regra de ouro do Cristianismo, esse é o empenho a que somos convocados permanentemente, onde estivermos, junto à família, na vida social, na profissão, na atividade religiosa, fazendo pelo próximo todo o bem que gostaríamos nos fosse feito.

À medida que se dissemine, esse altruísmo individual acabará se projetando na consciência das nações, favorecendo o fim dos conflitos, das loucuras da guerra.

Então a paz reinará, finalmente, soberana no Mundo.

Certamente, amigo leitor, isso não vai acontecer do dia para a noite. Muita água vai rolar no rio do tempo, até que o altruísmo esteja na consciência dos povos. Mas, enquanto isso não acontece em nível coletivo, podemos fazê-lo tranquilamente em nível individual, sob inspiração da Doutrina Espírita, que nos oferece uma visão muito clara dos tormentos a que estão destinados, no mundo espiritual, os egoístas.

Conscientes de nossas responsabilidades, sejamos, amigo leitor, os vanguardeiros dessa transição do egoísmo para o altruísmo, cultivando o esforço do Bem.

Assim, antes que o Reino de Deus se instale na Terra, haveremos de edificá-lo em nosso próprio coração.

Antes que a paz se estenda aos homens, teremos pacificado a nós mesmos.

Richard Simonetti
Fonte: Kardec Rio Preto

27 abril 2021

Grande Aspiração - Orson Peter Ferrara

 
GRANDE ASPIRAÇÃO

O planeta que habitamos não é um vale de lágrimas, como citam alguns, nem tampouco um palco para desfile de turistas. Na verdade, o globo terrestre é um cenário perfeito (já que adequado ao estágio de seus habitantes) para desenvolvimento da alma humana que alcançou esse estágio de evolução, mas que aspira a outras conquistas que inevitavelmente virão com o tempo. A grande aspiração da vida não se confina aos limites do corpo carnal, sempre transitório, mas se projeta nas dimensões do expressivo atributo da imortalidade do espírito.

Muito mais que ocorrências medíocres do cotidiano e experiências limitadas à carência de nosso parco entendimento da vida e suas dimensões está o infinito do universo com sua multidão inumerável de galáxias com seus igualmente infindáveis sistemas planetários que carregam consigo outra multidão de planetas onde habitam os filhos de Deus que vão gradativamente progredindo e alcançando níveis de crescimento para a perfeição, ainda que relativa, onde habita a felicidade plena da disposição de servir. Os atuais atropelos de nossa condição estão de acordo com a evolução já alcançada, que é grande, mas muito aquém do futuro que nos aguarda, promissor e feliz. Obra do esforço próprio, contudo, a ser conquistado. Deus criou para a perfeição, para a felicidade, mas temos que conquistar.

Esta dimensão infinita, imortal, deve alimentar nossa esperança ou, em outras palavras, devemos nos alimentar desse atributo que nos pertence, que nos é inalienável. Somos imortais! Isso, particularmente, me encanta! Sigamos, pois, confiantes e decididos, seguindo as determinações da vida: viver, aprender, desenvolver-se, aprimorar-se cada vez mais!

Por Orson Peter Carrara

26 abril 2021

Ninguém é de Ninguém - Simara Lugon Cabral




NINGUÉM É DE NINGUÉM

“Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.” (MATEUS, 12; 48 a 50).

Todos os seres humanos, ao encarnarem na Terra, são recebidos por uma família consanguínea, que pode ser composta de diferentes formas: mãe, pai, irmãos, avós, tios ou tias. Porém esta família não é necessariamente a família espiritual do indivíduo, que é aquela com a qual o espírito possui maiores afinidades, e que pode se fazer presente por intermédio da adoção, da amizade ou até mesmo do casamento, e é com esta família que os laços de afeto são mais acentuados. Estes laços podem variar de intensidade e ternura ao longo da vida ou até mesmo das encarnações de cada um, e eles são necessários para que os espíritos possam vivenciar situações diferentes para sua evolução.

Portanto, em cada encarnação, os espíritos afins podem se aproximar de diferentes maneiras, e independentemente da forma como se aproximam, eles não pertencem uns ao outros, e sim percorrem a jornada da vida lado a lado para que possam cumprir determinadas provações. Por isso, Jesus pergunta quem é sua mãe e quem são seus irmãos, pois a conexão espiritual que ele mantinha com os seus discípulos era mais forte do que a que havia com sua família consanguínea, tanto que ele afirma que seus discípulos são seus verdadeiros irmãos. Assim, a família espiritual pode vir configurada de forma diferente da convencional, fazendo com que as afinidades apareçam de distintas maneiras, dependendo sempre da similaridade de virtudes, de ideias e do grau de evolução de cada um. De acordo com O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo IV, item 18, Kardec afirma que:

"Os Espíritos formam no espaço grupos ou famílias unidos pelo afeto, simpatia e semelhança. Esses Espíritos, felizes de estarem juntos, procuram-se. A encarnação só os separa momentaneamente, porque, após sua reentrada na erraticidade, reencontram-se, como amigos no retorno de uma viagem. Muitas vezes, até se acompanham na encarnação, na qual são reunidos em uma mesma família ou em um mesmo círculo, trabalhando juntos para o mútuo progresso.". (KARDEC, 2018, pág. 55).

Isto não quer dizer que não se deve amar a própria família ou honrar os pais, e sim que o amor deve praticado entre todos, apesar da compatibilidade espiritual não ser a mesma entre as pessoas: o afeto pode variar de intensidade porém a caridade, o respeito e a generosidade com o próximo, não.

Apesar deste fato, muitas pessoas se relacionam umas com as outras de forma egoísta, devido ao seu atraso espiritual, acreditando que as pessoas com as quais convivem e com as quais possuem laços afetivos são de sua propriedade, o que causa muito sofrimento ao longo de suas vidas, tais quais durante o divórcio entre cônjuges ou durante o desencarne de um ente querido. Porém, a realidade é que ninguém pertence à ninguém, nem pais, nem maridos, nem esposas, nem filhos. As pessoas não são objetos dos quais pode-se ter a posse, e sim espíritos livres, com sua própria individualidade, que caminham com o propósito de evoluírem até alcançarem a perfeição. O sentimento de posse em relação à vida de outra pessoa é irracional e perigoso, pois é devido à este sentimento que ocorre grande parte dos feminicídios: homens que não aceitam o fim do relacionamento e se acham no direito de tirar a vida da mulher, acreditando que esta pertence à eles. Além disso, o sentimento de posse também faz com que pessoas que possuem familiares doentes, à beira do desencarne, desejem ardentemente que seus entes permaneçam ao seu lado, e não reflitam sobre o quanto eles possam estar sofrendo devido à dores físicas ou moléstias graves, e terminam por atrapalhar o trabalho da espiritualidade no processo do desenlace espiritual do adoentado. Em outros casos, o sentimento de posse pode fazer com que filhos adolescentes ou até mesmo adultos tenham sua liberdade cerceada pelos pais, que julgam que os filhos lhes pertencem e impedem os mesmos de escolherem seus próprios caminhos, através de uma verdadeira prisão psicológica.

O amor deve ser praticado com desapego e livre de egoísmo pois, segundo O Livro dos Espíritos: “O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, esse deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se quer garantir sua felicidade, tanto no mundo terreno como no futuro.” (KARDEC, 2019, pág. 292). Portanto, é importante que se pratique o amor para com o próximo, mas este amor deve ser fraternal, ele precisa ser vivenciado com a certeza de que todos são irmãos e fazem parte de uma grande família universal. Afinal, todos caminham rumo ao mesmo objetivo, o qual será alcançado à medida que cada indivíduo lute para superar seu próprio egoísmo, seu apego e seu sentimento de posse e se disponha a experimentar e viver o verdadeiro amor para com toda a humanidade.


Simara Lugon Cabral
Fonte:
Blog Letra Espírita


Bibliografia:

1. Bíblia Online. Disponível em: htps://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/12/48+. Acesso em 25 de Dezembro de 2020.

2. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Matheus Rodrigues de Carvalho. 43ª reimpressão. Capivari, SP: Editora EME, 2018.

3. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Matheus Rodrigues de Carvalho.24ª reimpressão. Capivari, SP: Editora EME, 2019.

25 abril 2021

Amor Livre - Emmanuel


AMOR LIVRE

«Pergunta - Qual das duas, a poligamia ou a monogamia é mais conforme à lei da Natureza?»
«Resposta - A poligamia é lei humana cuja abolição marca Progresso social.. O casamento segundo as vistas de Deus tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia, não há afeição real: há apenas sensualidade..» Questão nº 701, de «O LIVRO DOS ESPIRITOS».


Comenta-se a possibilidade de legalização das relações sexuais livres, como se fora justo escolher companhias para a satisfação do impulso genésico, qual se apontam iguarias ou vitaminas mais desejáveis numa hospedaria. Relações sexuais, no entanto, envolvem responsabilidade.

Homem ou mulher, adquirindo parceira ou parceiro para a conjunção afetiva, não conseguirá, sem dano a si mesmo, tão-somente pensar em si.

Referentemente ao assunto, não se trata exclusivamente da ligação em base do matrimônio legalmente constituído. Se os parceiros da união sexual possuem deveres a observar entre si, à face de preceitos humanos, voluntariamente aceitos, no plano das chamadas ligações extralegais acham-se igualmente submetidos aos princípios das Leis Divinas que regem a Natureza.

Cada Espírito detém consigo o seu íntimo santuário, erguido ao amor, e Espírito algum menoscabará o “lugar sagrado” de outro Espírito, sem lesar a si mesmo. Conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar “consciências” qual se fossem “coisas”, e se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada um? É óbvio que ninguém se lembrará, em são juízo, de recomendar escravidão às criaturas claramente abandonadas ou espezinhadas pelos próprios companheiros ou companheiras a que se entregaram, confiantes; isso, no entanto, não autoriza ninguém a estabelecer liberdade indiscriminada para as relações sexuais que resultariam unicamente em licença ou devassidão. Instituído o ajuste afetivo entre duas pessoas, levanta-se, concomitantemente, entre elas, o impositivo do respeito à fidelidade natural, ante os compromissos abraçados, seja para a formação do lar e da família ou seja para a constituição de obras ou valores do espírito. Desfeitos os votos articulados em dupla, claro que a ruptura corre à conta daquele ou daquela que a empreendeu, com o aceite compulsório das consequências que advenham de semelhante resolução.

Toda sementeira se acompanha de colheita, conforme a espécie. É razoável nos lembremos disso, porquanto o autor ou autora da defecção havida, ante os princípios de causa e efeito, é considerado violador de almas, assumindo com as vítimas a obrigação de restaurá-las, até o ponto em que as injuriou ou prejudicou, ainda mesmo quando na conceituação incompleta do mundo essas criaturas tenham sido encontradas supostamente já prejudicadas ou injuriadas por alguém.. O diamante no lodo não deixa de ser diamante, sem perder o valor que lhe é próprio, diante da vida.

A criatura em sofrimento não deixa de ser criação de Deus, sem perder a imortalidade que lhe é própria, à frente do Universo. Que a tentação de retorno dos sistemas poligâmicos pode ocorrer habitualmente com qualquer pessoa, na Terra, é mais que natural – é justo. Em circunstâncias numerosas, o pretérito pode estar vivo nos mecanismos mais profundos de nossas inclinações e tendências. Entretanto, os deveres assumidos, no campo do amor, ante a luz do presente, devem prevalecer, acima de quaisquer anseios inoportunos, de vez que o compromisso cria leis no coração e não se danificarão os sentimentos alheios sem resultados correspondentes na própria vida.

Observem-se, nos capítulos do sexo, os desígnios superiores da Infinita Sabedoria que nos orienta os destinos e, nesse sentido, urge considerar que a Vontade de Deus, na essência, é o dever em sua mais alta expressão traçado para cada um de nós, no tempo chamado “hoje”. E se o “hoje” jaz viçado de complicações e problemas, a repontarem do “ontem”, depende de nós a harmonia ou o desequilíbrio do “amanhã”.

Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Vida e Sexo - 19


24 abril 2021

Autodesobsessão - Vladimir Polízio


AUTODESOBSESSÃO

Temos aqui uma lição interessante, onde somos colocados na condição de responsáveis por tudo o que nos acontece. Pode, num primeiro momento, parecer estranho uma afirmativa dessa natureza, colocando-nos a responsabilidade quando cedemos às pressões externas sobre nossos pensamentos.

Com plena e total liberdade, a mente humana é um poderoso centro criativo. Pelo pensamento é possível erguer e no mesmo instante fazer desmoronar o que estiver sendo idealizado. Assim sendo, cuidados são necessários para que a mente, na velocidade de suas vibrações, não ceda às influências maléficas de outras mentes aqui encarnadas e nem das que se acham no outro lado da vida, procurando conquistar os que ainda vacilam ou perverter aqueles cujos pensamentos são tendenciosos e voltados aos conflitos de ordem moral...

Mas, somente será exatamente dessa maneira e sem qualquer controle, se você quiser, pois o titular de seus pensamentos é você mesmo, mais ninguém. Enquanto quisermos, enquanto for de nossa vontade, ninguém, nenhuma mente encarnada ou desencarnada terá condições de invadir nossa privacidade mental e impor o seu domínio.

Somos levados a compreender que temos a necessidade imperiosa de manter uma disciplina mental rígida de maneira a não permitir que nossos pensamentos comecem a dar mostras da intenção de extravasar os seus limites de segurança dentro da conduta natural estabelecida a si próprio. Quando a defesa espiritual estiver em nível baixo, a exemplo dos riscos referentes à fraca imunidade física, o acesso de agentes nocivos é franqueado naquela esfera, desencadeando processos que a medicina convencional não cura.

Porém, para que essa segurança seja constante durante a vida, deve-se manter a vigilância de maneira que as pressões de toda espécie não tenham efeito sobre nossa mente, especialmente nos momentos em que a fragilidade emocional se faça presente. Não se esquecer nunca de um fato de fundamental importância: se a mente é o cavalo, você é o cavaleiro e deve estar sempre atento a esses sinais de rebeldia mental, se esforçando até em não permitir que o alimento da desarmonia se instale, buscando o controle por meio de orações, a fim de afastar esse momento irracional. Energias negativas trazem temporadas tristes e inseguras. Enfim, ao sentir-se nessas condições, não espere, procure por um Centro Espírita onde lhe será esclarecido cientificamente o assunto e onde você encontrará o caminho da retomada do necessário equilíbrio. Não é necessária a queda para que esta ensine a ser cauteloso.

André Luiz, respeitável instrutor do Além, enviou a Chico Xavier, através da psicografia, esta mensagem específica que trata de um assunto cotidiano e que leva muita gente ao estado de submissão. 'Autodesobsessão':

"Se você já pode dominar a intemperança mental...

Se esquece os próprios constrangimentos, a fim de cultivar o prazer de servir...

Se sabe absorver o comentário infeliz, sem passá-lo adiante...

Se vence a indisposição contra o estudo e continua, tanto quanto possível, em contato com a leitura construtiva...

Se esquece mágoas sinceramente, mantendo um espírito compreensivo e cordial, à frente dos ofensores...

Se você se aceita como é, com as dificuldades e conflitos que tem, trabalhando com tudo aquilo que não pode modificar...

Se persevera na execução dos seus propósitos enobrecedores, apesar de tudo que se faça ou fale contra você...

Se compreende que os outros têm o direito de experimentar o tipo de felicidade a que se inclinem, como nos acontece...

Se crê e pratica o princípio de que somente auxiliando o próximo é que seremos auxiliados...

Se é capaz de sofrer e lutar na seara do bem, sem trazer o coração amargoso e intolerante...

Então, você estará dando passos largos para libertar-se da sombra, entrando, em definitivo, no trabalho da autodesobsessão.

Vladimir Polízio
Fonte:
Espiritismo na Rede

23 abril 2021

Corpo Humano: Dádiva de Deus - Momento Espírita

 
CORPO HUMANO: DÁDIVA DE DEUS

Quando estamos encarnados, temos um instrumento fantástico que nos serve ao progresso: o nosso corpo.

Com ele, podemos promover nosso aprimoramento físico, moral e espiritual.

O pesquisador e neurocientista, David Eagleman, diz que o corpo humano é formado por quarenta trilhões de células.

Podemos nos dar conta dessa imensidão de células, que trabalham de forma constante?

Afirma, maravilhado, o cientista: O corpo humano é uma obra-prima de complexidade e beleza. É uma sinfonia de células trabalhando em harmonia.

Podemos dizer que nosso corpo é uma perfeição da natureza, que precisou de milhões de anos de evolução para que chegasse ao que hoje é.

De igual forma concluímos que é muito delicado.

É o mesmo David Eagleman que narra o caso de um jovem de dezenove anos, que sofreu um dano grave em seu sistema nervoso.

A lesão fez com que ele perdesse a função dos nervos que levam ao cérebro as informações sobre o tato e a capacidade de localização dos membros do corpo.

Os médicos lhe informaram que não poderia mais se mover, porque não teria mais o controle do próprio corpo.

Viveria a partir de então em uma cadeira de rodas.

Como uma pessoa que não consegue ter a percepção dos membros de seu corpo poderia se mover?

Contudo, o jovem não aceitou se entregar a uma vida sem movimentos. Passou a se levantar e andar.

A grave questão é que ele não sente suas pernas e braços. Também não sente o chão. Por isso usa a visão para calcular o espaço e poder andar.

Isso lhe exige toda concentração para cada ação que realiza, cada passo que dá. Uma pequena distração pode levá-lo ao chão.

Ele precisa pensar atentamente em cada movimento que fará, o que lhe exige igualmente muita determinação.

No entanto, apesar da grande dificuldade, ele se movimenta e segue em frente.

Um exemplo da vontade férrea do Espírito sobre a máquina física.

* * *

Em nossas vidas, muitas vezes não percebemos a complexidade e a fragilidade de nosso corpo e deixamos de valorizar esse conjunto perfeito que nos permite desde os mais simples aos mais complexos movimentos.

Aprendamos a valorizar essa preciosidade. Deus, o Criador de tudo, o elaborou com precisos detalhes.

Não nos permitamos negligenciar cuidados com ele.

Cautela com nossa alimentação para manter o bom funcionamento dos órgãos.

Não façamos uso de bebidas, medicamentos ou outras substâncias que possam prejudicar o seu funcionamento.

Não esqueçamos dos exercícios físicos para manutenção do seu vigor.

Prestemos atenção aos nossos pensamentos, não alimentando os negativos, a fim de não perturbar a sua harmonia.

Utilizemos a reflexão sobre as nossas emoções que o podem impactar para o bem e para o mal, produzindo enfermidades ou mau funcionamento desse ou daquele órgão.

O corpo físico é o santuário de que nos servimos para nos manifestarmos no mundo.

Sirvamo-nos dele com parcimônia, com atenção. Zelemos pela sua conservação para o melhor funcionamento.

E agradeçamos, diariamente, a Deus, por essa dádiva: nosso corpo físico.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro Cérebro: uma biografia, de David Eagleman, ed. Rocco e no cap. Teu corpo, do livro Viajor, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. IDE. 
 

22 abril 2021

À frente, o Futuro - Antonio Carlos Navarro


 À FRENTE, O FUTURO

Se há uma consequência a ser deduzida dos ensinamentos transmitidos pelas religiões, esta é a imortalidade dos nossos espíritos. Todas as religiões trabalham visando o futuro do ser humano, principalmente, para o além da morte.

No Evangelho do Senhor Jesus, encontramos o Mestre falando do espírito humano, dizendo-nos “ninguém sabe de onde ele vem, nem para onde ele vai”, o que significa que já existíamos antes e vamos continuar existindo depois da morte do corpo físico. É o conceito de imortalidade sendo estabelecido por Jesus. Nestes termos, imortalidade significa futuro.

Estamos, portanto, caminhando para o futuro, e nós sabemos que a reencarnação é o mecanismo utilizado pela Inteligência Suprema e Causa Primeira de todas as coisas que possibilita aos espíritos o desenvolvimento necessário para atingir a perfeição.

A renovação e o desenvolvimento da sociedade humana, em todos os aspectos, comprova isso, e no momento presente estamos vivendo um período de rápidas mudanças, e estas exigem de nós uma permanente adaptação à modernidade.

Com respeito ao futuro, e da forma como deveremos vivenciá-lo, educando-nos para ele, tem-se produzido muitos estudos e conclusões que servem de orientação para todos nós.

Uma das mais interessantes opiniões a respeito é a do psicólogo Howard Gardner, reconhecido mundialmente pela sua Teoria das Inteligências Múltiplas, e um dos mais renomados estudiosos da inteligência e desenvolvimento humanos.

Em sua opinião, essas mudanças exigem novas formas de aprender e de pensar, seja na escola, nos negócios ou nas profissões, e ele as discute em seu livro “Cinco Mentes Para o Futuro”, que rapidamente se tornou um sucesso de vendas no mundo todo. Podemos sintetizar a sua teoria transcrevendo os seus postulados:

* A mente disciplinada — o domínio das principais correntes de pensamento (incluindo ciências, matemática e história) e de pelo menos um ofício;

* A mente sintetizadora — capacidade de integrar ideias de diferentes disciplinas ou esferas num todo coerente e comunicar essa integração a outras pessoas;

* A mente criadora — capacidade de descobrir e esclarecer novos problemas, questões e fenômenos;

* A mente respeitadora — consciência e compreensão das diferenças entre seres humanos;

* A mente ética — cumprimento das responsabilidades de cada um enquanto trabalhador e cidadão.

Essas premissas encontram eco na Doutrina Espírita, por fazerem parte do corpo da doutrina, desde a sua codificação por Allan Kardec, e que se estabelece como o Consolador prometido pelo Senhor Jesus.

Na primeira mensagem das Instruções dos Espíritos do capítulo VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos os dois ensinamentos ditados pelo Espírito da Verdade, que podemos correlacionar às “mentes” propostas por Gardner.

“As mentes respeitosa e ética” podem ser englobadas no “Amai-vos”, o primeiro ensinamento, porque o respeito e a ética são pressupostos do amor, e o amor é o tema central da mensagem do Senhor Jesus e consequentemente da Doutrina Espírita.

“As mentes disciplinada, sintetizadora e criadora” estão contidas no “Instruí-vos”, o segundo ensinamento, porque instrução significa desenvolver nossa capacidade intelectual, o que só será possível se desenvolvermos, disciplinadamente, nosso intelecto aproveitando nossas tendências e inclinações, mas nunca fechando a porta para novos assuntos. E, uma vez conquistado o conhecimento multidisciplinar, será preciso saber utilizá-lo para o progresso de todos, mantendo-se atento e com coragem para descobrir novas soluções para os problemas humanos, produzindo melhores condições de vida em nosso planeta, que se encontra em fase de transição entre Mundo de Expiações e Provas para Mundo de Regeneração.

Assim vamos constatando a grandeza da Doutrina Espírita, que tem sido confirmada pela ciência humana em seus mais diversos postulados, por ser, na condição da Terceira Revelação, portadora de orientações necessárias ao espírito imortal, e este, se consciente e perseverante as aplicar hoje, o futuro, que é para onde estamos indo, será de vida em abundância, exatamente como anunciou, há dois mil anos, o Senhor Jesus.

Pensemos nisso.


Antonio Carlos Navarro
Fonte
: Kardec Rio Preto
 
Referências Bibliográficas:

(1) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Salvador Gentile. 365ª ed. Araras – SP: IDE, 1978.

(2) Gardner, Howard. Cinco Mentes para o Futuro.

21 abril 2021

A Casa Mental e a Reforma Íntima - Wanderley Soares de Oliveira


 
CASA MENTAL E A REFOR
MA ÍNTIMA


A compreensão dos mecanismos da mente auxilia-nos a entender como se opera o grande objetivo da transformação.

Diz André Luiz: "Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a residência de nossos impulsos automáticos, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o domicílio das conquistas atuais, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a casa das noções superiores, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro, residem o esforço e a vontade; e no último estão o ideal e a meta superior a ser alcançada.

Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro" (No Mundo Maior. Pelo espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier, capítulo 3. FEB).

O estudo deste tema é fundamental em quaisquer assuntos da reforma íntima. É um tema de fácil entendimento e usaremos da ilustração para ajudar a compreensão.

André Luiz fez uma comparação dos níveis mentais com uma casa. O porão é onde guardamos tudo aquilo que poderá nos servir em algum momento. É o armazém ou depósito da mente, denominado pelo autor espiritual como subconsciente, no qual se encontram todas as experiências, boas ou infelizes, representando todo o nosso passado espiritual. Tudo que nós fazemos é registrado nessa parte da mente.

A parte social da residência é o local no qual mais nos movimentamos, assim como a cozinha, quarto, sala e demais cômodos mais usados em uma casa. É o nível chamado de consciente e corresponde a todas as operações relativas ao momento presente, constituindo a personalidade atual desde o renascimento na matéria até o momento atual.

O sótão é a parte da casa que mais raramente utilizamos, no intuito de relaxar, descansar ou refletir. Representa o superconsciente ou região nobre da mente, onde se encontram todos os germens divinos da perfeição, em estado latente. É o nosso futuro.

Na ilustração, você pode ver uma relação entre as cores amarelo, branco e preto como sendo superconsciente, consciente e subconsciente, e os respectivos andares da casa. Os três níveis mentais têm correspondência com três áreas da vida cerebral no corpo físico, mas não vamos aqui aprofundar esse aspecto que poderá ser estudado no livro de André Luiz. Segundo o autor espiritual, no subconsciente mora o automatismo e o hábito. No consciente reside o esforço e a vontade; e no superconsciente encontramos o ideal e a meta.

A compreensão dos mecanismos de interação entre estes "moradores" auxilia-nos imensamente entender como se opera o grande objetivo espiritual da reforma íntima.

Os moradores dos três níveis

Essas três partes da vida mental estão em constante interatividade. Do subconsciente partem apelos automatizados que foram consolidados ao longo de várias reencarnações e que podem dominar nossas ações, pensamentos e sentimentos. Por exemplo: quem fumava, em reencarnações recentes, ou desenvolveu o talento de tocar piano terá impulsos para fumar novamente e grande facilidade para aprender piano na presente existência corporal.

Na reforma íntima, como temos que superar muitos impulsos ou tendências do passado, é necessário que os moradores do consciente, ou seja, o esforço e a vontade, sejam manejados decididamente para tomar conta da vida mental e escolher com sabedoria o que queremos fazer, pensar e sentir, diante dos ideais de transformação moral. Aqui, temos um primeiro conceito de reforma íntima: a ascendência da vontade e do esforço sobre nossos milenares hábitos cristalizados no subconsciente.

O conflito interior nasce dessa luta entre consciente e subconsciente. É preciso muita disciplina para conter os impulsos, nem sempre nobres, dessa parte subconsciente da vida mental.

Outro conceito importante de reforma íntima é o aprendizado de despertar os valores divinos que se encontram adormecidos no superconsciente. Educação é exatamente esse ato de extrair ou colocar para fora os tesouros de nossa divindade que se encontram adormecidos nesse nível. Todos nós os temos guardado nesse campo da vida mental superior. Por exemplo: quando buscamos a calma, a alegria, a fé e tantos outros patrimônios espirituais, em verdade, todos eles já se encontram no superconsciente. A meditação, a oração, o desenvolvimento da honestidade em relação aos nossos sentimentos, o hábito do autoamor através do cuidado conosco e o serviço do bem são algumas das muitas formas de acessar essa zona mental nobre e recolher o conteúdo energético que nos fará sentir o bem-estar de uma vida saudável e plena.

Wanderley Soares de Oliveira
Fonte: Trecho do artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, abril 2010, ed.79. Imagem: Revista Cristã de Espiritismo, abril 2010, ed.79.


20 abril 2021

Abandonados, mas não a sós - Joanna de Ângelis

 
ABANDONADOS, MAS NÃO A SÓS

Tristeza pertinaz teima por dominar os painéis coloridos da tua alma, convertendo aspirações acalentadas anos-a-fio em amargura, fazendo que experimentes ressaibos de profundas nostalgias.

Desfilam, rapidamente, todos os quadros que te marcaram o espírito com os sulcos vigorosos da decepção.

Amigos enganados que te enganaram; irmãos insensatos que te ofenderam; bocas irresponsáveis que te atingiram com as farpas da maledicência; corações que pareciam afeiçoados e que seguiram adiante...

Repassas, emocionado, cenas que se foram mas não esqueceste: promessas ardentes, testemunhos de afeição, olhares incendiados de entusiasmos, emoções explodindo em palavras fáceis que teciam grinaldas de ternura... E perguntas, agora, em soledade, onde estão os amigos de outrora, os co-partícipes das tuas horas de triunfo?

Tens a impressão de que o peso de mil deserções se acumula sobre a tua fragilidade, e temes por ti mesmo.

Desde há algum tempo a tristeza secunda os teus passos e tange monótona balada que vagarosamente te domina, conduzindo o teu carro de júbilos para o abismo dos desencantos.

E crês que não resistirás por muito tempo.

Fraco é o bastão da tua fé, poderosa a força do sítio que te ameaça.

Levanta, porém, os olhos e dirige-te a Ele, o Grande Ignorado.


* * *

Além do que consideras o teu horto, transporta as fronteiras da tua dor, quanta dor!...

Perdeste amigos e admiradores, fugiram afetos e simpatizantes, mas em verdade nunca os tivestes contigo.

Eram apenas acompanhantes da oportunidade. Faziam algazarra, comungavam presenças, fora, todavia, da realidade que buscavas.

E a realidade é esta: solidão com a verdade.

Tributo valioso exige a liberdade - quantas vidas físicas exige o carro da guerra para doá-la?

Preço elevado impõe o dever - quantas lágrimas são vertidas no cultivo da gleba onde ele medra?

Soma ponderável deve ser igualmente oferecida para o consórcio com o amor - único espólio de uma existência modelar.

Não te descoroçoes, pois.

Voltarão, mais tarde, os que te deixaram.

Brilhará novamente o sol dos sorrisos.

Soarão, vibrantes, depois, as palavras em festival demorado de admiração. 
 
Será, porém, tarde para eles, porquanto já não te terão ao lado.

Há doentes cuja gravidade do mal passa despercebida por ignorarem a doença.

Há aflições que não enlouquecem por ainda desconhecidas dos que as encontrarão logo mais.

Há delinqüentes que conseguem caminhar por teimarem desconsiderar o crime.

Há solidões escondidas na balbúrdia, que se cercam de fantasias...

Por mais, porém, que todos desejem ignorar o drama que conduzem consigo, nem por isso mesmo conseguirão passar na romagem evolutiva sem o despertamento para a responsabilidade.

Mais infelizes são todos esses, cujo amanhã está assinalado por pesadas sombras, aguardando por eles.

Tu, porém, embora sofrendo e chorando, crês, já travaste contato com a fé e és amigo da esperança.

Conserva o óleo da certeza no lume do dever e espera o dia, após esta noite demorada.

* * *

Ninguém poderia supor que a multidão exaltada que seguiu o Mestre, em Jerusalém, devidamente açulada por vândalos mercenários, seria o coro que o vilipendiaria logo depois a caminho do Calvário.

Ninguém poderia supor que aqueles que o aclamaram quando viam cegos recuperarem a visão, paralíticos recobrarem os movimentos, surdos recomporem os ouvidos, mudos voltarem a falar e leprosos sararem ao contacto daquela voz e daquelas mãos, seriam as mesmas bocas estertoradas que O exortariam com sarcasmo a sair da Cruz.

Ninguém poderia supor que, embora abandonado na Terra, o Pai Celeste estava com Ele, sem O deixar a sós; nem que depois de uma tarde de tempestade e de uma longa noite, Ele voltaria vitorioso sobre todos e tudo, para continuar o ministério junto aos que O abandonaram...

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 56


19 abril 2021

A Corrupção está na Alma do Brasileiro? - Richard Simonetti

 
A CORRUPÇÃO ESTÁ NA ALMA DO BRASILEIRO?
Entrevista de Richard Simonetti sobre corrupção.

1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na alma do brasileiro?

A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.

2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país.

A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.

3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo?

Compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.

4 – E quanto ao Espiritismo?

Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.

5 – E a segunda frente?

Mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de Jesus de que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus, 16:27). Quem está consciente dessa realidade será sempre o fiscal incorruptível de si mesmo.

6 – Qual seria o castigo da corrupção?

Diz Dante, em A Divina Comédia, que os corruptos vão parar uma vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.

7 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas?

Sim, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo.

Richard Simonetti
Fonte: Kardec Rio Preto

18 abril 2021

Ambiente Doméstico - Emmanuel

 

AMBIENTE DOMÉSTICO

«Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas os a quem odiara, quiçá o ódio lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.» O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. V, Item 11

Na comunhão de dois seres para a organização da família, prevalece o compromisso de assistência não só de um para com o outro, mas também para com os filhos que procedem do laço afetivo. Não possuímos ainda na Terra institutos destinados à preparação da paternidade e da maternidade responsáveis. A evolução e o aprimoramento das ciências psicológicas de hoje, porém, garantir-nos-ão no futuro semelhante evento. Identifiquemos no lar a escola viva da alma.

O Espírito, quando retorna ao Plano Físico, vê nos pais as primeiras imagens de Deus e da Vida. Na tépida estrutura do ninho doméstico, germinam-lhe no ser os primeiros pensamentos e as primeiras esperanças. Não lhe será, contudo, tão fácil seguir adiante com os ideais da meninice, de vez que, habitualmente, a equipe familiar se aglutina segundo os desastres sentimentais das existências passadas, debitando-se-lhe aos componentes os distúrbios da afeição possessiva, a se traduzirem por ternura descontrolada e ódio manifesto ou simpatia e aversão simultâneas. Pais imaturos, do ponto de vista espiritual, comumente se infantilizam, no tempo exato do trabalho mais grave que lhes compete, no setor educativo, e, ao invés de guiarem os pequeninos com segurança para o êxito em seu novo desenvolvimento no estágio da reencarnação, embaraçam-lhes os problemas, ora tratando as crianças como se fossem adultos ou tratando os filhos adultos como se fossem crianças.

Estabelecido o desequilíbrio, irrompem os conflitos de ciúme e rebeldia, narcisismo e crueldade, que asfixiam as plantas da compreensão e da alegria na gleba caseira, transformando-a em espinheiral magnético de vibrações contraditórias, no qual os enigmas emocionais, trazidos do pretérito, adquirem feição quase insolúvel. Decorre daí a importância dos conhecimentos alusivos à reencarnação, nas bases da família, com pleno exercício da lei do amor nos recessos do lar, para que o lar não se converta, de bendita escola que é, em pouso neurótico, albergando moléstias mentais dificilmente reversíveis.

Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Vida e Sexo - 4

17 abril 2021

Aquele Nó Na Garganta - Maisa Baria


AQUELE NÓ NA GARGANTA

Sabe aquelas coisas que às vezes queremos falar mas ficam paradas na garganta da gente?

Não vai, não sai, enrosca ...

Não volta, não desce, entala ...

Tem gente que acredita que o melhor é falar... Mas falando às vezes a gente se arrepende pois machucamos quem amamos sem querer. Se as palavras saírem de dentro de você com raiva, com ódio, com irritação, com mágoa, serão palavras improdutivas e dilacerantes na alma do outro.

Tem aqueles que pensam que o melhor é se calar... Mas calando somos obrigados a engolir tudo aquilo que tal qual veneno vai agir contra nós mesmos, provocando em nosso corpo e em nossa alma um acúmulo de sentimentos ruins que serão transformados em doenças e dores infligindo sofrimento a nós mesmos.

O que fazer então?
Existem coisas que não precisam ser faladas, nem tão pouco engolidas, devem apenas ser modificadas.

O nó na garganta vai existir durante o tempo que você precisa para repensar sua atitude e reavaliar o que precisa ser feito. Se você usar esse tempo para refletir, ponderar e observar, sem alimentar a si mesmo de sentimentos nocivos, perceberá que aos poucos o nó irá se diluir. À medida que você se acalmar, pacificar seu mundo interior e buscar alternativas perceberá que pouco a pouco aquele nó vai se desfazendo até desaparecer.

É bem provável que quando esse nó sumir você já terá encontrado uma resposta mais positiva para o problema que te afligia e então será possível falar tudo aquilo que você gostaria, mas de uma maneira diferente, mais sensata e coesa, despido de ódio, de orgulho, de raiva, de forma que sua palavra possa ser como semente lançada em solo fértil capaz de produzir o efeito que você buscava.

E se por acaso você ainda não tiver essa resposta, perceberá que a leveza de estado no qual se encontra te proporcionará a serenidade necessária para buscar essa resposta com mais otimismo e perseverança te levando assim a um resultando mais produtivo e eficiente.

Portanto quando um nó se fizer dentro de você, não tenha pressa de colocar isso para fora, nem se esforce para retê-lo, use esse tempo extra a seu favor para descobrir o que é necessário para desfazê-lo de uma vez por todas.


16 abril 2021

O Luto no Envelhecimento - Cristiane C Neves


O LUTO NO ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo biopsicossocial que começa desde que nascemos. Preciso crescer para dar espaço ao irmão que está chegando na família. Para ir para a escola, também preciso crescer para dar conta de vivenciar essa situação e lidar com tanta novidade,
nos faz envelhecer lentamente. A possibilidade de vivermos por muitos anos nos permite contar com experiências de vida, que pode nos permitir lidar melhor com situações adversas, além de poder contar interessantes histórias para os nossos descendentes.

Entretanto, o envelhecimento após a fase adulta, é uma das mais difíceis tarefas do desenvolvimento humano, pois nos faz ter que enfrentar as limitações físicas e a morte. Além do mais, envelhecer na nossa sociedade moderna em que se cultiva o ser jovem, se torna uma tarefa desafiadora.

Com qual idade você vai se sentir velho? Pode ser quando sentir que não tem mais a energia e disposição de quando era mais jovem; quando perceber mais acentuadas as marcas de expressão no seu rosto; quando o assunto sobre doenças começa a tomar conta das conversas com os amigos; quando os seus compromissos com os horários estiverem sendo definidos pelas medicações que precisa tomar; quando as perdas por mortes de parentes e amigos começam a ter uma frequência maior.

Essas são algumas das inúmeras perdas que com o passar dos anos vamos adquirindo. São perdas significativas que a longa vida nos oferece, sem que tenhamos o direito de recusa.

Todas as perdas concretas e simbólicas dessa fase de desenvolvimento evolutivo requerem o enlutamento, ou seja, um processo de luto. Para tal, a perda precisa ser reconhecida pela própria pessoa e pelas pessoas do seu convívio familiar e social. O luto é um processo psíquico na elaboração de qualquer tipo de perda significativa. Elaborar o luto é imprescindível como prevenção ao adoecimento físico e, especialmente psíquico, como a ansiedade, a depressão e o suicídio. O cuidado com o processo de luto dos idosos é imprescindível, pois as estatísticas apontam um alto índice de suicídio na velhice.

O idoso pode ter dificuldades para vivenciar o processo de luto, devido a inabilidade em falar sobre a dor relacionada à perda.

Além do mais, ele precisa de tempo para se reorganizar emocionalmente diante uma perda. O tratamento respeitoso diante as necessidades do idoso favorecem a elaboração dessas perdas que ele estiver vivenciando e na qualidade de vida que ele merece

O idoso precisa ter oportunidade de realizar novas atividades para renovar a capacidade de sonhar, realizar e reconhecer que existe possibilidade de viver bem acreditando no futuro.

Cristiane C. Neves *
 
* Psicóloga, especializada em luto e coordena o grupo terapêutico Vivenciando o luto na Comunidade Espírita Ramatís.



15 abril 2021

Alterações Afetivas - Emmanuel


ALTERAÇÕES AFETIVAS

«Pergunta: Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?»
«Resposta: Ao contrário: bem grande influência exercem. Conforme dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes nisso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.
Questão n º 208 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS

Muito comum se alterem as condições afetivas, depois que o navio do casamento se afasta do cais do sonho para o mar largo da experiência. Converte-se, então, a esperança em trabalho e desnudam-se problemas que a ilusão envolvia.

Em muitos casos, a altura da afeição permanece intacta; entretanto, na maioria das posições, arrefece o calor em que se aquecia o casal nos dias primeiros da comunhão esponsalícia.

Urge, porém, salvar a embarcação ameaçada de soçobro, seja pelo choque contra os rochedos ocultos das dificuldades morais ou pelo naufrágio nas águas mortas do desencanto. Parceiro e parceira, nos compromissos do lar, precisam reaprender na escola do amor, reconhecendo que, acima da conjunção corpórea, fácil de se concretizar, é imperioso que a dupla se case, em espírito – sempre mais em espírito –, dia por dia.

Não se inquiete o par, à frente das modificações ocorridas, de vez que toda afinidade correta, nas emoções do plano físico, evolui fatalmente para a ligação ideal, a exprimir-se na ternura confiante da amizade sem lindes.

Extinta a fogueira da paixão na retorta da organização doméstica, remanesce da combustão o ouro vivo do amor puro, que se valoriza, cada vez mais, de alma para alma, habilitando o casal para mais altos destinos na Vida Superior. Isso acontece, porque os filhos que surgem são igualmente peças do matrimônio, compelindo o lar a recriar-se, de maneira incessante, em matéria de instituto endereçado ao trabalho de assistência recíproca. O carinho repartido, em princípio, a dois, passa a ser dividido por maior número de partícipes do núcleo familiar, e esses mesmos condomínios do estabelecimento caseiro, em muitas circunstâncias, são os associados da doce hipnose do namoro e do noivado, que mantinham nos pais jovens, ainda solteiros, a chama da atração entusiástica até a consumação do enlaçamento afetivo.

Quase sempre, Espíritos vinculados ao casal, ora mais fortemente ao pai, ora mais especialmente ao campo materno, interessavam-se na Vida Maior pela constituição da família, à face das próprias necessidades de aprimoramento e resgate, progresso e autocorrigenda. Em vista disso, cooperaram, em ação decisiva, na aproximação dos futuros pais, aportando em casa, pelos processos da gravidez e do berço, reclamando naturalmente a quota de carinho e atenção que lhes é devida.

Em toda comunhão mais profunda do homem e da mulher na formação do grupo doméstico, seguida de filhos a lhes compartilhar a existência, há que contar com a sublimação espontânea do impulso sexual, cabendo ao companheiro e à companheira que o colocaram em função aderir aos propósitos da vida, que tudo renova para engrandecer e aperfeiçoar.

Conquanto bastas vezes sejamos recalcitrantes na sustentação do amor egoístico, desvairado em exigências de toda espécie, a pouco e pouco acabamos por entender que apenas o amor que sabiamente se divide, em bênçãos de paz e alegria para com os outros, é capaz de multiplicar a verdadeira felicidade.

Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Vida e Sexo - 11


14 abril 2021

Esclarecimento - Irmão X

(Credit: David Lane & Robert Gendler)
 
ESCLARECIMENTO

Você pergunta, meu amigo, pelas razões que nos levam a escrever tanto.

Não deveríamos procurar a Corte Celestial para repouso? Teríamos tamanha saudade da tarefa humana, a ponto de reabsorver-lhe, voluntariamente, as angústias? A seu ver, o sepulcro seria o caminho ideal para o esquecimento absoluto.

Até aí, sua indagação se perde no domínio do comum, quanto aos motivos que o compelem a trabalhar pela garantia da própria felicidade.

Seu inquérito, contudo, vai mais além. Deseja saber porque nos dedicamos ao assunto religioso.

– “Todos os espíritos desencarnados – alega espantadiço – se empenham na difusão dos princípios de fé e caridade. Emparelham-se com os pregadores insistentes do alto dos púlpitos. Não possuiremos suficiente número de ministros e padres no mundo?”

Equivoca-se em semelhante generalização. Nem todos os desencarnados se consagram, ainda, a serviço tão nobre. Milhões deles permanecem imantados à Crosta do Mundo, impedindo o progresso mental das criaturas que lhes são afins. Preferem a discórdia e a malícia, como autênticos demônios soltos, e, quando podem, chegam a destilar venenos cruéis, através de escritores invigilantes. Mantêm a ignorância de muita gente, a respeito da eternidade, para melhor se acomodarem às reclamações da inferioridade em que se comprazem.

No entanto, não é para comentar as perturbações da nossa esfera de ação que lhe escrevo esta carta.

Refere-se você à religião, como se a fé representasse bolorento asilo para espíritos inválidos. Certamente envolvido na onda turbilhonaria que agita o oceano de nossa civilização decadente, também você penhorou o raciocínio nas ilusões do homem econômico. Crê possível a regeneração do mundo, de fora para dentro, e dar-se-ia, talvez, de bom grado, a qualquer renovador sedento de sangue que prometesse um mundo reformado por decretos que se vão caducando, de cinco em cinco anos.

Dentro de tal clima, não pode compreender o serviço religioso.

Admite que um pomar se mantenha e produza sem a sementeira? Persistiria a vida humana sem o altar da maternidade?

O castelo teórico e o campo da experimentação pratica, em que se assentam os princípios filosóficos e científicos da Terra, não se sustentariam sem a fonte oculta e invisível da mística religiosa. Somente o ser privado de razão consegue movimentar-se sem raízes na espiritualidade superior.

Os grandes escritores, supostamente materialistas, que você menciona com indisfarçável prazer, não foram senão atletas do pensamento em conflito com as imposições do sacerdócio organizado. Não hostilizavam Deus, objeto sagrado de seus estudos e cogitações. Combatiam os processos infelizes, muita vez usados pelos homens de má fé, para situarem o Eterno e Supremo Senhor na ordem política. No fundo, identificavam a luz divina, na própria lâmpada de intelectualidade que lhes aclarava a mente.

A religião é chama sublime, congênita na criatura. Todas as noções de direito no mundo nasceram à sua claridade e todas as secretarias de justiça, nos mais diversos países do Globo, devem a ela, sua procedência.

Quando o primeiro selvagem compreendeu que lhe competia respeitar a taba do irmão, tal entendimento ter-lhe-ia surgido, à face da gloriosa visão do céu, recolhendo, através da contemplação do Sol e das estrelas, da sombra e da tempestade, a primitiva idéia de Deus.

Subtrair o pensamento religioso da experiência humana seria o mesmo que desidratar o corpo da Terra. Sem a água divina da espiritualidade, qualquer construção planetária se destina a irremediável secura.

Conseguiria você viver exclusivamente no deserto?

O homem poderá rir com Voltaire, estudar com Darwin, filosofar com Spinoza, conquistar com Napoleão, teorizar com Einstein, ou mesmo fazer teologia com São Tomás; entretanto, para viver a existência digna, há que alimentar-se intimamente de princípios santificantes, tanto, quanto entretém o corpo à custa de pão. Quem não dispõe do divino combustível para uso próprio, recorre inconscientemente às reservas alheias, porquanto, não existe idealismo superior que não tenha nascido da atividade espiritual e, sem ele, o conceito de civilização redunda em grossa mentira.

Não sorria, pois, usando o sarcasmo, perante aqueles que consagram o tempo ao ministério religioso.

Com os cientistas modernos, vocês poderão entrevistar o átomo, fotografar a célula e positivar a curvatura do espaço... Há muita gente na América que já pensa em pedir às autoridades administrativas da política dominante a reserva de terrenos na Lua, considerando o desenvolvimento dos veículos a jato...

Poderão cogitar de tudo isto, mas não deslocarão a idéia religiosa em um milímetro, sequer, de rota. A fé representa claridade de um sol que ilumina o espírito humano, por dentro, e, sem essa claridade no caminho, o Planeta poderia perder, em definitivo, a esperança num futuro melhor.

Quanto ao fato de demorar-me, por algum tempo, na atualidade, entre admiráveis amigos que cogitam de servir, depois da morte, ao Cristianismo renascente, creia que isto ocorre por gentileza deles e não por merecimento de minha parte. Não sou nenhum Livingstone em Áfricas do “outro mundo”. Quem define o meu caso, com paciência, é o nosso velho sábio Shakespeare. Disse ele, certa vez, que “quando Deus nos vê endurecidos no mal, cerra-nos os olhos para a imundície e nos obscurece o juízo, de modo que chegamos a adorar os nossos desvarios e a zombar de nós mesmos, caminhando, cheios de cegueira e de orgulho, para a perdição”. Segundo depreende, sou um enfermo à procura de melhoras.

Embora desencarnado, não posso saber se você guarda saúde integral. Creio, porém, que, se algum dia atingir a infelicidade a que cheguei, não deixará de fazer conforme estou fazendo.

Pelo Espírito Irmão X
Do livro: Luz Acima
Médium: Francisco Cândido Xavier