APENAS OS ROMANCES MEDIÚNICOS MERECEM CREDIBILIDADE?
O romance é um gênero literário que traz uma narrativa em prosa, ficção, conto ou novela.
Os romances espíritas têm por objetivo trazer ensinamentos, lições e respostas de uma forma mais leve e prática, através de narrativas e personagens, baseadas em histórias verídicas ou não (no caso de uma ficção, por exemplo), nos auxiliando na compreensão dos ensinamentos da Doutrina Espírita.
Comumente, entre os apreciadores da literatura espírita, observamos o seguinte questionamento: essa obra é psicografada?, ou seja, ela foi ditada por um espírito através da psicografia ou foi o próprio autor que a escreveu? E muitos, diante da negativa à essa pergunta, perdem o interesse pelo livro sem nem ao menos examinar seu conteúdo.
Enquanto adeptos da Doutrina Espírita, não estaríamos caindo em contradição ao dar mais atenção a obras psicografadas em detrimento de obras que não o são? Não estaríamos nos interessando mais pelo misticismo do que pelo espiritismo, de fato?
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XXI, no item 10, Kardec nos aconselha em nota:
Em geral, "desconfiai das comunicações que trazem um caráter de misticismo e de estranheza ou que prescrevem cerimônias e atos bizarros; então, há sempre um motivo legítimo de suspeição."
Não devemos nos apegar tanto aos misticismos e aos fenômenos mediúnicos, mas ao ensinamento que aquele conteúdo nos traz. A Doutrina Espírita não deve ser palco e seus adeptos não devem ser protagonistas de manifestações de misticismo que pouco agregam e sempre devem ser questionadas.
Se hoje lemos, estudamos e temos capacidade intelectual para escrever sobre assuntos ligados à Doutrina Espírita, devemos esperar o desencarne para ditar o que sabemos a um médium (algumas vezes com menos instrução) para que nossas palavras tenham credibilidade?
Vejam, não se trata de dizer que uns são melhores que os outros por terem mais instrução em nível de conhecimento terreno, material, mas de questionarmos e avaliarmos um trabalho por seu conteúdo doutrinário e não descredibilizá-lo por não ter diretamente um espírito por trás pois, assim, ignoramos o fato presente em O Livro dos Espíritos, na questão 459, onde os espíritos ao serem questionados por Kardec se os Espíritos influem nossos pensamentos e ações, respondem: "Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem."
Assim sendo, todos somos médiuns e, ainda que o trabalho não tenha sido concebido através da psicografia, todo conteúdo que busca instruir e disseminar as leis de amor e caridade pode e, provavelmente foi, também inspirado, mesmo que de uma forma inconsciente.
No livro O Que é o Espiritismo, durante diálogo com o visitante Kardec elucida que:
Os romances espíritas têm por objetivo trazer ensinamentos, lições e respostas de uma forma mais leve e prática, através de narrativas e personagens, baseadas em histórias verídicas ou não (no caso de uma ficção, por exemplo), nos auxiliando na compreensão dos ensinamentos da Doutrina Espírita.
Comumente, entre os apreciadores da literatura espírita, observamos o seguinte questionamento: essa obra é psicografada?, ou seja, ela foi ditada por um espírito através da psicografia ou foi o próprio autor que a escreveu? E muitos, diante da negativa à essa pergunta, perdem o interesse pelo livro sem nem ao menos examinar seu conteúdo.
Enquanto adeptos da Doutrina Espírita, não estaríamos caindo em contradição ao dar mais atenção a obras psicografadas em detrimento de obras que não o são? Não estaríamos nos interessando mais pelo misticismo do que pelo espiritismo, de fato?
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XXI, no item 10, Kardec nos aconselha em nota:
Em geral, "desconfiai das comunicações que trazem um caráter de misticismo e de estranheza ou que prescrevem cerimônias e atos bizarros; então, há sempre um motivo legítimo de suspeição."
Não devemos nos apegar tanto aos misticismos e aos fenômenos mediúnicos, mas ao ensinamento que aquele conteúdo nos traz. A Doutrina Espírita não deve ser palco e seus adeptos não devem ser protagonistas de manifestações de misticismo que pouco agregam e sempre devem ser questionadas.
Se hoje lemos, estudamos e temos capacidade intelectual para escrever sobre assuntos ligados à Doutrina Espírita, devemos esperar o desencarne para ditar o que sabemos a um médium (algumas vezes com menos instrução) para que nossas palavras tenham credibilidade?
Vejam, não se trata de dizer que uns são melhores que os outros por terem mais instrução em nível de conhecimento terreno, material, mas de questionarmos e avaliarmos um trabalho por seu conteúdo doutrinário e não descredibilizá-lo por não ter diretamente um espírito por trás pois, assim, ignoramos o fato presente em O Livro dos Espíritos, na questão 459, onde os espíritos ao serem questionados por Kardec se os Espíritos influem nossos pensamentos e ações, respondem: "Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem."
Assim sendo, todos somos médiuns e, ainda que o trabalho não tenha sido concebido através da psicografia, todo conteúdo que busca instruir e disseminar as leis de amor e caridade pode e, provavelmente foi, também inspirado, mesmo que de uma forma inconsciente.
No livro O Que é o Espiritismo, durante diálogo com o visitante Kardec elucida que:
"(...) Fazer a crítica de um livro não é necessariamente condená-lo.Aquele que empreende essa tarefa, deve fazê-la sem ideias preconcebidas. Mas, se antes de abrir o livro já o condenou em seu pensamento, seu exame não pode ser imparcial."
A crítica se aplica tanto ao lado "negativo", quando ao "positivo" quando julgamos que um romance é melhor por ter sido concebido através da psicografia.
Analisando ainda mais, se considerarmos bom um romance simplesmente por ter sido psicografado e não nos atentarmos a seu alinhamento doutrinário, como identificaremos possíveis contradições com o espiritismo e até mesmo processos obsessivos? (Sim, mesmo os médiuns psicógrafos que já exercem sua mediunidade de forma ostensiva e trabalham há anos podem ser obsidiados.)
A crítica se aplica tanto ao lado "negativo", quando ao "positivo" quando julgamos que um romance é melhor por ter sido concebido através da psicografia.
Analisando ainda mais, se considerarmos bom um romance simplesmente por ter sido psicografado e não nos atentarmos a seu alinhamento doutrinário, como identificaremos possíveis contradições com o espiritismo e até mesmo processos obsessivos? (Sim, mesmo os médiuns psicógrafos que já exercem sua mediunidade de forma ostensiva e trabalham há anos podem ser obsidiados.)
Em Armadilhas da Obsessão, a autora Rafaela Paes de Campos nos explica que:
"(...) a obsessão não é fruto apenas da inferioridade de certos espíritos, mas também, fruto de um descuido do obsidiado, que se deixa levar pela negatividade de pensamentos e sentimentos, abrindo portas imensas para que esses espíritos menos esclarecidos exerçam seu poderio."
Dessa forma, devemos sempre analisar o conteúdo dos livros sem nos apegar aos misticismos e à possível fama do médium que, independente do tempo que já atua, não detém o conhecimento absoluto da verdade. E, se acha que detém, precisamos desconfiar ainda mais pois, em O Livro dos Médiuns, no capítulo XXIII, intitulado Da Obsessão, Kardec nos explica como os diversos tipos de obsessão podem se manifestar e nos esclarece sobre a fascinação: A" fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium, e que paralisa de alguma forma seu julgamento com respeito às comunicações. O médium fascinado não crê ser enganado. (...) "
"(...) a obsessão não é fruto apenas da inferioridade de certos espíritos, mas também, fruto de um descuido do obsidiado, que se deixa levar pela negatividade de pensamentos e sentimentos, abrindo portas imensas para que esses espíritos menos esclarecidos exerçam seu poderio."
Dessa forma, devemos sempre analisar o conteúdo dos livros sem nos apegar aos misticismos e à possível fama do médium que, independente do tempo que já atua, não detém o conhecimento absoluto da verdade. E, se acha que detém, precisamos desconfiar ainda mais pois, em O Livro dos Médiuns, no capítulo XXIII, intitulado Da Obsessão, Kardec nos explica como os diversos tipos de obsessão podem se manifestar e nos esclarece sobre a fascinação: A" fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium, e que paralisa de alguma forma seu julgamento com respeito às comunicações. O médium fascinado não crê ser enganado. (...) "
Portanto, torna-se imprescindível o cuidado e o critério imparcial daqueles que avaliam uma obra durante seu processo de publicação, impedindo que venha a público conteúdos duvidosos que visam apenas o retorno material. E a nós, leitores e amantes dos romances espíritas, cabe o dever de não julgar o livro apenas pela capa ou pela psicografia, mas passar os livros pelo crivo da razão e não desconsiderar o conhecimento e os ensinamentos que nos são oferecidos.
Referências:
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 365° edição, 2009, p. 202.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillion Ribeiro. Rio de Janeiro, RJ, FEB, 84° edição, 2003, p. 246.
KARDEC, Allan. O Que é o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. Araras, SP, IDE, 74° edição, 2009, p. 13.
CAMPOS, Rafaela Paes de. Armadilhas da Obsessão. Campos dos Goytacazes, RJ, Editora Letra Espírita, 1° edição, 2020, p. 24.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 85° edição, 2008, p. 209.
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