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23 dezembro 2006

Espírita e sua Missão - Marco Tulio Michalick

Espírita e sua Missão

Quando estamos prestes a voltar ao mundo carnal, nosso compromisso reencarnatório é traçado minuciosamente, para que possamos reparar os erros próprios e os cometidos contra outras pessoas no passado. Vir com a incumbência de ser espírita ou de se tornar espírita durante nossa estada no Mundo Material é uma benção, pois teremos condições de estudar o espiritismo e, principalmente, colocá-la em prática.

Sendo assim, vários companheiros que estão no Mundo Espiritual prestes a reencarnar têm seu destino acoplado ao nosso. Neste mister, temos uma equipe espiritual preparada para nos oferecer o auxílio necessário, a fim de que suportemos os percalços que a vida terrestre nos coloca pela frente, não permitindo que caiamos nos momentos difíceis ou nos desvirtuemos do caminho traçado nas situações alegres.

Muitos de nós já nascemos em berço espírita, enquanto outros chegarão ao Espiritismo por meio da dor ou espontaneamente, a convite de algum conhecido, identificando-se com os ensinamentos cristãos deixados por Jesus. No entanto, todos terão tarefas de grande relevância, podendo socorrer muitos necessitados tanto no Mundo Material quanto no Espiritual. Trabalhar com passes, esclarecimento nos trabalhos de desobsessão, vidência, audiência, psicofonia, psicografia e intuição são apenas algumas das várias atividades mediúnicas que a espiritualidade superior nos oferece para auxiliar o próximo e, conseqüentemente, a nós mesmos. Dessa forma, estaremos estudando e evoluindo mental e moralmente, fazendo uma reforma íntima de suma importância para nós e para aqueles que estão conosco.

Com todo esse suporte espiritual preparado, passamos a ser acompanhados por nossos amigos e mentores nesta missão. Porém, a vigilância deve ser total, pois Espíritos perturbados, às vezes, desafetos de outras vidas que não desejarão nos dar trégua nos momentos que virão, farão convites para que nos entreguemos à queda. Vingança, rancor e mágoa, quando instalados na mente do ser para que desempenhe determinados papéis maléficos, são perigosos para qualquer pessoa que tenha baixa sintonia vibratória.

Tanto o espírita como o indivíduo exerce função religiosa de qualquer crença estão sujeitos à obsessão da mesma forma que qualquer outra pessoa, devido aos seus pensamentos. Assim, não podemos dar brechas para as trevas, pois esse é o momento que os obsessores esperam para começar sua ação sobre seus antigos algozes ou desafetos. É muito comum o individuo, após entrar para o Espiritismo e ver seu trabalho fluir, pensar que tudo é feito apenas por ele e que é o maior e melhor médium que existe naquela função. Acaba deixando a vaidade tomar conta de seu ser, entregando-se aos elogios e ao ego, além das paixões terrenas, materiais ou carnais.

No livro Tormentos da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco, traz informações edificantes para nós, espíritas, sobre a importância de um bom desempenho de nossas funções determinadas ainda no Mundo Espiritual, uma vez que muitos estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram. “As tendências inatas, que são reflexos dos compromissos vividos, impelem-nos para as condutas que lhes parecem mais agradáveis e que não lhes exigem esforços para superar. As conexões psíquicas, por afinidade, facilitam o intercâmbio com os desafetos da retaguarda, e sem o necessário empenho que, às vezes, impõe sacrifício e renúncia, faz com que tombemos nas urdiduras bem estabelecidas para vencê-los, derrotá-los no empreendimento que deveria ser libertador”, explica.

Sabemos das dificuldades a vencer e as renúncias a fazer, mas quando nos prontificamos a realizar esse trabalho com amor e carinho, com certeza, teremos o auxílio da espiritualidade amiga. Da mesma forma, quando executamos essa tarefa como uma obrigação, não por satisfação, deixamos-nos tomar pelas queixas costumeiras, atraindo Espíritos com a mesma sintonia vibratória, que terão o imenso prazer em nos desviar do caminho traçado. Assim, devemos ter a consciência de que somos instrumentos do trabalho executado pela espiritualidade, o que não diminui nossa tarefa em nenhum momento, já que, com isso, estaremos auxiliando vários encarnados e desencarnados, construindo nossas obras, como Jesus ensinou.

“Eis por que o Espiritismo, representando o retorno de Jesus à Terra através de O Consolador, desempenha a missão sublime de despertar as consciências adormecidas, facultando o intercâmbio direto com o mundo de origem, onde se haurem as energias indispensáveis ao cumprimento da tarefa e se dispõem das lembranças para o prosseguimento dos compromissos. É também durante a vilegiatura carnal que têm curso os combates iluminativos, quando se devem reunir e confraternizar os antigos adversários, a princípio sob o sufrágio da dor, porquanto defraudaram as leis, sem que delas se possam evadir, para depois se renderem ao amor, a fraternidade”, esclarece Manoel Philomeno de Miranda em Tormentos da Obsessão.

A espiritualidade superior nos auxilia mesmo quando nos desvirtuamos do caminho, porém, temos o livre-arbítrio para decidirmos que rumo tomar. A perseverança e a fé devem permanecer em nossos corações, principalmente nas horas difíceis, pois não podemos tombar ante os primeiros obstáculos que aparecem pelo caminho. Além disso, seria lamentável chegarmos ao Mundo Espiritual e vermos que havia tanta coisa a fazer, com amigos espirituais nos apoiando, mas deixamos que a vaidade e as paixões mundanas tomassem nosso ser, fazendo-nos trilhar um caminho contrário ao que nos propomos antes de reencarnar. Também seria bastante triste saber que muitos dependiam de nós para sua evolução e falhamos com eles, bem como ter consciência de que chegamos tão perto e pusemos tudo a perder por interesses pessoais.

Só o fato de sermos espíritas, trabalharmos na seara do bem em favor dos nossos semelhantes, de estudar a doutrina espírita e de termos conhecimentos importantes sobre assuntos que muitas crenças ainda não compreenderam ou não querem entender faz que sejamos pessoas privilegiadas. Ao mesmo tempo, porém, a responsabilidade de não errar aumenta, devido aos ensinamentos de que dispomos. Como estamos em um processo de evolução, o erro é comum, entretanto, não podemos permitir que ele se transforme em um hábito. Assim, devemos sempre pedir a Deus, nosso Pai, que nos ilumine, a fim de que possamos desempenhar satisfatoriamente nosso trabalho, sem ostentação, tendo em mente o que disse Jesus: “Todo aquele que se rebaixa será elevado e todo aquele que se eleva será rebaixado”.

Revista Cristã de Espiritismo, edição nº 18, ano 2002

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