Em O Livro dos Espíritos lê-se na pergunta 200: “Os Espíritos têm sexo?” Respondem os imortais: “Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos”.
A energia sexual é inerente ao ser espiritual, se estruturando com o passar do tempo na longa viagem evolutiva do princípio anímico. Desde “o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo”, o potencial sexual vem se desenvolvendo pelos reinos da Natureza Cósmica.
Desse modo, está no mineral desde a intimidade do átomo nas forças de interação atômica, até a força gravitacional sustentando os sistemas planetários na composição da harmonia das galáxias.
No vegetal, essa força se apresenta mais expressiva mediante a polarização sexual, quando o princípio germinativo é permutado através do vento, dos insetos etc.
Avançando para o reino animal, a sexualidade ganha novas dimensões, exteriorizando-se na sua feição instintual com os caracteres morfológicos e funcionais que consagram o macho e a fêmea.
Já no homem, a estruturação da energia criadora alcança nova amplitude ao se manifestar, de vez que ela deve estar conectada à razão, às emoções e à moral, a fim de atingir suas finalidades sublimes.
Portanto, a energia sexual incorpora novos atributos à medida que jornadeia da atração-mineral para a sensibilidade-vegetal, e desta ao instinto-animal, a fim de desaguar no sentimento-hominal.
A energia sexual no ser humano
No espírito encarnado, portanto, as forças sexuais se mostram bem complexas nas suas funções
a) A reprodução: através dela, o sexo assegura a perpetuação da espécie, a estruturação do corpo físico, a constituição da família, a viabilização da Lei da Reencarnação.
b) A permuta de energias entre os parceiros da comunhão sexual, seja física ou espiritual.
Pela troca energética entre o casal, a sexualidade assume manifestação mais refinada, pois que ela se exterioriza de forma sutil como alimento magnético de sustentação das almas que se enlaçam num relacionamento sexual baseado na confiança e na fidelidade, no amor e no discernimento.
É nessa circunstância que se compreende a responsabilidade recíproca daqueles que assumem um compromisso afetivo, tendo em vista a presença do circuito de forças fluídicas que se estabelece, quer a comunhão afetiva alcance a dimensão física, quer se limite apenas à esfera psíquica, tal como sucede nas relações amorosas em que, por algum motivo, não há o sexo propriamente dito.
Possível, portanto, se torna compreender a precariedade das relações estritamente genitais, posto que se assenta somente no corpo físico, deixando um grande vazio para as almas, a despeito de atingirem o orgasmo; sentem o prazer biológico, porém não experimentam o êxtase do amor, manifesto na complementação magnética plenificadora dos seres.
Fácil também é perceber o desperdício das energias de vida pela masturbação; os prejuízos da prostituição, dos encontros promíscuos, do sexo sem respeito.
c) A canalização da energia criadora para obras beneméritas do conhecimento e da estesia, da assistência social e do amor, na ampliação e concretização do progresso da humanidade.
Quando, por qualquer motivo, a energia sexual não dispõe da possibilidade de expressão pela via genitálica, ainda assim ela não se extingue, nem desaparece.
Esse potencial criador pode ser bloqueado pela castração indevida e gerar distúrbios de diferentes matizes para o ser, todavia, se canalizado adequadamente, é fator de saúde integral, incrementando a evolução do espírito. Por isso, a alma que vive em abstenção sexual pela castidade com equilíbrio, pode e deve sublimar a sua energia procriadora para outras modalidades de expressão criativa, através da sua orientação para as ações no campo da cultura e da arte, da intelectualidade e do sentimento, da filantropia e da caridade, contribuindo para a expansão do bem, do belo e do bom na Terra.
A energia sexual jamais poderá ser aniquilada, seja por imposição religiosa, seja por trauma psicológico, podendo, contudo, ser transmutada agenciando as grandes construções do espírito na escalada da evolução sem fim.
A Doutrina Espírita apresenta a sexualidade despida da conotação religiosa dogmática que consagrou o sexo pecaminoso, sujo, proibido e demoníaco; todavia também não legitima a postura da sociedade contemporânea que forjou o sexo objeto de consumo, libertino, vulgar.
A perspectiva espiritista é da energia criadora, que necessita estar balizada pela razão e sentimento, pelo respeito e entendimento, pela fidelidade e amor, a fim de engendrar a plenitude e a paz. Um sexo para a vida, e não uma vida para o sexo.
A visão espírita
Emmanuel sintetiza com sabedoria o pensamento espírita:
“Não proibição, mas educação.
Não abstinência imposta, mas emprego digno com devido respeito aos outros e a si mesmo.
Não indisciplina, mas controle.
Não impulso livre, mas responsabilidade.
Fora disso é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra de sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um.”
O Espiritismo resgata a visão crística da sexualidade bem definida no célebre encontro com uma mulher:
“...disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na Lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?
Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra.
...Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor.
Então lhe disse Jesus: Nem eu tão pouco te condeno: vai, e não peques mais.”
A proposta espírita é a da compreensão amorosa e educativa do ser humano. Nem apedrejamento, nem conivência culposa; nem julgamento arbitrário, nem a omissão da indiferença.
Só o amor desvelado por Jesus é suficientemente forte para controlar e direcionar o impulso sexual, na edificação da felicidade permanente.
Cristo ao indagar, por três vezes, se Pedro o amava, nos permitiu refletir simbolicamente sobre o amadurecimento do nosso potencial afetivo-sexual.
Sexo e evolução
Didaticamente situaríamos em três níveis esse crescimento:
a) o primeiro traduz um amor infantil, caracterizado pelo apego, desejo e posse; é a paixão egóica; o sexo é instintivo, egoísta, “para mim”.
b) o segundo revela um amor adulto, que experimenta o carinho, a solidarização; o ego está bem estruturado; o sexo é sentimento, partilha, “comigo”.
c) o terceiro descortina um amor sábio, expressando desapego, renúncia, sacrifício; há a transcendência do ego; o sexo é sublimação, doação, “a partir de mim”.
A energia sexual é inerente ao ser espiritual, se estruturando com o passar do tempo na longa viagem evolutiva do princípio anímico. Desde “o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo”, o potencial sexual vem se desenvolvendo pelos reinos da Natureza Cósmica.
Desse modo, está no mineral desde a intimidade do átomo nas forças de interação atômica, até a força gravitacional sustentando os sistemas planetários na composição da harmonia das galáxias.
No vegetal, essa força se apresenta mais expressiva mediante a polarização sexual, quando o princípio germinativo é permutado através do vento, dos insetos etc.
Avançando para o reino animal, a sexualidade ganha novas dimensões, exteriorizando-se na sua feição instintual com os caracteres morfológicos e funcionais que consagram o macho e a fêmea.
Já no homem, a estruturação da energia criadora alcança nova amplitude ao se manifestar, de vez que ela deve estar conectada à razão, às emoções e à moral, a fim de atingir suas finalidades sublimes.
Portanto, a energia sexual incorpora novos atributos à medida que jornadeia da atração-mineral para a sensibilidade-vegetal, e desta ao instinto-animal, a fim de desaguar no sentimento-hominal.
A energia sexual no ser humano
No espírito encarnado, portanto, as forças sexuais se mostram bem complexas nas suas funções
a) A reprodução: através dela, o sexo assegura a perpetuação da espécie, a estruturação do corpo físico, a constituição da família, a viabilização da Lei da Reencarnação.
b) A permuta de energias entre os parceiros da comunhão sexual, seja física ou espiritual.
Pela troca energética entre o casal, a sexualidade assume manifestação mais refinada, pois que ela se exterioriza de forma sutil como alimento magnético de sustentação das almas que se enlaçam num relacionamento sexual baseado na confiança e na fidelidade, no amor e no discernimento.
É nessa circunstância que se compreende a responsabilidade recíproca daqueles que assumem um compromisso afetivo, tendo em vista a presença do circuito de forças fluídicas que se estabelece, quer a comunhão afetiva alcance a dimensão física, quer se limite apenas à esfera psíquica, tal como sucede nas relações amorosas em que, por algum motivo, não há o sexo propriamente dito.
Possível, portanto, se torna compreender a precariedade das relações estritamente genitais, posto que se assenta somente no corpo físico, deixando um grande vazio para as almas, a despeito de atingirem o orgasmo; sentem o prazer biológico, porém não experimentam o êxtase do amor, manifesto na complementação magnética plenificadora dos seres.
Fácil também é perceber o desperdício das energias de vida pela masturbação; os prejuízos da prostituição, dos encontros promíscuos, do sexo sem respeito.
c) A canalização da energia criadora para obras beneméritas do conhecimento e da estesia, da assistência social e do amor, na ampliação e concretização do progresso da humanidade.
Quando, por qualquer motivo, a energia sexual não dispõe da possibilidade de expressão pela via genitálica, ainda assim ela não se extingue, nem desaparece.
Esse potencial criador pode ser bloqueado pela castração indevida e gerar distúrbios de diferentes matizes para o ser, todavia, se canalizado adequadamente, é fator de saúde integral, incrementando a evolução do espírito. Por isso, a alma que vive em abstenção sexual pela castidade com equilíbrio, pode e deve sublimar a sua energia procriadora para outras modalidades de expressão criativa, através da sua orientação para as ações no campo da cultura e da arte, da intelectualidade e do sentimento, da filantropia e da caridade, contribuindo para a expansão do bem, do belo e do bom na Terra.
A energia sexual jamais poderá ser aniquilada, seja por imposição religiosa, seja por trauma psicológico, podendo, contudo, ser transmutada agenciando as grandes construções do espírito na escalada da evolução sem fim.
A Doutrina Espírita apresenta a sexualidade despida da conotação religiosa dogmática que consagrou o sexo pecaminoso, sujo, proibido e demoníaco; todavia também não legitima a postura da sociedade contemporânea que forjou o sexo objeto de consumo, libertino, vulgar.
A perspectiva espiritista é da energia criadora, que necessita estar balizada pela razão e sentimento, pelo respeito e entendimento, pela fidelidade e amor, a fim de engendrar a plenitude e a paz. Um sexo para a vida, e não uma vida para o sexo.
A visão espírita
Emmanuel sintetiza com sabedoria o pensamento espírita:
“Não proibição, mas educação.
Não abstinência imposta, mas emprego digno com devido respeito aos outros e a si mesmo.
Não indisciplina, mas controle.
Não impulso livre, mas responsabilidade.
Fora disso é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra de sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um.”
O Espiritismo resgata a visão crística da sexualidade bem definida no célebre encontro com uma mulher:
“...disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na Lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?
Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra.
...Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor.
Então lhe disse Jesus: Nem eu tão pouco te condeno: vai, e não peques mais.”
A proposta espírita é a da compreensão amorosa e educativa do ser humano. Nem apedrejamento, nem conivência culposa; nem julgamento arbitrário, nem a omissão da indiferença.
Só o amor desvelado por Jesus é suficientemente forte para controlar e direcionar o impulso sexual, na edificação da felicidade permanente.
Cristo ao indagar, por três vezes, se Pedro o amava, nos permitiu refletir simbolicamente sobre o amadurecimento do nosso potencial afetivo-sexual.
Sexo e evolução
Didaticamente situaríamos em três níveis esse crescimento:
a) o primeiro traduz um amor infantil, caracterizado pelo apego, desejo e posse; é a paixão egóica; o sexo é instintivo, egoísta, “para mim”.
b) o segundo revela um amor adulto, que experimenta o carinho, a solidarização; o ego está bem estruturado; o sexo é sentimento, partilha, “comigo”.
c) o terceiro descortina um amor sábio, expressando desapego, renúncia, sacrifício; há a transcendência do ego; o sexo é sublimação, doação, “a partir de mim”.
Daí precisarmos amar um pouco mais a cada dia, pra lograrmos cristificar nossa sexualidade.
Escrito por Dr. Alberto de Almeida
Artigo publicado na edição 07 da Revista Cristã de Espiritismo.
Artigo publicado na edição 07 da Revista Cristã de Espiritismo.
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