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30 junho 2008

A Indulgência - Momento Espírita

A Indulgência

A indulgência é esse sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso.

A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los.

Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente.

E, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma escusa para eles, escusa plausível, séria, não das que, com aparência de atenuar a falta, mais a evidenciam com pérfida intenção.

A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que seja para prestar um serviço.

Mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível.

Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras. Apenas conselhos e, as mais das vezes, velados.

Ao fazer uma crítica qualquer, ela sempre irá pensar antes: que conseqüência se há de tirar destas palavras?

Homens! Quando será que julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos?

Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos?

Sede severos para convosco, indulgentes para com os outros.

Lembrai-vos de que, talvez, tenhais cometido faltas mais graves.

Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita.

Eis mais uma virtude fundamental para aqueles de nós que desejamos viver a Nova Era, a era do bem.

A indulgência não se entende por conivência com a coisa errada, de forma alguma, mas, de uma forma benevolente, de tratar a alma equivocada.

Nossa severidade excessiva com os outros pouco resolve. E, pelo contrário, esta ferocidade em nosso julgamento só nos tem trazido prejuízos morais.

Quase sempre nossa crítica, nossa condenação, não visa o bem do outro, mas sim uma satisfação desequilibrada em simplesmente falar mal, ou condenar.

Mecanismo psicológico de projeção, muitas vezes nos mostra no outro aquilo que detestamos em nós, e como fuga desastrosa, ao acusar, imaginamos que podemos nos livrar do mal intrínseco à nossa alma enferma.

Acusar por acusar nunca nos trará o bem que desejamos, a paz que anelamos tanto.

A maledicência é provocadora de prazer mórbido que atesta deficiência de caráter humano.

Sejamos assim, indulgentes, da mesma forma que o Criador o é sempre conosco, vendo o que temos de bom, e sempre nos dando novas chances de acertar após nossos erros.

Reforçar o erro de outrem é valorizar o negativo. É dar-lhe um destaque maior do que o necessário.

A indulgência é caridade, é compreensão e perdão.

* * *

O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, que consistem em ver cada um apenas superficialmente os defeitos de outrem, e esforçar-se por fazer que prevaleça o que nele há de bom e virtuoso.

Embora o coração humano seja um abismo de corrupção, sempre há, nalgumas de suas dobras mais ocultas, o gérmen de bons sentimentos, centelha vivaz da essência espiritual.

Redação do Momento Espírita com base no cap. X, itens 16 a 18 do livro O evangelho segundo o Espiritismo,de Allan Kardec, ed. Feb.
www.momento.com.br

29 junho 2008

Mediunidade Útil - Odillon Fernandes

MEDIUNIDADE ÚTIL

Evita discussões insensatas, genealogias, contendas, e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são inúteis." - Tito, cap. 3 - v.9

A mediunidade, seja qual for a maneira por que se expresse, há de ter uma finalidade útil. Sinceramente, é de pouca valia o cultivo da faculdade medianímica que não se aproveita em benefício do próximo.

A mediunidade que não esclarece, não consola e nada edifica, a nosso ver, respeitosamente, deve ser posta de lado, porquanto são muitos os tarefeiros espírita que se anulam, em sua capacidade de trabalho, absorvendo quase todo o seu tempo disponível com práticas mediúnicas improdutivas.

Não raro, o pr ocesso de desenvolvimento mediúnico carece de ser repensado e retomado em outros níveis.

O medianeiro de bom senso, que se auto-analisa, sabe detectar quando a sua produção está deixando a desejar e não tem receio algum de permutar a sua lida ostensiva na mediunidade por uma outra ocupação de natureza espiritual mais discreta.

Em mediunidade, é necessário saber discernir quando se deve continuar insistindo ou não.

Alguns médiuns seriam bem mais úteis à Doutrina, se canalizassem os seus recursos para atividades que o libertassem do anseio de se equipararem a companheiros com tarefa definida no campo da mediunidade.

Não é necessário que a mediunidade se manifeste ostensivamente em alguém, para que ele seja considerado médium. Quanto mais ostensiva a mediunidade, mais características tem de obsessão.

Torna-se indispensável que o médium não se conflite com os seus dons. De sua harmonização com eles, depende todo o processo de seu aprimoramento.

Quando falamos e insistimos em perseverança na mediunidade, evidentemente que não estamos excluindo a lógica. Se não houver, digamos, vocação para a mediunidade, melhor não prosseguir. E - coisa curiosa -: quando, por vezes, o médium abre mão de ser médium, então é que a mediunidade se manifesta com espontaneidade.

A faculdade mediúnica conta com muitos entraves psicológicos a partir do próprio medianeiro.
A opção correta, que deve nortear o médium em seu desenvolvimento, é aquela que o motive à prática do bem incondicional - veja a mediunidade como se fosse uma árvores, cujos frutos produzidos por ela a transcendem em importância e significado.

Técnicas de sintonia mediúnica, de concentração, de relaxamento psíquico, de harmonização vibratória, de introspecção, convenhamos, são excessivamente místicas e teóricas, tendendo ao fanatismo e ao desequilíbrio.

Em mediunidade, a técnica não funciona. Nenhum campo de atividades espirituais demanda maior conhecimento prático do que teórico, quanto o da mediunidade. Isto não quer dizer de maneira alguma - repetimos em alto e bom som - que o estudo deve ser desconsiderado. Não depreendam isto de nossas palavras.

O que combatemos é a teoria em detrimento da vivência.
Paulo falou a Tito com base em sua experiência de vida. Ele sabia que "contendas e debates sobre a lei" eram fúteis. Os malabaristas da palavra nem sempre sabem o que fazer com as mãos...
Se a árvore boa é a que produz bons frutos, mediunidade boa é a que oferece resultados práticos no consolo e no esclarecimento.

De "No mundo da mediunidade",
de Carlos A. Baccelli,
pelo Espírito Odilon Fernandes

28 junho 2008

O Jugo Suave - Momento Espírita

O Jugo Suave

Em conhecida passagem do Evangelho, Jesus afirma:

Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.

O convite é tentador, pois o Mestre promete alívio para as dores humanas.

Também garante repouso para as almas, ao afirmar que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.

Em um mundo turbulento, alívio, repouso, suavidade e leveza são autênticos tesouros.

Em meio à correria da vida moderna, é possível ser rico de tudo, menos de paz.

Por vezes, as tarefas e os compromissos surgem esmagadores.

Na busca de sucesso e de bens materiais, as pessoas perdem a noção do que realmente importa.

As horas de trabalho são multiplicadas, talvez desnecessariamente.

Para comprar um carro mais novo ou uma casa maior, abre-se mão de um precioso tempo de repouso ou meditação.

A convivência familiar torna-se algo secundário.

Garante-se que os filhos tenham acesso às melhores escolas, mas se abre mão de transmitir-lhes valores.

Os jovens são instruídos, mas não educados.

Para lucrar bastante, profissionais deixam de lado a ética.

Passam a ter vergonha de si próprios, enquanto ganham muito dinheiro.

Com o objetivo de terem companhia, ainda que temporária, muitas mulheres abdicam de sua dignidade feminina.

Para parecerem modernos, jovens aceitam experimentar cigarros, bebidas e drogas.

Tudo parece valer a pena, desde que seja possível surgir aos olhos alheios como bem-sucedido.

Entretanto, a alma permanece carente de paz.

As conquistas materiais cintilam, mas os seus possuidores adoecem, desenvolvem problemas de sono e distúrbios psicológicos os mais diversos.

São ricos de coisas e de distrações, mas lamentáveis em seu desequilíbrio.

Estão conquistando o mundo, mas perdendo a si próprios.

Nesse contexto turbulento, convém recordar as palavras do Cristo.

Ele ofereceu alívio, repouso, suavidade e leveza.

São genuínos tesouros, que ninguém pode roubar.

Oscilações da Bolsa de Valores, desemprego, doenças e traições, nada consegue afetar o verdadeiro equilíbrio espiritual.

Quem adquire paz de espírito jamais a perde.

Mas é importante observar que Jesus não apenas fez o oferecimento.

Também recomendou que se aprendesse com Ele, que é brando e humilde de coração.

Ou seja, é preciso seguir os exemplos do Cristo, a fim de se viver em paz.

Ele enfatizou a importância da brandura e da humildade.

Assim, para não se perder nas ilusões mundanas, importa manter-se humilde.

Igualmente convém desenvolver brandura, não se imaginar em combate feroz com os semelhantes.

Não é preciso vencer ninguém para ser feliz.

Instruir-se e trabalhar, pois isso é necessário à vida.

Mas não gastar tempo em disputas vãs ou ilusões passageiras.

Jamais admitir corromper a própria essência, mesmo diante das maiores tentações.

Havendo dúvida sobre a conduta correta, recordar a figura digna e sábia de Jesus.

Ter em mente os sublimes exemplos do Cristo é o melhor antídoto contra ilusões que apenas causam sofrimentos.

Segui-los pode não ser fácil, mas eles constituem um jugo suave, na medida em que propiciam a verdadeira paz.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita

27 junho 2008

Pontos Perigosos para os Pais - André Luiz

PONTOS PERIGOSOS PARA OS PAIS

Desconsiderar a importância do exemplo do lar.

Ignorar que os filhos chegam à reencarnação através dele, sem serem deles.

Transformar as crianças em bibelôs da família, fugindo de ajudá-las na formação do caráter desde cedo.

Ajudar os filhos inconsideradamente tanto quanto sobrecarregá-los de obrigações incompatíveis com a saúde ou a disposição que apresentem.

Distanciar-se da assistência necessária aos pequeninos sob pretexto de poderem remunerar empregados dignos, mas incapazes de substituí-los nas responsabilidades que receberam.

Desconhecer que os filhos são Espíritos diferentes, portadores de herança moral que guardam em si mesmos, por remanescentes felizes ou infelizes de existências anteriores.

Desejar que os filhos lhes sejam satélites, olvidando que eles caminham na trajetória que lhes é peculiar, com pensamentos e atitudes pessoais.

Desinteressar-se dos estudos que lhes dizem respeito.

Relegar-lhes as mentes às superstições e fantasias, sem prestar-lhes explicações honestas em torno do mundo e da vida.

Não lhes pedir trabalho e cooperação na medida das possibilidades.

Conceder-lhes mesadas e facilidades, sem espírito de justiça.

Incentivá-los à superestimação do próprio valor, sob a desculpa de serem inteligentes.

Cultivar preferências.

Acolher intrigas.

Repreender por simples capricho ou deixar de corrigir quando necessário.

Forçá-los a receber preconceitos e tradições.

Impor-lhes determinada carreira profissional sem observar-lhes as tendências.

Obrigá-los a casar ou deixar de casar, como também frustrar-lhes a liberdade de escolha da companheira ou do companheiro.

Não auxiliá-los na independência de que carecem para seguir a trilha justa.

Esquecer que os filhos são associados de experiência e destino, credores ou devedores, amigos ou adversários de encarnações do pretérito próximo ou distante, com os quais nos reencontraremos na Vida Maior, na condição de irmãos uns dos outros, ante a Paternidade de Deus.

De "Estude e Viva" - Waldo Vieira - André Luiz

26 junho 2008

Falta de Formação Doutrinária - J. Herculano Pires



FALTA DE FORMAÇÃO DOUTRINÁRIA

Sem a formação doutrinária, não teremos um movimento espírita coeso e coerente. E, sem coesão e coerência, não teremos Espiritismo. Essa a razão por que os Espíritos Superiores confiaram às mãos de Kardec o pesado trabalho da Codificação. Kardec teve de arcar, sozinho, com a execução dessa obra gigantesca. Porque só ele estava em condições de realizá-la. Depois de Kardec, o que vimos? Léon Denis foi o único dos seus discípulos que conseguiu manter-se à altura do mestre, contribuindo vigorosamente para a consolidação da Doutrina. Era, aparentemente, o menos indicado. Não tinha a formação cultural de Kardec, residia na província, não convivera com ele, mas soubera compreender a posição metodológica do Espiritismo e não a confundia com os desvarios espiritualistas da época.

Depois de Denis, foi o dilúvio. A Revista Espírita virou um saco de gatos. A sociedade Parisiense naufragou em águas turvas. A Ciência e a Filosofia Espíritas ficaram esquecidas. O aspecto religioso da Doutrina transviou-se na ignorância e no fanatismo. Os sucessores de Kardec fracassaram inteiramente na manutenção da chama espírita, na França. E, quando a Arvore do Evangelho foi transplantada para o Brasil, segundo a expressão de Humberto de Campos, veio carregada de parasitas mortais que, ao invés de extirpar, tratamos de cultivar e aumentar com as pragas da terra.

Tudo isso por quê? Por falta pura e simples de formação doutrinária. A prova está aí, bem visível, no fluidismo e no obscurantismo que dominam o nosso movimento no Brasil e no Mundo. Os poucos estudiosos, que se aprofudaram no estudo de Kardec, vivem como náufragos num mar tempestuoso, lutando, sem cessar, com os mesmos destroços de sempre. Não há estudo sistemático e sério da Doutrina. E o que é mais grave, há evidente sintoma de fascinação das trevas, em vastos setores representativos que, por incrível que pareça, combatem por todos os meios o desenvolvimento da cultura espírita.

Enquanto não compreendermos que Espiritismo é cultura, as tentativas de unificação do nosso movimento não darão resultados reais. Darão aproximações arrepiadas de conflitos, aumento quantitativo de adeptos ineptos, estimulação perigosa de messianismos individuais e de grupos. Flamarion, que nunca entendeu realmente a posição de Kardec, e chegou a dizer que ele fez obra um tanto pessoal, como se vê no seu famoso discurso ao pé do túmulo, teve, entretanto, uma intuição feliz quando o chamou de bom senso encarnado.

Esse bom senso é que nos falta. Parece haver se desencarnado com Kardec, e volatizado com Denis. Hoje, estamos na era do contra-senso. Os mesmos órgãos de divulgação doutrinária que pregam o obscurantismo, exibem pavoneios de erudição personalista, em nome de uma cultura inexistente. Porque cultura não é erudição, livros empilhados nas estantes, fichário em ordem para consultas ocasionais. Cultura è assimilação de conhecimentos e bom senso em ação.

O que fazer diante dessa situação? Cuidar da formação espírita das novas gerações, sem esquecer a alfabetização de adultos. Mobral: esse o recurso. Temos de organizar o Mobral do Espírito. E começar tudo de novo, pelas primeiras letras. Mas, isso em conjunto, agrupando elementos capazes, de mente arejada e coração aberto. Foi por isso que propus a criação das Escolas de Espiritismo, em nível universitário, dotadas de amplos currículos de formação cultural espírita.

Podem dizer que há contradições entre Mobral e nível universitário. Mas, nota-se, que falamos de Mobral do Espírito. A Cultura Espírita é o desenvolvimento da cultura acadêmica, é o seguimento natural da cultura atual, em que se misturam elementos cristãos, pagãos e ateus. Para iniciar-se na cultura espírita, o estudante deve possuir as bases da cultura anterior. "Tudo se encadeia no Universo", como ensina, repetidamente, O Livro dos Espíritos. Quem não compreende esse encadeamento, tem de iniciar pelo Mobral. Não há outra forma de adaptá-lo às novas exigências da nova cultura.

A verdade nua e crua é que ninguém conhece Espiritismo. Ninguém, mesmo, no Brasil e no Mundo. Estamos todos aprendendo, ainda, de maneira canhestra.

E se me permito escrever isto, é porque aprendi, a duras penas, a conhecer a minha própria indigência. No Espiritismo, como já se dava no Cristianismo e na própria filosofia grega, o que vale é o método socrático.

Temos, antes de tudo, de compreender que nada sabemos. Então, estaremos, pelo menos, conscientes de nossa ignorância e capazes de aprender.

Mas, aprender com quem? Sozinhos, como autodidatas, tirando nossas próprias lições dos textos, confiantes nas luzes da nossa ignorância? Recebendo lições de outros que tateiam como nós, mas que estufam o peito de auto-suficiência e pretensão? Claro que não. Ao menos isso devemos saber. Temos de trabalhar em conjunto, reunindo companheiros sensatos, bem intencionados, não fascinados por mistificações grosseiras e evidentes, capazes de humildade real, provada por atos e atitudes. Assim conjugados, poderemos aprender de Kardec, estudando suas obras, mergulhando em seus textos, lembrando-nos de que foi ele e só ele o incumbido de nos transmitir o legado do Espírito da Verdade.

Kardec é a nossa pedra de toque. Não por ser Kardec, mas por ser o intérprete humilde que foi, o homem sincero e puro a serviço dos Espíritos Instrutores.

É o que devemos ter nas Escolas de Espiritismo.

Não Faculdades, nem Academias, mas, simplesmente, Escolas. O sistema universitário implica pesquisas, colaboração entre professores e alunos, trabalho conjugado e sem presunção de superioridade de parte de ninguém. O simpósio e o seminário, o livre-debate, enfim, é que resolvem, e não o magister do passado. O espírito universitário, por isso mesmo, é o que melhor corresponde à escola espírita. Num ambiente assim, os Espíritos Instrutores disporão de meios para auxiliar os estudantes sinceros e despretensiosos.

A formação espírita exige ensino metódico mas, ao mesmo tempo, livre. Foi o que os Espíritos deram a Kardec: um ensino de que ele mesmo participava, interrogando os mestres e discutindo com eles. Por isso, não houve infiltração de mistificadores na obra inteiriça, nesse bloco de lógica e bom senso, que abrange os cinco livros fundamentais de Codificação, os volumes introdutórios e os volumes da Revista Espírita, redigidos por ele durante quase doze anos de trabalho incessante.

Essa obra gigantesca é a plataforma do futuro, o alicerce e o plano de um novo mundo, de uma nova civilização. Seria absurdo pensar que podemos dominar esse vasto acervo de conhecimentos novos, de conceitos revolucionários, através de simples leituras individuais, sem método e sem pesquisa. Nosso papel, no Espiritismo, tem sido o de macacos em loja de louças. E incrível a leviandade com que oradores e articulistas espíritas tratam de certos temas, com uma falsa suficiência de arrepiar, lançando confusões ridículas no meio doutrinário. Temos de compreender que isso não pode continuar. Chega de arengas melífluas nos Centros, de oratória descabelada, de auditórios basbaques, batendo palmas e palavreado pomposo. Nada disso é Espiritismo. Os conferencistas espíritas precisam ensinar Espiritismo - que ninguém conhece - mas para isso precisam, primeiro aprendê-lo.

Precisamos de expositores didáticos, servidos por bom conhecimento doutrinário, arduamente adquirido em estudos e pesquisas. Expor os temas fundamentais da Doutrina, não é falar bonito, com tropos pretensamente literários, que só servem para estufar vaidade, à maneira da oratória bacharelesca do século passado.

Esse palavrório vazio e presunçoso não constrói nada e só serve para ridicularizar o Espiritismo ante a mentalidade positiva e analítica do nosso tempo.

Estamos numa fase avançada da evolução terrena.

Nossa cultura cresceu espantosamente nos últimos anos e já está chegando à confluência dos princípios espíritas em todos os campos. A nossa falta de formação cultural espírita não nos permite enfrentar a barreira dos preconceitos para demonstrar ao mundo que Espiritismo, como escreveu Humberto Mariotti, é uma estrela de amor que espera no horizonte do mundo o avanço das ciências. E curiosa e ridícula a nossa situação.

Temos o futuro nas mãos e ficamos encravados no passado mitológico e nas querelas medievais.

Mas, para superar essa situação, temos de aprender com Kardec. Os que pretendem superar Kardec, não o conhecem. Se o conhecessem, não assumiriam a posição ridícula de críticos e inovadores do que, na verdade, ignoram. Chegamos a uma hora de definições.

Precisamos definir a posição cultural espírita perante a nova cultura dos tempos novos. E só faremos isso através de organismos culturais bem estruturados, funcionais, dotados de recursos escolares capazes de fornecer, aos mais aptos e mais sinceros, a formação cultural de que todos necessitamos, com urgência.

Texto retirado do livro O Mistério do Bem e do Mal
Autor: José Herculano Pires

25 junho 2008

Moradas - Manuel Philomeno de Miranda

MORADAS

Certa estranheza invade muitos leitores e pessoas desinformados a respeito da vida espiritual, quando tomam conhecimento da estrutura e constituição do mundo parafísico, bem como da sociedade onde se movimentam os sobreviventes ao túmulo.

Acostumados às notícias da teologia ortodoxa apresentada pelas religiões que estabeleceram regiões estanques para os Espíritos, quando vencida e superada essa crença armaram-se de cepticismo, às vezes inconscientemente, em tomo da organização e do modus vivendi dos que se libertaram do corpo, mas não saíram da Vida.

Um pouco de reflexão bastada para contribuir de maneira positiva em favor do entendimento da vida e sua continuidade um passo além do túmulo.

Na Terra mesma, interpenetram-se vibrações e movimentam-se incontáveis expressões de vida, sem que o homem disso se dê conta.

Ondas de freqüência variada cortam os espaços terrestres, carregadas de mensagens somente percebidas quando necessariamente transformadas em som e imagem por aparelhos especiais.

Raios de constituição diferente rompem os campos vibratórios em tomo do planeta, auxiliando, estimulando e transformando os fenômenos biológicos sem que se possa percebê-los, senão através dos seus efeitos ou quando captados por equipamentos próprios.

A Vida espiritual não é, conforme alguns pensam, semelhante à física ou cópia dela. Ocorre exatamente o contrário, sendo a terrena um símile imperfeito daquela que é causal, preexistente e sobrevivente.

Liberada da matéria densa, a alma não se transfere para regiões excelsas de imediato.

Há toda uma escala de valores a conquistar.

Os Espíritos vivem fora do corpo em conglomerados próprios, em sociedade mais harmônica ou mais atormentada, de acordo com o grau da evolução que os reúne por automatismo da afinidade vibratória, que decorre da identidade moral que os retém em campos de igual densidade de onda.

Sendo o pensamento a força criadora, é natural que este construa os recintos para habitação e instale, em nome do Pai, programas de ação que facultam os meios de crescimento para o Espírito, na direção dos mundos felizes, cuja constituição superior a nós nos escapa.

Nas faixas mais próximas da Terra, a vida se apresenta semelhante ao que se conhece no planeta, facilitando a adaptação para os recém-chegados e propiciando mais fácil intercâmbio com aqueles que estão instalados na matéria densa.

Conforme sucede no mundo objetivo, há uma escala de progresso cultura e moral cujos valores partem das manifestações mais primárias até os índices mais elevados.

Conseqüentemente, há núcleos que refletem as condições sócio-morais, sócio-econômicas, sócio-culturais dos seus habitantes, desde choças e fiarias até habitações saudáveis, belas e confortáveis...

As moradas do Além igualmente variam em densidade vibratória correspondente àqueles que as vêm habitar, felizes e liberados, ou noutras onde se demoram a dor, as misérias morais e as condições de insalubridade, todas elas em caráter sempre transitórios.

Em todo lugar, todavia, apresenta-se a misericórdia e o socorro do Pai, ao alcance de quem deseja progredir e ser ditoso, na faixa vibratória em que estacione.

Igualmente, convém considerar que urbanistas e engenheiros, cientistas e legisladores levam para a Terra as lembranças dos planos onde residiam e a eles retomam, periodicamente, através do parcial desdobramento pelo sono, acentuando lembranças que depois materializam em projetos e edificações avançados.

A ascensão dos seres somente ocorre mediante conquistas intransferíveis através do trabalho, método seguro para a aquisição da plenitude.

Movimentando, portanto, as energias cósmicas presentes no Universo, os Espíritos plasmam os seus Círculos de realização, nos quais estagiam entre uma e outra reencarnação, galgando Esferas que se apresentam em graus de evolução quase infinita. '

"Na Casa do Pai - disse Jesus - há muitas mondas", não somente nos astros luminíferos que gravitam nos espaços siderais, mas também, em torno deles, como estações intermediárias entre uns e outros mundos que pulsam nas galáxias, glorificando a Criação.

Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Psicografia de Divcaldo Franco.

24 junho 2008

Humildade - Manoel Philomeno de Miranda

HUMILDADE

"A humildade é, realmente, virtude que escasseia entre as criaturas.

O orgulho se disfarça de simplicidade e a prepotência assume-lhe canhestra  aparência, de imediato se desvelando, tão logo surja o momento de  sentirem-se contrariados... 

 A sua vivência, sem embargo, equilibra e sustenta o homem na manutenção dos ideais superiores que abraça, auxiliando-o a vencer-se nas más inclinações e a superar quaisquer obstáculos que defronte pelo caminho. 

Colaborando na realização de autênticas auto-avaliações, a humildade permite que a criatura se conscientize das limitações e necessidades que lhe impedem o avanço, emulando-a à superação.

A crítica mordaz não a alcança, o elogio vulgar não a fere, a discriminação infeliz não a atinge, a perseguição não a desanima, a tentação não a perturba se se impuser a condição da humildade, porque, conselheira lúcida, ela lhe apontará o caminho seguro a percorrer, demonstrando-lhe que essa ocorrências constituem acidentes que se encontram presentes em todas as áreas do processo evolutivo. 

Ao mesmo tempo, em razão de dar-lhe a medida do que é e o de que realmente se lhe faz necessário para a vitória, concita-a à oração, através de cujo recurso se despe dos atavios inúteis para apresentar-se ao Senhor como realmente é, colocando-se à disposição da Sua superior vontade.

Nesse clima estabelece-se a paz íntima e a confiança, despojada da presunção, emula à insistência na ação edificante com que cresce, emocional e espiritualmente, tornando-se instrumento infatigável do Bem.

Não são poucos os candidatos à evolução que tombam, no caminho, apesar de possuidores de boa vontade, que é uma excelente qualidade para o cometimento, entretanto, distraídos da vivência da humildade, abandonam o compromisso, na primeira oportunidade, vitimados pelo desalento, pela amargura, ou vencidos por intempestivo cansaço de que se fazem fáceis
presas. "

Texto extraído do Cap. 25 do livro "Painéis da obsessão", 
de DivaldoPereira Franco, 
pelo Espírito Manoel P. de Miranda

23 junho 2008

Três Imperativos - Momento Espírita

Três Imperativos

Em uma conhecida passagem evangélica, Jesus afirma:

Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e se abrirá.

Pedir, buscar e bater são os três imperativos da recomendação do Cristo.

O problema consiste em aplicar sabiamente esses comandos.

A existência humana nem sempre é tranqüila.

Freqüentemente não é fácil identificar a conduta correta.

Perante os reclamos e os valores do mundo, a fronteira entre o certo e o errado se esfumaça.

Os convites mundanos são muito sedutores e se apresentam como algo razoável.

Negá-los, às vezes, parece uma insensata submissão a hábitos demasiado rígidos.

Fica-se entre o dever e a vontade.

Nesse embate, a razão não raro se impressiona com os exemplos alheios e apresenta o dever como conduta antiquada.

Surge a idéia de que, se todos fazem algo, isso deve ser normal.

O problema é que ninguém nasce na Terra para seguir exemplos desvirtuados e viver exóticas fantasias.

Todos os homens são Espíritos e sua morada natural é no Plano Espiritual.

Quando aqui renascem é para cumprir programas de superação de velhos vícios e desenvolvimento de variadas virtudes.

A finalidade do existir terreno é a transcendência, jamais a adoção de comportamento mais apropriado aos animais irracionais.

Embora as conveniências mundanas figurem determinados hábitos como aceitáveis, nem por isso eles deixam de comprometer espiritualmente quem os adota.

Os exemplos de condutas desvirtuadas são os mais diversos.

Tem-se a vivência sexual apartada de vínculos afetivos e de uma proposta de vida em comum.

Há também a desonestidade de qualquer ordem, a indiferença perante os miseráveis, o abandono moral ou material de pais idosos ou enfermos.

Embora se tente justificar com novos valores, com a correria da vida moderna, não há argumento que converta atos levianos e indignos em conduta louvável.

Nesse emaranhado de lutas e dúvidas, convém refletir sobre os três imperativos da exortação do Cristo.

É preciso aprender a pedir caminhos de libertação da antiga cadeia de maus hábitos.

É necessário desejar com força a saída do escuro círculo no qual a maioria das criaturas perde a visão dos interesses eternos.

Após pedir com correção, impõe-se o buscar.

O ato de buscar constitui um esforço seletivo.

O mundo segue pleno de solicitações inferiores, mas urge localizar a ação digna e libertadora.

Muitos perseguem miragens perigosas, como mariposas que se apaixonam pela claridade de um incêndio.

Convém aprender a buscar o bem legítimo, o desejo de ser melhor, de superar-se, de transcender.

Estabelecido o roteiro edificante, chega o momento de bater à porta da edificação.

Bater tem o sentido de esforço metódico e contínuo.

Sem persistência, é difícil transformar as experiências humanas em fatores de libertação para a eternidade.

Não basta, pois, pedir sem rumo, procurar sem análise e agir sem objetivo elevado.

Urge pedir ao Pai Celestial a libertação do passado de equívocos.

Mas também é preciso buscar atividades nobres e nelas localizar o próprio esforço de redenção.

Pedir, buscar e bater.

Esses três verbos contêm um roteiro de libertação, com destino a vivências sublimes.

É necessário apenas bem utilizá-los.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. CIX, do livro Pão nosso, do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

22 junho 2008

Campanha da Gentileza - Momento

Campanha da Gentileza

O executivo estava na capital e entrou em um táxi com um amigo.

Quando chegaram ao destino, o amigo disse ao taxista:

Agradeço pela corrida. O senhor dirige muito bem.

E, ante o espanto do motorista, continuou:

Fiquei impressionado em observar como o senhor manteve a calma no meio do trânsito difícil.

O profissional olhou, um tanto incrédulo, e foi embora.

O executivo perguntou ao amigo por que ele dissera aquilo.

Muito simples – explicou ele. Estou tentando trazer o amor de volta a esta cidade e iniciei com uma campanha da gentileza.

Você sozinho? – Disse o outro.

Eu, sozinho, não. Conto que muitos se sintam motivados a participar da minha campanha.

Tenho certeza de que o taxista ganhou o dia com o que eu disse.

Imagine agora que ele faça vinte corridas hoje. Vai ser gentil com todas as 20 pessoas que conduzir, porque alguém foi gentil com ele.

Por sua vez, cada uma daquelas pessoas será gentil com seus empregados, com os garçons, com os vendedores, com sua família.

Sem muito esforço, posso calcular que a gentileza pode se espalhar pelo menos em mil pessoas, num dia.

O executivo não conseguia entender muito bem a questão do contágio que o amigo lhe explicava.

Mas, você vai depender de um taxista!

Não só de um taxista, respondeu o otimista. Como não tenho certeza de que o método seja infalível, tenho de fazer a mesma coisa com todas as pessoas que eu contatar hoje.

Se eu conseguir que, ao menos, três delas fiquem felizes com o que eu lhes disser, indiretamente vou conseguir influenciar as atitudes de um sem número de outras.

O executivo não estava acreditando naquele método. Afinal, podia ser que não funcionasse, que não desse certo, que a pessoa não se sensibilizasse com as palavras gentis.

Não tem importância, foi a resposta pronta do entusiasta. Para mim, não custou nada ser gentil.

* * *

Você já pensou como seria bom se agradecêssemos ao carteiro por nos trazer a correspondência em nossa residência?

Ao médico que nos atenda, ao balconista, ao caixa do supermercado...

E a um professor, então? Quantos se mostram desestimulados porque ninguém lhes reconhece o trabalho!

Se receber um elogio, se alguém lhe disser como é bom o trabalho que está realizando com seu filho, como ele influenciará todos os alunos das várias classes em que leciona!

E cada aluno levará a mensagem para suas casas, seus amigos, seus vizinhos.

Pode não ser fácil, mas se pudermos recrutar alguém para a nossa campanha da gentileza...

Diz um provérbio de autoria desconhecida que as pessoas que dizem que não podem fazer, não deviam interromper aquelas que estão fazendo alguma coisa.

Pensemos nisso e procuremos nos engajar na campanha da gentileza.

Pode não dar certo com uma pessoa muito mal-humorada. Mas também pode ser que ela se surpreenda por ser cumprimentada, e responda.

Melhor do que isso: pode ser que ela decida cumprimentar alguém. E, em fazendo isso, se sinta bem. E passe a cumprimentar as pessoas todos os dias.

Assim estaremos espalhando o germe da gentileza, que torna as pessoas mais próximas umas das outras.

Uma campanha que espalha confiança, tranquilidade...

Pensemos nisso e façamos nossa adesão à campanha da gentileza, transformando a nossa cidade num oásis de paz.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. O amor e o taxista, de autoria de Art Buchwald, do livro Histórias para aquecer o coração, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante.

21 junho 2008

Desarmamento Intímo -Joanna de Ângelis

DESARMAMENTO ÍNTIMO

Aclaras, que reagiste com ira descontrolada, porque já aguardavas  a agressão do outro.
Explicas que, informando das ciladas que estavam armadas contra ti não tiveste tempo de refletir, desferindo, então, o primeiro golpe.

Justificas que, ferido mil vezes pela impetuosidade dos  desequilíbrios que desgovernam a Terra, foste forçado à decisão infeliz.

Conjecturas que, em verdade, poderias ter sido mais brando. No entanto, saturado pela recidiva dos problemas afligentes, não tiveste outra alternativa, senão a do gesto tresloucado.

Informas que, a fim de não seres esmagado pelas circunstâncias, preferiste tomar a dianteira, na ação indébita.

De fato, como constatas, embora sob justificativas não justificáveis, estás armado intimamente contra os outros.

Feres, pensando, assim, evitar a tentativa do outro.
Acossas, na suposição de que te poupas à perturbação nefasta do outro.
Esmagas, considerando ser a forma eficaz de poupar-te à sanha do outro que se compraz em afligir e malsinar.

Todavia, convenhamos, o outro é o teu irmão.
Violento, inditoso, agressivo, vingador porque, infelizmente, não tem encontrado entendimento e ajuda, fraternidade e afeição...
Tu que és amigo do Cristo, que tens dado à família sofrida da Terra, aos desorientados do caminho, em nome d'Ele?

Desarma-te interiormente e agirás melhor.
Agridem-te, porque também agrides, se a oportunidade é tua.
Magoam-te, porquanto farias o mesmo, fosse-te o ensejo propício.

Somente modificarás as tristes paisagens morais do Orbe, se exteriorizares pacificação e beleza, ternura e confiança que deves manter gravadas nos recessos do espírito.
Não sejas tu, sob motivo algum, o violador, o agente do mal.

Propõe-te à harmonia, e dá oportunidade ao teu irmão, mesmo que sejas convidado a pagar o tributo desse gesto de socorro.
Quem ama sempre se transforma em mártir do amor.
E o amor somente é autêntico, quando imola quem ama.

Não fora essa grandiosa realidade, e Jesus não se teria permitido imolar por amor a nós todos, comprovando que, se nos não despojarmos das armas morais interiores que engendram aguerra, não triunfará o Bem de que Ele se fez ímpar vexilário, que te propões restaurar e manter na atualidade.

De "Leis morais da vida", de Divaldo Pereira Franco, 
pelo Espírito Joanna de Ângelis

20 junho 2008

As Aparências Enganam - Momento Espírita

AS APARÊNCIAS ENGANAM

Num orfanato, igual a tantos outros que enxameiam por toda parte, havia uma pobre órfã, de oito anos de idade.

Era uma criança lamentavelmente sem encantos, de maneiras desagradáveis, evitada pelas outras, e francamente malquista pelos professores.

Por essa razão, a pobrezinha vivia no maior isolamento. Ninguém para brincar, ninguém para conversar...

Sem carinho, sem afeto, sem esperança... Sua única companheira era a solidão.

O Diretor do orfanato aguardava ansioso uma desculpa legítima para livrar-se dela.

E um dia apresentou-se, aparentemente, uma boa desculpa. A companheira de quarto da menina informou que ela estava mantendo correspondência com alguém de fora do orfanato, o que era terminantemente proibido.

Agora mesmo, disse a informante, ela escondeu um papel numa árvore.

O Diretor e seu assistente mal puderam esconder a satisfação que a denúncia lhes causara.

Vamos tirar isso a limpo agora mesmo, disse o superior.

E, somando-se ao assistente, pediu para que a testemunha do delito os acompanhasse a fim de lhes mostrar a prova do crime.

Dirigiram-se os três, a passos rápidos, em direção à árvore na qual estava colocada a mensagem.

De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos.

O Diretor desdobrou, ansioso, o bilhete, esperando encontrar ali a prova de que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos seus olhos.

Todavia, para seu desapontamento e remorso, no pedaço de papel um tanto amassado, pôde ler a seguinte mensagem:

A qualquer pessoa que encontrar este papel: eu gosto de você.

Os três investigadores ficaram tão decepcionados quanto surpresos com o que leram.

Decepcionados porque perderam a oportunidade de livrar-se da menina indesejável, e surpresos porque perceberam que ela era menos má do que eles próprios.

* * *

Quantos de nós costumamos julgar as pessoas pelas aparências, embora saibamos que estas são enganadoras.

E o pior é que, se as aparências não nos agradam, marcamos a pessoa e nos prevenimos contra ela e suas atitudes.

Uma antiga e sábia oração dos índios Sioux roga a Deus o auxílio para nunca julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias.

Isto quer dizer que, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa, devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais profundos. Aqueles que talvez ela queira esconder de si mesma, para proteger-se dos sofrimentos que a sua lembrança lhe causaria.

* * *

Nenhuma pessoa é essencialmente má.

Isso porque todos nós temos, na intimidade, a centelha divina que é o amor em gérmen.

Assim sendo, potencialmente todos somos bons, basta que nos esforcemos para fazer brilhar essa chama sagrada depositada em nós pelo Criador.

Jesus conhecia essa realidade, por isso afirmou: Vós sois deuses e noutra oportunidade insistiu: Brilhe a vossa luz.

Redação do Momento Espírita, com base em história publicada na Revista Seleções do Reader’s Digest, de maio/1945.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 11, ed. Fep.

19 junho 2008

A Chaga do Egoísmo - Momento Espírita

A CHAGA DO EGOÍSMO

A fila no estabelecimento bancário estava enorme. Poucos funcionários, muitos clientes. Dia de pagamento de compromissos vários motivava que o banco assim se apresentasse apinhado.

Na seqüência dos minutos, a fila aumentava e a impaciência tomava conta de alguns, enquanto outros buscavam a conversa descompromissada para aliviar a tensão da longa espera.

Uma senhora distinta se aproxima do caixa. Afinal, chegara sua vez. O jovem bancário, solícito, se dispõe atendê-la.

Ela coloca sua bolsa, com absoluta calma, sobre o balcão do caixa. Sem pressa, abre o zíper e com todo vagar busca dentro dela os carnês que deve pagar.

Vira, revira e, finalmente retira um bloqueto de cobrança e um carnê, apresentando-os ao funcionário.

Enquanto ele soma, ela procura vagarosamente sempre, o cartão a fim de efetuar o pagamento. Entrega-o ao rapaz, que aguarda, ansioso, verificando que a fila não pára de se alongar.

Ela ajeita os óculos para digitar a senha e quanto já tem nas mãos tudo quitado e autenticado, retorna o cartão ao caixa, pedindo que proceda a uma retirada.

Ele se prontifica, executa a operação e no momento que lhe passa o dinheiro, ela resolve alterar o valor, solicitando um tanto mais.

As pessoas tudo observam, expressando impaciência, consultando o relógio.

Finalmente, ela pega as notas e, com delicadeza, vai colocando na bolsa o carnê, o bloqueto, as notas, o cartão magnético, sem arredar um milímetro de frente ao caixa, impedindo a aproximação de outro cliente.

A senhora prossegue no seu egoísmo, sem se importar com os outros, pensando somente em si mesma, como se fosse o único ser vivente no planeta.

Mas esta forma de egoísmo não é a única. Outras existem e, quando se apresenta na inteligência, toma o aspecto de vaidade intelectual.

Na ignorância, é a agressividade. Na pobreza, é a inveja que destrói, na tristeza é o isolamento.

O egoísmo, onde se manifeste, usa as mais diversas máscaras. Como o joio que abafa o trigo, comparece igualmente nos corações que a luz já felicita, em forma de cólera e irritação, desânimo e secura.

Se desejamos dar combate a esta praga, saibamos estender, cada dia, as nossas disposições de mais amplo serviço ao próximo, aprendendo a ceder de nós mesmos para o bem de todos.

Você sabia?

Você sabia que o egoísmo é herança evidente de nossa antiga animalidade?

E que é por este motivo que o vemos repontar em toda extensão do Mundo?

E que a plenitude do amor somente pode ser alcançada com humildade e sacrifício?

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25 do livro Encontro de paz, de Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. IDE.

18 junho 2008

O Ateu - Momento Espírita

O ATEU

Conta um articulista que um farmacêutico se dizia ateu e vangloriava-se de seu ateísmo. Deus, com certeza, deveria ser uma quimera, uma dessas fantasias para enganar a pessoas incautas e menos letradas.

Talvez alguns mais desesperados que necessitassem de consolo e esperança.

Um dia, no quase crepúsculo, uma garotinha adentrou sua farmácia. Era loira, de tranças e trazia um semblante preocupado. Estendeu uma receita médica e pediu que a preparasse.

O farmacêutico, embora ateu, era homem sensível e emocionou-se ao verificar o sofrimento daquela pequena, que, enquanto ele se dispunha a preparar a fórmula, assim se expressava:

Prepare logo, moço, o médico disse que minha mãe precisa com urgência dessa medicação.

Com habilidade, pois era muito bom em seu ofício, o farmacêutico preparou a fórmula, recebeu o pagamento e entregou o embrulho para a menina, que saiu apressada, quase a correr.

Retornou o profissional para as suas prateleiras e preparou-se para recolocar nos seus lugares os vidros dos quais retirara os ingredientes para aviar a receita.

É quando se dá conta, estarrecido, que cometera um terrível engano. Em vez de usar uma certa substância medicamentosa, usara a dosagem de um violento veneno, capaz de causar a morte a qualquer pessoa.

As pernas bambearam. O coração bateu descompassado. Foi até a rua e olhou. Nem sinal da pequena. Onde procurá-la? O que fazer?

De repente, como se fosse tomado de uma força misteriosa, o farmacêutico se indaga:

E se Deus existir...?

Coloca a mão na fronte e roga:

- Deus, se existes, me perdoa. Faze com que aconteça alguma coisa, qualquer coisa para que ninguém beba daquela droga que preparei. Salva-me, Deus, de cometer um assassinato involuntário.

Ainda se encontrava em oração, quando alguém aciona a campainha do balcão. Pálido, preocupado, ele vai atender.

Era a menina das tranças douradas, com os olhos cheios de lágrimas e uns cacos de vidro na mão.

- Moço, pode preparar de novo, por favor? Tropecei, cai e derrubei o vidro. Perdi todo o remédio. Pode fazer de novo, pode?

O farmacêutico se reanima. Prepara novamente a fórmula, com todo cuidado e a entrega, dizendo que não custa nada. Ainda formula votos de saúde para a mãe da garota.

Desse dia em diante, o farmacêutico reformulou suas idéias. Decidiu ler e estudar a respeito do que dizia não crer e brincava.

Porque embora a sua descrença, Deus que é Pai de todos, atendeu a sua oração e lhe estendeu a Sua misericórdia.

***

No desdobramento de nossas experiências acabamos todos reconhecendo a presença divina. É algo muito forte em nós.

Mesmo entre pessoas consideradas de má vida, e criminosos, encontraremos vigente o conceito.

"A crença em Deus nos dá segurança, com a certeza de que não estamos entregues à própria sorte.

É muito bom conceber que, desde sempre, antes mesmo que o conhecêssemos, Deus já cuidava de nós.

(A presença de Deus, cap. 2 e 3)

17 junho 2008

O Amor Venceu - Momento Espírita

O AMOR VENCEU !

Na sala simples dessas que existem em muitas casas espíritas, um pequeno grupo de mulheres estava reunido para falar do evangelho de Jesus.

Aquela reunião semanal se destinava ao atendimento às mães financeiramente carentes, com o objetivo de promovê-las, ajudando-as ao soerguimento moral.

Uma senhora de quarenta e poucos anos, de cabelos quase completamente encanecidos e que trazia as marcas que o tempo e os maus tratos se encarregaram de bordar-lhe no rosto, tomou a palavra e falou em linguagem simples e um tanto tímida: Quando eu entrei aqui pela primeira vez, há cerca de um ano, vim tão-somente em busca do pão material. Fiquei sabendo que aqui se distribuía alimentos para os necessitados, e por isso me inscrevi.

Agora, um ano depois, quero que todas saibam o quanto minha vida mudou.

Eu tinha um filho de dezoito anos, sempre embriagado. Toda vez que chegava em casa já era madrugada e nós sempre discutíamos.

Eu o odiava. Pensava comigo mesma, como pudera tê-lo gerado?

Ele, sempre agressivo, eu sempre irada. Nossa vida era um verdadeiro inferno.

Mas aqui eu ouvi falar do amor, das montanhas que ele transporta. Ouvi falar de fé e de esperança. Ouvi falar também do Homem de Nazaré, que passou pela terra com o objetivo de nos ensinar a amar.

As guerras odientas portas adentro do lar me causavam horror, e por isso resolvi tentar o amor.

Numa noite fiz um prato de comida e guardei no forno do velho fogão.

Esperei-o chegar, coloquei o prato sobre a mesa e lhe disse com carinho: filho, deixei essa comida no fogão... você deve estar cansado...

Ele me olhou assustado e respondeu: qual é velha? Tá mudando é?

Fiz de conta que não ouvi, e fui me deitar.

Na noite seguinte repeti o gesto. Depois de várias noites sentei-me com ele à mesa na tentativa de dialogar. Ele, um pouco desajeitado falou: mãe, isso não é vida!

Você trabalha e eu...

Ousei passar a mão nos seus cabelos... Tão rebeldes como ele mesmo.

Iniciamos um diálogo. Há quanto tempo não fazíamos isso!

A volta ao lar passou a ser mais cedo a cada noite. Largou a garrafa. Encontrou um emprego.

Hoje eu quero dizer que não era só o pão material que faltava em nosso lar. O verdadeiro pão da vida é o amor, e esse era o mais escasso.

Agora eu sei que esse amor do qual vocês falam aqui funciona mesmo. Basta que tentemos com vontade e coragem, e a paisagem mais escura muda de cor.

O amor dissipa as trevas, e nos faz ver novos horizontes, bem mais promissores.

Hoje meu filho e eu não nos odiamos mais. Nossa vida mudou completamente e eu gostaria que todas vocês soubessem disso.

Hoje eu tenho certeza de que se um dia não houver comida para colocar na mesa nós dois não brigaremos por isso, mas, juntos encontraremos uma saída.

Agora nós sabemos que o dinheiro não é o mais importante. Que faz falta, sim, mas não faz a felicidade de ninguém. 

*** 

Não há arma mais poderosa que o amor. Sua ação penetra as criaturas e as dulcifica.

A ação do amor paralisa o ódio, imobiliza a violência, deixa sem ação a vingança.

Se já temos tentado de tudo, sem conseguir resultado algum, tentemos o amor. Não há força capaz de sobrepujar a força que o amor exerce.

Tentemos o amor! Mas tentemos com a mesma vontade da protagonista da nossa história.

16 junho 2008

Campanha da Gentileza - Momento

Campanha da Gentileza

O executivo estava na capital e entrou em um táxi com um amigo.

Quando chegaram ao destino, o amigo disse ao taxista:

Agradeço pela corrida. O senhor dirige muito bem.

E, ante o espanto do motorista, continuou:

Fiquei impressionado em observar como o senhor manteve a calma no meio do trânsito difícil.

O profissional olhou, um tanto incrédulo, e foi embora.

O executivo perguntou ao amigo por que ele dissera aquilo.

Muito simples – explicou ele. Estou tentando trazer o amor de volta a esta cidade e iniciei com uma campanha da gentileza.

Você sozinho? – Disse o outro.

Eu, sozinho, não. Conto que muitos se sintam motivados a participar da minha campanha.

Tenho certeza de que o taxista ganhou o dia com o que eu disse.

Imagine agora que ele faça vinte corridas hoje. Vai ser gentil com todas as 20 pessoas que conduzir, porque alguém foi gentil com ele.

Por sua vez, cada uma daquelas pessoas será gentil com seus empregados, com os garçons, com os vendedores, com sua família.

Sem muito esforço, posso calcular que a gentileza pode se espalhar pelo menos em mil pessoas, num dia.

O executivo não conseguia entender muito bem a questão do contágio que o amigo lhe explicava.

Mas, você vai depender de um taxista!

Não só de um taxista, respondeu o otimista. Como não tenho certeza de que o método seja infalível, tenho de fazer a mesma coisa com todas as pessoas que eu contatar hoje.

Se eu conseguir que, ao menos, três delas fiquem felizes com o que eu lhes disser, indiretamente vou conseguir influenciar as atitudes de um sem número de outras.

O executivo não estava acreditando naquele método. Afinal, podia ser que não funcionasse, que não desse certo, que a pessoa não se sensibilizasse com as palavras gentis.

Não tem importância, foi a resposta pronta do entusiasta. Para mim, não custou nada ser gentil.

* * *

Você já pensou como seria bom se agradecêssemos ao carteiro por nos trazer a correspondência em nossa residência?

Ao médico que nos atenda, ao balconista, ao caixa do supermercado...

E a um professor, então? Quantos se mostram desestimulados porque ninguém lhes reconhece o trabalho!

Se receber um elogio, se alguém lhe disser como é bom o trabalho que está realizando com seu filho, como ele influenciará todos os alunos das várias classes em que leciona!

E cada aluno levará a mensagem para suas casas, seus amigos, seus vizinhos.

Pode não ser fácil, mas se pudermos recrutar alguém para a nossa campanha da gentileza...

Diz um provérbio de autoria desconhecida que as pessoas que dizem que não podem fazer, não deviam interromper aquelas que estão fazendo alguma coisa.

Pensemos nisso e procuremos nos engajar na campanha da gentileza.

Pode não dar certo com uma pessoa muito mal-humorada. Mas também pode ser que ela se surpreenda por ser cumprimentada, e responda.

Melhor do que isso: pode ser que ela decida cumprimentar alguém. E, em fazendo isso, se sinta bem. E passe a cumprimentar as pessoas todos os dias.

Assim estaremos espalhando o germe da gentileza, que torna as pessoas mais próximas umas das outras.

Uma campanha que espalha confiança, tranquilidade...

Pensemos nisso e façamos nossa adesão à campanha da gentileza, transformando a nossa cidade num oásis de paz.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. O amor e o taxista, de autoria de Art Buchwald, do livro Histórias para aquecer o coração, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante.

Aborto Eugênico - Momento Espírita

ABORTO EUGÊNICO

Leve-o para casa e dê-lhe amor! Recomendou o especialista do hospital.

Aquela mãe entendeu, sem que o médico precisasse completar o evidente: "enquanto ainda o tem".

Jonathan não se parecia em nada com os outros dois irmãos.

Sob o ralo cabelo castanho-escuro, a testa era demasiado grande e quadrada e os olhos muito separados.

A mãe soubera, logo em seguida, que o rosto do novo filho era a menor das preocupações. Jonathan, informara-lhe o pediatra, tinha uma grave forma de doença congênita do coração.

Se a doença seguisse seu curso, em breve ele contrairia pneumonia. Se sobrevivesse ao primeiro ataque, outros se seguiriam até seu frágil coração parar.

Mais tarde o especialista disse que provavelmente Jonathan nunca poderia andar e nem mesmo sentar-se sem ajuda – e tudo indicava que seria mentalmente deficiente.

Por que haveria de acontecer isto a mim? – perguntou a mãe mergulhada em auto-comiseração.

Por que logo Jonathan, que era tão desejado por nós?

O doutor Haydem a interrompeu bruscamente:

- Que pensa que aconteceria a uma criança como Jonathan se tivesse sido enviada a pais que não a quisessem?

Quanto a acontecer isso a você – falou mais delicadamente – creio que talvez o próprio Jonathan lhe dê a melhor resposta.

As sábias e proféticas palavras daquele verdadeiro médico vieram a se comprovar ao longo dos anos.

Aquele menino da "cara gozada" como era chamado pelas outras crianças, provou que era merecedor de todo o amor que seus pais pudessem lhe dar e que também era capaz de amá-los com a mesma intensidade.

Superadas foram todas as expectativas de falência de Jonathan.

Ele, amparado pela família, superou todas as dificuldades e limitações que se havia imposto em outras existências...

Lutou e sofreu, mas carregou a cruz que ele próprio tinha construído outrora.

As portas da reencarnação lhe foram abertas como uma nova oportunidade de refazer equívocos e aprender novas lições, e ele soube valorizar...

Quando os colegas lhe perguntavam sobre as grossas cicatrizes cirúrgicas que tinha por todo o corpo, ele respondia bem humorado: "são meus zíperes para deixar os médicos entrarem e saírem com mais facilidade."

***

A história de Jonathan foi escrita por sua mãe, Florence Kirk, na revista seleções de dezembro de 1965.

Naquela época, embora os recursos da medicina não estivessem tão avançados quanto hoje, houve um médico que soube honrar seu juramento de lutar pela vida, ainda que todas as evidências fossem favoráveis à morte...

Jonathan, mesmo em estado de feto no útero materno, já trazia as deficiências que expressou ao nascer, mas teve a sua chance de lutar pela vida...

Será que hoje, quando grande parte dos médicos se esqueceram dos seus juramentos e eliminam os fetos com mal formação, Jonathan teria a mesma oportunidade?

Nos dias atuais, a medicina está tão avançada que permite que o feto com deficiências seja tratado ainda no ventre materno.

Eis aí o grande desafio para os especialistas: "matar, nunca".