Três Imperativos
Em uma conhecida passagem evangélica, Jesus afirma:
Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e se abrirá.
Pedir, buscar e bater são os três imperativos da recomendação do Cristo.
O problema consiste em aplicar sabiamente esses comandos.
A existência humana nem sempre é tranqüila.
Freqüentemente não é fácil identificar a conduta correta.
Perante os reclamos e os valores do mundo, a fronteira entre o certo e o errado se esfumaça.
Os convites mundanos são muito sedutores e se apresentam como algo razoável.
Negá-los, às vezes, parece uma insensata submissão a hábitos demasiado rígidos.
Fica-se entre o dever e a vontade.
Nesse embate, a razão não raro se impressiona com os exemplos alheios e apresenta o dever como conduta antiquada.
Surge a idéia de que, se todos fazem algo, isso deve ser normal.
O problema é que ninguém nasce na Terra para seguir exemplos desvirtuados e viver exóticas fantasias.
Todos os homens são Espíritos e sua morada natural é no Plano Espiritual.
Quando aqui renascem é para cumprir programas de superação de velhos vícios e desenvolvimento de variadas virtudes.
A finalidade do existir terreno é a transcendência, jamais a adoção de comportamento mais apropriado aos animais irracionais.
Embora as conveniências mundanas figurem determinados hábitos como aceitáveis, nem por isso eles deixam de comprometer espiritualmente quem os adota.
Os exemplos de condutas desvirtuadas são os mais diversos.
Tem-se a vivência sexual apartada de vínculos afetivos e de uma proposta de vida em comum.
Há também a desonestidade de qualquer ordem, a indiferença perante os miseráveis, o abandono moral ou material de pais idosos ou enfermos.
Embora se tente justificar com novos valores, com a correria da vida moderna, não há argumento que converta atos levianos e indignos em conduta louvável.
Nesse emaranhado de lutas e dúvidas, convém refletir sobre os três imperativos da exortação do Cristo.
É preciso aprender a pedir caminhos de libertação da antiga cadeia de maus hábitos.
É necessário desejar com força a saída do escuro círculo no qual a maioria das criaturas perde a visão dos interesses eternos.
Após pedir com correção, impõe-se o buscar.
O ato de buscar constitui um esforço seletivo.
O mundo segue pleno de solicitações inferiores, mas urge localizar a ação digna e libertadora.
Muitos perseguem miragens perigosas, como mariposas que se apaixonam pela claridade de um incêndio.
Convém aprender a buscar o bem legítimo, o desejo de ser melhor, de superar-se, de transcender.
Estabelecido o roteiro edificante, chega o momento de bater à porta da edificação.
Bater tem o sentido de esforço metódico e contínuo.
Sem persistência, é difícil transformar as experiências humanas em fatores de libertação para a eternidade.
Não basta, pois, pedir sem rumo, procurar sem análise e agir sem objetivo elevado.
Urge pedir ao Pai Celestial a libertação do passado de equívocos.
Mas também é preciso buscar atividades nobres e nelas localizar o próprio esforço de redenção.
Pedir, buscar e bater.
Esses três verbos contêm um roteiro de libertação, com destino a vivências sublimes.
É necessário apenas bem utilizá-los.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. CIX, do livro Pão nosso, do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
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