A grande maioria da humanidade vive presa a um profundo sentimento de frustração, como se alguma coisa estivesse faltando ou não pudesse ter sido realizada. É o retrato da nossa incapacidade de agir com mais eficiência frente às exigências que as leis divinas, esculpidas em nossa consciência, estabelecem como metas para a evolução. Pela excessiva aquiescência aos apelos do mundo acabamos indisponibilizados para as tarefas do Espírito. Conseqüência: determinadas áreas do nosso psiquismo deixam de ser ocupadas por valores e conquistas espiritualizadas enquanto nossa estrutura física, que deveria esvaziar-se do magnetismo que a atrela a um mundo material, vivencia intensamente as experiências da carne, tornando-se uma verdadeira âncora lançada às profundezas do primitivismo. Essas zonas de carência são todo o nosso potencial perfectível, e que precisa ser trabalhado em decorrência da inexorabilidade da lei do progresso.
Nesse processo, muitos de nós, chegamos ao mundo espiritual mergulhados no arrependimento pelo desperdício do precioso tempo de uma encarnação.
A questão do percurso do tempo é complexa, mas aquela visão newtoniana de tempo como uma reta que quando percorrida marca a história em passado, presente e futuro, foi substituída na teoria da relatividade, por uma visão de tempo circular, caracterizado como uma dimensão que cria um novo universo. Ainda que não possamos experienciar esta situação por nos situarmos em um espaço tridimensional, o tempo poderá ser percorrido quando nos transportarmos para a realidade das quatro dimensões, que é a do mundo espiritual. Corroborando com esta assertiva "O Livro dos Espíritos" alerta, nas questões 242 e 243, que o passado e o futuro, quando deles se ocupam os Espíritos, é como se fossem o presente.
Ora, assim sendo, apesar dos fatos da vida estarem definitivamente concretizados pelas marcas que deixaram em nosso psiquismo, é perfeitamente possível que possamos revivenciá-los nos mecanismos de renovação da vida.
O exemplo do aluno nos bancos escolares é quase vulgar, mas se presta com precisão a demonstrar essa proposta. Quando uma criança não alcança um nível de aprendizagem, em uma série escolar, que a capacite a avançar para as série subseqüentes, ela terá que repetir o ano, passando pelas lições que não aprendeu, repetindo os exercícios e provas que já fez, que não serão as mesmas no que toca a forma, mas similares quanto aos conteúdos que abordem.
Em nossa caminhada infinita para a perfeição tal situação se repete. O não aproveitamento das experiências de uma encarnação, realizado pela reforma íntima voltada para o cultivo das virtudes, torna-nos incapacitados a buscar conquistas mais avançadas. Contudo, a reprovação no "ano letivo" de uma encarnação não significa expulsão da escola mas retorno aos mesmos "bancos escolares" da vida na etapa adequada às nossas necessidades de aprendizagem.
Aqueles que se entregam ao remorso doentio, dominados pelo sentimento de culpa, tornando-se psicologicamente frágeis, não entenderam ainda os mecanismos das leis divinas. Autoflagelam-se, numa tentativa de contrapor-se à culpa que vige em suas consciências, esquecendo-se de que desperdiçam tempo para ressarcir seus erros do ontem.
Talvez imaginem, esses irmãos, ser mais cômodo e fácil entregar-se às demonstrações de dor e arrependimento que possam liberá-los do dever a cumprir. Enganam-se a repetir os mesmos erros, já que relutam em aceitar a imposição do progresso em suas vidas como fruto do amor e da instrução, nas experiências do trabalho e do estudo.
Mas dia vem em que cansados da própria dor olham para o céu interior para descobrir a presença divina a iluminar novos caminhos com novas possibilidades para as mesmas necessidades em que se estagnaram no passado. Aí compreenderão que, na sabedoria e bondade de suas leis, Deus não faz o tempo retornar mas permite que ele se renove para as vitórias do amanhã.
Autor: João da Silva Carvalho Neto - Nova Voz - G. E. Bezerra de Menezes - São José do Rio Preto - SP)
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