PRODUÇÕES MEDIÚNICAS
"...É preciso - como a respeito de todas as produções mediúnicas - jamais deixar de submeter os seus resultados à inspeção de nosso critério e raciocínio.
Não é a credulidade menor mal que o ceticismo intransigente. O discernimento e uma certa educação científica são necessários para determinar a verdadeira origem e o valor das comunicações, para fazer a distinção entre as diferentes causas que intervêm no fenômeno.
A autenticidade das mensagens é, às vezes, difícil de estabelecer-se. O abuso de nomes célebres, de personalidades veneradas entre os homens é freqüentemente praticado e torna-se um elemento de dúvida e de confusão para os observadores. Certas produções, de deplorável banalidade, num estilo incorretíssimo, subscritas por nomes ilustres, despertam a desconfiança e levam muitas pessoas a considerar o Espiritismo uma grosseira mistificação. Para o analista calmo e imparcial esses abusos demonstram simplesmente uma coisa: é que o autor do ditado nem sempre é o que diz ser. No mundo invisível, como entre nós, há Espíritos embusteiros, sempre prontos a apropriar-se de títulos ou merecimentos, a que nenhum direito possuem, com o fim de se imporem ao vulgo.
É, portanto, necessário, dar mais atenção ao próprio conteúdo das comunicações que ao nome que as subscreve. Pela obra se julga o operário. Os Espíritos superiores, para se fazerem reconhecer, em lugar dos nomes que usavam na Terra, adotam de bom grado, termos alegóricos.
Em regra, os nomes e títulos não têm no outro mundo a importância que lhes damos. Os julgamentos do Espaço não são os da Terra, e muitos nomes que fulguram na história humana se eclipsam na outra vida. As obras de dedicação, amor e caridade constituem lá valiosos e duradouros títulos. Os que as edificaram nem sempre hão deixado seus nomes na memória dos homens. Passaram obscuros, quase desconhecidos neste mundo, mas a lei divina consagrou sua existência e sua alma refulge com um brilho que muitos Espíritos reputados grandes entre nós, estão longe de possuir.
Há nas regiões inferiores do Espaço, como na Terra, Espíritos sofísticos que tratam de impingir suas concepções sob a capa de nomes pomposos. Neles, o erro se dissimula sob as formas austeras ou sedutoras, que iludem e são por isso ainda mais perigosas.
É principalmente em tais casos que se deve exercer o nosso discernimento. Não devemos adotar as opiniões de um Espírito, simplesmente porque se trata de um Espírito, mas, unicamente se nos parecerem justas e boas. Devemos discutir e averiguar as produções do Além com a mesma liberdade de apreciação com que julgamos as dos autores terrestres. O Espírito não é mais que um homem libertado de seu corpo carnal; com a morte não adquire a infalibilidade. O espaço que nos envolve é povoado de uma multidão invisível pouco evoluída. Acima dela, porém, há elevadas e nobres Inteligências, cujos ensinos nos devem ser preciosos. Podemos reconhecê-las pela sabedoria que as inspira, pela clareza e amplitude de suas apreciações".
De "No invisível", de Léon Denis
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