Total de visualizações de página

30 junho 2010

Homenagem a Allan Kardec -

Homenagem a Allan Kardec

Allan Kardec!

Este nome é um marco de um tempo novo. É uma legenda de luz e de força moral que edifica um tempo especial de regeneração humana, e que, ao longo de mais de seis décadas, esteve no mundo das formas para materializar os ensinamentos do Mundo Etéreo, junto às almas terrenas.

Alma de escol, sem embargo, Allan Kardec veio ao planeta para representar no campo físico a Equipe Luminosa do Espírito da Verdade, que jorrava claridade sobre o orbe sob a ação venturosa do Cristo Excelso.

Nesse tempo em que o Espiritismo está no mundo, como esplendente Sol diluindo os miasmas da longa noite moral humana, ainda que pouco a pouco, são incontáveis aqueles que vêm recebendo o sustento para viver com entusiasmo, a motivação para prosseguir nas árduas lutas, sem pensar em fugir dos proscênios dificultosos dessas graves experiências das sociedades terrenas.

Quantos se arredaram das ideias suicidas, pelo entendimento de que ninguém morre essencialmente? Quantos desistiram do abortamento por terem admitido o acinte que tal coisa representa contra as Divinas Leis de Deus?

Quantos se decidiram por manter iluminada por Jesus a estrutura do lar, ao verificarem sua importância para o progresso familiar? Quantos se dedicaram a estudar as leis da vida e a estudar-se, anelando o entendimento e a melhoria de si mesmos?

Quantos abriram mão dos preconceitos de raça, de cor da epiderme, de gênero, de cultura e tantos outros, libertando-se dessa forma da ignorância que se demora no seio das sociedades? Quantos se esforçam por servir, por amar, desejosos de se tornarem cada vez mais úteis no campo da existência?

Quantos hão renunciado às pressões do homem-velho, na corajosa busca dos valores do homem-novo, conforme as considerações do Apóstolo Paulo? Quantos sofrem e choram seus tormentos de agora, conscientes quanto às razões desses complexos dramas, sem se permitir murchar pelo desânimo, ante a visão lúcida que o Espiritismo enseja?

Hoje, quando reconhecemos, na Pátria Espiritual, os inúmeros equívocos que costumamos cometer, quando caminhantes da vilegiatura corporal, vale considerar a importância de fazer com que a gloriosa informação da Codificação penetre nossa intimidade, a fim de que respiremos esse portentoso pensamento espírita, convertendo-o em nossa real filosofia de vida, o que nos capacitará para a conquista da felicidade.

Quantos que ainda supõem que é possível ser espírita sem ajustar a própria existência aos preceitos da Codificação, e que se enganam com essa suposição?

Quantos que ainda creem na ventura post-mortem longe dos esforços para a superação de limitações e obstáculos encontrados nas vias mundanas, e que se frustram no Além?

* * *

Acho-me sob intensa emoção. Lutamos, durante um tempo longo, junto aos valorosos Benfeitores do nosso Movimento Espírita Internacional, para que este momento fosse corporificado aqui, nos campos fluídicos da alma francesa. E o Senhor da Vida no-lo consentiu. Mais do que isso, destacou eminentes Numes de vários países para formar a coordenação deste evento, a efeméride do IV Congresso Espírita Mundial, sob a inspiração do próprio Codificador.

Cabe-nos vibrar, então, ao se fecharem as cortinas deste Congresso, certos de que suas luzes não se apagarão. Os elementos energéticos que absorvemos aqui, resguardados por luminosos Prepostos de Jesus, acompanhar-nos-ão como inspiração para os trabalhos futuros e como medicação valiosa para que, daqui para a frente, logremos o fortalecimento da alma para estudar, para amar e servir, mais conscientes dos nossos deveres para conosco, para com Jesus e para com a vida, agora aclarada em seus fundamentos pelos ensinamentos do Espiritismo que, vitorioso no mundo, impulsiona-nos a ter maior clareza e penetração da razão, ao mesmo tempo que, dedicados ao bem, possamos ser felizes.

Deixo o meu abraço emocionado a todos quantos vibraram, vibram e vibrarão com essa realização bendita no solo francês, e a todos desejo paz e muita luz junto à Seara do Espiritismo.

Servidor de todos, agradecido e vibrante,

Silvino Canuto Abreu.

Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, por ocasião da sessão de encerramento do IV Congresso Espírita Mundial, em 05.10.2004, Paris-França

29 junho 2010

Erotismo - Joanna de Ângelis

Erotismo

Numa cultura dedicada quase que exclusivamente ao erotismo é natural que o hedonismo predomine nas mentes e nos corações.

Como decorrência das calamidades produzidas pelas guerras contínuas de devastação com as suas armas inteligentes e destruição em massa, o desespero substituiu a confiança que havia entre as criaturas, dando lugar ao desvario de todo porte que ora toma conta da sociedade.

Sem dúvidas, tem havido um grande desenvolvimento cientifico-tecnológico, dantes jamais sonhado, no entanto, não acompanhado pelos valores ético-morais, cada dia mais negligenciados e desrespeitados pelos indivíduos assim como pelas nações.

A globalização, que se anunciava em trombetas, como solução para os magnos problemas socioeconômicos do mundo, experimenta a grande crise, filha espúria da falência moral de muitos homens e mulheres situados na condição de executivos supremos, que regiam as finanças e os recursos de todos, naufragados por falta de dignidade, ora expungindo em cárceres os seus desmandos, deixando porém centenas de instituições de variado porte na falência irrecuperável.

Como efeito, o sexo tornou-se o novo deus da cultura moderna, exaltado em toda parte e elemento de destaque em todas as situações.

Enquanto enxameiam as tragédias, os crimes seriais como o suicídio imediato dos seus autores, os multiplicadores de opinião utilizam-se da mídia alucinada para a saturação das mentes com as notícias perversas, que estimulam psicopatas à prática de hediondez que não lhes havia alcançado a mente.

Pessoas ditas famosas, na arte, no cinema, na televisão, exibem, sem pudor, as suas chagas morais, narrando os abortos que praticaram, a autorização para a eutanásia em seres queridos que lhes obstaculizavam o gozo juvenil, a multiplicação de parceiros sexuais, os adultérios por vingança ou simplesmente por vulgaridade, os preços a que se entregam, as perversões que os caracterizam, vilipendiando os sentimentos daqueles que os veem ou leem estarrecidos uns, com inveja outros, em lamentável comércio de degradação.

Jovens, masculinos e femininos, exibem-se no circo dos prazeres, na condição de escravos burlescos em revistas de sexo explícito ou em filmes de baixa qualidade, tornando-se ídolos da pornografia e da sensualidade doentia.

A pedofilia alcança patamares dantes nunca imaginados, graças à Internet que lhe abre portas ao infinito, quando pais insensatos vendem os filhinhos para o vil comércio do sexo infanto-juvenil, despedaçando-lhes a meninice que vai cruelmente assassinada.

Por outro lado, a prostituição de menores é cada vez maior, porque o cansaço dos viciados exige carnes novas para os apetites selvagens que os consomem.

E, porque vivem sempre entediados e sem estímulos novos, o alcoolismo, o tabagismo, a drogadição constituem o novo passo no rumo da violência, da depressão, do autocídio.

Vive-se, neste momento, a tirania do sexo em exaltação.

As dolorosas lições do passado, de religiosos que não se souberam comportar, desrespeitando os votos formulados, que desmoralizaram as propostas doutrinárias das crenças que abraçavam, o disfarce, a hipocrisia, ocultando as condutas reprocháveis, geraram tal animosidade às formulações espiritualistas, com as exceções compreensíveis, que os jovens não suportam, sequer, referências aos valores do Espírito imortal.

Somente há interesse pelos esportes, particularmente por aqueles de natureza física, no culto apaixonado pela beleza e pela estética de que se tornam escravos por livre opção.

Num período, porém, em que uma boneca serve de modelo, ao invés de haver copiado um ser humano, exigindo que cirurgias corretoras modifiquem a aparência de algumas mulheres, a fim de ficarem com as medidas do brinquedo erótico, é quase normal que haja um verdadeiro ultraje no que diz respeito aos valores reais da vida.

A desconsideração de muitos governantes em relação ao povo que estorcega na miséria, faz que as favelas e os morros vomitem os seus revoltados habitantes para as periódicas ondas de arrastão que estarrecem.

Sucede que o bem não indo ao seu encontro, tem que enfrentar o mal que prolifera e que desce do lugar em que se homizia buscando solução, mantendo comportamentos selvagens.

As cidades, grandes e pequenas, tornam-se praças de guerras não declaradas, porque as necessidades dos sofredores não são atendidas e alguns poderosos que governam, locupletam-se com os valores que deveriam ser destinados à educação, à saúde, ao trabalho, ao recreio dos cidadãos...

É compreensível que aumentem as estatísticas das enfermidades dilaceradoras como o câncer, a tuberculose, as cardiovasculares, a AIDS, outras sexualmente transmissíveis, as infecções hospitalares, dentre diversas, acompanhadas pelos transtornos psicológicos e psiquiátricos que demonstram o atraso em que ainda permanecem as conquistas na área da saúde, embora as suas indescritíveis realizações.

* * *

O ser humano estertora...

Em razão da falta de orientação sexual, nestes dias de disparates, a gravidez entre meninas desprevenidas aumenta de forma chocante, como fruto de experiências estimuladas pela vulgaridade, sem qualquer preparo para a maternidade, jogando nas ruas diariamente crescente número de abandonados...

Faltam programas de orientação moral, porque o momento é de prazer e de gozo, condenando a maioria dos incautos ao desespero e à ilusão.

Ainda se prolongará o reinado erótico por algum tempo, até o momento quando as Divinas Leis convidem os responsáveis pelo abuso ao comedimento, à reparação, encaminhando-os para mundos inferiores, onde se encontrarão sob a situação de acerbas aflições, recordando o paraíso que perderam, mas que podem alcançá-lo novamente após as lutas redentoras.

Especialmente nesta hora chegou à Terra o Espiritismo, a fim de convidar as criaturas desnorteadas a encontrar o rumo nos deveres éticos, restaurando a paz e a alegria real nos corações, sem a música mentirosa das sereias mitológicas...

Restaurando a palavra de Jesus, propõe uma revisão ética dos postulados do Cristianismo também ultrajado, a fim de que se revivam os comportamentos de Jesus e dos Seus primeiros discípulos, dando lugar à lídima fraternidade, à iluminação de consciências, ao serviço da caridade.

Mantém-te vigilante, a fim de que não te iludas nem enganes a ninguém, contribuindo com a tua parte, por mais modesta que seja, de modo a fazer instalar-se a era do amor pela qual todos anelam.


Joanna de Ângelis

Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã de 19 de maio de 2009, na residência de Josef Jackulak, em Viena Áustria

28 junho 2010

Agressividade - Joanna de Ângelis

Agressividade

Vivem-se, na atualidade, os dias de descontrole emocional e espiritual no querido orbe terrestre.

O tumulto desenfreado, fruto espúrio das paixões servis, invade quase todas as áreas do comportamento humano e da convivência social.

Desconfiança sistemática aturde as mentes invigilantes, levando-as a suspeitas infundadas e contínuas, bem como a reações doentias nas mais diversas circunstâncias.

A probidade cede lugar à avareza, enquanto a simpatia e a afabilidade são substituídas pela animosidade contumaz.

As pessoas mal suportam-se umas às outras, explodindo por motivos irrelevantes, sem significado.

Explica-se que muitos fatores sociológicos são os responsáveis pelas ocorrências infelizes.

Apontam-se a fugacidade de todas as coisas, a celeridade do relógio, o medo, a solidão e a ansiedade, como responsáveis pela frustração dos indivíduos, gerando as situações agressivas que os armam de violência e de perversidade.

A cultura e a ética não têm conseguido acalmar os ânimos, deixando que a arrogância e a presunção enganosas tomem conta dos incautos que se lhes submetem docemente.

Os relacionamentos sem afetividade real, estimulados por interesses nem sempre nobres, tornam-se em antagonismos, em decorrência de alguma negativa que se torna oportuna e é direcionada ao outro.

A maledicência perversa grassa nos arraiais dos grupos, minando as bases frágeis das amizades superficiais, e, não poucas vezes, transformando-se em calúnias insidiosas. Mesmo entre as pessoas vinculadas às doutrinas religiosas libertadoras que se baseiam no amor e na caridade, no respeito ao próximo e no culto aos deveres morais, o vício infeliz permanece, destruidor.

Armando-se de mau humor, não poucos homens e mulheres externam o enfado ou os sentimentos controvertidos em que se consomem, dando lugar a situações vexatórias. Em mecanismo de transferência psicológica atiram os seus conflitos à responsabilidade dos outros, como se estivessem desforçando-se da inveja que experimentam em relação aos mesmos.

Aumenta, assustadoramente, a agressividade, nestes dias, nos grupos humanos, sem que haja um programa de reequilíbrio, de harmonização individual ou coletiva.

Trata-se de uma guerra não declarada, cujos efeitos perniciosos atemorizam a sociedade.

As autoridades dizem-se atadas a dificuldades quase insuperáveis em razão do suborno, do tráfico de drogas, dos desafios administrativos, da ausência de pessoal habilitado para os enfrentamentos, falhando, quase sempre, nas providências tomadas.

Permanecem, desse modo, os comportamentos infelizes nos lares, nos educandários, nas vias públicas, no trabalho...

A agressividade é doença da alma que deve merecer cuidados muito especiais desde a infância, educando-se o iniciante na experiência terrestre, de forma que possa dispor de recursos para vencer a inferioridade moral que traz de existências transatas ou que adquire na convivência doentia da família...

* * *

A agressividade é herança cruel do medo ancestral, que remanesce no Espírito desde priscas eras.

Não diluído pela segurança psicológica adquirida mediante a fé religiosa, a reflexão, a psicoterapia acadêmica, a oração, domina os recônditos do sentimento e exterioriza-se de forma infeliz na agressividade.

A ausência dos diálogos domésticos saudáveis entre pais, filhos e cônjuges ou parceiros, que se agridem mutuamente, sempre ressentidos, extrapolam do lar em direção à via pública, transformada em campo de batalha, segue no rumo do local de trabalho, e até aos clubes de recreação, em contínuo destrambelho das emoções.

Nesse contubérnio afligente, Espíritos irresponsáveis e frívolos aproveitam-se das vibrações deletérias e misturam-se com esses combatentes perturbados, aumentando-lhes a ferocidade e estimulando-lhes os instintos inferiores.

O resultado são os crimes hediondos, asselvajados, estarrecedores, que aumentam o índice de maldade em razão da ingestão de bebidas alcoólicas, de drogas alucinantes e fatais...

A civilização contemporânea periclita nos seus alicerces materialistas, ameaçada pela agressividade e pelo desrespeito moral que assolam sem freio.

Sem dúvida, estudiosos do comportamento, educadores sinceros e devotados, religiosos abnegados, pensadores sensatos e sociólogos lúcidos vêm investindo os seus melhores recursos na construção da nova mentalidade saudável, em tentativas ainda não vitoriosas para a reversão do quadro aparvalhante, confiantes, no entanto, nos resultados futuros.

O progresso moral é lento e exige sacrifícios de todos os cidadãos que aspiram pela felicidade e pela harmonia na Terra.

As respeitáveis contribuições da Ciência e da Tecnologia, valiosas, sob qualquer aspecto consideradas, respondem por muitas modificações das estruturas ultramontanas, suprimindo a ignorância e o primitivismo. Nada obstante, também são usadas para o crime de várias denominações, especialmente através dos veículos da mídia: os periódicos, a Internet, a televisão, assim como o teatro e o cinema, com a sua complexa penetração nas massas, às vezes, usados vergonhosamente e sem qualquer controle, oferecendo campo de vulgaridades e informações que preparam delinquentes e viciosos...

A rigor, com as nobres exceções existentes, a sociedade moderna encontra-se enferma gravemente, necessitando de urgentes cuidados, que o sofrimento, igualmente generalizando-se, conseguirá, no momento próprio, oferecer a recuperação, o reencontro com a saúde após a exaustão pelas dores...

Instala-se, desse modo, lentamente, o período da paz, da brandura, da fraternidade.

Sofrido, o ser humano ver-se-á compelido a fazer a viagem de volta às questões simples e afáveis, à amizade e à ternura, qual filho pródigo de retorno ao lar paterno após as extravagantes experiências que se permitiu.

Que se não demorem esses dias, que dependerão do livre-arbítrio dos indivíduos em particular e da sociedade em geral, embora o progresso seja inevitável, apressando-se ou retardando-se em razão das opções humanas.

* * *

A agressividade ingeliz é doença passageira, embora os grandes danos que produz, cedendo lugar à pacificação.

Torna dócil a tua voz, nestes turbulentos dias de algazarra, e gentis os teus gestos ante os tumultos e choques pessoais...

Com sua sabedoria ímpar, Jesus assinalou: Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.1

Suavemente permite que a mansidão domine os territórios das tuas emoções, substituindo esses infelizes mecanismos da inferioridade moral pelos abençoados valores da verdade.

Joanna de Ângelis.

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 15 de março de 2010, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

27 junho 2010

Amor Conjugal - Momento Espírita

Amor Conjugal

O grande rei dos persas, Ciro, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o exército da Líbia e aprisionou um príncipe.

Levado à presença do conquistador ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais da batalha, ministros e toda uma corte se juntou para tomar conhecimento da sentença real.

O rei persa coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família:

Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me oferecer em troca?

Rapidamente respondeu o prisioneiro:

Metade do meu reino.

Ciro continuou, paciente, a interrogar:

E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás?

Ainda rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino.

Calmo, o conquistador lhe lançou a terceira pergunta:

E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa?

O príncipe sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram.

Reconhecia que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus filhos.

Foi só um momento mas, para todos, pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria agora o vencido.

Após aquele momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que ressoou em todo o salão, disse:

Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa.

O grande rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para toda a família.

De retorno para casa, o príncipe tomou da mão da esposa, beijou-a com carinho e lhe perguntou se ela havia observado como era serena e altiva a fisionomia do monarca persa.

Não, disse ela. Não observei. Durante todo o tempo os meus olhos ficaram fixos naquele que estava disposto a dar a sua própria vida pela minha liberdade.

* * *

Para quem ama, não há limites na doação. Quando dois seres se amam verdadeiramente dão origem a outras vidas e as alimentam, enquanto eles mesmos um ao outro sustentam, na jornada dos dissabores e das lutas.

O amor conjugal é, dentre as formas de amor, um dos exercícios do amor que requer respeito, paciência e dedicação. Solidifica-se através dos anos. E tanto mais se aprofunda quanto mais intensas se fazem as lutas e as conquistas de vitórias.

Para os que se amam profundamente não há lutas impossíveis, não existem batalhas que não possam ser vencidas.

* * *

Em todos os departamentos do Universo existe a mensagem do amor, que é o estágio mais elevado do sentimento.

O homem somente atinge a plenitude quando ama. Enquanto procura ser amado, sofre infância emocional.

Por isso, o importante é amar, mesmo que não se receba a recíproca do ser amado. O que é essencial é amar, sem solicitação.

Redação do Momento Espírita com base no conto Olhando só para ele, do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Record e pensamentos finais do cap. 2 do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

26 junho 2010

Reencarnação Sem Acomodação - Momento Espírita

Reencarnação Sem Acomodação

Quando a temática da multiplicidade das vidas é trazida à discussão, ouvem-se observações estranhas.

Imaginam alguns que o fato de saber que tornaremos a reencarnar pode nos conduzir à acomodação, deixando para a próxima existência a solução de dificuldades do presente.

Tal forma de pensar nada tem a ver com o verdadeiro ensino dos espíritos.

O retorno a um novo corpo obedece sempre a lei do progresso. O objetivo é de melhoramento contínuo.

Nada de estagnação, portanto.

Conscientizados de que a felicidade está na conquista da perfeição relativa, é natural que os espíritos primem por galgar com rapidez os degraus evolutivos.

Dívidas a saldar? Por que não ressarci-las logo? Não é este o nosso proceder perante prestações e contas a pagar?

Como nos sentimos aliviados ao concluir o pagamento de um bem adquirido! Como nos satisfazemos com a nota promissória ou duplicata quitada, em mãos!

Não é diferente no que diz respeito a débitos do passado.

Ansiamos por resgatá-los desde que, libertos da problemática, poderemos estabelecer metas mais arrojadas de crescimento.

Conquistar a sabedoria, progredir é o que almejamos.

Nesse compasso, nosso empenho é sempre crescer, aprender mais. Aqueles que pensamos de forma diversa, mais cedo ou mais tarde, nesta vida ou na espiritual, nos daremos conta do tempo perdido.

Exatamente como o aluno relapso que, chegado ao fim do ano letivo, e não tendo conquistado as notas devidas, sente-se entristecido ante a perspectiva de ter que repetir o mesmo aprendizado que desprezou.

Nada na lei de Deus que não seja perfeito.

O planejamento divino estabeleceu para todos nós uma escalada de progresso e venturas. Ninguém que escape ao contexto.

E quanto mais nos adiantarmos na vida presente, menos longas e penosas nos serão as existências futuras. A cada dia construímos o nosso amanhã.

Os que desejam chegar antes ao topo da montanha, certamente não se permitem descanso exagerado, comodismo ou desculpismo.

Trabalharemos com afinco para galgar com maior rapidez os degraus da ciência e do amor, do saber e do sentimento.

Você sabia?

Que a marcha dos espíritos, através das várias existências corporais, é progressiva?

E que a vida corporal é uma espécie de filtro, de depurador pelo qual passam os espíritos para chegarem à perfeição que lhes cabe?

Isto quer dizer que a vida do espírito se constitui de uma série de experiências corporais, como cada vida humana se constitui de uma série de dias, nos quais o homem adquire maior experiência e instrução.

Equipe de Redação do Momento Espírita,
com base em O Livro dos Espíritos itens 191, 195

25 junho 2010

Com Todo Amor - Maria Dolores

COM TODO AMOR

Era sim. Eu era a teimosia em pessoa.

Lembra-se, Mãezinha, de quando me ocultava para fugir de você?

Escutava seus gritos, suas palavras ternas:

- “Venha cá. Mamãe está chamando...”

Ouvia tudo e arrancava-me para longe.

E quando me achava de novo em casa era bastante que o seu olhar indagador me fitasse para que me pusesse a agredir:

- “Você, Mamãe, não me entende... Nunca entendeu... Nada. Quero viver minha vida que é diferente da sua. Deixe-me em paz...”

Percebia que os seus olhos se erguiam para mim, molhados de lágrimas que não chegavam a cair, sem qualquer palavra de reprovação ou de queixa.

Hoje que a experiência me renovou, creio que o seu silêncio devia ser uma conversa com Deus a meu respeito, que eu não procurava, nem queria compreender.

Agora, porém, anseio confessar que todas as minhas frases tocadas de aspereza e de ingratidão eram mentira pura.

Por que passaria tanto tempo sem que eu lhe dissesse isto?

Em verdade, nunca encontrei um amor igual ao seu.

A vida nos separou com a rudeza da tesoura que corta um ramo florido da árvore em que nasceu. Qual sucede à flor arrebatada aos braços da fronde, muitos disseram que eu ia para a festa...

Entretanto, de todas as festas a que o mundo me conduziu, sempre me retirei com mais sede da sua ternura, da sua ternura transitoriamente perdida.

Seu amor está em meu coração, como a vida que se entranha em minhalma. Seus gestos de carinho permanecem comigo como estrelas no céu noturno.

Perdoe-me pelas cruzes de aflição que dependurei no seu peito, mas ouça. Mãezinha!... Deus não permitirá que o seu sacrifício tenha sido em vão.

Venho beijar-lhe os cabelos que a prata do tempo começou a enfeitar de luz e, ao rever-me no espelho cristalino do seu olhar, observo quanto mudei!...

Ampare-me, não me abandone!... E se posso pedir alguma cousa com o pranto de meu reconhecimento, rogo incline o ouvido para os meus lábios. Anseio revelar um segredo... Unicamente entre nós. Você e eu...

Isto agora é tudo quanto quero falar:

- Você, Mamãe, sempre me compreendeu... Sei agora que nunca nos separamos. Abrace-me... Está sentindo? Meu coração está pulsando pelo seu coração...

Abrace-me... Mais ainda!... Tenho fome do seu amor... Abençoe-me, ensine-me a conversar também com Deus e deixe que eu diga que nunca serei feliz sem você.

Pelo Espírito Maria Dolores
Livro: Os Dois Maiores Amores
Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

24 junho 2010

Uniões Enfermas - Emmanuel

UNIÕES ENFERMAS

Se te encontras nas tarefas da união conjugal, recorda que ora a execução dos encargos em dupla é a garantia de tua própria sustentação.
Dois associados no condomínio da responsabilidade na mesma construção.
Dois companheiros compartilhando um só investimento.

* * *

Às vezes, depois dos votos de ternura e fidelidade, quando as promessas se encaminham para as realizações objetivas, os sócios de base da empresa familiar encontram obstáculos pela frente.
Um deles terá adoecido e falta no outro a tolerância necessária.
Surge a irritação e aparece o ressentimento.

Em outras ocasiões, o trabalho se amplia em casa e um deles foge à cooperação.
Surge o cansaço e aparece o desapreço.

Hoje – queixas.
Adiante – desatenções e lágrimas.
Amanhã – rixas.
Adiante ainda – amarguras e acusações recíprocas.

Se um dos responsáveis não se dispõe a compreender a validade do sacrifício, aceitando-o por medida de salvação do instituto doméstico, eis a união enferma ameaçando ruptura.

* * *

Nesse passo, costumam repontar do caminho laços e afinidades de existências do pretérito convidando esse ou aquele dos parceiros para uniões diferentes. E será indispensável muita abnegação para que os chefes da comunhão familiar não venham a desfazer, de todo, a união já enferma, partindo no rumo de novos ajustes afetivos.

* * *

Entende-se claro que o divórcio é lei humana que vem unicamente confirmar uma situação que já existe e que, se calamidades da alma pendem sobre a casa, não se dispõe de outra providência mais razoável para recomendar, além dessa. Entretanto, se te vês nos problemas da união enferma e, principalmente se tens crianças a proteger, tanto quanto se te faça possível, mantém o lar que edificaste com as melhores forças do espírito.

Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos enlaces de provação redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço terrestre, determinadas tarefas em regime de compromisso perante a Vida Infinita. E, ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os nossos débitos não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde que nos empenhemos a solve-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a serviço do amor.

Do livro “Caminhos de Volta”
Emmanuel
Médium:Francisco Cândido Xavier, Espíritos Diversos

23 junho 2010

Párias da Redenção - Victor Hugo

PÁRIAS EM REDENÇÃO

"Somos todos párias do caminho evolutivo, reencarnando para refazer e amando para redimir-nos. Pertencentes ao Instituto Divino da Evolução, estacionamos para aprender e melhor fixas as lições da vida, reiniciando a jornada quanto se nos faça necessário para a superior coleta de bênçãos.

"Herdeiros do passado de sombras, lutamos por desvencilhar-nos dos cipós coercitivos dos instintos, tentando aspirar outros ares menos saturados dos miasmas das paixões dissolventes, em que nos temos demorado voluntariamente...

"Assim, barco à matroca pelo capricho odioso da nossa indiferença para com o espírito imortal, transitamos pelas águas lodosas da ociosidade e do crime, até quando o cansaço extenuante nos sobrecarregue de tal forma que somente Jesus-Cristo possa constituir "leve fardo e jugo suave". Até esse momento, porém, quantas dores e desassossegos infrutíferos!

"Como estão sempre abertas as portas da esperança, mesmo para os mais recalcitrantes, dispomos das abençoadas ensanchas da reencarnação para o cometimento sublime da espiritualização que nos compete encetar..

"Por essa razão, o céu ou o inferno se encontram onde situamos as aspirações, arregimentando valores que nos digam respeito desdobrar nos empreendimentos que realizamos. E onde quer que estagiem nossos amores, então estabelecemos as balizas da nossa felicidade ou desdita. Diante disso, não há paraíso para aqueles que têm acrisolados na dor os seres amados, esforçando-se para resgatá-los a preço de renúncias e sacrifícios, a fim de que a felicidade deles se transforme em lenitivo de paz para os que os buscam. Qual a mãe que não trocaria a própria dita para impedir as lágrimas que aljofram os olhos de um filho querido? Qual o nubente que não converteria em doação ao ser amado todas as suas conquistas, desde que tal esforço redundasse na felicidade dele?

"Herdeiro do passado, o espírito é jornaleiro dos caminhos da redenção impostergável.

"Quantos milênios de luta para transformar o embrutecimento em sublimação, convertendo as aspirações do imediato nas fulgurações do transcendente! Empreendida essa tarefa, aqueles que já despertamos para as realidades superiores não podemos estacionar na irreflexão, nem adormecer sobre as primeiras conquistas.

"Com o Cristo, aprendemos a laborar incessantemente, perdoando e servindo sem fadigas, com emulação continua.

De "Párias em redenção"
de Divaldo P. Franco
pelo Espírito Victor Hugo

22 junho 2010

Porque o Espiritismo? - Emmanuel

PORQUE O ESPIRITISMO?


" Não procures repouso em momentos vazios, inércia simplesmente é começo de angústia." - (Emmanuel)

Todas as religiões são parcelas da verdade.

Todas as religiões - caminhos para Deus - são bênçãos e luzes da Humanidade para a Humanidade.

Então, indagar-se-á : Porque o Espiritismo ?

Tentemos esclarecer, porém, que as religiões tradicionais, embora veneráveis, jazem comprometidas com preconceitos de dogmas que, até certo ponto, lhe são necessários à função e à estrutura. No âmbito delas, a criatura se satisfaz, até que a indagação lhe exija vôos para além das constrições impostas pela autoridade humana ou até que a dor estilhace o invólucro de crenças úteis, mas superficiais, no qual se acomoda à estreitezas de vistas.

Desde o século XIX a ciência experimental e filosofia especulativa partiram para novos entendimentos, multiplicando descobertas e invenções que mudaram completamente a face externa dos povos. Entretanto, por outro lado, o sofrimento e a morte continuam os mesmos.

Impõe-se demonstrarão homem que todos os avanços de que dispõe para senhorear a natureza exterior, não o exoneram do auto conhecimento. Para conhecer-nos, porém, com o devido proveito, necessitamos de religião que nos integra na responsabilidade de viver e agir, porquanto, sem religião, o homem não passa da condição de animal aperfeiçoado, impelido a cair no mesmo nível dos animais inferiores.

A DOUTRINA ESPÍRITA é aquele Consolador prometido às criaturas pelo Divino Mestre, consagrado a explicar-lhes, em momento oportuno, as verdades eternas; e, pelas verdades eternas que o Espiritismo nos descortina, sabemos positivamente que não há morte e que a Justiça da Vida funciona acima de tudo, na consciência de cada um. Deus é amor. A vida é imperecível. O espírito é imortal. A Terra é um dos múltiplos lares da imensidade cósmica.

A Humanidade é só uma família. Cada criatura é responsável por si e cada um de nós é artífice do próprio destino.

Devemos a nós mesmos o bem ou o mal, a vitória ou a derrota que nos assinalem os dias.

Temos, assim, na DOUTRINA ESPÍRITA, Religião da Sabedoria do Amor, vigentes em quaisquer plagas do Universo, a restabelecer o nosso reencontro com o Evangelho de Jesus.
De posse dela, qualquer de nós está habilitado a acertar, regenerar, construir, melhorar e aperfeiçoar com o bem, onde, como e quando quiser.

Na porta da luz da Nova Revelação, estamos defrontados pela presença renovadora do Cristo de Deus.

Sigamos adiante com Ele e, segundo a promessa d'Ele próprio, o amor guiar-nos-á para a luz e a verdade nos fará livres.

Emmanuel (espírito)
Psicografia de Chico Xavier

21 junho 2010

O Doente Grave - Irmão X

O DOENTE GRAVE

Uma alma atormentada de Mãe, conduzida ao Céu, nas asas blandiciosas do sono, esbarrou ante as resplandecentes visões do Paraíso.

Um anjo solícito recebeu-a no pórtico.

– Anjo amigo – disse ela em voz súplice –, sou mãe na Terra e tenho dois filhos. Rogo para ambos as bênçãos de Deus, generosas e augustas.

O mensageiro anotou as petições e, observando-lhe o desvelo fraternal, a mulher aflita acrescentou, ansiosamente :

– Venho até aqui pedir, em particular, por um deles que, desde muito tempo, se encontra gravemente enfermo, entre a morte e a vida. Todo o meu carinho, todos os recursos médicos têm sido ineficazes. Não posso tolerar, por mais tempo, as lágrimas dolorosas que me afligem o coração. Digne-se o Todo-Poderoso, por vosso intermédio, conceder-me a graça de vê-la restituído à saúde.

O emissário das Esferas Superiores pensou um instante e interrogou:

– Qual de teus dois filhos se encontra mais unido a Deus?

– Meu pobre filhinho doente – respondeu a recém-chegada –, pois que medita na grandeza do Pai Celeste, dia e noite. É com o Seu nome que se submete aos remédios amargos e é esperando no Senhor que vê despontar cada aurora. No sofrimento que lhe desintegra as forças, dirige-se ao Céu com tamanho fervor que se lhe pressente, de maneira inequívoca, a ligação com o Pai Amoroso e Invisível.

– E o outro? – indagou o mensageiro divino.

– Esse – esclareceu a pedinte, um tanto confundida, qual se lhe fora impossível dissimular –, é um homem feliz nos negócios do mundo. Como é favorecido da sorte, parece não sentir necessidade de procurar o socorro da Providência Divina...

– Qual deles entende a sublime significação do trabalho? – interpelou o emissário novamente.

– O enfermo, atirado à imobilidade, guarda profunda compreensão, com respeito às virtudes excelsas do espírito de serviço. Refere-se, constantemente, aos bens do esforço e edifica quantos lhe ouvem a palavra, tocada de dolorosas experiências.

– E o outro?

– Talvez pelo gênero de vida a que se consagra deixou de ver as belezas da ação própria.

Dispondo de muitos servidores, descansa nos trabalhos alheios. Não conhece o radioso convite da manhã, porque se levanta do leito demasiado tarde, nos hotéis de luxo, e permanece estranho às bênçãos da noite, de vez que o corpo, saciado em mesas opíparas e extravagantes, não lhe confere oportunidade de sentir as sugestões santificadoras da Natureza.

– Qual deles percebe o imperativo de confraternização com os homens, nossos irmãos? – tornou o mensageiro sorrindo, bondoso.

– O que está preso à enfermidade angustiosa recebe os amigos de qualquer posição social, com indisfarçável reconhecimento. Recolhe as expressões de carinho com lágrimas de alegria a lhe saltarem dos olhos. Emociona-se com a menor gentileza de que é objeto e parece deter, agora, um laço de amor forte e sincero, mesmo para com aqueles que, em outro tempo, lhe foram inimigos ou perseguidores.

– E o outro?

– Os favores do mundo – comentou nobremente a palavra maternal – isolam-lhe a personalidade, a distância dos júbilos domésticos, em rodas restritas e fantasiosas ou nas regiões elegantes, onde rolem fortunas iguais à dele. Assediado pelos empenhos do mundo social, cujas idéias se modificam à feição do vento, nunca encontra tempo necessário para sondar os sentimentos afetivos dos companheiros que o Céu lhe enviou à senda comum.

O anjo atento passou a refletir, com grande interesse, e argüiu, de novo:

– Para qual deles rogas a bênção de Deus, em particular?

– Em favor do pobrezinho que agoniza no leito – informou a ternura materna.

O enviado da Providência fixou-a com extrema bondade e concluiu, com sabedoria :

– Volta à Terra e reconsidera as atitudes do teu carinho! O enfermo do corpo vai muito bem; já entende a necessidade de união com o Divino Pai e o que distingue, em verdade, os homens uns dos outros, é o grau de suas relações com a vida mais alta. Renova, pois, os votos de tuas preces ardentes, porque o doente grave é o outro.

Pelo Espírito Irmão X
Do livro: Pontos e Contos
Médium: Francisco Cândido Xavier

20 junho 2010

Pai Nosso - Emmanuel

PAI NOSSO

"Pai Nosso..." - Jesus. (Mateus, 6:9).

A grandeza da prece dominical nunca será devidamente compreendida por nós que lhe recebemos as lições divinas.

Cada palavra, dentro dela, tem a fulguração de sublime luz.

De início, o Mestre Divino lança-lhe os fundamentos em Deus, ensinando que o Supremo Doador da vida deve constituir, para nós todos, o princípio e a finalidade de nossas tarefas.

É necessário começar a continuar em Deus, associando nossos impulsos ao plano divino, a fim de que nosso trabalho não se perca no movimento ruidoso ou inútil.

O Espírito Universal do Pai há-de presidir-nos o mais humilde esforço, na ação de pensar e falar, ensinar e fazer.

Em seguida, com um simples adjetivo possessivo, o Mestre exalta a comunidade.

Depois de Deus, a Humanidade será o tema fundamental de nossas vidas.

Compreenderemos as necessidades e as aflições , os males e as lutas de todos os que nos cercam ou estaremos segregados no egoísmo primitivista.

Todos os triunfos e fracassos que iluminam e obscurecem a Terra pertencem-nos, de algum modo.

Os soluços de um hemisfério repercutem no outro.

A dor do vizinho é uma advertência para a nossa casa.

O erro de um irmão, examinado nos fundamentos é igualmente nosso, porque somos componentes imperfeitos de uma sociedade menos perfeita gerando causas perigosas e, por isso, tragédias e falhas dos outros afetam-nos por dentro.

Quando entendemos semelhante realidade, o "império do eu" passa a incorporar-se por célula bendita à vida santificante.

Sem amor a Deus e à Humanidade, não estamos suficientemente seguros na oração.

Pai nosso... - disse Jesus para começar.

Pai do Universo... Nosso mundo...

Sem nos associarmos aos propósitos do Pai, na pequenina tarefa que nos foi permitido executar, nossa prece será, muitas vezes, simples repetição do "eu quero", invariavelmente cheio de desejos, mas quase sempre vazio de sensatez e de amor.

Emmanuel
De "À Luz da Oração"
de Francisco Cândido Xavier - Espíritos diversos

19 junho 2010

Paciência Antes da Crise - Joanna de Ângelis

PACIÊNCIA ANTES DA CRISE

O homem moderno tem urgente necessidade de cultivar a paciência, na condição de medicamento preventivo contra inúmeros males que o espreitam.

De certo modo, vitimado pelas circunstâncias da vida ativa em que se encontra, sofre desgaste contínuo que o leva, não raro, a estados neuróticos e agressivos ou a depressões que o aniquilam.

A paciência é-lhe reserva de ânimo para enfrentar as situações mais difíceis sem perder o equilíbrio.

A paciência é uma virtude que deve ser cultivada e cuja força somente pode ser medida, quando submetida ao teste que a desafia, em forma de problema.

O atropelo do trânsito; a balbúrdia geral; a competição desenfreada; o desrespeito aos espaços individuais; a compressão das horas; as limitações financeiras; os conflitos emocionais; as frustrações e outros fatores decorrentes da alta tecnologia e do relacionamento social levam o homem a inarmonias que a paciência pode evitar.

Exercitando-a nas pequenas ocorrências, sem permitir-se a irritação ou o agastamento, adquirirá força e enfrentará com êxito as situações mais graves.

A irritação é sinal vermelho na conduta e o agastamento é arma perigosa pronta a desferir o golpe.

*

Todas as criaturas em trânsito pelo mundo são vítimas de ciladas intencionais ou não.

Saber enfrentá-las com cuidado, é a única forma de passar incólume.

Para tanto, faz-se mister desarmar-se das idéias preconcebidas, infelizes, que geram os conflitos.

*

Se te sentes provocado pelos insultos que te dirigem, atua com serenidade e segue adiante.

Se erraste em alguma situação que te surpreendeu, retorna ao ponto inicial e corrige o equívoco.

Se te sentes injustiçado, reexamina o motivo e disputa a honra de não desanimar.

Se a agressão de alguma forma te ofende, guarda a calma e a verás desmoronar-se.

A convivências com as criaturas é o grande desafio da evolução porque resulta, de um lado, da situação moral deles, e de outro, do seu estado emocional.

O amor ao próximo, no entanto, só é legítimo quando não se desgasta nem se converte em motivo de censura ou queixa, em relação às pessoas com quem se convive.

É fácil amar e respeitar aqueles que vivem fisicamente distantes.

O verdadeiro amor é o que se relaciona sempre bem com as demais criaturas, quando, porém, o indivíduo pacientemente amar-se a si mesmo, podendo compreender as dificuldades, do ponto de vista do outro, antes que da própria forma de ver.

*

Fariseus e saduceus, simbolicamente estarão pelo caminho das pessoas robustecidas pelos ideais superiores, tentando, armando-lhes ciladas.

Ama, em toda e qualquer situação, assim logrando a tua própria realização, que é a meta prioritária da tua existência atual, vivendo com paciência para evitares as crises devastadoras.

De "Alegria de Viver"
de Divaldo Pereira Franco
pelo Espírito Joanna de Ângelis

18 junho 2010

Evangelho, Espiritismo e Esperanto

EVANGELHO, ESPIRITISMO E ESPERANTO


Sobre a terra anônima e lodosa surge o grão que enriquece a mesa.

Acima das chamas do forno aprece o vaso delicado e sublime.

Sobre o leito de pedras correm as águas, em cânticos de harmonia, sustentando a vida e servindo-a em toda parte.

Entre espinhos, destaca-se a rosa que perfuma a paisagem.

Da escuridão da meia-noite procedem as primeiras revelações da aurora...

Ainda que a estrada se te afigure sombra, acende a lanterna da esperança e segue para a frente.

A viagem da carne é romagem breve.

A dor é lição curta.

Pensa na eternidade, na milagrosa eternidade.

O pesadelo dos infelizes do mundo encontram no túmulo o inesperado despertar.

Da peregrinação aflitivamente vivida, resta pouco.

Ouro, nome, ambições e enganos descem ao despenhadeiro das velhas ilusões.

A bondade e a consolação, uma página de carinho e um gesto de amor, a alegria de um velho e o riso de uma criança permanecem, todavia, conosco...

Quem segue ajudando, inflama estrelas que lhe iluminarão os horizontes...

Não desfaleças.

A luta é enriquecimento, a renuncia é a bênção.

A evolução é troca: - quem mais dá da, mais recebe.

Sacrificar-se é crescer: - quem perde para os outros, adquire para si mesmo.

Quem auxilia a alguém é ajudado por muitos.

Enquanto ruge a tormenta, contempla o amanhã na tela de nossas aspirações...

O bem é imortal.

O amor não desaparece.

A luz não se apaga ao trono da perfeição divina.

A felicidade não é um muito.

A paz não é mentira.

A comunhão das almas não é vã promessa.

Continua batalhando e sofrendo.

Padecendo para aperfeiçoar.

Morrendo para reviver.

O serviço é o nosso clima e, dentro dele, respiramos juntos.

Nós e muitos conosco, porque a afinidade é uma “faixa de união “ em que nos integramos uns com os outros.

O trabalho conferir-nos-a juvenilidade eterna e ventura imperecível.

Nunca recuar.

Seguir é a senha.

No cimo, meu querido amigo, bendiremos as amarguras do vale e partiremos, sob a glória da vida, para novas jornadas de ascensão, no reino da infinita sabedoria e da infinita luz.

Associada, pois, integralmente com o teu ministério ativo no Evangelho, no Espiritismo e no Esperanto, sou, como sempre, a tua

Estevina

Pelo Espírito Estevina
Do livro: Cartas do Coração
Médium: Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos

17 junho 2010

A Regra de Ajudar - Néio Lúcio

A REGRA DE AJUDAR

João, no age da curiosidade juvenil, compreendendo que se achava à frente de novos métodos de viver, tal a grandeza com que o Evangelho transparecia dos ensinamentos do Senhor, perguntou a Jesus qual a maneira mais digna de se portar o aprendiz, diante do próximo, no sentido de ajudar aos semelhantes, ao que o Amigo Divino respondeu, com voz clara e firme:

- João, se procuras uma regra de auxiliar os outros, beneficiando a ti mesmo, não te esqueças de amar o companheiro de jornada terrestre, tanto quanto desejas ser querido e amparado por ele.

A pretexto de cultivar a verdade, não transformes a própria existência numa batalha em que teus pés atravessem o mundo, qual furioso combatente no deserto; recorda que a maioria dos enfermos conhece, de algum modo, a moléstia que lhes é própria, reclamando amizade e entendimento, acima da medicação.

Lembra-te de que não há corações na Terra, sem problemas difíceis a resolver; em razão disso, aprende a cortesia fraternal para com todos.

Acolhe o irmão do caminho, não somente com a saudação recomendada pelos imperativos da polidez, mas também com o calor do teu sincero propósito de servir.

Fixa nos olhos as pessoas que te dirigirem a palavra, testemunhando-lhes carinhoso interesse, e guarda sempre a posição de ouvinte delicado e atencioso; não levantes demasiadamente a voz, porque a segurança e a serenidade com que os mais graves assuntos devem ser tratados não dependem de ruído.

Abstém-te das conversações improfícuas; o comentário menos digno é sempre invasão delituosa em questões pessoais.

Louva quem trabalha e, ainda mesmo diante dos maus e dos ociosos, procura exaltar o bem que são suscetíveis de produzir.

Foge ao pessimismo, guardando embora a prudência indispensável perante as criaturas arrojadas em negócios respeitáveis, mas passageiros, do mundo; a tristeza improdutiva, que apenas sabe lastimar-se, nunca foi útil à Humanidade, necessitada de bom ânimo.

Usa, cotidianamente, a chave luminosa do sorriso fraterno; com o gesto espontâneo de bondade, podemos sustar muitos crimes e apagar muitos males.

Faze o possível por ser pontual; não deixes o companheiro à tua espera, a fim de que te não seja atribuída uma falsa importância.

Agradece todos os benefícios da estrada, respeitando os grandes e os pequenos; se o Sol aquece a vida, é a semente de trigo que fornece o pão.

Deixa que as águas vivas e invisíveis do Amor, que procedem de Deus, Nosso Pai, atravessem o teu coração, em favor do círculo de luta em que vives; o Amor é a força divina que engrandece a vida e confere poder.

Façamos, sobretudo, o melhor que pudermos, na felicidade e na elevação de todos os que nos cercam, não somente aqui, mas em qualquer parte, não apenas hoje, mas sempre.

Silenciou o Cristo e, assinalando a beleza do programa exposto, o jovem apóstolo inquiriu respeitosamente:

- Senhor, como conseguirei executar tão expressivos ensinamentos? O Mestre respondeu, resoluto:

- A boa-vontade é nosso recurso de cada hora.

E, afagando os cabelos do discípulo inquieto, encerrou as preces da noite.

Pelo Espírito Néio Lúcio
Do livro: Jesus no Lar
Médium: Francisco Cândido Xavier

16 junho 2010

A Esmola da Compaixão - Irmão X

A ESMOLA DA COMPAIXÃO

De portas abertas ao serviço da caridade, a casa dos Apóstolos em Jerusalém vivia repleta, em rumoroso tumulto.

Eram doentes desiludidos que vinham rogar esperança, velhinhos sem consolo que suplicavam abrigo. Mulheres de lívido semblante traziam nos braços crianças aleijadas, que o duro guante do sofrimento mutilara ao nascer, e, de quando em quando, grupos de irmãos generosos chegavam da via pública, acompanhando alienados mentais para que ali recolhessem o benefício da prece. Numa sala pequena, Simão Pedro atendia, prestimoso. Fosse, porém, pelo cansaço físico ou pelas desilusões hauridas ao contacto com as hipocrisias do mundo, o antigo pescador acusava irritação e fadiga, a se expressarem nas exclamações de amargura que não mais podia conter.

- Observa aquele homem que vem lá, de braços secos e distendidos? - gritava para Zenon, o companheiro humilde que lhe prestava concurso - aquele é Roboão, o miserável que espancou a própria mãe, numa noite de embriaguez... Não é justo sofra, agora, as conseqüências? E pedia para que o enfermo não lhe ocupasse a atenção.

Logo após, indicando feridenta mulher que se arrasava, buscando-o, exclamou, encolerizado:

- Que procuras, infeliz? Gozaste no orgulho e na crueldade, durante longos anos... Muitas vezes, ouvi-te o riso imundo à frente dos escravos agonizantes que espancavas até à morte... Fora daqui! Fora daqui!...

E a desmandar-se nas indisposições de que se via tocado, em seguida bradou para um velho paralítico que lhe implorava socorro:

- Como não te envergonhas de comparecer no pouso do Senhor, quando sempre devoraste o ceitil das viúvas e dos órfãos? Tuas arcas transbordam de maldições e de lágrimas. . . O pranto das vítimas é grilhão nos teus pés. . .

E, por muitas horas, fustigou as desventuras alheias, colocando à mostra, com palavras candentes e incisivas, as deficiências e os erros de quantos lhe vinham suplicar reconforto.

Todavia, quando o Sol desaparecera distante e a névoa crepuscular invadira o suave refúgio, modesto viajante penetrou o estreito cenáculo, exibindo nas mãos largas nódoas sanguinolentas.

No compartimento, agora vazio, apenas o velho pescador se dispunha à retirada, suarento e abatido.

O recém-vindo, silencioso, aproximou-se, sutil, e tocou-o docemente.

O conturbado discípulo do Evangelho só assim lhe deu atenção, clamando, porém, impulsivo:

- Quem és tu, que chegas a estas horas, quando o dia de trabalho já terminou?

E porque o desconhecido não respondesse, insistiu com inflexão de censura:

- Avia-te sem demora! Dize depressa a que vens...

Nesse instante, porém, deteve-se a contemplar as rosas de sangue que desabotoavam naquelas mãos belas e finas. Fitou os pés descalços, dos quais transpareciam, ainda vivos, os rubros sinais dos cravos da cruz e, ansioso, encontrou no estranho peregrino o olhar que refletia o fulgor das estrelas...

Perplexo e desfalecente, compreendeu que se achava diante do Mestre, e, ajoelhando-se, em lágrimas, gemeu, aflito:

- Senhor! Senhor! Que pretendes de teu servo? Foi então que Jesus redivivo afagou-lhe a atormentada cabeça e falou em voz triste:

- Pedro, lembra-te de que não fomos chamados para socorrer as almas puras... Venho rogar-te a caridade do silêncio quando não possas auxiliar! Suplico-te para os filhos de minha esperança a esmola da compaixão...

O rude, mas amoroso pescador de Cafarnaum, mergulhou a face nas mãos calosas para enxugar o pranto copioso e sincero, e quando ergueu, de novo, os olhos para abraçar o visitante querido, no aposento isolado somente havia a sombra da noite que avançava de leve.

Pelo Espírito Irmão X
Do livro: Contos e Apólogos
Médium: Francisco Cândido Xavier

15 junho 2010

Perdão - Martins Peralva

PERDÃO

P. - Podemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?

R. - Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras.

A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei. (Emmanuel)


Em resposta a Pedro, o velho pescador galileu, informa o Divino Amigo que devemos perdoar não sete vezes mais sete vezes sete.

Em outra oportunidade, aconselha conciliação com o adversário "enquanto estivermos a caminho com ele", isto é, enquanto estivermos reencarnados.

O perdão, no conceito das religiões não-reencarnacionistas, significa "apagar as faltas".

Limpar a alma do pecado, ou seja, do mal praticado.

Eximir de responsabilidade.

Nos termos do perdão teológico, aquele que ofendeu alguém e recebe absolvições humanas, fica com a estrada livre para novos desatinos.

Há, como se vê, nesse tipo de perdão, visível estímulo a novos erros, novos enganos, novas ilusões.

O homem sente-se, inevitavelmente, estimulado a novas quedas, novas reincidências, com fatais prejuízos ao processo evolutivo, que se retarda no tempo.

A conceituação doutrinária do Espiritismo, em torno do tema "perdão", é bem outra.

Muito diversa, menos fácil, porém, inegavelmente, mais sensata, mais lógica.

O perdão, segundo a Doutrina Espírita, não alarga as portas do erro; pelo contrário, restringe-as, sobremaneira, por apontar responsabilidades para quem estima a leviandade e a injúria, a crueldade e o desapreço à integridade, moral ou física, dos companheiros de luta, na paisagem terrestre.

De acordo com os preceitos espíritas, não há perdão sem reparação conseqüente, embora os próprios Instrutores de Mais Alto lembrem a palavra evangélica, que nos incentiva à integridade com o Bem, no apostolado da fraternidade, através do ensinamento "o amor cobre a multidão dos pecados", que representa a única força "que anula as exigências da Lei de Talião, dentro do Universo Infinito" (Emmanuel)

O perdão que o Espiritismo e os amigos espirituais preconizam em verdade não é de fácil execução.

Requer muito boa-vontade.

Demanda esforço, esforço continuado, persistente.

Reclama perseverança.

Pede tenacidade.

É bem diferente do perdão teológico, que deve ter tido, em algum tempo, sua utilidade.

Não se veste de roupagem fantasiosa, não se emoldura de expressões simplesmente verbais.

Os postulados espíritas indicam-no por concessão de nova oportunidade de resgate e reparação dos erros praticados e dos males que deles resultaram.

Elevados Mensageiros do Pai, respondendo ao Mestre lionês, afirmaram que "O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado".

Emmanuel assevera, desenvolvendo a tese doutrinária, que "a concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei". ("O Consolador")

André Luiz esclarece que Deus "não castiga e nem perdoa, mas o ser consciente profere para si as sentenças de absolvição ou culpa ante as Leis Divinas" (O Espírito da Verdade).

Para a alma realmente interessada no perdão que não seja, apenas, um enunciado verbal, sem repercussões íntimas nas fontes augustas do sentimento, o ato de perdoar significa alguma coisa de grandioso e sublime, por isso mesmo difícil de executar.

Não se constitui da vã afirmativa: "eu perdôo", permanecendo o coração fechado a qualquer entendimento conciliador e a mente cristalizada nas vibrações menos fraternas.

Não há perdão real, legítimo, definitivo, evangélico, doutrinário, quando o ofendido não se inclina a ajudar o ofensor, a servi-lo cristãmente, a socorrê-lo nas necessidades de qualquer natureza, se preciso.

As verdadeiras características do perdão com Jesus, apregoadas pelo espiritismo, são, realmente, singulares e difíceis:

- esquecimento do mal recebido,

- não nos regozijarmos com os insucessos do ofensor,

- auxiliarmos, discretamente, sempre que possível, ao adversário,

- usarmos a delicadeza sincera, no trato com os que nos magoaram o coração ou feriram a sensibilidade,

- vibrarmos, fraternalmente, em favor dos que nos desestimam.

Como se observa, perdoar, segundo o espiritismo não é problema a resolver por meio de afirmativas apressadas, sem vivência interior.

O maior beneficiário do perdão não é, como parece, aquele que o recebe, mas o que o concede.

O que é perdoado, se reconforta, recolhe, dos Céus, as mais profusas bênçãos - bênçãos que nenhum tesouro do mundo pode substituir ou suplantar, tais como,

- conservação da paz interior,

- preservação da saúde,

- alegria de transformar o adversário em amigo, pelo reconhecimento que o perdão desperta e suscita. da alma humana, tais sejam, por exemplo, a humildade, o altruísmo, a nobreza moral.

Quem não perdoa, permanece ligado ao adversário, encarnado ou desencarnado, pelas faixas escuras do pensamento hostil.

Quem não perdoa, insistindo na mágoa raivosa, permite se estabeleça, entre a sua e a mente do adversário, uma ponte magnética, através da qual circulam, em regime de vaivém, de idas-e-voltas consecutivas, as vibrações do ódio e da vingança.

Quem perdoa, liberta o coração para as mais sublimes manifestações do amor que eleva e santifica.

"a alma que se perdoa, retendo o mal consigo, assemelha-se a um vaso cheio de lama e fel."

"Jesus aconselhava-nos a perdoar infinitamente, para que o Amor seja em nosso Espírito como Sol brilhando em casa limpa.

Maravilhosos conceitos, extraídos das obras de André Luiz!

Aquele que perdoa dissolve, ainda hoje, e aqui mesmo, os antagonismos, nas águas puras e doces da compreensão.

Quem não perdoa transfere para amanhã, noutras existências, em qualquer parte do Universo Ilimitado, os dolorosos reajustes, que bem se poderiam extinguir na presente reencarnação.

Aquele que perdoa, transpõe os pórticos da espiritualidade, na morte do corpo físico, com a paz na consciência, a luz no Espírito, o consolo no coração.

Quem não perdoa, carrega consigo, no mundo extracorpóreo, a sombra e o remorso.

De "O Pensamento de Emmanuel"- Martins Peralva

14 junho 2010

Afinidade e Herança - Augusto Cezar Netto

AFINIDADE E HERANÇA

Indubitavelmente, em matéria de filhos, no Plano Físico, a lei das afinidades quase pode ser considerada por fator determinante da chamada hereditariedade psicológica.

Isto é simples e compreensível se raciocinarmos, quanto ao imperativo da preparação em quaisquer empreendimentos humanos que visem a determinados fins.

A produção em massa na agricultura exige providências específicas do lavrador.

O edifício, destinado a servir com segurança, reclama na formação e na estrutura a orientação da engenharia.

Preparo é um requisito importante nas escolhas do amor, quando o amor se alteia de nível e procura aperfeiçoar-se para a Vida Superior.

Compreendamos que a vida dos companheiros encarnados se conjuga com a vida dos companheiros desencarnados que lhes são afins.

A dipsomania, por exemplo, é um hábito que muito raramente se observa numa pessoa que se embriaga a sós.

Geralmente, a criatura se alcooliza em companhia de irmãos desencarnados que, embora desenfaixados da experiência física, ainda não encontraram energia para se desvencilharem dessa prática.

Quando isso ocorre, é justo considerar que por muito se esforcem os Instrutores Espirituais, encarregados de cooperar na execução de certo plano de reencarnações para determinado grupo familiar, nem sempre conseguem evitar a intromissão de um ou mais de um dos alcoólatras desencarnados, porquanto se ajustam eles de tal modo às forças genésicas de um dos parceiros do compromisso sexual que acabam na condição de filhos deles, revelando, mais tarde, as mesmas tendências compulsivas.

Isso, porém, não sucede à revelia da Justiça da Vida, na Espiritualidade Superior.

O filho ou os filhos dipsômanos mostrarão ao pai ou à genitora que cultivem o excesso de alcoólicos a inconveniência de semelhante costume.

Desse modo, o elemento considerado em clandestinidade deixará a posição de invasor para ser utilizado na condição de agente regenerativo.

O mesmo acontece com a cleptomania, com a promiscuidade sexual e outros hábitos que dificultam a elevação do espírito.

Sabemos que os semelhantes se atraem. Por outro lado, não desconhecemos que a reencarnação nos é concedida na face do Planeta por recurso de auto-educação, burilamento, evolução e melhoria em nós mesmos.

Fácil, assim, reconhecer que as alterações infelizes nos projetos de sublimação e progresso, a que nos cabe atender, correm claramente por nossa conta.

Pelo Espírito Augusto Cezar Netto
Do livro: Falou e Disse
Médium: Francisco Cândido Xavier