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06 novembro 2010

O Amor e a Intolerância Religiosa - Francisco Cajaseiras

O AMOR E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Jesus não foi aceito como o messias prometido nas escrituras pela maioria dos seus compatriotas principalmente por não satisfazer ao perfil que se lhe fizera antecipadamente, baseado na virulência opiniática e no nacionalismo mórbido então vigentes.

Ao contrário de um revolucionário político e chefe militar plenipotente, bem ao gosto dos judeus seus contemporâneos, o Mestre Galileu se comportava como um renovador de ideias e um pacificador, destituído tanto dos farisaicos rigorismos formais, quanto do sectarismo e do orgulho racial judaicos então dominantes.

Sobrepunha os interesses espirituais aos materiais, entendendo o poderio romano como fato circunstancial e decorrente da imperfeição humana e, por isso mesmo, secundário, em importância, à mensagem que trazia do Alto.

“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

A despeito de sua postura pacífica, fraterna e universalista, muitos dos que se autointitulam cristãos (e, consequentemente, seus seguidores) têm se mostrado beligerantes e cruéis, não apenas com seus irmãos em Humanidade, profitentes de outras crenças religiosas, mas também — e até, parece, com maior rigor — com os que se aglutinam nas diversas facções que têm no Cristo seu condutor. Paradoxal realidade!

A ideia fixa de fazer prevalecer a sua opinião, a egolatria e o orgulho — tão semelhantes aos dos contemporâneos de Jesus — ainda dirigem o ânimo desses nossos companheiros.

Quanto morticínio e ódio, quanta maldade e ferocidade têm sido empregados em nome de Jesus, em flagrante confronto com sua máxima:

“Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado!”

Acaso ele excitou seus seguidores contra quem quer que fosse?
Suscitou a mínima violência em qualquer nível? Pediu a cabeça de algum dos seus opositores e inimigos?...

Não! Simplesmente amava-os e perdoava-os, sugerindo aos seus que assim também o fizessem.

Pedro, abaixo a tua espada, pois aquele que fere com a espada, por ela perecerá”.

“Amai os vossos inimigos e orais pelos que vos perseguem”.

A sua é uma doutrina de amor e não de ódios; de perdão, não de vinganças; de compreensão, não de intolerância!

Hoje, na alvorada do terceiro Milênio, apesar de todo o avanço alcançado pela ética, a razão e a inteligência humana, vê-se com tristeza, ainda, o mesmo quadro de fragilidade moral, desamor, radicalismo e fanatismo destruidores e desarticuladores do bem e da paz, na atitude de muitos
profitentes e líderes religiosos.

Compreendamos! É perfeitamente possível conviver harmoniosamente com as nossas diferenças interpretativas, alinhando os pontos em comum existentes entre as diversas manifestações religiosas ditas cristãs (a crença em Deus, o respeito a Jesus e a imortalidade da alma), sem necessidade de abrimos mão das outras ideias sobre esse ou aquele ponto, mas com o intuito único de somar esforços para a disseminação desses ensinamentos gerais a todos os homens de boa vontade, banindo de vez o materialismo de sobre a Terra.

Trocar o sectarismo, o egoísmo e o fanatismo pelo respeito ao semelhante e à sua maneira de pensar, pela fraternidade e pela humildade é o que Jesus nos pede, assim como seus discípulos e o que o Espiritismo, na condição de Cristianismo redivivo ensina aos seus prosélitos.

De “Elementos de Teologia Espírita”
de Francisco Cajazeiras

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