Comunhão com o mais Além
Nos dias mais tumultuosos da atividade cristã, durante as perseguições iniciadas por Saulo e pelo Sinédrio, assim como aquelas desencadeadas mais tarde pelos imperadores romanos, a comunhão com o Mais Além constituiu o estímulo e fortalecimento da fé, para que os apóstolos e mártires pudessem enfrentar os inimigos comuns, dominados pela coragem e pelo arrebatamento espiritual.
As incomparáveis comunicações dos Espíritos com os trabalhadores da seara de Jesus vitalizavam-nos, oferecendo-lhes o divino pábulo para que não desfalecessem no turbilhão dos ódios desenfreados que lhes arrebatavam tudo, humilhando-os, afligindo-os e roubando-lhes as vidas mediante a urdidura de planos nefandos.
A tirania farisaica era hábil em criar situações persecutórias, refinando sempre os métodos de antagonismo através das infindáveis arengas com que envolviam a lei mosaica de tal forma que ninguém, tornado sua vítima, conseguia fugir às injunções cruéis que promovia. Dessa inesgotável e generosa fonte da imortalidade jorrava a água lustral e cristalina que dessedentava as vítimas e as sustentava antes e durante os testemunhos vigorosos.
Os métodos insanos das bastonadas e chibatadas, dos ferimentos nos lábios e na face, logo seguidos do apedrejamento até a morte, quando não era utilizada a cruz de vergonha e de supremo desprezo pela vida dos outros, sempre se caracterizavam pela absoluta ausência de compaixão, de misericórdia, de respeito, demonstrando a ferocidade maldisfarçada pelas vestes impecáveis e pela conduta de gestos medidos...
Os romanos, por sua vez, eram específicos em punições perversas em que dilaceravam as vítimas ou as queimavam com o azeite fervente, com ferros em brasa, em combates com as feras, com os centuriões ou simplesmente os martirizavam nos espetáculos burlescos, disfarçados de teatro do horror, em que padeciam cruelmente na representação de irônicas peças mitológicas da tragédia ancestral...
Infelizmente, o ser humano sempre descobre métodos bárbaros para afligir as demais criaturas, atingindo supremos níveis de bestialidade que é despertada de maneira rápida e por qualquer pequena faísca de ira que se converte em ódio.
Surpreende a qualquer estudioso dos espetáculos circenses e das infames perseguições contra os discípulos de Jesus, a coragem com que enfrentavam o martírio, muitas vezes cantando, sem o menor rancor pelos seus insensíveis algozes, o que mais os exasperavam...
Essa força desconhecida provinha do Mestre amado e da certeza do valor das Suas promessas, bem como da presença dos Espíritos amigos e protetores que os assistiam, infundindo-lhes ânimo sempre novo e vitalidade desconhecida.
Quanto mais terríveis eram as tenazes com que tentavam silenciá-los, mais altivez e dignidade revestiam as vítimas das cruentas injunções.
Esses inexcedíveis amigos desencarnados rociavam com a sua ternura as ardências das dores acerbas, lenindo os sentimentos dos valorosos servidores transformados em réprobos, fazendo que as suas existências fossem o testemunho ímpar da sua crença libertadora.
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Em todas as épocas da humanidade sempre foram ouvidas as vozes do Além-túmulo, confirmando a sobrevivência da vida ao fenômeno desagregador da morte biológica. Foram os imortais que comunicaram ao mundo físico a sobrevivência em inequívocos testemunhos da imortalidade.Suas vozes claras e dignificantes ressoaram do túmulo convidando os demais seres humanos a reflexionar em torno dos seus ensinamentos, ora em forma de cantos de sublime beleza, noutros momentos em informações complexas e verdadeiras, mas também mediante os graves distúrbios obsessivos que esmagavam os deambulantes carnais.
Constituindo a população pulsante do Universo, os Espíritos, no Cristianismo, têm sido a força viva e atuante ao lado dos seus irmãos da retaguarda material deles necessitados.
Jesus dialogou com alguns, apresentassem-se na condição de vampirizadores das energias das suas vítimas, ou vingadores das ofensas sofridas e não desculpadas ao longo do tempo, de igual maneira com o inesquecível legislador Moisés e o profeta Elias no memorável fenômeno da transfiguração, quando esses O reverenciaram...
Foram, no entanto, a Sua ressurreição gloriosa e a Sua convivência com os discípulos, que assinalaram de maneira explícita e grandiosa o intercâmbio espiritual que o Espiritismo adota na vivência dos seus postulados, ensinados pelos próprios mentores e guias da sociedade.
Mediante esse intercâmbio de bênçãos reformulam-se conceitos existenciais, abrem-se espaços para a esperança e a certeza da continuidade do amor além dos limites orgânicos e para a felicidade sem jaça após o portal de cinza e de lama da sepultura.
Por isso, as células cristãs do Espiritismo sempre terão nas comunicações espirituais, a fonte geradora de luz da imortalidade, para diminuir as sombras do caminho evolutivo, para a sustentação do ânimo dos seus membros, para o encorajamento ao trabalho, quando o desfalecimento ameace ou as perseguições, que prosseguem sob outros aspectos, atemorizem os corações menos fortalecidos.
Jamais faltam o convívio com os imortais, as claridades da sua sabedoria, a presença estimuladora, o doce encantamento das suas vozes, sustentando as forças combalidas ou não dos transeuntes terrestres.
A caridade deles para com os seus irmãos reencarnados é imensa, estando sempre às ordens, testemunhando-lhes fidelidade e amor, a fim de que todos possam alcançar os altiplanos da espiritualidade em clima de festa de corações e arrebatamento das emoções superiores.
Por sua vez, sustentados pela mágica assistência desses anjos tutelares, os lidadores do bem terão mais encantamento para seguir adiante, assinalando a sua passagem na Terra em sombras com as estrelas luminosas da sua bondade e da afeição a todos os seres, semeando esperança e alegria de viver, superando as angústias da morte e os desencantos da existência.
Desse modo, mantém-te atento às inspirações que procedem do Mais Além, deixando-te conduzir pelos formosos Benfeitores da humanidade que trabalham ao teu lado em favor do mundo melhor e da sociedade mais feliz.
Não fosse esse formidando auxílio e muito mais difícil seria o prosseguimento dos ideais superiores, em face dos enfrentamentos perversos da cultura imediatista e ateia que vive na Terra.
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Nos inolvidáveis dias do martirológio cristão, enquanto as lágrimas e as angústias dilaceravam as esperanças das vítimas, confundindo-se com a psicosfera pestilenta dos recintos infelizes, os angélicos amigos espirituais esparziam o zéfiro perfumado e aguardavam que as carnes despedaçadas libertassem-lhes os Espíritos, a fim de os conduzirem aos páramos celestiais, vitoriosos após as refregas impostas pela evolução.Seja em qual situação te encontres hoje, recorda Jesus sempre amoroso, oferecendo-te apoio e vontade, ao mesmo tempo facultando que os Seus embaixadores rompam a cortina de matéria e entrem em contato contigo através dos fios invisíveis da inspiração e do apoio.
Segue adiante sem temor, porque o curso da vida não se encerra no túmulo, e além dele estua o amor vigilante e misericordioso.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 8 de junho de 2011 na residência de Josef Jackulak, em Viena, Áustria
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