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22 janeiro 2012

O Endereço de Deus - Richard Simonetti


O ENDEREÇO DE DEUS

Imaginemos que um gênio das Mil e uma Noites lhe concedesse a satisfação de três desejos, amigo leitor.

O que você pediria?

Certamente o conhecimento da Doutrina Espírita, luz abençoada de Deus em nosso caminho, inspirar-lhe-ia nobre roteiro de realizações.

Mas o homem comum, de visão limitada pela ignorância dos valores espirituais, coração sintonizado com o imediatismo terrestre, certamente optaria por riqueza, saúde, fama, poder, prazer, bem-estar...

Geralmente as pessoas almejam uma existência sem sobressaltos, nem problemas, com tanta “sombra e água fresca” quanto possível, pois, afinal “ninguém é de ferro”...

No entanto, se nos concedessem a mesma possibilidade de escolha nos tempos em que vagávamos pelo Continente Espiritual, às vésperas da presente existência, certamente seria diferente.

***

Conversei, certa feita, com um companheiro espírita, desses que chegam cheios de boas intenções e logo se afastam, dispensando explicações.

— Então, meu caro, por onde anda? Algum problema em nossa casa ou com você e a esposa? Ambos sumiram sem aviso...

— Não, Richard, não houve nada de grave. Estamos muito bem.
Talvez seja esse o problema... Como sabe, quando nos casamos, a vida era difícil. Eu ainda estudava. Ganhava o sustento em emprego precário, ajudado pela esposa que vendia roupas. Logo vieram dois filhos, o primeiro com problemas de saúde. Orçamento apertado, tudo controlado. Nada de gastos supérfluos, passeis, festas ou badalações...

— Lembro bem... Economizavam até o passe de ônibus! Era uma boa caminhada até o Centro...

— Isso mesmo! Não obstante as dificuldades ou até por causa delas, encontrávamos tempo e inspiração para o cultivo dos valores espirituais. Orávamos em família, participávamos dos serviços assistenciais no fim de semana, comparecíamos às reuniões doutrinárias. Nossa vida tinha um sentido, um ideal a ser concretizado... Isso tudo nos dava muita força e abençoada tranquilidade.

Suspirou fundo e concluiu, melancólico:

— Depois as coisas melhoraram. Comecei a ganhar dinheiro num promissor empreendimento comercial, meu filho superou os problemas de saúde, mudamos para um bairro de classe abastada. Multiplicaram-se compromissos profissionais e sociais. Atividade intensa, sem espaço para as orações em família, o culto, a atividade espiritual... Prosperamos materialmente, mas, tanto eu quanto minha esposa sentimos que algo precioso, de valor inestimável, ficou perdido...

— Talvez um sentido para a existência, um objetivo...

Meu amigo suspirou:

— Exatamente! Ficou um vazio... Lembro uma expressão popular que define o assunto: Éramos felizes e não sabíamos!

Lamentavelmente, não obstante o desabafo, meu amigo ainda não encontrou tempo para retomar os ideais negligenciados.

***

Quando o caminho é fácil, esquecemos a bússola do discernimento.

Acabamos nos desviando dos roteiros celestes que, bem sabemos, estão perfeitamente delineados nas lições de Jesus, reverenciado por Kardec no comentário à questão número 625 de O Livro dos Espíritos:

Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.

Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o espírito divino o animava.

Mas estejamos certos de que Jesus não se esquece de nós, permitindo que venham dores, lutas e dificuldades em nosso caminho.

Abençoado propósito inspira o Mestre Supremo:

Evitar que esqueçamos o endereço de Deus.


De “O destino em suas mãos”
De Richard Simonetti

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