A ILUSÃO DE SANGUE
Não
é o sangue que nos irmana, mas o espírito. Os laços consanguíneos são
ilusórios e efêmeros. Kardec explica no item 8 do capítulo XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “O
corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito, pois já
existia antes da formação do corpo. O pai não gera o espírito do filho.
Fornece-lhe apenas o envoltório corporal, mas deve ajudar o seu
desenvolvimento intelectual e moral, para fazê-lo progredir”. Filhos
de outros pais, procedentes de outro sangue, podem ser muito mais
ligados aos pais adotivos que os filhos consanguíneos.
Essa
é uma das razões por que os pais adotivos geralmente não querem revelar
a verdade aos filhos que adotaram. O amor paterno e materno ressurge
ante o filho que volta ao seu convívio. Mas Emmanuel revela um
dos aspectos da lei da reencarnação que exige atenção e respeito. Os
filhos que voltam ao lar por vias indiretas são espíritos em prova e,
portanto, em fase de correção moral. Precisam conhecer a sua verdadeira
situação para que a medida corretiva atinja a sua eficiência. E se
quisermos burlar a lei só poderemos acarretar-lhes maiores sofrimentos.
São
muitos os dramas e muitas as tragédias ocasionadas pela imprudência dos
pais que mentiram piedosamente aos filhos adotivos. Quando a verdade os
surpreende, o choque emocional pode transtorná-los, fazendo-os perder a
oportunidade de aprendizado que muitas vezes solicitaram com ardor na
vida espiritual. Esta é uma razão nova que o Espiritismo apresenta aos
pais adotivos, quase sempre apegados apenas às razões mundanas.
Aprendendo
desde cedo a se acomodar à situação de prova em que se encontra, o
filho adotivo resigna-se a ela e aproveita a lição de reajustamento
afetivo. Amanhã voltará de novo como filho legítimo, mas já em condições
de compreender os deveres da filiação.
A
vida aplica sempre com precisão os seus meios corretivos, mas nós nem
sempre a ajudamos, esquecidos de que os desígnios de Deus têm razões
profundas que nos escapam à compreensão. Se Deus nos envia um filho por
via indireta, devemos recebê-lo como veio e não como desejaríamos que
viesse.
Irmão Saulo - Do livro "Astronautas do Além"
De Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires / Espíritos diversos
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