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14 maio 2014

Renovadas Esperanças - Divaldo P.Franco


RENOVADAS ESPERANÇAS

A esperança esvanecia-se nos corações aflitos e nas vidas sobrecarregadas pelas injunções penosas, sendo substituída lentamente pela amargura e pelo desencanto.

Mais uma vez a opressão asfixiava Israel, reduzindo o seu povo à situação de hilota, sob a poderosa força das legiões romanas.

O governo, tão imoral quão perverso de Herodes, o Grande, espalhava o terror por todo o país, embora subserviente ao imperador desde quando o Senado romano nomeou-o como Rei dos judeus.

Jerusalém era um covil de criminosos a soldo da impunidade, desde que protegidos pelo Sinédrio ou pelo déspota, que passaria à História como um dos mais perversos do seu tempo.

O silêncio das revelações que se prolongava por alguns séculos demonstrava a decadência moral que dominava o reino sob severas provações.

De um lado, a Torre Antônia vigiava os passos de todos quantos se movimentavam na velha urbe, e, do outro, o suntuoso Templo, no qual os serviços religiosos perderam totalmente o significado espiritual, substituído pelo comércio de toda ordem, dominavam as consciências e sufocavam as parcas esperanças de melhores dias.

A traição, as calúnias, a bajulação disputavam soberania nos palácios do Sumo sacerdote e do cruel dominador, enquanto Roma vigiava-os com rigor, sempre pronta a interferir nas tricas intermináveis entre os rabinos ambiciosos, assim como entre as castas dos fariseus, saduceus, publicanos e proletários reduzidos à quase miséria total.

A justiça cedera lugar à astúcia e à perversidade em campeonato de insensibilidade moral e emocional.

A pessoa humana valia quase menos que uma animália.

Ao mesmo tempo, a ignorância em torno do sentido existencial e da busca moral de evolução predominava em toda parte.

Os fraudadores, os agiotas e os mercadores mantinham as suas bancas e os animais para o sacrifício no santuário, que deveria ser dedicado aos objetivos do espírito, sem qualquer consideração pela dignidade.

A preocupação dos fariseus com as fórmulas e a aparência exterior, em terrível hipocrisia, assustava as massas em desgoverno emocional.

O formalismo substituía a legitimidade dos sentimentos, e os rabinos aproveitavam-se da situação para o enriquecimento ilícito e o luxo exorbitante, em detrimento dos sofredores e miseráveis que enxameavam as cidades, especialmente Jerusalém.

*

Foi nesse clima histórico de hediondez que nasceu Jesus numa noite estrelada, após deixar o sólio do Altíssimo.

Esse acontecimento sublime dividiu os fastos históricos da Humanidade e nunca mais a desfaçatez, a insensibilidade emocional e a dureza dos corações encontrariam apoio na sociedade, embora ainda permaneçam, em predominância.

Ele veio traçar a linha divisória entre a verdade e a mentira, o poder político e o espiritual, o amor e a misericórdia em lugar da astúcia e da selvageria... Suave e nobre como uma réstia, que diminuiu a escuridão aparvalhante, Ele inaugurou o período da fraternidade sem jaça, do trabalho honorável, da imaculada justiça sob a proteção do amor até a abnegação e o sacrifício.

Jamais a Humanidade conheceu alguém do porte de Jesus.

Nunca houve alguém à Sua semelhança, que vivenciasse todos os postulados que enunciava, amparando e convivendo com aqueles que eram considerados excluídos, pelo simples fato de serem infelizes.

Ele abriu os braços e envolveu os desventurados em doce amplexo de ternura incomum, atendendo as criancinhas ingênuas, os enfermos desditosos, as mulheres equivocadas e todos aqueles que tinham fome e sede de justiça e de misericórdia.

Por isso, a Sua é a vida mais bela e grandiosa que passou pela Terra, deixando pegadas luminosas, a fim de que, através dos séculos, os transviados pudessem identificar o caminho que os pode conduzir com segurança à meta anelada, que é a plenitude, o Reino de Deus no próprio coração.

Ao escolher um monte nas cercanias do mar da Galileia como cenário de beleza ímpar, ele cantou as Bem-aventuranças, o mais perfeito código de ética moral e de comportamento que prossegue ressoando através dos últimos dois milênios nas mentes e nos sentimentos humanos.

Quem reflexione sinceramente no seu conteúdo, nunca mais voltará às paisagens ermas e terríveis do egoísmo, da insensatez, da indiferença pelos valores elevados da existência.

Suas mãos cariciosas dedicaram-se a limpar os leprosos, a abrir os olhos aos cegos, a descerrar os ouvidos dos moucos, a restituir movimentos aos paralisados, mas sobretudo a guiar como pastor dedicado o rebanho pela trilha de segurança, fazendo-se, Ele próprio, o Caminho para a Verdade e para a Vida.

A Sua voz canora narrou as extraordinárias parábolas, sintetizando todas as necessidades humanas e as soluções nessas narrativas fecundas e inolvidáveis, hoje transformadas em recursos psicoterapêuticos para os depressivos, os atormentados, os perdidos no país de si mesmos.

Nunca mais se ouviria o canto nem o encanto desse Homem incomparável que se negou a ser rei dos judeus, por ser o Senhor das estrelas...

*

Lembra-te de Jesus na celebração do Natal, evocando-Lhe a vida incomum, o amor inefável de que se fez portador, aplicando na conduta as lições insuperáveis que legou à Humanidade.

Não te deixes perturbar pelos ruídos das propagandas da ilusão, mantendo o silêncio interno e a visão clara para identificar os necessitados aos quais Ele denominou como Filhos do Calvário, e sendo-te possível, em memória Dele atenua-lhes as dificuldades e os padecimentos atrozes que os vergastam.

Permanece vigilante, a fim de que neste Natal Jesus deixe de ser confundido com o mercado dos presentes e retorne ao convívio do povo como a esperança de felicidade que se converte em realidade.


Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na noite de 14 de outubro de 2013, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.

Nota: A mensagem no site www.divaldofranco.com.br, está sem identificar a autoria espiritual. 


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