ONZE TÓPICOS SOBRE O SUÍCIDIO
Trecho do Capítulo V - O Reconhecimento
Livro: Memórias de um Suícida
1 - É o homem um composto de tríplice natureza: - humana, astral e espiritual, isto
é - matéria, fluido e essência. Esse composto poderá também ser traduzido em expressão
mais concreta e popular, assimilável ao primeiro grau de observação: - corpo carnal,
corpo fluídico ou perispírito, e alma ou Espírito, sendo que do último é que se irradiam
Vida, Inteligência, Sentimento, etc., etc. - centelha onde se verifica a essência divina e
que no homem assinala a hereditariedade celeste! Desses três corpos, o primeiro é
temporário, obedecendo apenas à necessidade das circunstâncias inalienáveis que
contornam o seu possuidor, fadado à desorganização total por sua própria natureza putrescível, oriunda do limo primitivo: - é o de carne. O segundo é imortal e tende a
progredir, desenvolver-se, aperfeiçoar-se através dos trabalhos incessantes nas lutas dos
milênios: - é o fluídico; ao passo que o Espírito, eterno como a Origem da qual provém,
luz imperecível que tende a rebrilhar sempre mais aformoseada até retratar em grau
relativo o Fulgor Supremo que lhe forneceu a Vida, para glória do seu mesmo Criador - é
a essência divina, imagem e semelhança - (que o será um dia) - do Todo-Poderoso Deus!
2 - Vivendo na Terra, esse ser inteligente, que deverá evolver pela Eternidade,
denomina-se Homem! sendo, portanto, o homem um Espírito encarcerado num corpo de
carne ou encarnado.
3 - Um Espírito volta várias vezes a tomar novo corpo carnal sobre a Terra, nasce
várias vezes a fim de tornar a conviver nas sociedades terrenas, como Homem,
exatamente como este é levado a trocar de roupa muitas vezes...
4 - O suicida é um Espírito criminoso, falido nos compromissos que tinha para com
as Leis sábias, justas e imutáveis estabelecidas pelo Criador, e que se vê obrigado a
repetir a experiência na Terra, tomando corpo novo, uma vez que destruiu aquele que a
Lei lhe confiara para instrumento de auxílio na conquista do próprio aperfeiçoamento -
depósito sagrado que ele antes deveria estimar e respeitar do que destruir, visto que lhe
não assistiam direitos de faltar aos grandes compromissos da vida planetária, tomados
antes do nascimento em presença da própria consciência e ante a Paternidade Divina,
que lhe fornecera Vida e meios para tanto.
5 - O Espírito de um suicida voltará a novo corpo terreno em condições muito
penosas de sofrimento, agravadas pelas resultantes do grande desequilíbrio que o
desesperado gesto provocou no seu corpo astral, isto é, no perispírito.
6 - A volta de um suicida a um novo corpo carnal é a lei. É lei inevitável,
irrevogável! É expiação irremediável, à qual terá de se submeter voluntariamente ou não,
porque a seu próprio benefício outro recurso não haverá senão a repetição do programa
terreno que deixou de executar.
7- Sucumbindo ao suicídio o homem rejeita e destrói ensejo sagrado; facultado por
lei, para a conquista de situações honrosas e dignificantes para a própria consciência,
pois os sofrimentos, quando heroicamente suportados, dominados pela vontade soberana
de vencer, são como esponja mágica a expungir da consciência culposa a caligem
infamante, muitas vezes, de um passado criminoso, em anteriores etapas terrenas. Mas,
se, em vez do heroísmo salvador, preferir o homem a fuga às labutas promissoras,
valendo-se de um auto-atentado que bem revelará a vasa de inferioridade que lhe
infelicita o caráter, retardará o momento almejado para a satisfação dos mais caros
desejos, visto que jamais se poderá destruir porque a fonte de sua Vida reside em seu
Espírito e este é indestrutível e eterno como o Foco Sagrado de que descendeu!
8 - Na Espiritualidade raramente o suicida permanecerá durante muito tempo. Descerá à reencarnação prestamente, tal seja o acervo das danosas conseqüências
acarretadas; ou adiará o cumprimento daquela inalienável necessidade caso as
circunstâncias atenuantes forneçam capacidade para o ingresso em cursos de
aprendizado edificante, que facilitarão as pelejas futuras a prol de sua mesma
reabilitação.
9 - O suicida é como que um clandestino da Espiritualidade. As leis que regulam a
harmonia do mundo invisível são contrariadas com sua presença em seus páramos antes da época determinada e legal; e tolerados são e amparados e convenientemente
encaminhados porque a excelência das mesmas, derramada do seio amoroso do Pai
Altíssimo, estabeleceu que a todos os pecadores sejam incessantemente renovadas as
oportunidades de corrigenda e reabilitação!
10 - Renascendo em novo corpo carnal, remontará o suicida à programação de
trabalhos e prélios diversos aos quais imaginou erradamente poder escapar pelos atalhos
do suicídio; experimentará novamente tarefas, provações semelhantes ou absolutamente
idênticas às que pretendera arredar; passará inevitavelmente pela tentação do mesmo
suicídio, porque ele mesmo se colocou nessa difícil circunstância carreando para a
reencarnação expiatória as amargas seqüências do passado delituoso! A tal tentação,
porém, poderá resistir, visto que na Espiritualidade foi devidamente esclarecido,
preparado para essa resistência. Se contudo vier a falir por uma segunda vez - o que será
improvável -, multiplicar-se-á sua responsabilidade, multiplicando-se, por isso mesmo,
desastrosamente, as séries de sofrimentos e pelejas reabilitadoras, visto que é imortal!
11 - O estado indefinível, de angústia inconsolável, de inquietação aflitiva e
tristeza e insatisfações permanentes; as situações anormais que se decalcam e sucedem
na alma, na mente e na vida de um suicida reencarnado, indescritíveis à compreensão
humana e só assimiláveis por ele mesmo, somente lhe permitirão o retorno à normalidade
ao findar das causas que as provocaram, após existências expiatórias, testemunhos
severos onde seus valores morais serão duramente comprovados, acompanhando-se de
lágrimas ininterruptas, realizações nobilitantes, renúncias dolorosas de que se não poderá
isentar... podendo tão dificultoso labor dele exigir a perseverança de um século de lutas,
de dois séculos... talvez mais... tais sejam o grau dos próprios deméritos e as disposições
para as refregas justas e inalienáveis!
*Camilo Cândido Botelho (espírito)
*Pseudônimo usado por Camilo Castelo Branco, para psicografar a obra recebida pela mediunidade de Yvonne A. Pereira.
Livro: Memórias de um Suicida - FEB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário