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09 novembro 2014

Honorabilidade - Joanna Ângelis


HONORABILIDADE


Estatuiu-se, na sociedade terrestre, que as conquistas de qualquer expressão exaltam o indivíduo e proporcionam-lhe honorabilidade e respeito. O progresso, portanto, atrela-se a qualidades morais, mesmo quando não exista qualquer correlação de identidade.

O desenvolvimento intelectual, a conquista de recursos econômicos, o destaque na Arte, na política, em qualquer que seja a área, produz respeitabilidade, honradez, e o seu portador passa a receber a bajulação dos parvos e dos aproveitadores, dos oportunistas sempre à espera de compensações. Entrementes, o progresso material nem sempre faz-se acompanhar daquele de natureza moral.

Nem todas as aquisições que deslumbram e projetam o ser humano têm procedência digna, sendo muitas assinaladas pela astúcia ou pela desonestidade, por métodos escusos ou heranças de procedência vergonhosa.

A honorabilidade resulta da vivência dos valores éticos adotados, dos costumes saudáveis, das condutas retas.

Mais facilmente se encontra nos sofredores a presença honrosa da dignidade, que constitui alicerce moral de segurança, sobre o qual são edificados os sentimentos de elevação e de paz, mesmo quando não existem os recursos aplaudidos pelos interesses da comunidade.

Considerando-se o hedonismo, o existencialismo e o individualismo que se estabeleceram como programas sociais da atualidade, não são de surpreender as ocorrências danosas que se instalam no comportamento geral com aspectos terríveis, avassaladores.

Violência, crimes de diversas ordens, rivalidades entre os indivíduos, traições, indiferenças pelo próximo e os seus problemas, constituem os frutos espúrios do comportamento ideológico da imensa maioria dos cidadãos do mundo.

Quando se lhes apresentam pautas morais de coragem ante as naturais vicissitudes, roteiros de elevação diante dos desafios evolutivos, propostas de dignificação e condutas éticas, são considerados fora de época, desequilíbrio mental, perturbação masoquista, porque estes são os dias para o prazer em que se deve beber a taça do consumo até as últimas gotas.

A princípio tem-se a impressão de que o licor da juventude e do estonteante gozo é absorvido até o momento quando esse conteúdo converte-se em fel e veneno, passando a destruir aqueles que o libam.

A filosofia dominante, eminentemente egotista, é a do ter mais e sempre mais, do destacar-se para aproveitar o momento fugaz até a exaustão.

Especialistas em atividades de divertimento e de sensações renovadas não se dão conta de que, enquanto elaboram planos de júbilos infindáveis, mais se acercam da desencarnação. Quando surpreendidos pelas enfermidades que alcançam a todos, pelos desencantos de algum insucesso, pelos acidentes orgânicos paralisantes e aqueles de outra natureza, não dispõem de resistência emocional para a sua administração.

Acreditam-se, inconscientemente, invulneráveis, inatingíveis pelo sofrimento que somente elege os outros, a ponto de viverem anestesiados em relação aos valores existenciais e à fragilidade de que se constitui o ocaso carnal no qual se encontram.

Quanta ilusão nos propósitos de viver apenas para desfrutar!


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É natural que todos os seres humanos anelem pela felicidade. O fundamental, no entanto, é saber-se em que a mesma consiste. Ignorando-se o de que se constitui, abraçam-se as sensações fortes, o armamento preventivo contra a solidariedade, a fim de não se exporem, e fogem sempre na busca da alegria que não deve cessar. Alcançando-a, não se dão conta de como é rápida a sua presença na emoção, logo cedendo lugar à ânsia de novos e incessantes júbilos.

O corpo, porém, não está programado somente para as sensações, mas sobretudo para as emoções e, quando essas se derivam do exterior, abrem espaço para o vazio existencial, para a sensação de inutilidade.

A felicidade, sem dúvida, é emoção profunda e duradoura de plenitude que o Espírito vivencia quando consegue conciliar a consciência tranquila como resultado do caráter íntegro e das emoções pacificadoras.

Honoráveis são todos aqueles que conseguem superar as más inclinações e se dignificam no esforço da autoiluminação.

Nesse sentido, a oferta de Jesus, desde há quase dois mil anos, diz respeito à imortalidade e não apenas à maneira como deve ocorrer o trânsito carnal que passa célere, mas tem como objetivo essencial trabalhar-se em favor do futuro espiritual inevitável.

É natural que se aspirem pelas alegrias, comodidades, satisfações, bem-estares. Isto, porém, resultará das condutas mentais que dão lugar aos acontecimentos que se desenrolam durante a existência.

Transferindo-se de uma para outra reencarnação, as realizações apresentam-se em novas formulações que são os desafios evolutivos para serem enfrentados e superados.

As distrações e fugas do dever não conseguem impedir que, no momento próprio, apresentem-se como impositivos inevitáveis para acontecerem.

A consciência lúcida em torno da imortalidade propicia inefável alegria, por facultar os meios hábeis para o comportamento nos momentos difíceis da reabilitação moral.

Ninguém existe que possa impedir o despertar para a realidade, fenômeno resultante da sucessão do tempo que impõe amadurecimento psicológico, porquanto, qualquer fuga, em vez de libertar do compromisso, mais o complica e o adia, para ressurgir à frente.


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Não te escuses ao chamado pela dor para a conquista da honorabilidade.

Se conheces algo da doutrina de Jesus, sabes que ela é um hino de louvor à vida e uma exaltação contínua ao amor em todas as facetas em que se apresente.

Reflexiona em torno de como te encontras e o que podes fazer para alcançar a meta que te está destinada: a perfeição relativa, o estado de reino dos Céus na mente e no coração.

Honoráveis foram os mártires de todo jaez, que não temeram o sacrifício, inclusive, o da própria existência.

Todo aquele que transforma a existência em um evangelho de amor no reto cumprimento do dever torna-se honorável.

Esforça-te para entender a finalidade existencial e segue, firme e abnegado, a trilha do teu compromisso para com a vida.


Joanna de Ângelis 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 6 de agosto de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

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