Antes deste breve estudo, importa saber que "o espírito"
é revestido de um envoltório fluídico, semi-material, ou perispírito, cuja matéria
se eteriza a medida em que ele se purifica. Possui Forma flexível e expansível,
amoldando-se à vontade (ou necessidade) do espírito.
No livro "Perante a Eternidade", um espírito que na vida carnal fôra deficiente,
conta-nos alguns aspectos do que ocorre com eles após a morte do corpo físico. Os
que sofrem com resignação têm no corpo doente a cura do espírito; os que se revoltam,
foram maus, desencarnam e continuam deficientes, às vezes em estado pior.
Conversei com urna senhora que, encarnada, foi cega. Por sua extrema revolta,
cometeu muitos erros, desencarnou e ficou quinze anos cega, vagando pelo Umbral.
Outros, socorridos, são internados em hospitais daqui e são curados com passes e
tratamento.
Para as pessoas boas tudo é mais fácil. Como o caso de um senhor que conheci
encarnado, cego de nascença. Pessoa boníssima, trabalhava para seu sustento. Contou
me que sua desencarnação foi como "dormir"; ao acordar, abriu os olhos e enxergou,
embora visse tudo embaralhado. Gritou de felicidade. Um médico do hospital para
onde fora levado lhe explicou sua situação de desencarnado, aplicou-lhe passes e
ele passou a enxergar nitidamente.
Conversei com um rapaz que foi, encarnado, paralítico. Com dificuldade movia
somente a cabeça e as mãos. Encarnou assim e desencarnou na adolescência. Falando
de sua vida, contou-me que destruiu, na outra existência, seu corpo perfeito num
suicídio, pulando de um penhasco, e o remorso impediu-o de reconstruir o perispírito.
Logo que tornou conhecimento de sua morte, pôde se mexer e com algumas horas de
tratamento, quando lhe foram anuladas as impressões do corpo físico, pôde andar.
Terminou, contente, sua narração, falando que aprendera a dar valor ao corpo Físico
e que é muito feliz por Deus ser Pai amoroso e não punir, pela eternidade (inferno
eterno), erros de momento.
Conversei com muitos que foram deficientes, surdos mudos, aleijados, débeis mentais.
Os bons foram socorridos de imediato e, após tratamento, tornaram-se sadios. No
meu caso, a primeira impressão que tive ao desencarnar é que continuava sem o membro
extraído. Muitos necessitam tratamento psicológico para que seja reconstituído o
membro que lhe faltava. Em casos de crianças e adolescentes, a reconstituição é
mais fácil, por não estar enraizada a falta do membro. Crianças aceitam sugestões
mais facilmente, tornando-se perfeitas em curtos períodos.
Conheci um homem no tratamento psicológico que, encarnado, teve o corpo perfeito.
Desencarnou e o remorso fez com que seu braço direito desaparecesse. Quando encarnado,
num impulso de raiva, surrara sua mãe. Ela caiu, bateu a cabeça e desencarnou. Quando
ele desencarnou, sofreu muito no Umbral. Quando o remorso o visitou não quis o braço
e este desapareceu. (Sendo o perispírito suscetível à ação da mente, o remorso externo
convergiu seus fluídos destruidores para o braço que agrediu a mãe). Faz tratamento
na colônia. Se encarnar assim, o feto, o corpo de carne, não terá o braço direito.
Enfim, sabemos que os deficientes resignados, boas surpresas terão ao desencarnar.
Não é o pai amoroso que nos faz doentes. Nós, pelos nossos erros, causamos deficiências.
Pelo sofrimento, pela aceitação é que nos curaremos e nos tornaremos sadios. Bendito
seja o Pai pelas grandes lições que temos. Podemos, com um corpo deficiente, reparar
erros que, em muitas crenças, nos trariam o castigo eterno.
Sidney Batista
Fonte: Jornal O Girassol
Revista Espírita Allan Kardec, nº 38.
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