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31 agosto 2015

Mente e Vida - Joanna de Ângelis





MENTE E VIDA


A usina mental é possuidora de inimaginável poder gerador de energia, mantendo-a neutra até o momento em que o Espírito a movimenta, conforme as aspirações que agasalha e o direcionamento que lhe compraz. Não existe um povo no qual, nas raízes de sua origem, a mente não tenha sido responsável pelo seu desenvolvimento e progresso.

À medida que a cultura adquiriu cidadania e as doutrinas psicológicas aprofundaram a investigação na psique, mais fácil se fez o entendimento e a aplicação dessas fabulosas energias.

Mente é também vida.

Todos nos encontramos mergulhados no pensamento exteriorizado pela Mente Divina, que tudo orienta e conduz com segurança, desde as colossais galáxias às micropartículas.

Conforme penses, assim viverás.

Se te permites o pessimismo contumaz, permanecerás na angústia, a um passo da depressão.

Se anelas pela felicidade, já te encontras fruindo as bênçãos que dela decorrem, como prenúncio do que alcançarás mais tarde.

Se projetas insucesso pelo caminho, seguirás uma trilha assinalada pelo fracasso elaborado pelo teu próprio sofrimento.

Se arrojas em direção do futuro o êxito, encontrá-lo-ás á tua espera, à medida que avances no rumo dos objetivos superiores. A mente produz aquilo que o pensamento direciona.

Quando consigas, por tua vez, entregar-te ao amor e vivê-lo em totalidade, poderás assinalar, qual o fez o apóstolo das gentes: Já não sou eu que vivo, mas o Cristo que vive em mim.

Aprofunda, portanto, reflexões em torno do pensamento, deixa-te potencializar pela sua força e canaliza-o para a felicidade que te está destinada, e a experimentarás desde este momento.

Joanna de Ângelis

Mensagem psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 20 de junho de 2007, no Centro Espírita 'Caminho da Redenção', Salvador-Bahia.

30 agosto 2015

Sua fé suporta as tempestades da vida? - Ricachard Simonetti


SUA FÉ SUPORTA AS TEMPESTADES DA VIDA ?

Então Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. E eis que houve grande agitação no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, estava dormindo. Os discípulos se aproximaram e o acordaram, dizendo: - Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!

Jesus respondeu:
- Por que vocês tem medo, homens de pouca fé?

E, levantando-se, ordenou os ventos e o mar, e tudo ficou calmo. Os homens ficaram admirados e disseram:

- Quem é esse que até os ventos e o mar lhe obedecem? (Mateus, 8:23-27)

OBSERVAÇÃO: Nós podemos dizer que, nossa jornada terrestre é uma longa viagem por mares desconhecidos.

Onde, às vezes, o oceano está belo e calmo, porque seguimos saudáveis e bem dispostos; finanças em ordem; estabilidade no emprego; família em paz ; sentimo-nos ajustados e felizes . . .

Mas que, de repente, sopram os ventos, levantam-se ondas que nos ameaçam. É quando uma doença inspira cuidados; somos demitidos do emprego; explode a crise familiar; parte o ente querido . . .

Muitas vezes, experimentamos a dificuldade para lidar com essas situações.

Vai a coragem; chega o pessimismo; nasce o medo; falece a esperança . . .

Manifestando a perturbação, o desencanto, a revolta, a rebeldia . . .

Em casos extremos, há quem caia no álcool, nas drogas, no desatino, na depressão, e até o suicídio, essa falsa porta de fuga que apenas nos precipita em sofrimentos mil vezes maiores.

Daí perguntamos: “Por quê nos comportamos assim?”

A resposta: “Falta de fé.”

A fé é a bússola, a segurança, o apoio para todas as situações.

Quem conquistou esta fé, nunca se perde nos balanços da vida, mesmo quando sopra o vento da infelicidade.

Porque a fé é uma conquista individual. Geralmente nos enganamos a respeito da fé. Porque julgamos possuí-la. Mas, nosso comportamento sugere o contrário, principalmente nas dificuldades da vida.

Na primeira sacudida em nosso barco, corremos para Jesus e pedimos para que Ele nos socorra, para que Ele solucione nossos problemas, como fizeram os apóstolos. Mas, a fé tem a função essencial de oferecer forças para solucionar problemas ao invés de afastá-los ou libertar o crente (pessoa que crê) dos testemunhos necessários para a nossa evolução.

Nós, dificilmente corremos para uma religião para buscarmos saber “por que sofremos”, “por que estamos aqui”, “o que Deus quer de nós”, etc. Nós não queremos saber, porque quando obtermos as respostas, teremos que mudar nosso modo de pensar e agir. E isto dá trabalho. É mais fácil pedir.

Richard Simonetti

29 agosto 2015

Os Falsos Profetas - Luís

 
OS FALSOS PROFETAS

Se alguém vos disser: “O Cristo está aqui”, não o procureis, mas, ao contrário, ponde-vos em guarda, porque são numerosos os falsos profetas. Então não vedes quando as folhas da figueira começam a embranquecer; não vedes os numerosos rebeldes ansiando pela época da floração; e o Cristo não vos disse: “Conhece-se a árvore pelos seus frutos”? Se, pois, os frutos são amargos, considerais a árvore má; mas se são doces e saudáveis, dizeis: “Nada tão puro poderia sair de um tronco mau”.

É assim, meus irmãos, que deveis julgar: são as obras que devem ser examinadas. Se os que se dizem revestidos do poder divino revelam todos os sinais de semelhante missão, ou seja, se eles possuem, no mais alto grau, as virtudes cristãs e eternas: a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia todos os corações; e se, confirmando as palavras, lhes juntam os atos; então podereis dizer: Estes são realmente os enviados de Deus.

Mas desconfiai das palavras melífluas, desconfiai dos escribas e dos fariseus, que pregam nas praças públicas, vestidos de longas vestes. Desconfiai dos que pretendem estar na posse da exclusiva e única verdade!

Não, não, o Cristo não está lá, porque aqueles que ele envia, para propagar a sua santa doutrina e regenerar o povo, são sempre, a seu próprio exemplo, mansos e humildes de coração, acima de tudo o mais; os que devem, por seus exemplos e seus conselhos, salvar a humanidade, que corre para a perdição e se desvia por caminhos tortuosos, serão, antes de tudo, inteiramente modestos e humildes. Todo aquele que revela um átomo de orgulho, fugi dele como de uma lepra contagiosa, que corrompe tudo o que toca.

Lembrai-vos de que cada criatura traz na fronte, mas sobretudo nos atos, a marca de sua grandeza ou de sua decadência.

Avançai, pois, meus queridos filhos, marchai sem vacilações, sem segundas intenções, na bendita caminhada que empreendestes. Avançai, avançai sempre, sem nenhum temor, e afastai corajosamente tudo o que poderia dificultar a vossa marcha para o objetivo eterno. Viajores, não estareis mais do que um breve tempo nas trevas e dores da prova, se vossos corações se deixarem levar por esta suave doutrina, que vem revelar-vos as leis eternas, satisfazendo todas as aspirações da vossa alma diante do infinito!

Sim, desde já podereis corporificar esses silfos alígeros, que perpassam nos vossos sonhos, e que, tão efêmeros, só podiam deleitar o vosso espírito, sem nada dizerem ao vosso coração. Agora, meus amigos, a morte desapareceu, cedendo lugar ao anjo radioso que conheceis, o anjo do reencontro e da reunião. Agora, vós que bem cumpristes a tarefa que o Criador vos deu, nada mais tendes a temer da sua justiça, porque Ele é pai e perdoa sempre aos seus filhos desgarrados, que clamam por misericórdia. Continuai, portanto, avançai sem cessar! Que a vossa divisa seja a do progresso constante em todas as coisas, até chegardes ao termo feliz em que vos esperem,afinal, todos aqueles que vos precederam.

Luís
Bordeaux, 1861

Obra:  O Evangelho Segundo o Epiritismo - Capítulo XXI - Item 8

28 agosto 2015

A "carne nutre a carne" ´Reflexões de um "Onivoro" - Jorge Hessen

 

A “CARNE NUTRE A CARNE” – REFLEXÕES DE UM “ONÍVORO”

Um leitor e amigo sugeriu-me comentar sobre a alimentação carnívora. A princípio, não ignoro que a ingestão de carne deriva dos nossos vícios milenários de nutrição. Alega-se também que a nossa atual constituição física ainda depende da alimentação carnívora para a manutenção da saúde e, por consequência, da vida, pois a carne é proteína e proteína é necessária para boa formação muscular, inclusive a cardíaca. Contudo, sei que as substâncias que o nosso corpo necessita também podem ser retirados dos vegetais.

É importante saber a princípio se a alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza. Os Benfeitores disseram a Kardec que em razão “da nossa constituição física, a carne nutre a carne, do contrário morremos. A lei de conservação nos prescreve, como um dever, que mantenhamos nossas forças e saúde, para cumprir a lei do trabalho. Temos que nos alimentar conforme exige a nossa organização fisiológica.” [1] Como observamos o ser humano é onívoro [2] e inclui a necessidade de carne em sua alimentação. Foi o Criador que nos constituiu fisiologicamente necessitando de carne. O complexo é nos autoconvencermos de que um dia não necessitaremos mais da carne.

Sem dúvida que a frase “a carne nutre a carne” justifica a alimentação carnívora sem remorsos. Porém, há os que defendem que podemos nos esforçar para diminuir a ingestão da carne paulatinamente. Concordo! Para tais vegetarianos há indícios de que a dieta carnívora potencializa o advento de inúmeras doenças que provavelmente têm menores chances de evoluir em pessoas que fazem uso da dieta vegetariana. Este é um bom argumento para a abstenção(da carne), até porque , segundo sustentam os Espíritos, “permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde”.[3] Os abstêmios da carne afirmam que há estudos sobre o risco cardiovascular em vegetarianos e onívoros . 

Constatou-se que a alimentação onívora, com excessos de proteínas e gorduras de origem animal, potencializa eventos cardiovasculares. Ao passo que as dietas à base de ovo, leite e vegetais ou só vegetais apresentaram menores riscos cardiovasculares.

Entretanto os cientistas alertaram que ainda é muito cedo para se estabelecer uma relação entre o consumo de carne vermelha e laticínios e o câncer de próstata, por exemplo, embora afirmem que as descobertas fornecem pistas para o estudo da ligação com a doença. Os abstêmios da carne garantem que a adrenalina produzida no estresse da morte, as toxinas (lixo metabólico) e a ureia que circulavam no organismo quando o animal é morto, se impregnam na carne. Fora os micro-organismos patogênicos: bactérias, vírus, protozoários (nenhum boi ou porco faz check-up antes de morrer). Lembrando que quase a metade da carne consumida no Brasil provém de abatedouros clandestinos, portanto as condições sanitárias são uma roleta- russa, porém com todas as balas no tambor.

Será que a prática do vegetarianismo é uma demonstração de evolução espiritual e ser onívoro é, por si só, um sinal de inferioridade moral? Respondo com Chico Xavier que não dispensava um bife acebolado com arroz e feijão. Isso não é lenda, é fato! Pela narrativa dos evangelistas o próprio Cristo comia peixe. 

O Mestre nunca desaprovou alimento algum. Comumente recorria à figura do pastor e suas ovelhas. Ora, pergunto aqui, para que um pastor criava ovelhas? Seria só para adorno caseiro ou para engordá-las e em seguida comê-las? Se tal situação fosse censurável perante a vida, o Sublime Senhor não usaria essa metáfora, pois o pastor seria pior que o lobo.

Sim, Jesus comia peixes, portanto comia carne (peixe não é vegetal), por isso Ele mesmo advertiu que o importante não é o que entra na boca do homem, mas o que sai dela. O que não significa aqui que a frase deva ser interpretada ao pé da letra e de modo extemporâneo para justificar o abuso da ingestão de carne, até porque o abuso é ilícito em tudo.

Apesar dos nossos vícios milenários de nutrição e os intransigentes debates em torno do assunto, não creio que comer carne possa acarretar expiações futuras. Contrariamente, a carne ainda serve de base alimentar para muita gente. Além disso a atual tecnologia tem produzido a carne em laboratório, isso sinaliza um futuro sem frigoríficos, abatedouros e matadouros que não serão mais necessários.

Sem adentrar no mérito da decisão particular daqueles que não ingerem carne, que eu respeito profundamente, recorro a Kardec quando inquiriu aos Espíritos se era importante abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação. Os Benfeitores explanaram que “era meritório se tal abstenção fosse em benefício dos outros. Aos olhos de Deus, porém, só há mortificação, havendo privação séria e útil. Por isso é que qualificamos de impostores os que apenas aparentemente se privam de alguma coisa.” [4]

A Doutrina Espírita não proíbe nada; orienta com o apelo que faz à razão. É uma questão de bom-senso! Se a “carne nutre a carne” nada me obriga a parar de comê-la. Até mesmo porque não são muitas as pessoas que se despojam de alguma coisa em benefício do próximo. Os motivos de alguns abstêmios da carne, raramente são muito convincentes; os discursos tangem para filosofias espiritualistas que não têm maior aproximação com o Espiritismo.

Faço aqui uma ajuizada advertência considerando os médiuns que lidam com serviços mediúnicos de desobsessão. Segundo André Luiz, “a alimentação, durante as horas que precedem o serviço de intercâmbio espiritual, deve ser leve. Nada de estômago cheio. A digestão laboriosa consome grande parcela de energia, impedindo a função mais clara e mais ampla do pensamento, que exige segurança e leveza para exprimir-se nas atividades da desobsessão.”[5]

“Aconselháveis os pratos ligeiros e as quantidades mínimas, crendo-nos dispensados de qualquer anotação em torno da impropriedade do álcool, acrescendo observar que os amigos ainda necessitados do uso do fumo e da carne, do café e dos temperos excitantes, estão convidados a lhes reduzirem o uso, durante o dia determinado para a reunião, quando não lhes seja possível a abstenção total, compreendendo-se que a posição ideal será sempre a do participante dos trabalhos que transpõe a porta do templo sem quaisquer problemas alusivos à digestão.”[6]


Referências bibliográficas:


[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: ed. FEB. 2001, perg 723
[2] O termo onívoro vem do latim omnis, que significa todos, e por isso alguns dizem que os onívoros são aqueles capacitados para consumir qualquer tipo de alimento. Seguindo a definição de que onívoro é o ser que se alimenta de carnes e vegetais, podemos dizer que o ser humano é onívoro, embora o hábito de comer carne seja mais ligado a fatores culturais, uma vez que o aparelho digestivo humano se assemelha mais ao dos seres herbívoros.
[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: ed. FEB. 2001, perg 722
[4] Idem , perg.724 
[5] XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Desobsessão, Cap. II, RJ: Ed. FEB, 1973 
[6] idem

Jorge Hessen
 

27 agosto 2015

Diante da Vida Social - Emmanuel

 

DIANTE DA VIDA SOCIAL

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será armado de meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele”.– Jesus. (João, 14:21)

“Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as cousas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade”. (ESE, Cap. 20.5)

Espiritualidade superior não se compadece com insulamento.

Se o trabalho é a escola das almas, na esfera da evolução, o contato social é a pedra de toque, a definir-lhes o grau de aproveitamento.

Virtude que não se reconheceu no cadinho da experiência figura-se metal julgado precioso, cujo valor não foi aferido.

Talento proclamado sem utilidade geral assemelha-se, de algum modo, ao tesouro conservado em museu.

Ninguém patenteia aprimoramento espiritual, à distância da tentação e da luta.

As leis do Universo, diligenciando a santificação das criaturas, não determinam que o mundo se converta em vale de mendicância e sofrimento, mas sim espera que o planeta se eleve à condição de moradia da prosperidade e da segurança para quantos lhe povoam as faixas de vida.

Todos somos chamados à edificação do progresso, com o dever de melhorar-nos, colaborando na melhoria dos que nos cercam.

Justo, assim, possas deter um diploma acadêmico, retendo prerrogativas de trabalho pela competência adquirida, no entanto, será crueldade nada fazer para que o próximo se desvencilhe da ignorância; natural desfrutes residência dotada de todos os recursos, que te garantam a euforia pessoal, mas é contrário à razão te endeuses dentro dela, sem qualquer esforça para que os menos favorecidos disponham de abrigo conveniente; compreensível guarneças a própria mesa com iguarias primorosas que te satisfaçam a dieta exigente, entretanto, é absurdo esperares que a fome alheia te bata à porta; perfeitamente natural, que te vistas, segundo os figurinos do tempo, manejando as peças de roupa que suponhas aconselháveis à própria apresentação, contudo, é estranho confiar vestuário em desuso ao domínio da traça, desconsiderando a nudez dos que tremem de frio.

Apoiemos o bem para que o bem nos apoie.

Para isso é preciso estender aos semelhantes os bens que nos felicitam.

Repara a natureza, no sistema de doações permanentes em que se expressa.

O céu reparte a luz infinitamente, o solo descerra energias e riquezas sem conta, fontes ofertam águas, árvores dão frutos... Felicidade sozinha será, decerto, egoísmo consagrado.

Toda vez que dividimos a própria felicidade dos outros, devidamente aumentada, retorna dos outros ao nosso coração, multiplicando a felicidade verdadeira dentro de nós.

Emmanuel (Espírito)
Obra: Livro da Esperança
(psicografado por) Francisco Cândido Xavier
Uberaba: Comunidade Espírita Cristã. Capítulo Setenta e Dois


26 agosto 2015

As afeições terrenas e a Reencarnação - Allan Kardec



AS AFEIÇÕES TERRENAS E A REENCARNAÇÃO

O dogma da reencarnação indefinida encontra oposições, no coração do encarnado que ama, porque, em presença dessa infinidade de existências, produzindo laços em cada uma delas, ele pergunta com espanto em que se tornam as afeições particulares, e se estas não se fundem num único amor geral, o que destruiria a persistência da afeição individual. Ele se pergunta se esta afeição individual não é apenas um meio de adiantamento e então o desânimo desliza em sua alma, porque a verdadeira afeição experimenta a necessidade de um amor eterno, sentindo que ela não se cansará jamais de amar. O pensamento desses milhares de afeições idênticas lhe parece uma impossibilidade, mesmo admitindo faculdades maiores para o amor.

O encarnado que estuda seriamente o Espiritismo, sem ideia preconcebida para um sistema e não para outro, sente-se arrastado para a reencarnação pela justiça que decorre do progresso e do avanço do Espírito a cada nova existência; mas quando o estuda do ponto de suas afeições do coração, duvida e se espanta mal grado seu. Não podendo pôr de acordo esses dois sentimentos, ele se diz que aí ainda um véu a levantar e seu pensamento em trabalho atrai as luzes dos Espíritos para pôr em concordância o coração e a razão.

Disse antes: a encarnação para onde é anulada a materialidade. Mostrei como o progresso material a princípio tinha requintado as sensações corporais do Espírito encarnado; como o progresso espiritual, vindo a seguir, havia contrabalançado a influência da matéria, depois a tinha subordinado a sua vontade e que, chegado a esse grau de domínio espiritual, a corporeidade não tinha mais razão de ser, pois o trabalho estava realizado. Examinemos agora a questão da afeição sob os aspectos materiais e espirituais.

Para começar, o que é a afeição, o amor? Ainda a atração fluídica, atraindo um ser para outro, unindo-os no mesmo sentimento. Essa atração pode ser de duas naturezas diversas, pois os fluidos são de duas naturezas. Mas para que a afeição persista eternamente, é preciso que seja espiritual e desinteressada; são precisos abnegação, devotamento e que nenhum sentimento pessoal seja o móvel deste arrastamento simpático. Desde que nesse sentimento haja personalidade, há materialidade. Ora, nenhuma afeição material persiste no domínio do Espírito. Assim, toda afeição apenas resultante do instinto animal ou do egoísmo, se destrói com a morte terrestre.

É assim que seres que se dizem amadas são esquecidos após pouco tempo de separação! Vós os amastes por vós e não por eles, que não vivem mais; esquecestes e os substituístes; procurastes consolo no esquecimento; tornam-se indiferentes porque não tendes mais amor. Contemplai a humanidade e vede quão poucas às afeições verdadeiras na terra! Assim, não se devem admirar tanto da multiplicidade das afeições aí contraídas. São em minoria relativa, mas existem as que são reais e persistem e se perpetuam sob todas as formas, primeiro na terra, depois se continuando no estado de Espírito, numa amizade ou num amor inalterável, que cresce, elevando-se mais. Vamos estudar esta verdadeira afeição: a afeição espiritual.

Ela tem por base a afinidade fluídica espiritual que, atuando só, determina a simpatia. Quando assim é, é a alma que ama a alma e essa afeição só toma força pela manifestação dos sentimentos da alma. Dois Espíritos unidos espiritualmente se buscam e tendem sempre a aproximar-se; seus fluidos são atrativos. Se estiverem no mesmo globo, serão impelidos um para o outro; se separados pela morte terrena, seus pensamentos unir-se-ão na lembrança e a reunião far-se-á na liberdade do sono; e quando soar a hora da reencarnação para um deles, procurará aproximar-se de seu amigo, entrando no que é a sua filiação material, e o fará com tanto mais facilidade quanto seus fluidos perispiritais materiais encontrarão afinidades na matéria corporal dos encarnados que deram à luz o novo ser.

Daí um novo aumento de afeição, uma nova manifestação de amor. Tal Espírito amigo vos amou como pai, vos amará como filho, como irmão ou como amigo, e cada um desses laços aumentará de encarnação a encarnação e se perpetuará de maneira inalterável quando, realizado o vosso trabalho, viverdes a vida do Espírito.

Mas esta verdadeira afeição não é comum na terra e a matéria a vem retardar, anular-lhe os efeitos, conforme ela domine o Espírito. A verdadeira amizade, o verdadeiro amor, sendo espiritual, tudo quanto se refere à matéria não é de sua natureza e em nada concorre para a identificação espiritual. A afinidade persiste, mas fica em estado latente até que, dominando o fluido espiritual, de novo se efetua o progresso simpático.

Resumindo, a afeição espiritual é a única resistente no domínio do Espírito. Na terra e nas esferas do trabalho corporal, concorre para o avanço moral do Espírito encarnado que, sob a influência simpática, realiza milagres de abnegação e de devotamento aos seres amados. Aqui, nas moradas celestes, ela é a satisfação completa de todas as aspirações e a maior felicidade que o Espírito possa desfrutar.

Revista Espírita 1864 - Allan Kardec - pág. 52

25 agosto 2015

Nos Caminhos da Vida - Maisa Baria



NOS CAMINHOS DA VIDA 

A vida não é como um círculo que se fecha a nossa volta nos deixando sem saída, sempre há uma opção, sempre há um novo jeito para se tentar, mesmo quando parece não haver solução para nossos problemas, há sempre um novo ângulo a ser observado.

Todos os caminhos na vida podem ser refeitos, renovados, transformados, incluindo aqueles que escolhemos erroneamente. Não é porque escolhemos determinado caminho que estamos aprisionados a ele. Há sempre novos meios, novas possibilidades se abrindo diante de nós, algumas mais simples outras mais complicadas, mas todas nos levarão para onde devemos ir.

Quando tudo parece perdido é necessário buscar por um vestígio de esperança, por onde a luz possa entrar e então nos concentrarmos nessa direção. Não podemos nos paralisar e acreditar que nada pode ser feito, há sempre algo a se fazer. É preciso focar na solução e não no problema para encontrar a resposta, para isso não podemos ter medo, precisamos confiar na nossa capacidade de superação, nessa força interior que sempre nos alerta e inspira nos capacitando a continuar.

Não existe situação na nossa vida, por mais difícil que seja, onde a vida não nos ofereça possibilidades de mudança. Porém, qualquer mudança só acontecerá se você se predispuser a movimentar-se a seu favor. Se você escolher ficar parado e não fizer nada, nada irá acontecer, não porque a vida te tirou as possibilidades, mas porque você escolheu ficar inerte diante delas.

As opções se abrem diante de nós e devemos ter a ousadia de nos lançarmos nesses caminhos de forma responsável, cientes de que são as nossas escolhas de hoje que moldarão as estradas futuras, mas ao mesmo tempo seguros e confiantes de que a vida sempre nos oferecerá uma nova oportunidade de caminhar.

A vida é uma sucessão de estradas conectadas que nos permite viajar rumo ao nosso destino, é preciso saber onde se quer chegar para se escolher por onde ir.

 

24 agosto 2015

Livre-Arbítrio e Providência Divina - Léon Denis


LIVRE-ARBÍTRIO E PROVIDÊNCIA DIVINA

Um dos problemas que mais preocuparam os filósofos e os teólogos é o do livre arbítrio: conciliar a vontade e a liberdade do homem com o fatalismo das leis naturais e com a vontade divina, parecia tanto mais difícil quanto um cego acaso parecia pesar, aos olhos de muitos, sobre o destino humano. O ensinamento dos espíritos esclareceu o problema: a fatalidade aparente que semeia de males o caminho da vida, não é mais que a conseqüência lógica do nosso passado, um efeito que se refere a uma causa, é o cumprimento do destino por nós mesmos aceito antes de renascer, e que nossos guias espirituais nos sugerem para nosso bem e nossa elevação.

Nas camadas inferiores da criação, o ser não tem ainda consciência; apenas a fatalidade do instinto o impele, e não é senão nos tipos superiores da animalidade que surgem, timidamente, os primeiros sintomas das faculdades humanas. A alma, jungida ao ciclo humano, desperta para a liberdade moral, o juízo e a consciência desenvolvem-se cada vez mais no curso de sua imensa parábola: colocada entre o bem e o mal, ela faz o confronto e escolhe livremente, tornada sábia pelas quedas e pela dor; e na prova, sua experiência forma-se e sua força mental se afirma.

A alma humana, livre e consciente, não pode mais recair na vida inferior: suas encarnações sucedem-se na dos mundos, até que, ao fim de seu longo trabalho, tenha conquistado a sabedoria, a ciência e o amor, cuja posse a emancipará para sempre das encarnações e da morte, abrindo-lhe a porta da vida celeste.

A alma alcança seus destinos, prepara suas alegrias ou dores, exercendo sua liberdade, porém, no curso de sua jornada, na prova amarga e na ardente luta das paixões, a ajuda superior não lhe será negada e, se ela mesma não a afasta, por parecer indigna dela, quando a vontade se afirma para retomar o caminho do bem, o bom caminho, a providência intervém e propicia-lhe ajuda e apoio, Providência é o espírito superior, o anjo que vigia na desventura, o Consolador invisível cujas inspirações aquecem o coração enregelado pelo desespero, cujos fluidos vivificadores fortalecem o peregrino cansado; providência é o farol aceso na noite para salvação daqueles que erram no oceano proceloso da existência; providência é, ainda e sobretudo, o amor divino que se derrama sobre suas criaturas. E quanta solicitude, quanta previdência neste amor. Não suspendeu os mundos no espaço, acendeu os sois, formou os continentes, os mares, para servir de teatro à alma, de campo aos seus progressos? Esta grande obra de criação cumpre-se somente para a alma, para ela combinam-se as forças naturais, os mundos deixam as nebulosas.

A alma é nascida para o bem, mas para que ela possa apreciá-lo na justa medida, para que possa conhecer-lhe todo o valor, deve conquistá-lo desenvolvendo livremente as próprias potencialidades: a liberdade de ação e a responsabilidade aumentam com sua elevação, pois quanto mais ela se ilumina mais pode e deve conformar a sua obra pessoal às leis que regem o universo.

A liberdade do ser é exercida, pois, em um círculo limitado, parte pelas exigências da lei natural que não sobre violações ou desordens neste mundo, parte pelo passado do próprio ser, cujas conseqüências se refletem sobre ele através dos tempos, até a completa reparação.

Assim o exercício da liberdade humana não pode obstar, em caso algum, a execução do plano divino, sem o que a ordem das coisas seria continuamente perturbada: acima de nossas vistas limitadas e variáveis, permanece e continua a ordem imutável do universo. Somos quase sempre maus juizes daquilo que é nosso verdadeiro bem; se a ordem natural das coisas devesse dobrar-se aos nossos desejos, que espantosas perturbações não resultariam disto?

A primeira coisa que o homem faria, se possuísse liberdade absoluta, seria afastar de si todas as causas de sofrimento, e assegurar para si uma vida plena de felicidade: ora, se existem males que a inteligência humana tem o dever e os meios de conjurar e destruir, como os que provêm do ambiente terrestre, outros existem que são inerentes à nossa natureza, como os vícios, que somente a dor e a repressão podem domar.

Neste caso a dor torna-se uma escola, ou antes, um remédio indispensável, pelo qual as provas são apenas uma repartição equânime da infalível justiça: é por ignorar os fins desejados por Deus, que nos tornamos rebeldes à ordem do mundo e às suas leis, e se elas são suscetíveis de nossas críticas, é apenas porque ignoramos o seu oculto poder.

O destino é conseqüência de nossos atos e de nossas livres resoluções: no suceder-se das existências, na vida espiritual, mais esclarecidos sobre nossas imperfeições e preocupações com os meios de eliminá-las, aceitamos a vida material sob a forma e nas condições que nos parecem adequadas a atingir esta finalidade. Os fenômenos do hipnotismo e da sugestão mental explicam-nos o que acontece em tais casos, sob a influência de nossos protetores espirituais; no estado de sonambulismo, a alma empenha-se a realizar uma certa ação em certo momento, por sugestão do magnetizador, e, despertada, sem recordar aparentemente a promessa, executa com exatidão o ato imposto. Assim o homem não conserva lembrança das resoluções que tomou antes de renascer, mas, chegada a hora, afronta os acontecimentos previstos, e participa deles na medida necessária ao seu progresso, ou ao cumprimento da lei inexorável.

Autor: Léon Denis

23 agosto 2015

Amor de Plenitude - Joanna de Ângelis


AMOR DE PLENITUDE


Em qualquer circunstância a terapia mais eficiente é amar.

O amor possui um admirável condão que proporciona felicidade, porque estimula os demais sentimentos para a conquista do Self, fazendo desabrochar os tesouros da saúde e da alegria de viver, conduzindo aos páramos da plenitude.

Ao estímulo do pensamento e conduzido pelo sentimento que se engrandece, o amor desencadeia reações físicas, descargas de adrenalina, que proporcionam o bem-estar e o desejo de viver na sua esfera de ação.

Inato no ser humano, porque procedente do Excelso Amor, pode ser considerado como razão da vida, na qual se desenvolvem as aptidões elevadas do Espírito, assinalado para a vitória sobre as paixões.

Mesmo quando irrompe asselvajado, como impulso na busca do prazer, expressa-se como forma de ascensão, mediante a qual abandona as baixadas do bruto, que nele jaz para fazer desabrochar o anjo para cuja conquista marcha.

A sua essência sutil comanda o pensamento dos heróis, a conduta dos santos, a beleza dos artistas, a inspiração dos gênios e dos sábios, a dedicação dos mártires, colocando beleza e cor nas paisagens mais ermas e sombrias que, por acaso, existam.

Pode ver um poema de esperança onde jaz a morte e a decomposição, já que ensina a lei das transformações de todas as coisas e ocorrências, abrindo espaço para que seja alcançada a meta estatuída nas Leis da Criação, que é a harmonia. Mesmo no aparente caos, que a capacidade humana não consegue entender, encontra-se o Amor trabalhando as substâncias que o constituem, direcionando o labor no rumo da perfeição.

O homem sofre e se permite transtornos psicológicos porque ainda não se resolveu, realmente, pelo amor, que dá, que sorri de felicidade quando o ser amado é feliz, liberando-se do ego a pouco e pouco, enquanto desenvolve o sentido de solidariedade que deve viver em tudo e em todos, contribuindo com a sua quota de esforço para a conquista da sua realidade.

Liberando-se dos instintos básicos, ainda em predomínio, o ser avança, degrau a degrau, na escada do progresso e enriquece-se de estímulos que o levam a amar sem cessar, porqüanto todas as aspirações se resumem no ato de ser quem ama.

A síntese proposta por Jesus em torno do amor, é das mais belas psicoterapias que se conhece: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, em uma trilogia harmônica.

Ante a impossibilidade de o homem amar a Deus em plenitude, já que tem dificuldade em conceber o Absoluto, realiza o mister, invertendo a ordem do ensinamento, amando-se de início, a fim de desenvolver as aptidões que lhe dormem em latência, esforçando-se por adquirir valores iluminativos a cada momento, crescendo na direção do amor ao próximo, decorrência natural do auto-amor, já que o outro é extensão dele mesmo, para, finalmente amar a Deus, em uma transcendência incomparável, na qual o amor predomina em todas as emoções e é o responsável por todos os atos. Diante, portanto, de qualquer situação, é necessário amar.

Desamado, se deve amar.

Perseguido, é preciso amar.

Odiado, torna-se indispensável amar.

Algemado a qualquer paixão dissolvente, a libertação vem através do amor.

Quando se ama, se é livre.

Quando se ama, se é saudável.

Quando se ama, se desperta para a plenitude.

Quando se ama, se rompem as couraças e os anéis que envolvem o corpo, e o Espírito se movimenta produzindo vida e renovação interior.

O amor é luz na escuridão dos sentimentos tumultuados, apontando o rumo.

O amor é bênção que luariza as dores morais.

O amor proporciona paz.

O amor é estímulo permanente.

Somente, portanto, através do amor, é que o ser humano alcança as cumeadas da evolução, transformando as aspirações em realidades que movimenta na direção do bem geral.

O amor de plenitude é, portanto. o momento culminante do ato de amar.

Desse modo, através do amor, imbatível amor, o ser se espiritualiza e avança na direção do infinito, plenamente realizado, totalmente saudável, portanto, feliz.



Ditado pelo Espírito Joanna de Ãngelis
Livro:Amor, Imbatível Amor
Divaldo Pereira Franco

22 agosto 2015

Reencarnação: Caminho para Plenitude - Américo Domingos Nunes Filho


REENCARNAÇÃO: CAMINHO PARA PLENITUDE


Por Américo Domingos Nunes Filho A Doutrina Espírita é riquíssima em informações a respeito da necessidade da reencarnação como caminho primordial e exclusivo para o espírito na busca do Infinito dentro de si; empreitada já conquistada pelo excelso Mestre Jesus, situando-se na primeira ordem da escala evolutiva que é a dos espíritos bem-aventurados ou puros (Q. 160 de “O Livro dos Espíritos”- “OLE”).


O QUE ENSINA A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS SOBRE A OBRIGATORIEDADE DO MERGULHO NA CARNE?

Assim como toda a criação, o Cristo foi gerado simples e ignorante e se “instruiu nas lutas e tribulações da vida corporal, percorrendo todos os graus da escala evolutiva, despojando-se de todas as impurezas da matéria”, conforme ensinam as questões 133 e 113 de “OLE”.

É na vibração mais densa, portanto, que o ser espiritual escolhe o seu caminho: “ Se não existissem montanhas, não compreenderia o homem que pode subir e descer; se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros” (Q.634 de “OLE”). Diz o insigne Léon Denis, na obra “Depois da Morte”, que a alma só adquire conhecimento no homem (FEB, pág. 124). No livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, esse ilustre pensador enfatiza que “só no homem a alma acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente...”.

Segundo a codificação kardeciana, “a união do Espírito e da matéria é necessária” (Q.25 de “OLE”), já que “os espíritos têm que sofrertodas as vicissitudes da existência corporal” (Q.132 de “OLE”) e “são felizes de conformidade com o grau de desmaterialização a que hajam chegado” (Q. 231 de ”OLE”).

Kardec diz: “a vida do espírito se compõe de uma série de existências corpóreas, cada uma das quais representa para ele uma ocasião de progredir” (Q.191 de “OLE”).
Quando aborda, na escala espírita, a Segunda Ordem, correspondendo a dos Bons Espíritos, a Doutrina Espírita relata que esses seres têm “ predominância sobre a matéria”, embora “não estando ainda completamente desmaterializados” (Q. 107 de “OLE”).

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, São Luís ensina que “ a passagem dos espíritos pela vida corporal é necessária para que possam cumprir, com a ajuda de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confiou; ela é necessária a eles mesmos porque a atividade que são obrigados a desempenhar ajuda o desenvolvimento de sua inteligência” (item 25, cap. IV).

Realmente, a pluralidade das existências é a via única para o alcance da plenitude espiritual. A conquista do Reino de Deus, imanente em todos os seres, no momento em que no estado de perfeição a que chegaram, “percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria” e “não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, não se acham mais submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material” (Q. 113 de “OLE”).

Os ensinamentos grifados acima, retirados da codificação espírita, revelam enfaticamente que a reencarnação é incontestavelmente o exclusivo caminho para a evolução do ser espiritual. Corroborando essa afirmativa, na obra “Obras Póstumas”, encontra-se o seguinte enunciado: “ A encarnação dos espíritos está nas leis da Natureza; é necessária ao adiantamento deles e à execução das obras de Deus.

Pelo trabalho, que a existência corpórea lhes impõe, eles aperfeiçoam a inteligência e adquirem, cumprindo a lei de Deus, os méritos que os conduzirão à felicidade eterna . Daí ressalta que, concorrendo para a obra geral da criação, os espíritos trabalham pelo seu próprio progresso” (Cap. III, item 21).

A seguir, no item 24, do cap. XI, da obra básica doutrinária “A Gênese”, Kardec afirma que “a obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento do corpo, a sua segurança, o seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento, é a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação.

Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente”.

SEM A REENCARNAÇÃO, NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE O ESPÍRITO ALÇAR VOOS EM ALTA VIBRAÇÃO ESPIRITUAL

O Espiritismo nega a evolução do espírito na erraticidade, dizendo que se o indivíduo não reencarnasse, permaneceria estacionário, conforme revela a Q. 175 (a) de “OLE”.

Na obra “A Terra e o Semeador”, o confrade Salvador Gentile pergunta:
“Chico Xavier, por que se diz que o espírito para evoluir precisa encarnar? No Mundo Espiritual, ele não evolui? Qual a diferença principal entre as duas faixas de evolução quanto ao aprendizado?”

Corroborando a codificação kardeciana, o ilustre medianeiro diz que “internados no corpo terrestre é que somos instruídos a respeito da necessidade de mais ampla harmonização de nossa parte, uns com os outros, certamente porque, vivendo nas esferas espirituais próximas da Terra, com aqueles que são as criaturas absolutamente afinadas conosco, não percebemos de pronto as necessidades de aperfeiçoamento e progresso.

Numa comunidade ideal, com vinte, quarenta ou dez pessoas raciocinando por uma faixa só, estamos tão felizes que corremoso risco de permanecer estanques em matéria de evolução por muito tempo. Beneficiados com a reencarnação, o estacionamento é quebrado de modo natural...” (Chico, nessa resposta, respeitando a codificação kardeciana, diz que a estagnação do ser, na espiritualidade, é finda, naturalmente, sem qualquer conotação punitiva).

Nas paragens espirituais, o ser espiritual, ainda deficiente, em grande proporção, se mantém nas malhas do arrependimento e do remorso, desejoso de outras experiências na carne, aproveitando o abençoado esquecimento do passado para restaurar sua paz, retificando seu caminho de dívidas e dúvidas.

Na erraticidade, tudo o que ele adquire como aprendizado, o que o faz melhorar discretamente na faixa evolutiva em que se encontra, terá que ser testado na dimensão física; portanto, só ascende, subindo para outro degrau da escada evolutiva quando passar pelas provas e expiações. O indivíduo faz cursos de aprendizagem como um vestibulando, mas só pode se graduar, quando se tornar vitorioso após as provas e cursar com sucesso a universidade da vida na matéria. O que adquiriu na espiritualidade, com muita vontade e desejo, todavia, terá de ser posto em prática na vivência corpórea, como ensina a Q. 230 de “OLE”.

A OBRIGATORIEDADE DA REENCARNAÇÃO NA ARENA FÍSICA, SEGUNDO JESUS: “IMPORTA-VOS NASCER DE NOVO” (JOÃO 3:7-8)

Corroborando a Doutrina Espírita, enfatizando a necessidade primordial da reencarnação para a evolução do espírito, o amado Mestre Jesus, dialogando com o fariseu Nicodemos, ensinou: “Em verdade, em verdade, te digo: “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo” (João 3:3). “Não te maravilhes de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo” (João 3:7):

Segundo o Evangelho de Jesus, é obrigatório para todos os espíritos (é-vos) o renascimento na carne para conquistar o Reino de Deus, isto é, para encontrar dentro de si a divindade que lhes dá a vida e esse mergulho interior é obtido através das inúmeras oportunidades reencarnatórias (”O que é nascido da carne, é carne”).

NECESSIDADE DA REENCARNAÇÃO PARA A EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO

Sem a reencarnação não há progresso moral e intelectual do ser espiritual, porquanto a dimensão física é o palco propício à retificação dos equívocos e para amealhar novos impulsos do presente.

Através do mergulho na vibração mais baixa, o indivíduo é submetido a uma tenaz tirania biogenética, vivenciando múltiplas facetas na personalidade, com a presença de biótipos psicológicos de variados matizes e sofrendo a pressão do meio em que está inserido.

Tudo isso proporcionará a oportunidade impar de se defrontar com a possibilidade de conquistar uma colheita primorosa de novas experiências.

O homem é "um Espírito transeunte, reencarnado nesta Terra, peregrino imperfeito, em determinado grau educativo em romagem da perfectibilidade para perfeição que, pela educação conquistada ou a conquistar em reencarnações sucessivas e progressivas como ser pluriexistencial, atingirá o estado de Puro Espírito, isto é totalmente educado" (Ney Lobo, Filosofia Espírita da Educação, vol. 1).


Por Américo Domingos Nunes Filho
Fonte: Artigo espírita Reencarnação Via Única para o Alcance da Plenitude?, do próprio autor.

21 agosto 2015

Livres, mas responsáveis - Emmanuel

 

LIVRES, MAS RESPONSÁVEIS

A quem nos pergunte se a criatura humana é livre, responderemos afirmativamente.

Acrescentemos, porém, que o homem é livre, mas responsávels, e pode realizar o que deseje, mas estará ligado inevitavelmente ao fruto de suas próprias ações.

Para esclarecer o assunto, tanto quanto possível, examinemos, em resumo, alguns dos setores de sementeira e colheita ou, melhor, de livre-arbítrio e destino em que o espírito encarnado transita no mundo.

POSSE - O homem é livre para reter quaisquer posses que as legislações terrestres lhe facultem, de acordo com a sua diligência na ação ou seu direito transitório, e será considerado mordomo respeitável pelas forças superiores da vida se as utiliza a benefício de todos, mas, se abusa delas, criando a penúria dos semelhantes, de modo a favorecer os próprios excessos, encontrará nas consequências disso a fieira das provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da abnegação.

NEGÓCIO - O homem é livre para efetuar as transações que lhe apraza e granjeará o título de benfeitor, se procura comerciar com real proveito de clientela que lhe é própria, mas, se arrasa a economia dos outros com o fim de auferir lucros desnecessários, com prejuízo evidente do próximo, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da retidão.

ESTUDO - O homem é livre para ler e escrever, ensinar ou estudar tudo o que quiser e conquistará a posição de sábio se mobiliza os recursos culturais em auxílio daqueles que lhe partilham a romagem terrestre; mas, se coloca os valores da inteligência em apoio do mal, deteriorando a existência dos companheiros da Humanidade com o objetivo de acentuar o próprio orgulho, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do discernimento.

TRABALHO - O homem é livre para abraçar as tarefas a que se afeiçoe e será honorificado por seareiro do progresso se contribui na construção da felicidade geral; mas se malversa o dom de empreender e agir, esposando atividades perturbadoras e infelizes para gratificar os seus interesses menos dignos, encontrará nas conseqüências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do serviço aos semelhantes.

SEXO - O homem é livre para dar às suas energias e impulsos sexuais a direção que prefira e será estimado por veículo de bençãos quando os emprega na proteção sadia do lar, na formação da família, seja na paternidade ou na maternidade com o dever cumprido, ou, ainda, na s ustentação das obras de arte e cultura, benemerência e elevação do espírito; mas, se para lisonjear os próprios sentidos transforma os recursos genésicos em dor e desequilíbrio, angústia ou desesperação para os semelhantes, pela injúria aos sentimentos alheios ou pela deslealdade e desrespeito nos compromissos e ajustes afetivos, depois de havê-los proposto ou aceitado, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do amor puro.

O homem é livre até mesmo para receber ou recusar a existência, mas recolherá invariavelmente os bens ou os males que decorram de sua atitude, perante as concessões da Bondade Divina.

Todos somos livres para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a entrar nos resultados de nossas próprias obras.

Cabe à Doutrina Espírita explicar que os princípios da Justiça Eterna, em todo o Universo, não funcionam simplesmente à base de paraísos e infernos, castigos e privilégios de ordem exterior, mas, acima de tudo, através do instituto da reencarnação, em nós, conosco, junto de nós e por nós.

Foi por isso que Jesus, compreendendo que não existe direito sem obrigação e nem equilíbrio sem consciência tranquila, nos afirmou claramente: "Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.

Emmanuel (espírito)
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Encontro Marcado

20 agosto 2015

Flor de Saudade - Richard Simonetti

 
FLORES DE SAUDADE

Se pretendemos cultuar a memória de familiares queridos, transferidos para o Além, elejamos o local ideal: nossa casa.

Usemos muitas flores para enfeitar a Vida, no aconchego do lar; nunca para exaltar a morte, na frieza do cemitério.

Eles preferirão, invariavelmente, receber nossa mensagem de carinho, pelo correio da saudade, sem selagem fúnebre.

É bom sentir saudade. Significa que há amor em nossos corações, o sentimento supremo que empresta significado e objetivo à existência.

Quando amamos de verdade, com aquele afeto puro e despojado, que tem nas mães o exemplo maior, sentimo-nos fortes e resolutos, dispostos a enfrentar o Mundo.

E talvez Deus tenha inventado a ilusão da morte para que superemos a tendência milenar de aprisionar o amor em círculos fechados de egoísmo familiar, ensinando-nos a cultivá-lo em plenitude, no esforço da fraternidade, do trabalho em favor do semelhante, que nos conduz às realizações mais nobres.

Não permitamos, assim, que a saudade se converta em motivo de angústia e opressão. Usemos os filtros da confiança e da fé, dificultando-a com a compreensão de que as ligações afetivas não se encerram na sepultura. O Amor, essência da Vida, estende-se, indestrutível, às moradas do Infinito, ponte sublime que sustenta, indelével, a comunhão entre a Terra e o Céu...

Há, pois, dois motivos para não cultivarmos tristeza:

Sentimos saudade - não estamos mortos...
Nossos amados não estão mortos - sentem saudade ...

E se formos capazes de orar, contritos e serenos, nesses momentos de evocação, orvalhando as flores da saudade com a bênção da presença, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo suavemente nossos corações com cariciosos perfumes de alegria e paz.

Por Richard Simonetti
Livro: "Quem tem medo da morte?"

19 agosto 2015

Para uma alma aflita - Maria Dolores


PARA UMA ALMA AFLITA

Sossega, alma querida, pois o Senhor nos deixou o Seu Amor!

Abranda o teu desespero, pois Ele segue à nossa frente, alargando o nosso caminho para que os espinhos nos consigam nos deter!

Sossega, alma irmã, sossega! A nossa aprendizagem é dura, é dolorosa, às vezes constrangedora, porém o resultado será maravilhoso!

E nos veremos um dia libertos dos nossos erros de avaliação que nos faziam ver tudo negro, e difícil e doloroso, quando mais não era que o corte necessário ao rompimento do véu que nos causava uma cegueira prejudicial à visão correta da Vida!

A Vida é Luz, é Alegria, é Júbilo pela presença constante do Senhor!

E quando não O vemos, não O sentimos, porque embargados pelos tantos véus que nos fazem cegos, e que se chamam vaidade, egoísmo, ódio, rancor e ambição desvairada, não vemos a Luz da Sua Presença, não sentimos a Alegria da Sua aprovação, tão bem acompanhados!

Por isso, alma amiga, sossega!
E procura dentro do teu coração a Vida Real que lá está, o que te dará a censura pelo que não corresponde aos teus reais anseios de bem, de felicidade, de poder!

Pois a Vida Real que te faz viver não é aquela que o mundo material te proporciona, e que passa e se modifica a cada instante, a cada mudança de tua mente e de teus apetites.

A Vida Real é aquela que antecede o teu nascimento no corpo de carne perecível e que sobreviverá ao teu desencarne!

A Vida Real é aquela que nosso Pai Celestial nos ofertou, nos doou e nos proporciona quando fazemos o esforço de procura-la em nossos corações, e de viver os seus preceitos que são simples: “São o Amor!!!”

Amor a Deus sobre tudo e sobre todos, e amor às criaturas de Deus, nossos irmãos, vizinhos, amigos e adversários, pois todos provindos da mesma Fonte, e todos a Ela voltando, quem mais lentamente quem mais rapidamente, porém todos!...

Portanto, alma querida, sossega o teu coração dolorido!
Pára um pouco, pensa, medita, e entra conosco no Caminho da Luz, no Caminho do amor, no Caminho da Fraternidade, no Caminho da Paz!

E te sentirás forte e destemida, e nada conseguirá impedir teus passos para a vivência real da Vida Real que existe no âmago do teu ser.

Que as Bênçãos do Divino Pai, do Divino Amigo, do Divino Mestre te envolvam, iluminando a tua alma irmã, a tua alma amiga, a tua alma querida!

Maria Dolores
Psicografia de Chico Xavier
Extraído de “Pétalas Esparsas da Margarida”

18 agosto 2015

A Luz da Razão e o Poder da Fé - J.Herculano Pires

 
A LUZ DA RAZÃO E O PODER DA FÉ


O conceito religioso da Fé como graça especial, concedida por Deus aos crentes de uma determinada religião, pertence ao passado. 

Esse conceito equivale a uma interpretação profunda-mente injusta da Justiça Divina. A Fé é um dom, sem dúvida, mas a doação de Deus é sempre universal, nunca se processa na medida estreita dos homens. Deus é o Criador e nós somos as suas criaturas. Isso quer dizer que Deus é Pai e nós somos os Seus filhos. Como poderia o Pai Supremo, que é fonte de todo o amor, de toda a

misericórdia, conceder apenas a alguns dos Seus filhos o dom fundamental da Fé, sem o qual o homem não poderia se elevar a Ele? O novo conceito da Fé, estabelecido pelo Espiritismo, coloca o problema em termos claros e precisos. A Fé, como dom natural, está presente no coração de todas as criaturas humanas. A semelhança do amor, que todos trazemos em gérmem dentro de nós, a Fé precisa germinar em nosso coração e ser cultivada por nós à luz da Razão. Assim, a Fé nos é dada como semente, mas temos de cultivá-la e desenvolvê-la. Nesse sentido, a Fé se toma uma conquista que temos de fazer na vida. Todas as nossas faculdades não devem também ser cultivadas? A Fé é uma faculdade da alma, do espírito, e cabe-nos desenvolvê-la em nós mesmos.

Fé e Razão se ligam com o Sol e a Terra. A Razão é o sol espiritual que alumia o nosso entendimento, afugentando as trevas e o frio da ignorância e da superstição, para nos dar a luz da compreensão e o calor da vida. Um homem sem fé está morto em si mesmo, é o seu próprio sepulcro. Mas basta-lhe acender a luz da razão para libertar-se da morte e do túmulo, para ressuscitar como Lázaro ante a voz do Messias.

O materialista, o ateu, o homem sem fé, na verdade confia em si mesmo, tem fé nas suas próprias forças. É como o peixe das profundezas, que sabe dominar a água mas ainda não conhece a luz do sol. A fé humana que o sustenta nas lutas diárias da vida vai se abrir na fé divina que lhe mostrará o esplendor das estrelas. A luz da Razão, à semelhança da luz solar, fará germinar e crescer o poder da fé em seu coração. Ninguém se perde ninguém está condenado para sempre. A Justiça de Deus se cumpre no íntimo de nós mesmos, porque Deus está em nós, presente em nós na misericórdia da suas leis.


Livro: O Homem Novo
Autor: J. Herculano Pires