AS QUATRO OPERAÇÕES
O conhecimento das quatro operações fundamentais da Aritmética: adição, subtração, multiplicação divisão, é-nos absolutamente indispensável, pois, sem essa base, impossível alcançarmos qualquer adiantamento no campo das ciências exatas.
Semelhantemente, a evolução de nossas almas depende, também, de que saibamos somar, subtrair, multiplicar e dividir, com a diferença de que, neste caso, não se trata de operar om simples algarismos, mas com valores outros, bem mais importantes.
Devemos, primeiramente, habilitar-nos a somar.
Somar experiências, isto é, conhecer o porquê de tudo quanto acontece em nosso derredor e em nós mesmos; senhorear-nos das causas e efeitos de todos os fenômenos, sejam físicos, espirituais ou sociais, para que nos tornemos aptos a discernir entre o útil e necessário e o que, ao revés, seja nocivo e inconveniente a nós e a nossos semelhantes.
A conquista desse tirocínio, é óbvio, demanda longo tempo e muito esforço; implica a vivência de uma variedade imensa de situações em que as quedas e as dilacerações dolorosas se verificarão com frequência, mas valerão a pena, porque todo esse sofrimento se transformará, depois, em auréola de glória.
Em seguida, exercitar-nos em diminuir.
Diminuir as necessidades grosseiras, herança de nossa passagem pela animalidade, e os apetites desordenados, próprios de nossa infância espiritual, esforçando-nos por alijar de nós a glutonaria, a sensualidade e os demais vícios a que nos tenhamos escravizado.
Diminuir, também, o apego às posses materiais, o personalismo egoísta e a vaidade, pois tal coisas são grilhões que nos prendem a este mundo, impedindo alcemos voo a planos mais altanados.
Diminuir, ainda, as agrestias de nosso caráter, despojando-nos da crueldade, da intolerância, do orgulho etc., reduzindo, consequentemente, as áreas de atrito e de desarmonia com nossos irmãos.
Cumpre-nos, depois, aprender a multiplicar.
Multiplicar o bem-estar coletivo, tornando-nos elementos prestantes no meio social a que pertencemos.
Multiplicar as obras de amparo aos desgraçados de todos os matizes, não com o objetivo de ganhar o céu, mas como quem obedece ao imperativo do Dever.
Multiplicar a liberdade no mundo, lutando pela igualdade dos direitos humanos, sem acepção de sexo, cor, raça ou ideologia.
Multiplicar a alegria e a paz nos corações, pugnando pela extinção de todo e qualquer conflito, seja de indivíduo contra indivíduo, de classe contra classe ou de nação contra nação.
Por último, a parte mais difícil do aprendizado: a arte de dividir.
Dividir o nosso Amor para com todos, sem excluir ninguém, nem mesmo aqueles que, porventura, se considerem nossos adversários, espargindo por onde passemos boas palavras e gestos de bondade, sem esperar compreensão, nem recompensa, servindo, sempre, pelo só prazer de servir.
Como disse o Mestre dos mestres, somente quando formos capazes dessa divisão de afeto com a família universal é que seremos dignos da companhia do Pai, cuja benignidade faz que os benefícios da chuva e dos raios solares, indispensáveis à vida na Terra, cheguem tanto aos bons como aos maus, aos justos como aos injustos. Isto porque todos nós nos ressentimos de algumas fraquezas que ainda não logramos vencer, e as diversidades de nível evolutivo, que nos distinguem em dado instante, diluir-se-ão no futuro, mercê da Lei do progresso que a todos impele para a frente e para o alto, rumo à perfeição.
De “Páginas de Espiritismo Cristão”, de Rodolfo Calligaris
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