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18 dezembro 2017

A inveja numa perspectiva espiritual - João Senna



A INVEJA NUMA PERSPECTIVA ESPIRITUAL


O sentimento mais difícil de entender, o que causa maior perplexidade é a inveja. O ódio, por exemplo, apesar de ser inapropriado, ao menos parece ser uma reação ao que não se gosta. Uma reação imprópria, é verdade, mas uma reação. Mas e a inveja? Qual a vantagem real ou imaginária que poderia existir?! Em que poderia nos afetar o sucesso ou aparente sucesso de alguém cuja vida não nos diz respeito? É o que tentaremos entender ou pelo menos refletir.

O invejoso não parece ter o desejo de ter o que temos. Se assim fosse, lutaria para ter ou seria algo que fosse do seu interesse diário ou pelo menos algo simpático ao invejoso. Mas, não é isto que ocorre.

Aquele que inveja, inveja qualquer coisa. Mesmo aquelas que não gosta. Ele inveja a amizade que muitos têm, mesmo que não se importe muito com os amigos e mesmo que não conheça os amigos daquele que inveja.

O invejoso inveja que o outro tenha um carro, mesmo que ele nem saiba dirigir. Ele ficaria feliz se você perdesse o carro em um acidente ou roubo e ficará mais satisfeito quando souber que você não tem seguro. O invejoso não admira você, porque admiração é um ato normal de respeito e acolhimento ao que tem valor.

As pessoas invejam o que poderiam ser e não são. Ou invejam o que deveriam se esforçar para ser. O invejoso percebe no sucesso do outro, o fracasso de si mesmo, o que ele poderia ser e por preguiça ou outro motivo qualquer, não é. Muitos não digerem bem quando a própria realidade é exposta. A desculpa todos damos a nós mesmos e que é desfeita diante do que o outro, igual a nós mesmos, consegui.

É para o invejoso inadmissível ver que o outro estudou na mesma escola, com os mesmos professores, na mesma classe social e consegui o que ele não conseguimos. O outro passa em um concurso e ele nem sequer pensou em fazer um concurso público. Alguém tem o mesmo salário que o dele, mas não tem dívidas e ainda cuida de dois filhos. Alguém acorda sorrindo, de bom humor, e o invejoso acorda aborrecido.

O invejoso não se conforma em invejar apenas coisas específicas, ele tem uma inveja por tudo de bom que ocorre na vida d outro, sobretudo, se o outro é alguém parecido com ele. Assim é que o pobre inveja o pobre, o professor inveja outro professor, o infeliz inveja o menos infeliz.

A inveja é semelhante a um câncer da alma que dissemina metástases em todos os departamentos da vida. Para combater a inveja é preciso primeiro que aprendamos a gostar do bem, onde quer que ele esteja, de qualquer forma que se apresente. Mas, para isto é preciso sair de si mesmo para encontrar a própria vida, e isto é o contrário do egoísmo. E o tratamento para o egoísmo, onde a inveja é uma das manifestações, é o olhar de amor, a atitude fraterna e caridosa para com o outro e para consigo mesmo.

Autoria: João Senna

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