SOMOS TODOS SUGESTIONÁVEIS PELOS HOMENS E PELOS ESPÍRITOS
Eu retornara de um ciclo de palestras. Chegara tarde. Dormira pouco. Não obstante, levantara bem disposto. Fizera a habitual caminhada e desenvolvera minhas atividades diárias, com excelente disposição.
À tarde um amigo comentou:
-Você está com fisionomia abatida. Parece cansado. Algum problema?V
Resposta negativa.
-É apenas impressão. Estou ótimo.
Estava.
A partir dali meu ânimo murchou. Em casa, diante do espelho, vi-me com olheiras, fadiga tomando conta.
À noite o corpo pedia cama. Foi com muito esforço que compareci às tarefas habituais no Centro, lutando contra renitente indisposição.
Incrível!
Simples observação inspirada na amizade, sem nenhuma intenção maldosa, evidenciando até preocupação com minha saúde, gerou a indesejável situação.
O episódio demonstra como a natureza humana é sugestionável. Raros possuem raízes de estabilidade emocional dentro de si mesmos. Nossos estados de ânimo flutuam ao sabor das influências que recebemos.
Há até um princípio, em Psicologia, segundo o qual as pessoas tendem a se comportar da maneira como as vemos. Imaginemos a sutilização dessa influência.
Não mais visível.
Algo que parece nascer dentro de nós mesmos.
Voz interior, insistente, insidiosa, que se mistura aos nossos pensamentos, a alimentar temores e dúvidas relacionados com nosso bem estar. Temos aí uma das opções preferidas dos perseguidores espirituais, quando se dispõem a explorar, na obsessão simples, personalidades hipocondríaca.
O paciente reclama: – Doutor, meu problema é complicado. Nem sei por onde começar. Sinto-me um compêndio de patologia, tantos são os males que me afligem!
Pior é a facilidade para assimilar sintomas. Horroriza-me o contato com doentes. Logo começo a sentir algo de seus padecimentos.
Jamais vou a velório. Saio com a sensação de que tenho a enfermidade que vitimou o defunto.
Há duas semanas um amigo foi acometido por fulminante enfarte. Desde então experimento
doloroso peso no peito, vendo-me na iminência de um colapso cardíaco!
Esse é o tipo hipocondríaco, alguém excessivamente preocupado com a própria saúde, vítima fácil das sugestões das sombras.
Assim como o fazem com os indivíduos empolgados pela usura e a ambição, os obsessores exacerbam suas inquietações.
Se o vêem conversando com um tuberculoso, atacam: Cuidado! Os bacilos da tuberculose propagam-se facilmente. Você lhe deu a mão ao cumprimentá-lo. Vá lavá-la imediatamente. Desinfete-a.”
Se após alguns dias a vítima sente ligeira fadiga, fruto de indisposição passageira ou leve pontada nas costas, nascida de um golpe de ar voltam à carga:
“Cuidado! Sua saúde está debilitada. É preciso procurar um médico! Submeter-se à radiografia dos pulmões!
Eis o obsidiado inteiramente apavorado.
Equivale dizer: inteiramente dominado pelos obsessores.
Uma das consequências desse tipo de influência é o aparecimento de males físicos variados, resultantes de suas tensões e temores.
“Namorando” a doença, o obsidiado acaba “casando-se” com ela.
O obsessor é o “oficiante”.
Autor: Richard Simonetti
Obra: Quem tem medo da Obsessão?
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