Total de visualizações de página

22 fevereiro 2018

O médium pode cobrar pela sua mediunidade? - Hugo Lapa



O MÉDIUM PODE COBRAR PELA SUA MEDIUNIDADE?


Uma pessoa fez essa pergunta aqui no grupo. Pode um médium, exercendo sua mediunidade, cobrar pelos atendimentos, livros, passes, curas ou outras atividades mediúnicas?

Sim… Poder ele pode. Não necessariamente o médium está rompendo as leis naturais caso ele cobre suas atividades. No entanto, é aconselhável que ele cobre? Essa resposta é não. Não é recomendável que qualquer médium cobre por livros, atendimentos, etc.

Mas por que o médium não deve cobrar? Simplesmente porque aquele trabalho não é dele. Por exemplo, um médium de cura que incorpora um espírito e este espírito faz todo o atendimento nas pessoas enquanto o médium fica inconsciente. Qual o mérito do médium nessa situação? Doar seu corpo e tempo para o trabalho. Mas o médium é dono do trabalho que fez? Não… o trabalho é todo dos espíritos; os espíritos realizaram todo o atendimento de cura enquanto o médium estava ausente. Nesse caso, é aconselhável que o médium cobre? Não… pois esse trabalho de cura não foi feito pelo próprio médium, mas sim pela equipe espiritual de cura. Por isso se diz que não é aconselhável que o médium cobre, porque o trabalho não pertence a ele, não veio dele, não foi elaborado por ele, não houve investimento da parte do médium para aprender aquele ofício, ao contrário: é um dom que lhe foi dado por Deus para se fazer o bem.

No entanto, vemos uma certa divisão no movimento espírita e espiritualista a esse respeito. Há uma parte dos médiuns que cobram e outra que não cobram. Por exemplo, Zíbia Gasparetto sempre lucrou com suas obras psicografadas pelos espíritos. Em tese, ela não poderia cobrar, mas isso não parece fazer diferença nenhuma para o grande público, que consome seus livros como se fosse água, sendo ela a médium que mais vende livros no Brasil. Robson Pinheiro, autor espiritualista conhecido e polêmico, é outro que cobra pelas suas obras mediúnicas. Robson Pinheiro montou até mesmo uma editora para publicar seus livros. Por outro lado, Chico Xavier nunca cobrou 1 centavo por todas as mais de 400 obras mediúnicas que escreveu ao longo de 70 anos de intenso trabalho psicográfico. Chico doou toda renda para obras de caridade. Em nossa visão, Chico agiu corretamente, por ter ajudado milhares de pessoas em seus projetos sociais e inspirado milhões de pessoas no bem e no caminho da evolução espiritual.

Eu não julgo, em hipótese alguma, um médium que deseja lucrar com sua mediunidade. Não creio que esse médium seja menos confiável ou esteja seguindo um caminho menos elevado apenas porque aufere lucros de sua atividade. No entanto, o caminho da mediunidade deve ser um caminho de renúncia pessoal, abnegação de qualquer tipo de interesse pessoal. Por isso, o ideal é o médium não cobrar…

Por outro lado, podemos questionar: e o sensitivo? O sensitivo ou o vidente pode cobrar pelos seus atendimentos? A resposta é sim. Mas por que o sensitivo pode e o médium não é aconselhável que ganhe com mediunidade? O vidente ou o sensitivo não usa em seus atendimentos o trabalho dos espíritos como o médium usa. Por exemplo, num trabalho de cirurgia espiritual, enquanto o médium incorpora um espírito e este faz todo o trabalho, o sensitivo se utiliza de sua própria percepção e sensibilidade para realizar um tratamento de cura. O sensitivo não é tomado por um espírito que faz o trabalho para ele… mas ele mesmo realiza todo o atendimento, de acordo com sua sensibilidade, seu conhecimento e as capacidades que ele desenvolveu em suas vidas passadas.

Quase todo sensitivo que atua nos dias de hoje desenvolveu seu dom com práticas místicas e espirituais aprendidas em suas vidas passadas. Essas práticas são consequência de um esforço dele mesmo, um trabalho interior que ele empreendeu a fim de despertar certas faculdades anímicas. O médium, por seu lado, não desenvolveu seu dom mediúnico em vidas passadas: é algo que lhe foi dado pela espiritualidade superior e que nenhum esforço ele precisou empreender em vidas passadas para obter suas faculdades, sejam de cura, de escrita automática, da psicofonia, etc. Por isso, o sensitivo pode, sem nenhum problema, cobrar seus atendimentos.

O ato de cobrar em si mesmo não pode ser considerado algo positivo ou negativo a priori. Há médiuns que cobram, mas não lucram. Esse é o exemplo de certos indivíduos que cobram os atendimentos, mas doam depois toda a renda para instituições de caridade. Chico Xavier também lucrava com seus livros, mas todo o dinheiro era revertido para os necessitados. Por outro lado, como dissemos inicialmente, o certo e o errado não podem ser estabelecidos tal como tábuas da lei de uma revelação superior que devem ser tomadas de forma literal e imutável. Os espíritos sempre deixam claro a importância de nossa intencionalidade em toda a nossa obra humana. A intenção é tudo no plano do espírito. Se o médium cobra, mas ele pensa primeira no bem estar das pessoas e em segundo plano no dinheiro, ele não está cometendo qualquer “pecado” e não está adquirindo karma negativo.

No entanto, o médium que não cobra, mas pensa primeiro em “encher seu ego” e depois, em segundo plano, considera o bem estar das pessoas, este, mesmo não cobrando, está adquirindo um karma negativo que poderá causar-lhe sofrimento futuro. Muitas vezes a moeda de troca não é o dinheiro, mas o ego: é aquele médium que gosta de ser adorado, gosta de aparecer, que gosta de se exibir, que aprecia ser estimado e visto como um “grande médium” da atualidade. Muitas vezes essa expectativa de retorno não financeira do orgulho e da vaidade mediúnica é mais grave do que o desejo pelo lucro material.


Nenhum comentário: