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15 janeiro 2019

Nós não temos tempo - Adriana Machado



NÓS NÃO TEMOS TEMPO


O tempo todo pensamos que temos tempo para fazer o que desejamos. É tão intrínseco isso que deixamos para depois o que podemos fazer hoje.

O problema (se posso dizer que é um problema) é que nós não temos tempo. O tempo não nos pertence, ele flui e nós estamos nele, como estamos em Deus.

O TEMPO FLUI

O tempo passa e tudo o que passou não volta mais. O tempo escoa por nossos dedos e tudo o que nele tinha a sua base também com ele escoará. O nosso passado está no passado.

Podemos, porém, não nos desatrelar do passado, trazendo-o para o presente. E fazemos isso porque o passado ainda não é passado; não está acabado, não está encerrado para nós. Ele ainda é presente.

No entanto, o tempo do passado no presente ou o próprio presente no presente, a cada segundo, deixa de existir e o que ficou foram nossas impressões, são as nossas crenças internas construídas ou destruídas a cada experiência. Elas nos fazem mais sábios, mesmo que não estejamos enxergando as lições que ficam para nós; mesmo que não entendamos que aquilo que ficou fará sentindo um dia em nossa existência.

O QUE É MAIS VALORIZADO: O TEMPO OU O QUE FAZEMOS COM ELE?

Após a nossa criação por Deus, nos tornamos seres atemporais (nosso espírito imortal), e para o plano imaterial voltaremos, deixando, finalmente, o ser que sofre o efeito do tempo se findar. Isso nos amedronta, mas é o destino de todos nós que ainda necessitamos viver no plano material. Para nós, na carne, nada fará o tempo voltar e ele poderá fazer falta se acharmos que não o aproveitamos como deveríamos.

Isso é notório quando estamos acamados, doentes em casa ou nos hospitais. Temos tempo para perceber realmente se e como aproveitamos (ou não) o nosso tempo, porque, nos tornamos mais introspectivos quando nestas condições.

Quase todos os médicos e enfermeiras são unânimes em concordar que o que mais se vê, nos quartos, enfermarias e corredores dos hospitais, são os doentes e familiares arrependidos por não terem se doado por inteiro àquela vida (sua ou do seu amor) a si ofertada; por não terem se dedicado mais aos verdadeiros valores do espírito, aos únicos tesouros que o espírito pode acumular e levar daqui. É como se você tivesse resolvido investir todo o seu dinheiro (tempo) em fundos de investimento (escolhas) e estes perderem o seu valor com a quebra da bolsa de valores (escolhas equivocadas).

A culpa por esse horrível investimento o acometerá, mas você poderá se acusar de ter errado se, naquele momento, tudo o levava a acreditar que seus investimentos estavam certos? Preste atenção onde a culpa se baseia, porque, possivelmente, é você se acusando (justa ou injustamente) de não ter feito tudo o que podia para impedir aquele desfecho.

Prestaram a atenção no que eu disse? Justa ou injustamente! Nem sempre estaremos corretos ao nos condenarmos pelas escolhas que fizermos.

JUSTIFICATIVAS OU DESCULPAS?

Voltemos ao caso da doença ou de um dos nossos amores no hospital, lugar onde paramos e nos damos a oportunidade de pensar sobre o que fizemos ou deixamos de fazer em relação a eles ou a nós mesmos: claro que poderíamos ter aproveitado melhor a presença dos nossos filhos, mas eu precisava trabalhar para dar o melhor para eles; claro que poderíamos ter ido visitar mais vezes os nossos pais, mas acreditávamos que teríamos mais tempo; claro que poderíamos ter ajudado financeiramente a nosso irmão quando este pediu ajuda, mas entendíamos que estávamos construindo o seu caráter para lutar pelo que ele sonhava... e quando nós ou estes se vão, uma culpa pode nos atormentar a alma.

Se isso ocorre é porque nós não estávamos totalmente convencidos de nossas próprias justificativas (ou desculpas) e, com o tempo que se foi, amadurecemos para perceber que elas (ou elas) poderiam ser contornadas e que a valorização do ser espiritual deveria ter sido a primeira meta. Mas, todas essas circunstâncias estão no passado e, o amadurecimento, no nosso presente. Por isso, aprendamos com o que ocorreu no passado e tentemos não repetir aquilo que provocou hoje o tormento de nossa alma.

O TEMPO É

O tempo não nos pertence porque ele não nos atende em nossos desejos. Ele chega e vai, ele chega e fica, ele vem e vai sem pudor, sem convite ou carta de despedimento.

Mas, mesmo não nos pertencendo, ele faz diferença, ele nos dá a oportunidade de nos moldar, ele nos dá a chance de refazermos os nossos equívocos simplesmente por estarmos nele e ele escoar de nós.

Não possuímos o tempo e quanto mais tempo gastarmos com o que não nos faz crescer, mais arrependidos poderemos nos sentir por não percebermos que a cada tempo que se vai, menos tempo teremos nesta vivência para melhor dela aproveitar e crescer.

Que entendamos que o tempo é um presente divino e que somente no presente ele existe para nós, mas que, como uma onda intensa, passará e também estará conosco e nos arremeterá aonde necessitamos estar para o nosso aprimoramento.

Usemos do tempo a nosso favor, mesmo que ele não possa ficar, mesmo que ele ainda esteja ao nosso redor!

O tempo não nos pertence, mas é nele que agiremos com os princípios e crenças que nos norteiam para transformarmos a nossa vida no presente, tendo o passado como instrutor e o futuro como meta!



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