A INFERTILIDADE E A ESTERILIDADE
Estávamos participando de uma aula sobre “reencarnação”, quando o assunto sobre a impossibilidade de ter filhos veio à tona.
Consagrado autor do livro adotado para o estudo, referia-se à mulher como “responsável” pela dificuldade em gerar filhos.
Nesse momento, uma aluna pronunciou-se alegando que, na sua opinião, o autor do livro estaria discriminando a mulher ao afirmar “que a mulher que não consegue gerar filhos, provavelmente abusou de suas faculdades genésicas noutras vidas e que referida dificuldade tratava-se, quase sempre, de expiação dessas faltas.”
Dizia a aluna: – Vamos fazer a mulher carregar mais essa culpa?
Nós, eu e a instrutora do curso naquele dia, concordamos com a aluna.
Explico a razão.
Recorremos à ciência e ao bom-senso para desmitificar o tema.
Primeiro, é preciso estabelecer a diferença entre infertilidade e a esterilidade.
Fala-se de infertilidade quando um casal não consegue a gravidez desejada ao fim de um ano de vida sexual ativa e contínua, sem estar usando qualquer método contraceptivo. A infertilidade resulta de uma disfunção dos órgãos reprodutores, dos gametas ou do concepto.
A esterilidade, por seu turno, é a impossibilidade que tem o homem ou a mulher de produzir gametas (células sexuais: óvulos para a mulher; espermatozoide para os homens) ou zigotos (ou ovos – células que resultam da fusão entre óvulos e espermatozoides) viáveis.
Daquilo que se depreende dos conceitos acima, podemos dizer que um casal é infértil se tem apenas uma diminuição das chances da gravidez, que podem ser contornadas por medidas médicas, e que é estéril quando a capacidade de gerar filhos é nula.
O autor do livro estudado referia-se, genericamente, aos dois casos e imputava à mulher a incapacidade por não conseguir engravidar.
Mas a ciência mostra que as coisas não são assim.
Estatisticamente, a infertilidade decorre em 30% dos casos da mulher; em 30% dos casos do homem; em 30% dos casos, de ambos; em 10% dos casos não é possível determinar-se a causa.
Tabu e preconceito atribuem, geralmente, à mulher a incapacidade de ter filhos. Mas, como podemos observar, essa incapacidade é a mesma para o homem e para a mulher.
E, do ponto de vista espiritual, cremos que não poderia ser diferente. Emmanuel, no seu fabuloso “Vida e Sexo”, afirma que nós, homens e mulheres, estamos, quase todos, comprometidos na área sexual considerando seu mau uso ao longo das existências.
Natural, portanto, que tanto o homem quanto a mulher possam apresentar certas limitações na área da procriação (incapacidade reprodutiva) em decorrência desses abusos (como por exemplo: traições, abortos, vícios sexuais etc.).
Mas os abusos na área sexual seriam determinantes para causar infertilidade ou esterilidade no homem e/ou na mulher?
Novamente, o bom-senso e a Ciência dizem que não.
Muitas causas de infertilidade/esterilidade podem ser evitadas, dependendo mais do comportamento do casal do que propriamente de causas orgânicas irreversíveis.
Na mulher, a infertilidade ou esterilidade podem ocorrer:
– por quaisquer doenças que afetam a vagina;
– por obesidade, estresse, bulimia, anorexia;
– Intoxicações, como as pelo álcool ou drogas;
– causas psicológicas.
No homem, a insuficiência quantitativa de espermatozoides e anomalias morfológicas ou distúrbios da motilidade dos espermatozoides, podem ocorrer por conta de:
– traumas ocorridos nos testículos (acidentes, por exemplo);
– doenças sexualmente transmissíveis;
– problemas causados pelo uso de medicamentos;
– extirpação da próstata.
Os pesquisadores afirmam que, na maioria das vezes, os fatores de infertilidade/esterilidade (sejam masculinos ou femininos), são adquiridos e decorrem de infecções; alterações hormonais; sequelas de cirurgias ou traumas ou do uso abusivo de medicamentos ou drogas.
Como podemos observar, em muitas situações, é o comportamento do homem e da mulher que alteram as condições naturais da fertilidade. E isso está acontecendo nessa existência, independentemente de causas anteriores (de outras vidas).
Precisamos estar atentos para não atribuirmos a todas as ocorrências danosas que nos alcançam a causas anteriores, isto é, de vidas passadas. Nem tudo é Lei de Causa e Efeito, pois nos encontramos inseridos num ambiente hostil, decorrente das condições precárias da vida planetária, e sujeito às mais diversas provações como acidentes, doenças etc.
Fernando Rossit
Bibliografia de apoio: http://www.abc.med.br
Fonte: Kardec Rio Preto
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