UNIFICAÇÃO: DESAFIO DO MOMENTO
Há muitas mensagens espirituais com conceitos e recomendações sobre união e unificação, mas cabe aos encarnados a responsabilidade pelas ações e a análise sobre como está sendo praticada a união: “[…] o que caracteriza a revelação espírita é o fato de sua origem ser divina, de a iniciativa pertencer aos Espíritos e de sua elaboração ser fruto do trabalho do homem.” [1] Nessas condições, são oportunas algumas reflexões.
Em mensagem pioneira, Emmanuel associa a prática da união com a vivência do Evangelho: “Compreendendo a responsabilidade da grande assembleia de colaboradores do Espiritismo brasileiro, formulamos votos ardentes para que orientem no Evangelho quaisquer princípios de unificação, em torno dos quais entrelaçam esperanças.” [2]
Em 1975, Bezerra de Menezes aponta o foco e o envolvimento real: “Mantenhamos unidos, em Jesus, para edificar e acender Kardec no caminho de nossas vidas, porque unicamente assim, agindo com a fraternidade e progredindo com o discernimento, é que conseguiremos obter os valores que nos erguerão na existência em degraus libertadores de paz e ascensão.” [2]
Nesses termos, devemos olhar para dentro de nossa seara com o objetivo de sentirmos os eventuais desafios: as obras da Codificação são a base das práticas? Como está o respeito ao próximo mais próximo? Como estão organizadas e como funcionam as instituições espíritas? Quais valores definem as indicações de companheiros para assumirem os encargos e cargos nas instituições? Em que ambiente se processam as escolhas de dirigentes nas instituições? Como os dirigentes e colaboradores de um centro interagem com os pares de outros centros? Como são tratadas as eventuais dificuldades e enganos doutrinários de instituições congêneres? Os líderes, expositores e médiuns são vistos com deslumbramento, como superiores ou mais evoluídos? Os temas da atualidade ou novos são tratados no ambiente espírita?
Cada questão deve ser refletida e sugerimos a analogia com as colocações de Emmanuel: “O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora. […] se faz impraticável a redenção do todo, sem o burilamento das partes, unamo-nos no mesmo roteiro de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo em comunhão com os homens, servindo e esperando o futuro, em seu exemplo de abnegação, para que todos sejamos um.”
No “mundo conturbado” de nossos dias – que se caracteriza por polêmicas, crescimentos, transformações e adequações -, e, na intimidade do espírita, são perceptíveis sentimentos predominantes de união? Sem essas condições, torna-se muito difícil a ideia de unificação entre sociedades espíritas. A palavra unificação pode significar “padronização”: ideia completamente antagônica aos princípios de união, por isso, Emmanuel destacou “burilamento das partes” e união “no mesmo roteiro”. A unificação, no sentido de convergência e somatória de esforços, é possível dentro da diversidade de situações, fundamentando-se no Codificador. [3]
Kardec define: “O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral […], e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas.” [3]
Referências Bibliográficas:
(1) Allan Kardec. Trad. lmbassahy, Carlos de Brito. A gênese. 1.ed. Cap.1. São Paulo: FEAL. 2018;
(2) Antonio Cesar Perri de Carvalho. União dos espíritas. Para onde vamos? Cap.5. Capivari: Ed. EME. 2018;
(3) Allan Kardec. Trad. Noleto, Evandro Bezerra. O Espiritismo é uma religião? Revista Espírita. Dezembro de 1868. Ano XII. FEB.2005.
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