O calendário reserva o dia 2 de novembro para a memória das pessoas que desencarnaram.
Nesse dia, as recordações fazem-se mais vivas e não poucos afetos que ficaram na Terra buscam os cemitérios para as homenagear. Limpam-lhes as sepulturas, adornam-nas com flores e fotos, visitam-nas.
Em alguns países, como o México, são realizadas festas que fazem parte do calendário tradicional de homenagens e são celebrados momentos evocativos com imensa alegria e todo um arsenal de atividades, de alimentos especiais, de jogos infantis e adultos, de música e baile...
Na Guatemala, usam-se pipas que colorem os céus numa celebração muito especial.
A tradição de origem católica remonta ao século II d.C., quando os cristãos recordavam os mártires e oravam por eles em um culto de ternura, respeito e saudade. Foi mais incrementada a comemoração a partir do século X, quando o abade Odilo de Cluny sugeriu na sua igreja que se celebrasse a memória dos mortos, porque notou que os mesmos eram esquecidos e sequer se orava por eles.
Houve períodos em que possuía uma grande força religiosa tal celebração, porém, à medida que os anos sucederam e os hábitos foram modificados, diminuiu o impacto, permanecendo até hoje, especialmente no Brasil, quando o dia é feriado, para facilitar a comemoração.
Allan Kardec, interrogando os Espíritos a esse respeito, deles recebeu uma resposta gentil, de que eles se compraziam ao serem lembrados e evocadas muitas experiências do passado de que participaram.
Merece, porém, algumas considerações, quando pessoas fragilizadas pela saudade, que não souberam viver o luto, deixam-se dominar pela tristeza e melancolia perturbadora, como se a vida houvesse terminado no momento em que houve a desencarnação do ser amado.
A grande verdade é que a imortalidade é um triunfo da vida.
A morte não aniquila os seres, apagando a sua realidade ou anunciando que logo depois vem o repouso em paz.
Cada qual, porém, desperta no Mais Além com os valores que lhe são peculiares, qual ocorre com o dia a dia de todos nós. O dormir faz-nos lembrar o morrer, e o despertar na manhã seguinte, como o ressurgir além do sepulcro.
Eis porque se torna muito importante a conduta saudável durante o périplo terreno, amealhando valores que servirão de bênçãos após a desencarnação.
Esse culto carinhoso aos que viajaram em direção da espiritualidade pode ser um estímulo para que as suas lembranças auxiliem aos que ficaram a viver dignamente em sua homenagem.
A morte sempre foi temida e detestada. Embora todos saibamos que iremos morrer, permanecem teorias absurdas e superstições acabrunhadoras.
Morrer é somente fenômeno biológico que liberta o Espírito da matéria.
Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, de 31 de outubro de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário