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30 novembro 2020

Mortos e Mortos - Joanna de Ângelis


MORTOS E MORTOS

Todas as civilizações da antiguidade oriental tributavam aos antepassados e aos mortos em geral expressivo culto de respeito e carinho. E até as pirâmides do Egito nos apresenta o significado das cerimônias que cercavam as exéquias fúnebres, inscritos nas pedras ou registrados nas páginas do Livro dos Mortos.

Na Grécia, como em Roma, as almas dos mortos mereciam as mais altas considerações e não poucas vezes os historiadores nos dizem dos colóquios havidos entre os que transpuseram a aduana do túmulo e os reencarnados, na retaguarda física...

Com Jesus, no entanto, as considerações que eram devidas aos desencarnados perderam toda e qualquer significação, ocupando estes o lugar que eles era próprio, na condição de espíritos imortais. E atestando-lhes a configuração imortalista o Rabi, várias vezes, os atendeu, mantendo expressivo comércio fraternal de esclarecimento e socorro com eles...

Nos tempos modernos ou no passado, em todas as dimensões da história, resssumam fatos comprobatórios da continuidade da vida depois da disjunção carnal.

O espiritismo, a seu turno, veio oferecer o atestado eloquente da imortalidade, ensejando experiências valiosas para a dignificação do homem a luz dos ensinos hauridos na boca dos imortais.

(...) E a morte não significa mais que veículo para os horizontes sem fim da vida verdadeira.

Há, no entanto, que considerar mortos e mortos.

Nem todos, porém, que vivem na carne são vivos e nem os considerados mortos são mortos.

Alguns vivem, é certo, mas poucos estão vivos para a vida...

* * *

Não importa a condição social em que os encontres.

Uns deambulam, ilustres, embora a indumentária carnal, cadaverizados pelo egoísmo.

Outros jornadeiam, bem acondicionados, mumificados pelo orgulho.

Mais outros passam, superficiais e inermes ante a ação corruptora da impudicícia.

Alguns movimentam-se, hipnotizados pelo prazer, a ele entregues.

Diversos aparecem inertes, aprisionados na indignidade.

Outros tantos escorregam, dominados pelo torpor do gozo animalizante.

Vários transitam aligeirados, abraçando a cobiça.

Grande número constitui-se de presunçosos, apodrecendo no ócio a que se entregam...


Mortos, todos eles, embora estejam no corpo físico. E há aqueles que, considerados mortos, continuam vivos.

Mortos que estão levantando as bases morais da sociedade sob o influxo da misericórdia de Jesus Cristo, o Excelso triunfador da morte..

Mortos que amam e retomam ao cativeiro da carne para que suas vozes falem sobre a vida.

Mortos que sofrem e voltam para anunciar, agônicos, as surpresas que experimentaram depois da travessia...

Mortos que trabalham e distendem braços incorpóreos na direção da dor alheia e socorrem.

Mortos que dilatam o Reino de Amor e Benignidade nos corações e nos espíritos ao império do clamor da Verdade.

Sim, mortos e Mortos.

Os primeiros estão ao teu lado, em toda parte, e os vês, falam contigo e os escutas. Examina-os de perto, usando as luzes com que a Doutrina Espírita te clareia o discernimento.

Os segundos também estão ao teu lado, em toda parte, embora nem sempre os vejas e, falando contigo, não os escutes.

Aqueles são os chamados vivos e atuantes, enquanto estes teimosamente são considerados mortos.

Medita!

Considerando a tua própria situação, em face dos ensinos do Espiritismo-cristão, examina como vives, como ages, que pretendes.

Se, em verdade, és do grupo que vive caminhando para a Vida, não te detenhas no charco das lamentações nem pares no poço escuro da revolta; arrebenta as algemas do erro, aproveita a preciosa gema da oportunidade e faze-te atuante instrumento desses mortos diligentes em quem crês, a quem amas, de quem te fala a mensagem espiritista, oferecendo a contribuição valiosa do teu esforço para que também tu, depois da morte sejas um desses incansáveis mortos...

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo P. Franco Livro: Dimensões da Verdade - 21


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