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31 maio 2021

Namoro - Emmanuel


NAMORO

«Pergunta - Além da simpatia geral, oriunda da semelhança que entre eles exista, votam-se os Espíritos recíprocas afeições particulares?»

«Resposta - Do mesmo modo que os homens, sendo, porém, que mais forte é o laço que prende os Espíritos uns aos outros, quando carentes de corpo material, porque então esse laço não se acha exposto às vicissitudes das paixões.» Questão nº 291, de O LIVRO DOS ESPIRITOS».

A integração de duas criaturas para a comunhão sexual começa habitualmente pelo período de namoro que se traduz por suave encantamento.

Dois seres descobrem um no outro, de maneira imprevista, motivos e apelos para a entrega recíproca e daí se desenvolve o processo de atração.

O assunto consubstanciaria o que seria lícito nomear como sendo um "doce mistério" se não faceássemos nele as realidades da reencarnação e da afinidade.

Inteligências que traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências no campo sexual em estâncias passadas, corações que se acumpliciaram em delinquência passional, noutras eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na com- plementação magnética, diàriamente compartilham as emoções de semelhantes encontros, em todos os lugares da Terra.

Positivada a simpatia mútua, é chegado o momento do raciocínio.

Acontece, porém, que diminuta é, ainda, no Planeta, a percentagem de pessoas, em qualquer idade física, habilitadas a pensar em termos de auto-aná- lise, quando o instinto sexual se lhes derrama do ser.

Estudiosos do mundo, perquirindo a questão apenas no "lado físico", dirão talvez tão-somente que a libido entrou em atividade com o seu poderoso domínio e, obviamente, ninguém discordará, em tese, da afirmativa, atentos que devemos estar à importância do impulso criativo do sexo, no mundo psíquico, para a garantia e perpetuação da vida no Planeta.

E' imperioso anotar, entretanto, em muitos lances da; caminhada evolutiva do Espírito, a influência exercida pelas inteligências desencarnadas no jogo afetivo. Referimo-nos aos parceiros das exis- tências passadas, ou, mais claramente, aos Espíritos que se corporificarão no futuro lar, cuja atua- ção, em muitos casos, pesa no ânimo dos namora- dos, inclinando afeições pacificamente raciocinadas para casamentos súbitos ou compromissos na pa- ternidade e na maternidade, namorados esses que então se matriculam na escola de laboriosas respon- sabilidades. Isso porque a doação de si mesmos à comunhão sexual, em regime de prazer sem pon- deração, não os exonera dos vínculos cármicos para com os seres que trazem à luz do mundo, em cuja floração, aliás, se é verdade que recolherão tra- balho e sacrifício, obterão também valiosa colheita de experiência e ensinamento para o futuro, se com- preenderem que a vida paga em amor todos aque- les que lhe recebem com amor as justas exigên- cias para a execução dos seus obietivos essenciais.

Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Vida e Sexo - 3


30 maio 2021

Perispírito - Joanna de Ângelis


PERISPÍRITO

CONCEITO

Parte essencial do complexo humano o perispírito ou psicossoma se constitui de variados fluidos que se agregam, decorrentes da energia universal primitiva de que se compõe cada Orbe, gerando uma matéria hiperfísica, que se transforma em mediador plástico entre o Espírito e o corpo físico.

Graças à sua existência, a dualidade ancestral, Espírito e Matéria, se transformou em organização trina, em considerando a essencialidade de que se faz objeto, na sustentação da vida vegetativa e orgânica, de que depende o soma, como veículo da Alma, e, simultaneamente, pelas impressões que envia à centelha encarnada, que as transforma em aquisição valiosa, decorrente da marcha evolutiva.

Revestimento temporário, imprescindível à encarnação e à reencarnação, é tanto mais denso ou sutil, quanto evoluído seja o Espíiito que dele se utiliza. Também considerado corpo astral, exterioriza-se através e além do envoltório carnal, irradiando-se como energia específica ou aura.

Por mais complexos cálculos se processem as técnicas para o estudo da irradiação perispiritual ou da sua própria constituição, faltam, no momento, elementos capazes de traduzir aquelas realidades, por serem, por enquanto, de natureza desconhecida, embora existente e atuante. Não é uma condensação de caos elétrico ou de forças magnéticas, antes possui estrutura própria, maleável, em algumas circunstâncias tangível - como nas materializações de desencarnados, nas aparições dos vivos e dos mortos; atuante - nos transportes, nas levitações; ora ponderável, podendo aumentar ou diminuir o volume e o peso do corpo; ora imponderável, como ocorre nas desmaterializações e transfigurações.

Informe na sua natureza íntima, adquire a aparência que o Espírito lhe queira imprimir, podendo, desse modo, tornar-se visível em estado de sono ou de vigília, graças às potencialidades de que disponha o Ser que o manipula.

Conhecido pelos estudiosos, desde a mais remota antiguidade, há sido identificado numa gama de rica nomenclatura, conforme as funções que lhe foram atribuídas, nos diversos períodos que duravam as investigações.

Desde as apreciáveis lições do Vedanta quando apareceu como Manu, maya e Kosha, era conhecido no Budismo esotérico por Kama-rupa, enquanto no Hermetismo egípcio surgiu na qualidade de Kha, para avançar, na Cabala hebraica, como manifestação de Rouach. Chineses, gregos e latinos tinham conhecimento da sua realidade, identificando-o seguramente. Pitágoras, mais afeiçoado aos estudos metafísicos, nominava-o carne sutil da alma e Aristóteles, na sua exegese do complexo humano, considerava-o corpo sutil e etéreo. Os neoplatônicos, de Alexandria, dentre os quais Orígenes, o pai da doutrina dos Princípios, identificava-o como aura; Tertuliano, o gigante inspirado da Apologética, nele via o corpo vital da alma, enquanto Proclo o caracterizava como veículo da alma, definindo cada expressão os atributos de que o consideravam investido.

Na cultura moderna, Paracelso, no século XVI, detectou-o sob a designação de corpo astral, refletindo as pesquisas realizadas no campo da Química e no estudo paralelo da Medicina com a Filosofia, em que se notabilizou. Leibniz, logo depois, substituindo os conceitos panteístas de Spinoza pela teoria dos "átomos espirituais ou mônadas", surpreendeu-o, dando-lhe a denominação de Corpo Fluídico.

Outros perquiridores, penetrando a sonda da investigação no passado e no presente, localizam-no na tecedura da vida humana como elemento básico da organização do ser.

Perfeitamente consentâneo aos últimos descobrimentos, nas experiências de detecção por efluvioscopia e efluviografia, denominado corpo bioplásmico, o Apóstolo Paulo já o chamava corpo espiritual, conforme escreveu aos coríntios (I Epístola, 15:44), corpo corruptível, logo depois, na mesma Epístola, verso 53, ou alma, na exortação aos companheiros da Tessalônica (I Epístola, 5:23), sobrevivente à morte.

FUNÇÕES

Organizado por energias próprias e electromagnéticas e dirigido pela mente, que o aciona conforme o estágio evolutivo do Espírito, no corpo espiritual ou perispírito estão as matrizes reais das funções que se manifestam na organização somática.

Catalisador das energias divinas, que assimila, é encarregado de transmitir e plasmar no corpo as ordens emanadas da mente e que procedem do Espírito.

Arquivo das experiências multifárias das reencarnações, impõe, na aparelhagem física, desde a concepção, mediante metabolismo psíquico muito complexo e sutil, as limitações, coerções, punições, ou faculta amplitude de recursos físicos e mentais, conforme as ações do estágio anterior, na carne, em que o Espírito se acumpliciou com o erro ou se levantou pela dignificação.

Interferindo decisivamente no comportamento hereditário, não apenas modela a forma de que se revestirá o Espírito, desde o embrião que se lhe amolda completamente, como reproduzindo as expressões fisionómicas e anatómicas, quando da desencarnação.

Graças às moléculas de que se forma, responde pelas alterações da aparelhagem fisiopsíquica, no campo das necessidades reparadoras que a Lei impõe aos Espíritos calcetas.

É o responsável pela irradiação da energia dos trilhões de corpúsculos celulares - essas pequenas usinas que se aglutinam ao império das radiações que lhes impõem a gravitação harmônica, na aparelhagem que constitui os diversos órgãos cuja forma e anatomia lhe pertencem, cabendo às células apenas o seu revestimento -, exteriorizando a aura e podendo, em condições especiais, modelar a distância o duplo etéreo, tornando-o tangível.

Graças à sua complexidade, conserva intacta a individualidade, através da esteira das reencarnações, e se faz responsável pela transmissão ao Espírito das sensações que o corpo experimenta, como ao corpo informa das emoções procedentes das sedes do Espírito, em perfeito entrosamento de energias entre os centros vitais ou de força, que controlam a aparelhagem fisiológica e psicológica e as reações somáticas, que lhes exteriorizam os efeitos do intercâmbio.

Nele estão sediadas as gêneses patológicas de distúrbios dolorosos quais a esquizofrenia, a epilepsia, o câncer de variada etiologia, o pênfigo... que em momento próprio favorece a sintonia com microrganismos que se multiplicam desordenadamente e tomam de assalto o campo físico ou através de sintonias próprias, ensejando a aceleração das perturbações psíquicas de largo porte.

Em todo processo teratológico os fatores causais lhe pertencem. E, num vasto campo de problemas emocionais como fisiológicos, as síndromes procedem das tecelagens muito delicadas da sua ação dinâmica, poderosa.

Desde épocas imemoriais, a filosofia hindu, estudando as suas manifestações no ser reencarnado, relacionou-o com os chakras (1) ou centros vitais que se encontram em perfeito comando dos órgãos fundamentais da vida, espalhados na fisiologia somática, a saber: coronário, também identificado como a "flor de mil pétalas", que assimila as energias divinas e comanda todos os demais, instalado na parte central do cérebro, qual santuário da vida superior - sede da mente -, responsável pelos processos da razão, da morfologia, do metabolismo geral, da estabilidade emocional e funcional da alma no caminho evolutivo; cerebral ou frontal, que se encarrega do sistema endocrínico, do sistema nervoso e do córtice cerebral, respondendo pela transformação dos neuroblastos em neurônios e comandando desde os neurônios às células efetoras; laríngeo, que controla os fenômenos da respiração e da fonação; cardíaco, que responde pela aparelhagem circulatória e pelo sistema emocional, sediado entre o esterno e o coração; esplénico, que se responsabiliza pelo labor da aparelhagem hemática, controlando o surgimento e morte das hemácias, volume e atividade, na manutenção da vida; gástrico, que conduz a digestão, assimilação e eliminação dos alimentos encarregados da manutenção do corpo; genésico, que dirige o santuário da reprodução e engendra recursos para o perfeito entrosamento dos seres na construção dos ideais de engrandecimento e beleza em que se movimenta a Humanidade.

Incorporando experiências novas e eliminando expressões primitivas, é o fator essencial para o intercâmbio medianímico entre encarnados e desencarnados.

(1) Chakra - Palavra sánserita que significa roda. Igualmente conhecida, em páli, como Chakka. - Nota da Autora espiritual.

MORAL x PERISPÍRITO

Refletindo o pretérito do homem, na forma de tendências no presente, liberta-se das fixações negativas ou as avoluma, consoante a direção, que ao Espírito aprouver aplicar, dos recursos natos.

Toda experiência venal brutaliza-o, desequilibrando-Ihe os centros vitais que, posteriormente, responderão com distonias e desordens variadas, em forma de enfermidades insolúveis.

As ações de enobrecimento e os pensamentos superiores, quando cultivados, oferecem-lhe potencialidades elevadas, que libertam das paixões, com consequente sublimação dos sentimentos que exornam o Espírito.

Não foi por outra razão que o Mestre recomendou cuidado em relação aos escândalos, às agressões mentais, morais e físicas, considerando melhor o homem entrar na Vida sem o membro escandaloso, do que com ele, como a afirmar que melhor é ser vítima do que fator de qualquer desgraça.

Possui todo Espírito os inestimáveis recursos para a felicidade como para a desdita, competindo-lhe moralizar-se, disciplinar-se, elevar-se, a fim de ascender à pureza, após a libertação das mazelas de que se impregnou.

ESTUDO E MEDITAÇÃO

"O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?" "Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira." Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Estudos Espíritas - 4


(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 93).
"(.-.) Somente faremos notar que no conhecimento do perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis"..
(O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 54).

29 maio 2021

Desamparados Não! - Nilton Moreira


DESAMPARADOS NÃO!

O Evangelho que consta a trajetória de Jesus na Terra é um compêndio que vamos nos deparar por várias e várias vidas. Impossível assimilá-lo em uma existência apenas. Contém a fórmula para que nos modifiquemos indo ao encontro do Pai. Uns conseguirão compreender mais rapidamente e galgarão degraus na escala dos mundos mais evoluídos em menos tempo, outros demorarão mais, encontrarão no sofrimento e lágrimas o ingrediente que os fará modificar-se.

A Terra é insignificante do ponto de vista de tamanho em relação aos demais mundos, porém muito importante do ponto de vista da Criação, e nunca nos foi negado ajuda, amparo e aporte de conhecimentos. Ao longo dos milênios, muitos foram os Espíritos esclarecidos que aqui encarnaram trazendo rumo para nossa caminhada, como Moises, Sócrates, Buda e Jesus. O Mestre foi o mais elevado Espírito que passou pelo Planeta e deve ser adotado como nosso modelo e guia, não importando que não consigamos vivenciar tudo que ele nos ensinou, pois temos todo o tempo possível para aprender e exteriorizar todo amor por Ele pregado.

No livro A Caminho da Luz, de Chico Xavier, tem a seguinte explicação: “Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos do nosso sistema existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros Divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. A primeira verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção”.

Jesus além de ter presidido a criação da Terra há bilhões e bilhões de anos, retornou para nos trazer o Evangelho de Luz. Portanto é muito grande a importância nossa para o Criador, não nos desamparando. Apenas sofremos quando nos distanciamos do bem. Muitas pessoas perdem o endereço de Deus como se diz normalmente. Por várias ocasiões encontramos pessoas que dizem não acreditar em Deus. Tentamos convencê-las ao contrário, mas se mostram irredutível. Na realidade mesmo que essas pessoas não vão ao encontro de Deus, um dia Deus as encontrarão, pois que tudo está dentro de um planejamento perfeito e falta sim ao homem a capacidade para entender os objetivos da Criação o que será conseguindo à medida que evoluirmos e assimilarmos o Evangelho.

Paz a todos.

Nilton Moreira
Artigo da Semana - Estrada Iluminada
Fonte:
Espirit Book

28 maio 2021

Doenças Reais ou Imaginárias? - Sidney Fernandes


DOENÇAS REAIS OU IMAGINÁRIA?

O vertiginoso avanço da medicina, do início do século XX até o presente momento, vem permitindo a descoberta inédita de causas específicas de doenças outrora incuráveis, surgimento de novos medicamentos, exames, terapias, aparelhos e técnicas cirúrgicas.

Estudos profundos vão permitir que cientistas, a partir do Prêmio Nobel de Química de 2020, passem a desenvolver um método para a edição do genoma humano, com uma das ferramentas mais afiadas da tecnologia genética: a tesoura genética CRISPR-Cas9.

A par desses progressos, no entanto, remanesce o mistério que envolve as chamadas doenças sem lesão, também denominadas idiopáticas, que se caracterizam por queixas persistentes e sintomas, sem que o médico encontre qualquer agente que as justifique. Se a ciência oficial não consegue explicações convincentes, a filosofia espírita procura trazer novas luzes para esses enigmas, por intermédio de seus fundamentos básicos, que tratam, dentre outros temas, dos compromissos morais assumidos em vidas pregressas e os consequentes efeitos deles decorrentes.

A culpa de erros passados não torna a pessoa vulnerável somente a doenças de etiologia obscura. Sua fragilidade valerá também, infelizmente, em relação a indivíduos que prejudicou, não perdoaram e que resolveram fazer justiça com as próprias mãos.

Estamos falando de vítimas que se tornaram obsessoras assim que tomaram consciência de que morreram e foram prejudicadas e partiram como ferozes perseguidores em busca de sua presa.

Evidentemente, além dos distúrbios do passado, temos que cogitar de descuidos do presente. Somente deveremos falar em causas do pretérito, quando não encontrarmos causas do presente como vícios, excessos alimentares, ausência de cuidados com o corpo, negligências e imprudências, que poderão causar sérios estragos à saúde e à incolumidade física.

Bem, amigo leitor, até aqui cogitamos de causas físicas e causas espirituais para o surgimento de doenças, ou de ambas, concomitantes, com os mesmos sintomas, embora sejam distintas.

Indagamos agora: e se nenhuma dessas causas existiu? Poderá ainda acontecer a enfermidade?

***

Carlos de Brito Imbassahy registrou, em seu livro Quando os fantasmas se divertem, um curioso caso narrado pelo Doutor Aloysio de Sá.

Apareceu, em seu consultório, uma senhorinha com todos os sintomas de gravidez. Feitos todos os exames, constatou-se a negatividade do diagnóstico. Acrescia-se, ainda, o fato de que a moça era casta, isto é, jamais havia mantido relação sexual com quer que fosse.

Os sinais da gestação, no entanto, continuaram, com o registro da presença de um corpo em desenvolvimento uterino, com prognóstico negativo para características de tumor.

No sexto mês de gravidez, o suposto feto começou a dissolver-se, acabando por ser absorvido totalmente pelo organismo da jovem. O médico psiquiatra esclareceu o mistério. O noivo da moça havia partido em missão militar. No dia da viagem, lamentaram o casamento adiado e se despediram, sem terem praticado a conjunção carnal. Mal informada, a pobre moça atribuiu às carícias do momento da separação causas para uma gravidez psicológica. O trauma do afastamento fez o resto e ela julgou-se prenhe.

***

Temos aí, caro leitor, mais um elemento a ser considerado na análise das causas das doenças. A indução do pensamento desequilibrado, alimentado por equivocada ação mental, pode provocar doenças ao espírito do homem.

É preciso considerar mais um aspecto. Quando adoecemos mentalmente, exalamos uma espécie de odor que atrai espíritos da mesma faixa negativa de vibrações em que permanecemos. Em outras palavras, nossas idiossincrasias podem provocar a aproximação de almas doentes, não necessariamente más, mas que se comprazem com a nossa companhia.

***

Finalmente, precisamos ouvir a orientação de André Luiz, contida em seu livro Evolução em dois mundos, sobre o relato que acabamos de descrever.

Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos. Em contrário, há, por exemplo, os casos em que a mulher, por recusa deliberada à gravidez de que já se acha possuída, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, desarticulando os processos celulares da constituição fetal e adquirindo, por semelhante atitude, constrangedora dívida ante o destino.

***

A medicina do futuro será preventiva em relação às causas das doenças, sejam elas de ordem material, espiritual ou emocional.
Nosso comportamento plasma a saúde ou a doença. Uma ou outra surgirá, dependendo de nossas atitudes positivas ou negativas.

Talvez ninguém mais do que os médicos se surpreenda com os inúmeros casos de doenças de origem aparentemente inexplicável, com as diferenças físicas e intelectuais das crianças que nascem por suas mãos, ou, ainda, com o comportamento e a evolução dos vários tipos de pacientes por eles tratados.

A verdadeira cura, a que cuida das reais causas das enfermidades, reside nas chagas das nossas almas. Quando médicos e pacientes tiverem essa consciência, o bem-estar será a condição permanente da vida do homem.

Sidney Fernandes
Fonte: Kardec Rio Preto

27 maio 2021

Agressões anônimas - Momento Espírita

 

AGRESSÕES ANÔNIMAS


Expressar nossos pensamentos e sentimentos é um direito. No entanto, se ao expor o que pensamos podemos ofender, prejudicar ou humilhar alguém, é preciso ponderar se isso se constitui nosso direito.

Nossas palavras, sejam escritas ou faladas, podem causar danos muitas vezes irreversíveis em quem as ouve ou em quem as lê.

A tecnologia tem presenteado a Humanidade com ferramentas e instrumentos que possibilitam uma comunicação cada vez mais rápida e eficaz.

As redes sociais surgiram como uma forma de diminuir a distância entre pessoas, promover o contato, a formação de novas amizades.

Mas, ao mesmo tempo em que propiciaram essa aproximação virtual também promoveram um falso sentimento de proteção pelo anonimato, que acabou fortalecendo o lado perverso de algumas criaturas.

Pessoas começaram a ser gratuitamente atacadas por sua aparência. Outras foram ameaçadas e hostilizadas por sua orientação sexual, posicionamento político, crença religiosa ou ideologia.

Acreditando que escapariam de ser identificados, os agressores não pouparam ofensas e ameaças. Desconheciam que seriam localizados e teriam de responder por seus atos e palavras, da mesma forma que responderiam se tivessem agido assim nas ruas.

O sentimento de ser melhor, superior ao outro e possuidor da verdade ainda move pessoas orgulhosas e egoístas, incitando-as a agredirem outras, utilizando as redes sociais.

Uma mãe postou um desabafo, compartilhando sentimentos e angústias com aqueles que ela acreditava serem amigos.

Sua postagem foi multiplicada e ela passou a receber críticas ferrenhas, com palavras duras e cruéis, de pessoas que não a conheciam e a julgaram por aquele desabafo.

Discussões acaloradas a respeito de posicionamentos políticos estão pondo fim a amizades, abalando relacionamentos, incitando o ódio, ameaçando vidas.

Os que usam as redes para acusar e ofender, muitas vezes nunca o fizeram na presença das pessoas, temendo sua reação.

No entanto, a sensação de proteção que sentem, por estarem distantes fisicamente dos que acusam, os encoraja.

Sem se darem conta, acabam atraindo para seu lado Espíritos de padrão vibratório inferior, que alimentam o ódio, a raiva, os sentimentos destrutivos.

E assim, verdadeiras guerras são travadas com palavras.

Algumas têm provocado mortes. Morte do respeito, do amor, do carinho que antes nutria relações.

Morte da alegria, da vontade de viver e de ser o que se é.

Entretanto, as palavras, quando utilizadas para o bem, podem edificar, dar ânimo, espalhar paz, luz e amor.

Cabe a cada um de nós escolher que sentido dará às palavras: de vida ou de morte.

Quando estivermos prestes a proferir palavras contra nosso próximo, lembremo-nos da orientação de Emmanuel:

Palavras são agentes na construção de todos os edifícios da vida. Lancemo-las na direção dos outros, com o equilíbrio e a tolerância com que desejamos que elas venham até nós.

Redação do Momento Espírita, com citação do cap. 24, do Livro da esperança, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. CEC. Em 8.6.2016.

25 maio 2021

Traição Conjugal - Orson Peter Carrara


TRAIÇÃO CONJUGAL

Meu amigo, minha amiga. Se você viveu, recente ou mais antigamente, a ocorrência da traição conjugal ou está envolvido presentemente em dúvidas sobre o comportamento do cônjuge, gostaria de falar-lhe. O motivo da presente abordagem – que não é comum em meus artigos – surgiu depois da leitura da história de Quinto Varro. Você o conhece?

Quinto Varro é o personagem central do livro Ave, Cristo! de Emmanuel, editado pela FEB, que compõe a série de livros históricos do Cristianismo, nesse caso no século III. Varro planejou-se para recuperar o filho Taciano, mas depara-se com a traição conjugal, já no início do livro no capítulo II – Corações em Luta. Você nem precisa ler o livro todo, mas busque o capítulo citado, caso o tema lhe chame atenção. A obra está disponível em PDF na internet.

Referido capítulo traz lições preciosas para aqueles que sofrem o golpe da traição dos afetos (claro, não se restringe ao cônjuge). As orientações ali contidas evitam tragédias, orientam para reerguimento, abrem vigoroso para o não comprometimento com as sábias leis da vida, para não nos deixarmos seduzir pelos desejos de vinganças ou desesperos que só complicam as situações. Mais que revides, a noção exata que aguarda, confia e busca compreender, abre caminhos totalmente novos para confortar o sentimento.

Busque o citado capítulo. Vai lhe fazer imenso bem à alma, ainda que sua relação conjugal seja harmoniosa. Estamos sempre a aprender, com a saudável reflexão que nos faz compreender mais.

Ajude-nos divulgar a Doutrina!

Orson Peter Carrara
Fonte:
Kardec Rio Preto

24 maio 2021

Por que temos medo da morte? - Luís Jorge Lira Neto



POR QUE TEMOS MEDO DA MORTE?

Nasci, logo comecei a morrer.
Como recém-nato, me aproximo da morte.
No bem-viver, o temor de morrer.
Ao fim, segui com a morte.


O temor da morte permeia a existência de todo sobrevivente. Medo da finitude? Receio da extinção? Incertezas sobre o futuro? Crise existencial? Muitos questionamentos surgem diante dessa certeza do fim da vida material, inspirando o mestre das palavras, Shakespeare, que sintetizou esse temor numa frase: “Ser ou não ser, eis a questão”, induzindo à dicotomia entre o existir ou não existir, ou de viver ou morrer, característico do pensamento humano. Assim se pensa a vida, essa unicidade do existir que leva a temer a morte, juntamente com a força instintiva de sobrevivência, que tanto nos une ao mundo animal.

Povos de todas as épocas têm-se defrontado com esse fenômeno natural, desenvolvendo ao longo do tempo sistemas de convivência e sobrevivência, surgido assim, no espaço cultural, os mitos, ritos, espaços e palavras sagradas, traduzidos em religiosidade. Manter contato com o sobrenatural é a forma de desmitificar a morte e com ela se vai o temor, transformando os simples mortais em seres superiores, deuses, semideuses e heróis. À frente dessa realidade da imortalidade, surgem as religiões, institucionalizadas, com seus séquitos e cânones sagrados, dominando o espaço cultural, outrora de livre manifestação, em clausuras que de tempos em tempos tem-se suas rupturas, pois estruturas que primem o livre-arbítrio levam a convulsões.


A morte e os pensadores

No campo filosófico o tema morte é suporte para o próprio exercício de filosofar. Vejam Sócrates, que definiu a filosofia como "preparação para a morte": Sem a morte, seria mesmo difícil filosofar. Vários filósofos citaram célebres frases sobre a morte. Epicuro: "A morte é uma quimera: porque enquanto eu existo, ela não existe; e quando ela existe, eu já não existo"; Michel de Montaigne: "Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade"; Arthur Schopenhauer: “A morte é a musa da filosofia"; Sören Kierkegaard: “O morrer à própria morte significa viver"; Friedrich Nietzsche: "Tudo perece, tudo, portanto, merece perecer!"; Martin Heidegger: “O ser do homem é um ser que caminha para a morte", PAUL SATRE: A morte é “nadificação de todas as minhas possibilidades, nadificação essa que já não mais faz parte de minhas possibilidades”. Da visão filosófica otimista, na qual o ser continua numa vida futura, ao niilismo em que a morte é a extinção do indivíduo, a morte é algo definido como essencial ao ser.

A morte não é o fim

Para fazer contraposição a isso, surge na França do século 19 o espiritismo, doutrina elaborada pelo francês Allan Kardec e os espíritos, que tem por finalidade o estudo da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. A publicação de O livro dos espíritos, em 1857, marcou o início da doutrina espírita classificada como uma filosofia espiritualista. Com várias outras obras publicadas, destacamos O céu e o inferno ou A justiça divina segundo o espiritismo, de 1865. Este livro é composto em duas partes, a primeira é um exame comparado das doutrinas sobre o processo da morte, a vida espiritual e a segunda tem exemplos da situação real dos Espíritos durante e depois da morte. Portanto, um duplo estudo comparativo, um conceitual entre as doutrinas pagãs, cristãs de matriz católica e o espiritismo, o outro vivencial, tomando como base as entrevistas com os Espíritos, seguindo a classificação da Escala Espírita.

Kardec inseriu nesse livro um texto sobre temor da morte no capítulo II da 1ª parte, subdividido em dois assuntos: “Causas do temor da morte” e “Por que os espíritas não temem a morte”, que passamos a analisá-los.

Causas do temor da morte

O autor, ao abordar as causas do temor da morte, parte da premissa (Kardec, 2002, p.33) que “o homem, em qualquer situação social, desde o estado de selvageria, tem o pressentimento inato do futuro. Sua intuição lhe diz que a morte não é a última fase da existência e que aqueles que choramos não estão perdidos para sempre”, propondo que é inato na humanidade o sentimento do futuro pós-morte, sendo uma crença intuitiva em que a morte não é o último termo da existência. No entanto, observou que entre os que acreditam na imortalidade da alma, tantos ainda se apegam às coisas terrenas e sentem o temor pela morte. Em busca de uma resposta plausível, Kardec a encontra nessa assertiva (Kardec, 2002, p.33): “A preocupação com a morte é determinada pela sabedoria da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres vivos.” Assim, o temor da morte é efeito da Providência Divina e uma consequência do instinto de conservação, e complementa: “É necessária, enquanto o homem não estiver esclarecido a respeito da vida futura”.

As dúvidas sobre a vida futura

Com isso, é possível perceber duas constatações: a primeira é que esse temor decorre da noção insuficiente sobre as condições da vida futura, a segunda é que o temor surge da necessidade de viver e do receio de que a destruição do corpo seja a destruição total da individualidade. E conclui que é preciso conhecer o mundo espiritual tanto quanto possível através do pensamento, para ter uma ideia mais assertiva possível deste. Mas, pondera que é providencial não o apresentar sob uma perspectiva muito positiva, pois o levaria a negligenciar o presente.

A argumentação continua com a apresentação de quatro causas para a existência do temor da morte.  

  • A primeira trata do aspecto sobre o qual se apresenta a vida futura, que não satisfaz às exigências racionais de “homens de reflexão”, verdades absolutas e princípios que subvertem a lógica, e aos dados positivos da ciência, que só poderiam resultar em incredulidade para alguns e em crença duvidosa para muitos. 
  • A segunda, liga-se ao quadro horrendo da vida futura apresentado pela religião, principalmente as denominações judaico-cristãs, com condenados em torturas infindáveis, almas aguardando orações dos humanos para se libertarem e, para os eleitos, um gozo eterno de beatitude contemplativa.
  • A terceira, diz respeito às cerimônias nos funerais, que mais aterrorizam, infundem desespero e desesperança. Tudo concorre para inspirar o pavor da morte em lugar de despertar a esperança.
  • Por último, a imposição de barreiras insuperáveis de relacionamento e de comunicação das pessoas com seus entes queridos que já morreram, colocando entre os mortos e os vivos uma distância imensa, que faz considerar a separação como definitiva e eterna. Por isso, nos leva a preferir uma vida de sofrimento, com as pessoas que amamos, do que viver num céu isolado do convívio delas. 
 
Por que o espírita não teme a morte

O segundo assunto do capítulo demonstra a percepção dos que assimilam a mensagem do espiritismo sobre a vida futura e, portanto, não se preocupam com a morte do corpo físico. Kardec parte do fato de que a doutrina espírita muda completamente a forma de ver o futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese e torna-se uma realidade, ou seja, os princípios espíritas no porvir transformam a incerteza no futuro pós-morte em certeza da continuidade da vida. Modifica um sistema arraigado em crenças de desesperança em um sistema de observação da vida espiritual.

A realidade espiritual

O autor, aqui também, faz duas constatações: de início que a situação das almas após a morte não se explica por meio de um sistema de crenças, mas pelo resultado da observação, que permite conhecer a realidade do mundo espiritual, e que esse conhecimento lhe traz confiança baseada (KARDEC, 2002, p.45) “nos fatos que testemunharam e na concordância com a lógica, com a justiça e a bondade de Deus e com as aspirações mais profundas do homem”, concluindo que o temor da morte para o espírita perde a razão de ser, porque ele não tem dúvida sobre o futuro. Então encara a morte com tranquilidade, aguarda-a como uma libertação.

Mundo corpóreo e espiritual: perpétuas relações de apoio

Kardec extrai dessas informações duas causas que levam o espírita a não temer a morte. Primeiro que ele aprendeu que a alma não é uma abstração, tem um corpo que a faz um ser definido, uma forma concreta, seres viventes, que estão à nossa volta e, segundo, que o mundo corpóreo e o espiritual identificam-se em perpétuas relações de apoio mútuo.

O espiritismo detém um conhecimento que mitiga medos e fobias, que consola pelo conhecimento e sentimento. Dele pode-se absorver a confiança e atitude altruísta diante das calamidades e problemas humanos, convictos pelas informações que demonstram a justiça e bondade divina a nos cercar de garantias de uma vida futura de paz e harmonia.

O espiritismo venceu a morte!

Oh morte! donde estás?

Agora cala-te diante dos fatos irrefutáveis.

Transformastes em liberdade,

porque conhecemos a Verdade!



(Filósofos)
 
Luís Jorge Lira Neto
Escritor, pesquisador e colaborador da Associação Espírita Casa dos Humildes, no Recife, e da Associação Brasileira dos Divulgadores do Espiritismo.

Referência: KARDEC, Allan. O céu e o inferno ou A justiça divina segundo o espiritismo. Tradução J. Herculano Pires e João Teixeira de Paula. 10. ed. São Paulo: Lake, 2002.

Fonte: Correio.News
 

Homosexualidadde - Emmanuel


HOMOSEXUALIDADE

«Pergunta - Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher ?»
«Resposta - Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar. » Questão nº 202, de «O LIVRO DOS ESPÍRITOS».


A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.

Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais.

A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bern de todos ou a deprime pelo rnal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.

A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de rnilênios e milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedirnenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menoo pronunciado, em quase todas as criaturas.

O homem e a mulher serão, desse rnodo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta.

À face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice-versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que o segregue, verificando-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias.

Obviamente compreensível, em vista do exposto, que o Espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou masculino, não apenas atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, como também no que concerne a obrigações regenerativas.

O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher que agiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, com idênticos fins. E, ainda, em muitos outros casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, consequentemente, na elevação de si próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. Escolhem com isso viver temporàriamente ocultos na armadura carnal, com o que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam.

Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.


Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Vida e Sexo - 21


23 maio 2021

A quem interessa a mistificação da Mediunidade? - Marcelo Henrique Pereira

 
A QUEM INTERESSA A MISTIFICAÇÃO DA MEDIUNIDADE?
Não há interpretação espírita da Mediunidade sem ou fora de Allan Kardec.

Vejo muitos espíritas falando “da” Mediunidade. Constato outros mais praticando “a” Mediunidade. E observo um grande número de pessoas que, no segmento espírita, aceitam obras discutíveis, só porque teriam sido concebidas pela psicografia e detém assinaturas (mais ou menos) “ilustres”, tanto em termos do encarnado (médium?) quanto do desencarnado (espírito “de luz”?).

Ora, senhores… Não há interpretação espírita da Mediunidade sem ou fora de Allan Kardec. É impossível entender o FENÔMENO MEDIÚNICO (que Crookes bem conceituou como “O Fenômeno Espírita”, em um belo clássico da nossa literatura temática) sem acatar as judiciosas observações do Codificador, que concebeu uma sistemática e uma metodologia capaz de entender o processo, afastar a mistificação, a idolatria, a submissão e a introdução de conceitos bem estranhos em relação aos princípios espíritas. 
 
Vejo muitos espíritas “ávidos por novidades”, frequentando stands de feiras literárias ou seguindo os expositores-medalhões, em grandes (ou nem tanto) eventos espíritas. Acotovelam-se em filas de autógrafos, e passam a CRER CEGAMENTE nos “livrinhos” que têm em mãos, dizendo serem “obras complementares à Codificação”.

Precisa ser explicado para eles que COMPLEMENTAR não pode, sob qualquer hipótese ou pretexto, CONTRARIAR o que foi estatuído em Kardec – a não ser que, sob criteriosa pesquisa, investigação e seleção de escritos mediúnicos – algo relevante e novo possa ser agregado ao “edifício espírita”, não sem a chancela da generalidade.

Se há a liberdade de pensar – e, dela decorrente, a de escrever, no tocante aos que editam ou publicam obras psicografadas – nada substitui o critério de observação, juízo, seleção e entendimento doutrinário. E quem faz isso? Poucos, muito poucos.

Lembramos um trecho contido no laboratório kardeciano, a Revue Spirite (dezembro, 1858): “Como opor-se a um fenômeno que não tem tempo nem lugar prediletos; que pode produzir-se em toda parte, em todas as famílias, na intimidade, no mais absoluto segredo, ainda melhor do que em público? O meio de prevenir os inconvenientes nós o fornecemos em nossa Instrução Prática: Torná-lo de tal modo compreendido que nele apenas se veja um fenômeno natural, mesmo no que apresenta de mais extraordinário”.

Se o fenômeno é natural e ocorre todos os dias – independentemente do local tido como “sagrado” pelos espíritas, o “centro” e que não precisa de qualquer ritualística ou adereços, nem está condicionado à autoridade “mundana” de dirigentes ou pretensos especialistas – NÃO se quer dizer, com isso, que TUDO O QUE VEM DOS ESPÍRITOS DEVA SER TIDO COMO VERDADE. Muito pelo contrário.

Um bordão que foi destacado por Kardec em suas obras (32 no total) é o de que a condição de desencarnado não torna ninguém, sábio e que nós, após a vida física, todos, continuamos sendo o que fomos em vida. E, não raro, permanecemos envoltos nos mesmos interesses e conhecimentos, até que tenhamos outras oportunidades de ampliação, pelo estudo, pela experiência, pela conduta, pelas vivências em provas e expiações, nossos horizontes. Não é o “brilho” da assinatura, a “adjetivação” do cargo ou da função que ocuparam em vida, a “vinculação” ao movimento espírita ou às religiões em geral, na última existência conhecida, que o Espíritos (desencarnado que se manifesta) será reconhecido como pontual e agregador, em termos de conhecimento, ao Espiritismo.

Natural é a Mediunidade e deve ser compromisso igualmente natural de todo espírita estudioso e interessado avaliar cada parágrafo, cada artigo, cada texto, cada livro que lhe chegue em mãos, evitando, na singela e oportuna lembrança de um dito atribuído ao Mestre dos Mestres, Yeshua, nos caracterizarmos, infelizmente, como os cegos que são guiados por outros cegos.

É hora, definitivamente, de expulsarmos a trave de nossos olhos, que tem sistematicamente impedido que muitos espíritas enxerguem além!


Marcelo Henrique Pereira
Fonte:
Portal Casa Espírita Nova Era

22 maio 2021

Somos Energia - Nilton Moreira

 
SOMOS ENERGIA

Chegamos neste Planeta e ocupamos um corpo previamente preparado para nós, que nos é disponibilizado por ocasião do nascimento de uma criança. Certamente é uma felicidade impar, tanto para os pais da criança e para a alma que passa a habitar o referido corpo.

A alma/espírito já existia anteriormente e procede de outra esfera, pois como o Mestre disse “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito“.

Portanto somos um espírito com um corpo de carnal. Ora, o espírito é pura energia, se é que pode dizer-se assim, é o que possibilita existir raciocínio ao corpo, e esta energia é que é responsável por difundir o que sentimos uns pelos outros, fazendo nosso cérebro funcionar.

Quando encontrarmos uma pessoa na rua sem estar planejado e esta pessoa nos é querida, imediatamente corremos ao encontro dela e abraçando-a, isto faz expandir uma energia de amor salutar nas duas pessoas, sendo que aquele abraço precede de uma eletrização tão intensa que repercute no nosso corpo inteiro.

A aura que se forma da união daqueles corpos materiais é refletida e pode ser vista por quem é médium vidente.

Esse abraço energético é capaz de reequilibrar as energias de ambos os corpos e também promover no momento a cura para muitos males, pois o cérebro recebendo a informação de que aquele é um encontro de amor vai repercutir no cérebro invisível que passa a emanar a energia que se expande produzindo uma aura salutar.

Hoje, com os dias de pandemia estamos privados desse abraço fraterno, nos limitando ao soquinho de mão que também não deixa de ser um contato que acaba expandindo a energia porém com menos intensidade, mas temos ainda um outro recurso que podemos utilizar que é a prece. Esta transcende a distância e chega onde quisermos, pois é conduzida pelo pensamento que é a linguagem utilizada no plano espiritual e que é perfeitamente ouvida quando entramos em concentração mental.

O importante é que pensemos sempre em boas coisas, tenhamos metas edificantes, procurando desejar a outrem que seja auxiliado em seus pensamentos e atos para se tornar melhor, pois lembremos que embora distantes nosso pensamento chegará a essas pessoas, e seremos responsáveis se estivermos contribuindo para algo de ruim a elas.

De maneira nenhuma podemos deixar de expandir nossas energias a quem amamos, mas a quem não nos é agradável não devemos desejar o mal. Apenas ignoremos e estaremos evitando que a energia negativa nos atinja.

Nilton Moreira
Artigo da Semana Estrada Iluminada
Fonte: Blog do Juares


21 maio 2021

Mãe Solteira - Amélia Rodrigues


MÃE SOLTEIRA

Quando sentiste a minha presença no útero foste dominada por uma angústia infinita.

Não esperavas a ocorrência natural e não tinhas condição de exercer a maternidade.

Informando a situação aflitiva ao companheiro de afetividade, dominado pela surpresa, ele recusou ajudar-te, unindo-se a ti pelo matrimônio, ou pelo menos, distendendo um braço protetor.

Sugeriu que me abortasses como solução imediata, mas, estarrecida, negaste-lhe anuência ao crime hediondo.

Constataste que ele não te amava e te usava como fizera com outras jovens inadvertidas.

Experimentaste a reação doméstica violenta dos teus pais que também propuseram o abortamento.

Acusavam-te de haveres manchado a honra da família e porque me sentias vibrar junto ao teu coração, aceitaste as humilhações domésticas, a expulsão do lar e as noites estreladas para servirem de cobertor na escuridão dos becos e sob viadutos ao lado de outros infelizes.

Eras jovem e bela!

Mesmo grávida tentaram macular-te na escravidão do sexo.

Recusaste todas as ofertas degradantes e lutaste na miséria até o meu nascimento.

Depois que me embalaste pela primeira vez, prometeste que viveríamos juntas e seríamos felizes, não importava quando.

Não me abandonaste para a adoção por outros corações e, nos serviços humilhantes, encontraste o pão e a roupa para nós duas.

Foram anos difíceis de fome, frio e dor.

Eu era estigmatizada como filha de mãe solteira, mas não me incomodava, antes sentia orgulho.

Será que o amor materno é diferente quando se nasce sob a proteção das leis ou fora delas?

Nunca senti diferença. Muito ao contrário.

Demonstraste a grandeza do teu imenso afeto de mãe soleira e me criaste com dignidade e ternura.

Conseguiste, por fim, trabalho de melhor qualidade e me educaste abraçando a fé e o respeito a Jesus Cristo e à Sua Mãe Santíssima.

Voltaste para o Grande Lar e nunca me abandonaste.

Ante as decisões difíceis e nos momentos graves da minha existência eu sentia que estavas comigo e murmuravas à minha mente as melhores decisões a tomar.

Triunfei, mãezinha, sob as tuas bênçãos e agora, também na Imortalidade, exulto de contentamento, porque tive a honra de ser tua filha, e de não ter sido assassinada no teu ventre.

Deus te abençoe, mãe solteira, protegida pela Mãe de Jesus, que também tem sido incompreendida.

Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em reunião mediúnica de 12 de fevereiro de 2021, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Como Conviver com as Tentações? - Francisco Rebouças


MEDO DA MORTE

Mesmo sendo espírita e médium ostensivo, confesso que sempre tive dificuldade para lidar com a morte. Um medo orbita em torno da ideia, o que, em diversas ocasiões, resultou em pensamentos questionadores e conversas aflitas, e até mesmo desrespeitosas, com o Criador.

Recordo de duas situações particulares que me ajudaram bastante com a questão. Em ambas o contexto era o mesmo:

Na primeira situação, eu estava perdido em pensamentos à noite, no meio da natureza, contemplando um céu estrelado daqueles de tirar o fôlego. Participava de uma vivência de uma fraternidade espiritualista e me retirei por uns momentos para olhar o céu e questionei, em prece:

— Por que o Senhor fez as coisas desse jeito? Por que precisamos nascer e morrer, e passar por essa angústia terrível?

— Não fui Eu que fiz assim - uma voz me respondeu no meio dos confusos pensamentos. São vocês que criaram esse olhar sobre a morte.

Imediatamente me coloquei em reflexão. De fato, qual o maior problema - a morte em si, ou a crença que criamos em torno desse assunto, sobretudo no ocidente? Se aprendêssemos desde cedo a olhar para a morte, talvez ela ficasse mais leve.

Em outra situação, algum tempo depois, me vi em circunstâncias parecida. Novamente o estado de questionamento. Novamente o céu de tirar o fôlego. Olhar para o céu sempre me ajuda a lembrar da minha pequenez e da grandeza da Criação. Me traz um certo alento para a alma:

— O Senhor está mesmo aí?

— Até estou, mas estou mesmo é aqui - uma voz ressoou intensa e carinhosa, no centro do meu peito, desarmando qualquer possibilidade de mais questionamentos.

Fiquei extasiado por alguns breves infinitos instantes e em seguida voltei para a pousada onde estava hospedado. Na entrada estava um cachorro de rua, carinhoso e de olhar doce que seguira a mim e a minha esposa nos passeios do Distrito onde estávamos. Abaixei-me para fazer um carinho no amigo, ainda tocado pela experiência. Ele me retribuiu abanando o rabinho e virando a barriga pra cima, olhando para mim com seu olhar doce. Arrisco dizer que estava sorrindo, ao seu próprio modo:

— Também estou aqui - a voz ressoou de novo no centro do meu peito.

Por muito tempo, lutei intensamente contra as reflexões sobre a morte. A incongruência entre os pensamentos e estados emocionais perturbava bastante. Mesmo após viver inúmeras experiências espirituais, me pegava em inquietantes pensamentos. E a reflexão sobre minhas crenças e experiências particulares promoviam um estado de culpa e raiva de mim mesmo por tais questionamentos.

Na manhã seguinte à experiência com o cachorro, acordei sentindo uma serenidade indefinível. O problema nunca foram as dúvidas, mas a postura. A morte física é uma realidade. Aprendi e sei que isso não representa o fim de tudo e esse nunca foi realmente o problema. De fato, a morte mostra a efemeridade da vida no estado em que está estabelecida. Tudo muda, a vida é impermanente. Logo, é importante viver sempre da melhor maneira possível.

A essência da vida são as relações. O ser humano existe basicamente em seus relacionamentos. São através deles que nossa realidade pessoal pode se manifestar, sem máculas. A partir do modo como reagimos e nos portamos perante os outros e às situações é que sabemos quem somos. Então qual o propósito de uma busca por autoconhecimento e espiritualidade se isso não toca a forma como nos portamos?

Qual o sentido dos livros, cursos, palestras, meditações, orações e tantas outras tentativas, se nos momentos em que a vida nos convida a optar por viver melhor, ou seja, nas situações de conflito, escolhemos dar lições de moral nos outros, ou nos anestesiamos com explicações pseudo-sábias sobre os possíveis por quês daquilo estar acontecendo, ou até mesmo assumimos a risonha mas covarde e absurda postura de dizer: "sou assim mesmo, fazer o que né? Na próxima vida eu resolvo".

— Não há próxima vida. Há uma só vida que muda de forma o tempo todo, fazendo com que cada momento seja único - ressoou novamente a voz que me falara depois do carinho no cachorro, na manhã seguinte ao ocorrido - aceite o convite para viver.

Nesse momento respeitosamente silenciei meus pensamentos. Evoquei o sentimento de medo da morte e pedi que viesse da forma mais pura e intensa possível e falei:

— Me perdoe, medo da morte. Tenho sido injusto com você. Sempre tento tirar você de mim dizendo que a morte não existe, mas ela existe sim, e você me mostra isso. Obrigado, você me ajuda a lembrar que preciso viver.

Gustavo Cury
Fonte: Editora Dufaux

20 maio 2021

Chorando para Realizar - Joanna de Ângelis


CHORANDO PARA REALIZAR

Tendo em vista a obra de amor a que te encontras vinculado, muitas vezes crês que desfalecerás sob o fardo de desilusões que te pesam sobre os ombros.

Muitas vezes, de coração estiolado por mil tormentos, pensas que a desencarnação seria alívio para todas as dores.

Muitas vezes, extenuado, consideras as sombras pesadas que te envolvem, anulando esperança das tuas aspirações.

Muitas vezes despertas enganado e vencido ante a vitória dos maus, como se conduzisses fortes algemas de que não te podes libertar.

Muitas vezes transformam-se em pesadelos os sonhos que anelavas com carinho, fazendo-te recear.

Muitas vezes, na queda em que te surpreendes, encontras, apenas, o lodo da amargura, retendo-te em baixo e asfixiando-te com miasmas pestosas, dificultando a ascensão.

Muitas vezes, sem forças, tantas têm sido as lutas em que te encontras, que gostarias de recomeçar a vida, tão-somente para trilhar vereda diferente da que percorres e na qual te sentes esmagado pela incompreensão de quem deveria entender-te, daqueles a quem amas e desejarias te amassem....

* * *

Não te aflijas nem te queixes.

Aprimora o pensamento e ora com fervor.

Se já possuis a fortuna da oração habitual, ora mais...

Refugia-te na paciência.

Cultiva idéias superiores apesar de tudo.

Liga-te ao bem atuante pelo pensamento, e o bem, por fim, atuará sobre ti.

Os pensamentos, em qualquer direção que os atires, são expressões vivas que arremessas e que se corporificarão aqui ou alhures, envolvendo-te ou envolvendo os outros.

Insiste nas construções mentais superiores.

Não consintas o conúbio da idéias deprimentes, mesmo quando magoado ou ofendido.

Não dês guarida a intercâmbios mentais nefastos, com inteligências perniciosas da Erraticidade.

O rio é escravo do leito, mas é arquiteto do próprio leito....

Invariavelmente o mal que nos fazem é conseqüência do mal que fizemos.

Examina, na aflição que agasalhas, se não terias sido aquele que primeiro insultou ou feriu.

Medita e descortinarás acontecimentos a que não ligavas, mas que foram preponderantes no desentendimento, na luta...

Quase sempre somos frutos dos nossos atos impensados, de nossas reações irrefreadas.

Policia as palavras, disciplina as atitudes...

Evita toldar a água generosa do teu esforço positivo com a ira da irreflexão.

A árvore responde aos açoites que recebe com novos ramos que estende, e a noite tranqüila revida as ofensas que lhe dirigem as furnas sombrias bordando-se de estrelas.

Elege, mesmo sofrendo, a humildade e a resignação como companheiras valiosas de que não podes prescindir e avança, renovando-te cada dia, perseverando a todo instante, na certeza de que a tempestade que devasta é, igualmente, benfeitoria ignorada que arrasta mazelas magnéticas, insetos nocivos, micróbios danosos e descargas elétricas perniciosas, limpando o ar e vitalizando a terra.

Segue, assim, chorando, para realizar o bem no campo do amor sem fim.

* * *

"Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça..." - disse o Mestre, a fim de que "tudo o mais fosse acrescentado".

Quem se afervora à batalha de sublimação, perdoa e esquece ofensas, males, dores e sombras, para pensar somente no "Reino dos Céus" e, como por encanto, guardando a paz consigo, constata que tudo o mais já se encontra acrescido no próprio coração, sem necessidade de mais nada.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 45


19 maio 2021

Alcoólicos Anônimos - Nilton Moreira,


ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

Em meio há muitas cidades que desempenhamos nossa atividade como policial, numa fundamos o Grupo Alcoólicos Anônimos, e em outras muitas palestras procedemos. Foi uma maneira de auxiliar esses irmãos que entravavam e ainda estão no embate contra a dependência.

Desde muito tempo o alcoolismo passou a ser tratado como doença e não mais como mera falta de vergonha na cara ou irresponsabilidade como muitos ainda hoje pensam e dizem.

É sim no primeiro momento, nos primeiros goles uma falta de cuidado com o corpo, mas também é muitas vezes ato de aguçar o espírito que somos a reencontrar alguma realidade de vida passada, pois não sabemos o que fomos e se anteriormente éramos dependentes desta droga, e ao ingerirmos os primeiros goles tudo volta à tona.

Também vi inconsequências de pais com o filhinho no colo que davam prova da bebida que ingeriam a estes pequeninos, não por maldade, mas por irresponsabilidade, querendo dizer que o filho para ser macho tinha de beber. Triste isso.

Fico pensando nos dias de hoje como as provações na Terra são peculiares a cada um dos habitantes, pois enquanto uns tem menos dificuldades outros tem ingredientes a mais, como o caso dos alcóolatras que tendo de evitar a bebida pelo menos 24 horas, e depois mais 24 horas tem de conviver hoje com a pandemia que requer uma higiene com álcool em gel.

Digo isso pois em meio a literatura e as conversas com estes irmãos doentes em recuperação, sabemos que devem evitar o uso de desodorantes, perfumes e aromatizantes como vinagres que possuam na composição álcool. Todo o cuidado é pouco para evitar eclodir o desejo, já que sabemos que o alcoolismo não tem cura.

Hoje em cada local que adentramos está presente o álcool para procedermos a assepsia para evitar a contaminação e fico imaginando como a provação de ser dependente de alcoólicos é complicado, mas certamente esses irmãos que lutam para ficarem sóbrios estão sendo amparados pela Espiritualidade Maior, e conseguem passar por esta dificuldade, e com perseverança obterão êxito.

Hoje sabemos que o álcool é absorvido pelo organismo até em contato com a pele. Portanto meus amigos, não devemos esmorecer diante de qualquer entrave. Enfrentemos nossos traumas e atinjamos limites pois as provações estão ai, uns com graus mais difíceis que outros. É da Lei Divina. Força a todos e mais 24 horas.


Nilton Moreira
Artigo da Semana - Estrada Iluminada
Fonte:
Espirit Book

18 maio 2021

Reclamar e Exemplificar - Momento Espíritta


RECLAMAR E EXEMPLIFICAR

Na vida cotidiana, são constantes as reclamações a respeito do proceder alheio.

É comum se achar que o outro faz pior ou menos do que deveria.

Empregados criticam os patrões.

Empregadores acham que seus contratados não trabalham como deveriam.

Esposas consideram que seus maridos não as auxiliam o suficiente nas tarefas do lar.

Esposos se sentem incompreendidos quanto ao cansaço que decorre de seu trabalho.

De um modo ou de outro, sempre se espera bastante do próximo.

Ocorre que ninguém consegue modificar o semelhante à custa de meras exigências ou reclamações, por fundadas que pareçam.

Já grande é o poder transformador do exemplo.

Mais efetivo do que bradar contra os erros do mundo é viver com acerto.

Se você ainda não pode ser considerado um padrão de conduta, lembre-se de que dispõe de pleno poder modificativo sobre si próprio.

A qualquer momento, pode decidir ser compreensivo, trabalhador, generoso e puro.

Por certo, o mundo desafiará tais decisões, tão logo sejam tomadas.

Mas tudo tem um princípio e demora um tempo para se consolidar.

Os maus hábitos de hoje foram construídos em algum momento da jornada milenar.

Em algum instante, a criatura se permitiu o princípio de qualquer leviandade que hoje a infelicita.

Vícios e virtudes são a tragédia ou o tesouro que se constrói com o tempo.

Os vícios ensejam dores e candidatam seu possuidor a sacrificadas vivências de depuração.

Já as virtudes trazem paz e plenitude.

Para ser feliz, incumbe a cada qual desenvolver em si as virtudes mais sublimes, passo a passo.

Cesse, pois, reclamações e pare de se angustiar com o proceder alheio.

Perante o egoísmo que impera no mundo, seja quem auxilia e ampara.

Em face de perversões, mantenha um padrão puro de conduta.

Mesmo entre maledicentes, zele para que sua boca não seja causa de escândalo.

Em um ambiente corrupto, seja rigorosamente honesto.

É maravilhoso que você esteja em condições de perceber e viver o bem, enquanto muitos ainda não o conseguem.

Não menospreze essa dádiva, apenas com base no proceder equivocado dos outros.

Na impossibilidade de modificar o semelhante, cresça em compreensão.

E jamais olvide o poder dos exemplos.

Sua conduta ilibada e desprendida, cedo ou tarde, causará impacto nos que o rodeiam.

Revele a luz que existe em seu ser!

O primeiro a beneficiar-se da luminosidade será você, que gozará da bênção de uma consciência pacificada.

Pense nisso.


17 maio 2021

Escravidão e Liberdade - Divaldo P. Francoe


ESCRAVIDÃO E LIBERDADE

Em todas as épocas da Humanidade, o ser humano, mantendo em predomínio o seu instinto de conservação da vida, procurou submeter o outro, com medo natural de ser-lhe vítima.

Desde priscas eras, o bruto, o forte, o déspota, o astuto exerceram a dominação física e, às vezes, mental, sobre o seu próximo

No período em que vivia exclusivamente sob o controle dos instintos básicos: comer, dormir e reproduzir-se, dominado por estranhos impulsos, sempre buscou ser superior aos seus contemporâneos, lutando com ferocidade pelo próprio bem-estar, mesmo que a prejuízo dos demais, que não lhe merecem consideração.

Esse comportamento foi o gerador das guerras calamitosas, que ainda hoje constituem terrível câncer na sociedade.

A escravidão foi um dos recursos utilizados pelos povos beligerantes que, ao venceram aqueles considerados adversários, pagavam alto preço para continuarem a vida em situações indignas e cruéis.

Alguns povos tornaram-se vítimas de outros por séculos, como no caso dos judeus que foram escravizados pelos egípcios e babilônios, os primeiros por quatrocentos anos.

Na Idade Média, tivemos guerras intérminas, como a dos Trinta Anos, a dos Cem Anos e ódios que ainda permanecem em muitas nações.

O denominado Colonialismo é herança espúria desse sentimento primário que tem explorado os povos submetidos, mantendo-os na miséria, enquanto são levados à exaustão, ao aniquilamento.

A escravidão negra é um desses fenômenos históricos mais lamentáveis.

Quando, após a Revolução Francesa de 1789, ensejou-se o sonho da liberdade, igualmente inata no ser humano, as leis do progresso voltaram-se para essas vítimas e concederam a libertação, sem facultar meios para a sobrevivência, mantendo incontáveis infelizes livres sob as suas degradantes administrações.

Nesse sentido, o Brasil foi o último do Ocidente a conceder o direito de vida, através da Lei Áurea, a quarta elaborada e firmada pela Princesa Isabel.

A verdade é que ainda hoje muitos dos descendentes afro-brasileiros não encontraram oportunidade de viver com a dignidade que as leis lhes permitem.

Libertados os seus ancestrais, esses ficaram em aglomerados miseráveis sem trabalho, nem possibilidade de estudar, estigmatizados e oprimidos.

A célebre Madame Roland, grande revolucionária de França, traída e condenada à guilhotina, antes de ser assassinada, gritou: Oh! Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!

Essa liberdade dominada pelos poderosos constitui uma vergonha para a cultura e a civilização que estertoram.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 13.5.2021.