DIFERENTES FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA MEDIUNIDADE
As diferentes formas pelas quais se apresenta a mediunidade são objeto de detalhamento no capítulo 14, da segunda parte do “O Livro dos Médiuns”. A referida obra informa que todas as pessoas estão sujeitas a receber algum grau de influência dos espíritos, ainda que seja comum denominar como médium as pessoas que possuem a faculdade mediúnica nitidamente caracterizada (KARDEC, 2018, p. 134). Tais caracterizações levam em conta as diferentes manifestações observadas, dentre as quais destacam-se as ocorrências relacionadas aos médiuns das seguintes categorias: médiuns videntes, médiuns auditivos, médiuns intuitivos, médiuns de efeitos físicos e médiuns escreventes ou psicógrafos.
Na categoria de médiuns videntes estão aqueles que são capazes de enxergar os espíritos. A obra explica que essa capacidade não é algo permanente e que está relacionada com a possibilidade de que determinados espíritos sejam visualizados ao se aproximarem do médium em situações específicas. Logo, uma pessoa que seja considerada médium vidente não irá necessariamente visualizar espíritos frequentemente, mas terá essa possibilidade de modo permanente, diferente de outras pessoas que podem, em momentos momentâneos e passageiros, ver aparições de pessoas amadas ou conhecidas que tenham recém desencarnado. Na obra “A Gênese”, Kardec apresenta explicação sobre como ocorrem as aparições:
“No seu estado normal, o perispírito é invisível para nós; como, porém, é formado de matéria etérea, o Espírito pode, em certos casos, por ato da sua vontade, fazê-lo passar por uma modificação molecular que o torna momentaneamente visível. É assim que se produzem as aparições, que não se dão do mesmo modo que os outros fenômenos, fora das leis da natureza. Nada tem esse de mais extraordinário do que o do vapor que, invisível quando muito rarefeito, se torna visível quando condensado” (Kardec, 2013, p. 252).
Na obra “Desafios da Mediunidade”, psicografada por Raul Teixeira a partir de comunicações do Espírito Camilo, os autores esclarecem que a faculdade mediúnica se apoia tanto nos recursos da mente quanto nos do corpo do médium encarnado. No caso da vidência, audiência e inspiração mediúnica, não há exteriorização do fenômeno através do corpo do médium, situação que dificulta a verificação de autenticidade:
“...o exame terá que ser mais exigente, haja vista que os fenômenos são subjetivos, “impalpáveis” detendo grandes possibilidades de ser confundidos com produtos da mera imaginação, tipicamente anímicos, decorrentes de muitas mentes excitadas e ansiosas, que julgam estar “vendo”, “ouvindo” ou “sentindo” coisas elaboradas por elas mesmas. Não é à toa que Allan Kardec propõe que “há muito que desconfiar dos que se inculcam possuidores dessa faculdade” ao se referir à vidência (Teixeira, 2012, p. 22).
Os médiuns auditivos possuem a capacidade de ouvir a voz dos espíritos, assim como sons vocais imitando a voz humana ou gritos produzidos em fenômeno denominado pneumatofonia. No “Livro dos Médiuns”, ao tratar de pneumatofonia e de audiência, Kardec alerta para a necessidade de que se busque ter certeza de que se trata de uma comunicação externa, que possui sentido, e não de algum ruído provocado por motivos fisiológicos, como zumbidos no ouvido ou frases ouvidas no momento em que se está próximo do adormecimento:
“Ocorre com bastante frequência ouvirmos, quando meio adormecidos, pronunciarem distintamente palavras nomes e algumas vezes até frases inteiras, alto o suficiente para nos acordar, sobressaltados. Embora possa acontecer em certos casos que isso seja realmente uma manifestação, esse fenômeno nada tem de suficientemente positivo para não ser atribuído a uma causa análoga à que desenvolvemos na teoria da alucinação. O que se ouve dessa maneira não tem, de resto, nenhuma consequência; não ocorre o mesmo quando estamos completamente acordados, porque, se é um espírito que se faz ouvir, poderemos trocar ideias com ele e manter uma conversa regular” (Kardec, 2018, p. 130).
As características da mediunidade de efeitos físicos também são tratadas no capítulo 14, da segunda parte do “O Livro dos Médiuns”. A obra explica que os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos de corpos inertes e os ruídos. (KARDEC, 2018, p. 134). A popularização de tais ocorrências nos salões de Paris chamou a atenção de Allan Kardec e o motivou a estudar as suas causas, iniciativa que deu origem às pesquisas que originaram as obras básicas da Doutrina Espírita. As observações de Kardec na condição de estudioso, tinham inicialmente o intuito de verificar a natureza das ocorrências, em busca de evidências de possíveis fraudes. Todavia, além de perceber que os ruídos e as movimentações de objetos eram intermediados pela atuação de médiuns presentes às sessões, percebeu-se que em determinados casos eram seguidas instruções quanto ao número de batidas ou à posição dos objetos o que levou à conclusão de que se tratavam de manifestações inteligentes nas quais havia comunicação entre os envolvidos. Kardec destaca que a faculdade de produzir efeitos materiais é considerada rudimentar, na comparação com meios mais aperfeiçoados de comunicação, como a escrita e a fala. Assim, pode-se concluir que os efeitos físicos atestam a continuidade da existência após a morte do corpo físico, ao chamar a atenção para a possibilidade de que os desencarnados exerçam influência sobre objetos manuseados pelos encarnados. Já as comunicações através da escrita e da fala permitem o intercâmbio de ideias mais elaboradas entre os dois planos em situações nas quais atuam os médiuns dotados das faculdades da intuição e da psicografia.
A forma como ocorre a psicografia é explicada no capítulo 15, da segunda parte do “O Livro dos Médiuns”. Por considerar a escrita manual como a forma mais simples, cômoda e completa de comunicação, a obra recomenda que seja desenvolvida com exercícios pelos médiuns. No caso dos médiuns mecânicos, o espírito utiliza a escrita do medium para colocar no papel suas ideias:
“O espírito pode, pois, exprimir diretamente o seu pensamento, seja pelo movimento de um objeto para o qual a mão do médium serve apenas de apoio, seja pela ação sobre a própria mão do médium. Quando o espírito age diretamente sobre a mão, dá-lhe um impulso completamente independente da vontade do médium; ela avança sem interrupção e à revelia deste, enquanto o espírito tiver alguma coisa a dizer, e para quando ele termina. O que caracteriza o fenômeno, nessa circunstância, é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. A inconsciência absoluta, nesse caso, caracteriza o que chamamos de médiuns passivos ou mecânicos. Essa faculdade é preciosa pelo fato de não deixar a menor dúvida sobre a independência do pensamento daquele que escreve” (Kardec, 2018, p. 146).
Por fim, no caso dos médiuns intuitivos, diferente da psicografia, o médium tem consciência do que escreve, embora reconheça não se tratar de ideias originalmente formuladas pelo encarnado. Dentre os médiuns intuitivos, encontram-se os médiuns inspirados, que recebem, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas ideias previas. Kardec considera que há maior dificuldade para atestar as ocorrências de mediunidade por intuição. (Kardec, 2018, p. 146-147).
Além de apresentar as situações que definem as diferentes formas de apresentação da mediunidade, das mais rudimentares, como os efeitos físicos, às mais sutis, como mediunidade por intuição, as obras da Doutrina Espírita instruem as pessoas estudarem os fenômenos e a buscar compreender as motivações que levam os espíritos a se comunicarem através dos médiuns. Dessa forma, tendo conhecimento ampliado a respeito do assunto, a mediunidade pode ser vista com maior naturalidade e compreendida por um número maior de pessoas.
Na categoria de médiuns videntes estão aqueles que são capazes de enxergar os espíritos. A obra explica que essa capacidade não é algo permanente e que está relacionada com a possibilidade de que determinados espíritos sejam visualizados ao se aproximarem do médium em situações específicas. Logo, uma pessoa que seja considerada médium vidente não irá necessariamente visualizar espíritos frequentemente, mas terá essa possibilidade de modo permanente, diferente de outras pessoas que podem, em momentos momentâneos e passageiros, ver aparições de pessoas amadas ou conhecidas que tenham recém desencarnado. Na obra “A Gênese”, Kardec apresenta explicação sobre como ocorrem as aparições:
“No seu estado normal, o perispírito é invisível para nós; como, porém, é formado de matéria etérea, o Espírito pode, em certos casos, por ato da sua vontade, fazê-lo passar por uma modificação molecular que o torna momentaneamente visível. É assim que se produzem as aparições, que não se dão do mesmo modo que os outros fenômenos, fora das leis da natureza. Nada tem esse de mais extraordinário do que o do vapor que, invisível quando muito rarefeito, se torna visível quando condensado” (Kardec, 2013, p. 252).
Na obra “Desafios da Mediunidade”, psicografada por Raul Teixeira a partir de comunicações do Espírito Camilo, os autores esclarecem que a faculdade mediúnica se apoia tanto nos recursos da mente quanto nos do corpo do médium encarnado. No caso da vidência, audiência e inspiração mediúnica, não há exteriorização do fenômeno através do corpo do médium, situação que dificulta a verificação de autenticidade:
“...o exame terá que ser mais exigente, haja vista que os fenômenos são subjetivos, “impalpáveis” detendo grandes possibilidades de ser confundidos com produtos da mera imaginação, tipicamente anímicos, decorrentes de muitas mentes excitadas e ansiosas, que julgam estar “vendo”, “ouvindo” ou “sentindo” coisas elaboradas por elas mesmas. Não é à toa que Allan Kardec propõe que “há muito que desconfiar dos que se inculcam possuidores dessa faculdade” ao se referir à vidência (Teixeira, 2012, p. 22).
Os médiuns auditivos possuem a capacidade de ouvir a voz dos espíritos, assim como sons vocais imitando a voz humana ou gritos produzidos em fenômeno denominado pneumatofonia. No “Livro dos Médiuns”, ao tratar de pneumatofonia e de audiência, Kardec alerta para a necessidade de que se busque ter certeza de que se trata de uma comunicação externa, que possui sentido, e não de algum ruído provocado por motivos fisiológicos, como zumbidos no ouvido ou frases ouvidas no momento em que se está próximo do adormecimento:
“Ocorre com bastante frequência ouvirmos, quando meio adormecidos, pronunciarem distintamente palavras nomes e algumas vezes até frases inteiras, alto o suficiente para nos acordar, sobressaltados. Embora possa acontecer em certos casos que isso seja realmente uma manifestação, esse fenômeno nada tem de suficientemente positivo para não ser atribuído a uma causa análoga à que desenvolvemos na teoria da alucinação. O que se ouve dessa maneira não tem, de resto, nenhuma consequência; não ocorre o mesmo quando estamos completamente acordados, porque, se é um espírito que se faz ouvir, poderemos trocar ideias com ele e manter uma conversa regular” (Kardec, 2018, p. 130).
As características da mediunidade de efeitos físicos também são tratadas no capítulo 14, da segunda parte do “O Livro dos Médiuns”. A obra explica que os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos de corpos inertes e os ruídos. (KARDEC, 2018, p. 134). A popularização de tais ocorrências nos salões de Paris chamou a atenção de Allan Kardec e o motivou a estudar as suas causas, iniciativa que deu origem às pesquisas que originaram as obras básicas da Doutrina Espírita. As observações de Kardec na condição de estudioso, tinham inicialmente o intuito de verificar a natureza das ocorrências, em busca de evidências de possíveis fraudes. Todavia, além de perceber que os ruídos e as movimentações de objetos eram intermediados pela atuação de médiuns presentes às sessões, percebeu-se que em determinados casos eram seguidas instruções quanto ao número de batidas ou à posição dos objetos o que levou à conclusão de que se tratavam de manifestações inteligentes nas quais havia comunicação entre os envolvidos. Kardec destaca que a faculdade de produzir efeitos materiais é considerada rudimentar, na comparação com meios mais aperfeiçoados de comunicação, como a escrita e a fala. Assim, pode-se concluir que os efeitos físicos atestam a continuidade da existência após a morte do corpo físico, ao chamar a atenção para a possibilidade de que os desencarnados exerçam influência sobre objetos manuseados pelos encarnados. Já as comunicações através da escrita e da fala permitem o intercâmbio de ideias mais elaboradas entre os dois planos em situações nas quais atuam os médiuns dotados das faculdades da intuição e da psicografia.
A forma como ocorre a psicografia é explicada no capítulo 15, da segunda parte do “O Livro dos Médiuns”. Por considerar a escrita manual como a forma mais simples, cômoda e completa de comunicação, a obra recomenda que seja desenvolvida com exercícios pelos médiuns. No caso dos médiuns mecânicos, o espírito utiliza a escrita do medium para colocar no papel suas ideias:
“O espírito pode, pois, exprimir diretamente o seu pensamento, seja pelo movimento de um objeto para o qual a mão do médium serve apenas de apoio, seja pela ação sobre a própria mão do médium. Quando o espírito age diretamente sobre a mão, dá-lhe um impulso completamente independente da vontade do médium; ela avança sem interrupção e à revelia deste, enquanto o espírito tiver alguma coisa a dizer, e para quando ele termina. O que caracteriza o fenômeno, nessa circunstância, é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. A inconsciência absoluta, nesse caso, caracteriza o que chamamos de médiuns passivos ou mecânicos. Essa faculdade é preciosa pelo fato de não deixar a menor dúvida sobre a independência do pensamento daquele que escreve” (Kardec, 2018, p. 146).
Por fim, no caso dos médiuns intuitivos, diferente da psicografia, o médium tem consciência do que escreve, embora reconheça não se tratar de ideias originalmente formuladas pelo encarnado. Dentre os médiuns intuitivos, encontram-se os médiuns inspirados, que recebem, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas ideias previas. Kardec considera que há maior dificuldade para atestar as ocorrências de mediunidade por intuição. (Kardec, 2018, p. 146-147).
Além de apresentar as situações que definem as diferentes formas de apresentação da mediunidade, das mais rudimentares, como os efeitos físicos, às mais sutis, como mediunidade por intuição, as obras da Doutrina Espírita instruem as pessoas estudarem os fenômenos e a buscar compreender as motivações que levam os espíritos a se comunicarem através dos médiuns. Dessa forma, tendo conhecimento ampliado a respeito do assunto, a mediunidade pode ser vista com maior naturalidade e compreendida por um número maior de pessoas.
Andresa Küster e Rodrigo Oliveira
Fonte: Blog Letra Espírita
Fonte: Blog Letra Espírita
Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Matheus Rodrigues de Camargo, (com base na 11ª edição francesa, de 1869) 1ª ed. 1ª reimpressão. Capivari-SP: Editora EME, 2018.
KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra, da 5ª edição francesa, de 1869) 2ª ed. 1ª impressão. Brasília: FEB, 2013.
CAMILO (Espírito). Desafios da Mediunidade. [Psicografado por] J. Raul Teixeira, 3ª ed. Niterói: Fráter Livros Espíritas, 2012.
KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra, da 5ª edição francesa, de 1869) 2ª ed. 1ª impressão. Brasília: FEB, 2013.
CAMILO (Espírito). Desafios da Mediunidade. [Psicografado por] J. Raul Teixeira, 3ª ed. Niterói: Fráter Livros Espíritas, 2012.
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