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02 outubro 2021

Quando as máscaras caem - Anselmo Ferreira Vasconcelos

 
QUANDO AS MÁSCARAS CAEM

O momento presente não é apenas avassalador em razão das milhares de almas que estão partindo da dimensão material sob intenso sofrimento. Ele deve ser igualmente considerado como um momento único e especial pelo que está proporcionando em termos de aprendizado às criaturas humanas. Ora, devemos recordar que as pessoas – pelo menos aquelas minimamente informadas acerca das coisas do Espírito imortal - vêm há muito tempo sendo alertadas sobre as dramáticas mudanças agora em curso.

Pois bem. A Terra finalmente chegou ao seu novo estágio de transição evolutiva (regeneração). Quanto tempo vai durar? Quantas almas perecerão? Quantas mudanças imediatas ocorrerão? Só Deus sabe. Seja como for, sob a transição nos alcançam não apenas inúmeras desgraças individuais e coletivas, mas também revelações terrivelmente chocantes sobre a natureza humana. Faço tal afirmação baseado no fato de que o cristianismo esparge sua luz redentora nos corações humanos há exatos 21 séculos.

Não me refiro aqui também aos atos escabrosos praticados pelos lobos travestidos de gente, que tentaram de todas as formas possíveis lucrar com a epidemia. Muitos, felizmente, já foram identificados pelas forças policiais e enfrentam agora as justas consequências dos seus crimes. Outros ainda tentam, é verdade, atrapalhar a ação da justiça, mas seu tentame é inútil. Mais hora menos hora haverão de receber a merecida pecha de ladrões do patrimônio público e certamente trilharão caminho semelhante. No geral, não passam de indivíduos sem escrúpulos que não se importam com a dor dos semelhantes.

Num plano mais básico da vida, no entanto, há aqueles que no clamor do processo depurador em andamento também estão mostrando a sua verdadeira face. Infelizmente, deles emergem características, traços de personalidade, comportamentos e atitudes deploráveis, claramente perceptíveis. Com efeito, ninguém consegue enganar os outros para sempre, já que a verdade sempre vem à tona. Mas quem são eles(as)? São simplesmente os(as) falsos(as) amigos(as), companheiros(as), colegas, parentes e – pasmem – até mesmo cônjuges.

De modo geral, os delitos não se circunscrevem apenas e tão somente aos execráveis feminicídios, parricídios, latrocínios etc. Há uma outra ordem de “crimes” não computadas pelas estatísticas, que destroem os relacionamentos e, por extensão, as oportunidades de união e entendimento. Ou seja, refiro-me às traições de todas as formas; as inimizades disfarçadas que geralmente escondem objetivos nefastos; os desejos de vingança ocultados pelo abençoado manto da reconciliação; o propósito de prejudicar (sem qualquer razão ou justificativa) outrem; a crônica falta de sinceridade, típica, aliás, da tibieza humana; o onipresente olhar malicioso e invejoso; sem falar na hedionda hipocrisia, que grassa em toda parte. Obviamente não esgoto aqui todas as possibilidades de manifestação do mal. Confesso humildemente não ter tal capacidade.

É verdade que a história humana é repleta de cometimentos torpes, cruéis e abomináveis. Afinal de contas, os indivíduos continuam privilegiando o efêmero em vez do eterno. A sublime mensagem de Jesus não foi ainda assimilada. Há poucos dias, aliás, assisti a um documentário muito esclarecedor sobre a vida do rei Henrique VIII da Inglaterra (1491-1547), e como ele se desfazia das pessoas, dos seus métodos perversos e da abundante maldade do seu Espírito. Claro que estou resgatando um exemplo extremo de perturbação espiritual. Entretanto, Henrique também enfrentou a morte física sob pesadas injunções, e não seria inconcebível imaginar que aquela alma ainda esteja pagando um elevado tributo pelos seus desmandos através de penosas encarnações.

O que realmente preocupa é identificar que o coração humano continua comprometido com as sombras, espalhando maldades e fel em todas as direções. Há, vivendo entre nós, criaturas profundamente doentes não apenas do corpo, mas também da alma. Altamente comprometidas com projetos malignos, estão criando para si mesmas futuras experiências tenebrosas, dignas do inferno de Dante. Dominadas por imensa insensatez, inveja, mesquinharia, maquiavelismo e ingratidão para os que lhes estendem as mãos amorosas, destilam o ácido corrosivo da fala maldosa e tomam atitudes perversas.

Mas, como tudo na vida, chega o dia em que a máscara cai e – como tantos romances da literatura espírita evidenciam com meridiana clareza – a verdade soberana sobrepuja todos os males. Dela, a propósito, ninguém escapa! Infelizes, aliás, todos aqueles que tentam subvertê-la ou manipulá-la. Acontecimentos ou eventos desenrolam-se naturalmente pela vontade de Deus, e, assim, os indivíduos trevosos acabam revelando todo o mal que lhes preenche o Espírito ensandecido. Para tais criaturas, ainda muito distantes da luz pela sua própria incúria e desequilíbrio emocional, provavelmente restará, por um bom tempo, o “choro e ranger de dentes”, do qual nos falou Jesus. Pobres criaturas!

Se uma delas estiver no seu caminho, use o sagrado recurso da oração misericordiosa. Sua iniciativa será certamente reconhecida pela espiritualidade, e o(a) infeliz haurirá, no momento oportuno, forças e inspiração para alcançar a indispensável lucidez.

Anselmo Ferreira Vasconcelos
Fonte: Espiritismo na Rede

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