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23 outubro 2006

Uma passagem entre dois mundos - Amílcar Del Chiaro Filho


Uma passagem entre dois mundos

Conan Doyle teve uma feliz expressão ao comentar em seu livro, A História do Espiritismo, a proeza extraordinária do espírito Charles Rosma, estabelecendo comunicação contínua com o mundo dos encarnados. Conan Doyle disse que Charles Rosma abriu uma passagem entre os dois mundos, e por ela precipitaram-se os anjos.

Sim! Embora em todas as épocas da humanidade os espíritos tenham se comunicado com os homens, foi a partir de Charles Rosma que as comunicações tiveram continuidade e foram sistematizadas. A expressão, que os anjos se precipitaram por essa abertura, significa que os espíritos superiores começaram a se comunicar, primeiramente nos Estados Unidos, e depois na Europa, culminando com o Espírito Verdade, que liderou uma equipe maravilhosa de espíritos, e juntamente com Kardec e seus colaboradores, implantaram no mundo o Espiritismo.

Com ele veio a prova da imortalidade. Já não é mais um dogma ou artigo de fé, mas as almas dos homens que viveram na Terra, retornam para contar como vivem, e as suas condições de felicidade ou infelicidade, de conformidade com o modo que viveram na Terra. A notícia correu célere por todas as partes: a morte morreu! Sim. A morte com o seu cortejo fúnebre, morreu, e a causa mortis foi a vida. Vida plena, abundante. Vida que procura a vida.

Os espíritos contaram aos homens que não estão nem no céu, nem no inferno. Estão no espaço infinito. Céu e inferno estão no íntimo de cada espírito. Pouco a pouco, dogmas religiosos e dogmas materialistas foram sendo derruídos. As fortalezas começam a ceder ante o rocio da verdade, e se desesperaram, e se uniram para dar combate à nascente Doutrina Espírita.

Usaram-se todas as armas, do ridículo à calúnia. Espalharam que o Espiritismo desunias as famílias, pregava a desobediência dos filhos aos pais, incentivava o divórcio, o adultério e o aborto. Apelaram para o demônio, queimaram livros, e nos púlpitos, sermões virulentos anatematizavam os espíritas. Os livros de Kardec foram colocadas no Índex do Vaticano. Tudo em vão.

Sim! Tudo em vão porque as raízes do espiritismo espalharam-se pelo mundo. Duas guerras mundiais que abalaram a Europa, e a falta de lideranças fizeram o Espiritismo fenecer no continente europeu, entretanto ele germinava fortemente nas Américas, especialmente no Brasil. O academicismo inicial com os grandes investigadores europeus, cedeu lugar a sentimentalidade latina e a religiosidade brasileira. Se a Doutrina Espírita perdeu em relação ao racionalismo, ao espírito científico, aos laboratórios experimentais, ganhou no aspecto consolação, caridade, amor ao próximo.

Contudo, essa condição de sentimentalidade não dispensa a lógica, o raciocínio, o estudo, porque o Espiritismo é uma Doutrina para as pessoas que pensam.

Amílcar Del Chiaro Filho

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