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09 outubro 2007

O Poder da Prece - Edvaldo Kulcheski

 
O PODER DA PRECE

A prece é uma manifestação da alma em busca da Presença Divina ou de seus prepostos. Ela deve ser despida de todo e qualquer formalismo. É uma conversa com Deus ou seus prepostos.

Devemos nos despojar da ignorância e da perturbação que o mal engendra em nós e aos poucos iremos descobrindo que, pela prece, conseguiremos muita coisa em nosso benefício espiritual e dos nossos semelhantes e acionaremos com naturalidade o mecanismo do auxílio que ela nos propicia.

Por depender fundamentalmente da sinceridade e da elevação com que é feita, devemos encarar a prece como manifestação espontânea e pura da alma, e não apenas como um repetir formal de termos alinhados convencionalmente, de peditório interminável ou de fórmula mágica para afastar o sofrimento e o problema que nos atinge.

Através da prece sincera e verdadeira abrimos as comportas da nossa alma, emitindo potentes irradiações dos pensamentos aliadas às irradiações dos sentimentos, que são dirigidas através da nossa vontade em direção ao Alto.

As irradiações do nosso pensamento e sentimento são propagadas pelo fluido universal, indo atingir seres (encarnados ou não) ou planos de energia, formando-se entre nós e eles uma corrente fluídica. Durante o processo da prece concentramos energia positiva a nossa volta.

Como disse, a prece é “uma conversa com Deus” ou com seus prepostos. Tudo numa conversa deve nascer espontaneamente, segundo as necessidades e finalidades da mesma, e não uma repetição de termos que no mais das vezes são ininteligíveis para quem os profere.

Não há posturas nem fórmulas especiais para a oração, pois ela é uma ação espiritual. A forma de nada vale, o que prevalece é o conteúdo; a atitude é eminentemente espiritual, íntima. Atitude convencional, posição externa e ritual são vestes dispensáveis ao ato de orar. A prece não precisa ter nada de convencional.

Devemos orar com humildade: Temos de reconhecer nossa necessidade e estarmos receptivos. Na parábola do Fariseu e do Publicano (Lucas, 18 vs 10-14), o primeiro orava com orgulho, achando-se muito correto e melhor que os outros, enquanto que o publicano se reconhecia errado e pedia misericórdia; o fariseu continuou como estava; o publicano recebeu o amparo pedido.

Devemos orar sem ressentimentos: Não devemos estar em clima de mágoas ou desejo de vingança. Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e se tiverdes algum ressentimento contra alguém ou te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. (Mateus, 5, 23-24).

Devemos orar com simplicidade: Não há necessidade de ostentação, exterioridades (gestos e posições especiais). E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, ora a teu Pai em secreto. (Mateus, 6 vs.5-8).

Devemos orar sem exageros: Não há necessidade de verbosidade excessiva. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais. (Mateus, 6 vs. 5-8).

Como resultado da oração, temos uma extensa variedade de efeitos, sempre benéficos, tais como, o exame melhor e de um ponto de vista superior do assunto que nos preocupa, permitindo vermos novos ângulos e encontrarmos solução para eles ou, ao menos, motivos de aceitação ou superação. Captação de pensamentos e energias reconfortantes, fortalecedoras e a atração de bons espíritos, que nos ajudarão de todas as maneiras possíveis, até mesmo intervindo na solução dos problemas, se as leis divinas permitirem.

Por tudo isso, o que, antes de orarmos, parecia insolúvel ou insuportável, depois de orarmos encontramos a solução ou, ao menos, se torna suportável, porque ficamos mais esclarecidos a respeito ou mais fortalecidos para enfrentar e vencer.

Todos esses benefícios que obtemos para nós com a prece podemos proporcionar a outras pessoas quando oramos por elas. Podemos orar, também, pelos desencarnados. Os espíritos, como os encarnados, gostam de ser lembrados nas vibrações benéficas da prece. “Os espíritos sofredores, ao serem lembrados, sentem-se menos abandonados e infelizes; as preces lhes aliviam os sofrimentos e os orientam para o arrependimento e a recuperação espiritual” (O Céu e o Inferno, de Allan Kardec).

Mas, adianta orar quando a pessoa não se ajuda? É sempre um alívio, mas devemos ajudar em pensamentos, em palavras e em ações.

Ajudar em pensamento é orar pela pessoa. Uma prece já os alivia. Mentalizar a pessoa que queremos ajudar, imaginando-a “à imagem e semelhança de Deus”. Essa emissão de energia positiva através da oração vai minando as energias negativas. Com o passar dos dias poderemos notar a diferença. Quando a pessoa estiver mais receptiva é porque está começando a estabelecer sintonia. Em muitos casos a própria pessoa vai pedir para ser ajudada, e aí é a hora de conversar, pois agora ela irá nos ouvir.

Ajudar em ação é estender a mão caridosa de forma incondicional. É não lhe ter ódio, nem rancor, nem desejo de vingança. É não criar qualquer obstáculo à reconciliação.

Os tipos de prece

A prece, sendo uma manifestação inteligente dos sentimentos da criatura humana, pode ser catalogada em vários tipos. Assim, basicamente, há prece de pedido, de reconhecimento e de louvor.

A prece de pedido é a que a criatura faz solicitando alguma coisa. Pedir é recorrer ao Pai Todo-Poderoso em busca de luz, equilíbrio, forças, paciência, discernimento e coragem para lutar contra as forças do mal. Quando o pedido for de interesse próprio ou intercessório, mais do que pedir o afastamento do sofrimento, do problema ou da dor, devemos solicitar condições e forças para superá-los e com eles aprender alguma coisa. Às vezes, o remédio é o sofrimento, e só porque ele é amargo não vamos deixar de nos beneficiar com ele. Porém, na maioria das vezes, pedimos o que não se deve.

A prece de reconhecimento é feita com vistas a agradecermos as inúmeras bênçãos de que somos alvos e que nem sempre sabemos reconhecer. A vida, a saúde, a família, os amigos, o trabalho, enfim, tudo o que nos cerca e deixamos de observar e dar o devido valor porque nos preocupamos somente com problemas materiais.

A prece de louvor é o reconhecimento e exaltação de Deus em tudo o que Ele criou. É enaltecer os desígnios de Deus sobre todas as coisas, aceitando-O como Ser Supremo. É a nossa aceitação e alegria por tudo o que nos rodeia e que está tão bem feito, tão justo, tão equilibrado.

No início das reuniões espíritas ou umbandistas se faz uma prece com para que o ambiente espiritual se torne favorável e as pessoas adquiram padrão vibratório que as torne em condições de receber os fluídos preparados pela espiritualidade.

Para isso, temos que fazer com que as vibrações de todos os presentes se elevem e se eqüalizem a um nível de muito equilíbrio. Os espíritos certamente fazem a parte deles e nós encarnados temos um papel muito importante nesta etapa.

Os presentes mais harmonizados que tiveram um dia mais tranqüilo devem dividir suas energias salutares com os presentes que estejam com suas energias debilitadas, porque tiveram um dia conturbado e desgastante. Desta forma, todos entram em sintonia com os espíritos elevados presentes para ajudar. No término das reuniões se faz uma prece com vistas a agradecer todo o auxílio espiritual recebido durante a reunião.

Por Edvaldo Kulcheski Artigo publicado na edição 45
da Revista Cristã de Espiritismo


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