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25 julho 2008

O Problema das Psicose - Carneiro Campos

O PROBLEMA DAS PSICOSES

Exigindo uma anamnese mais cuidadosa, severa, o mapeamento das causas psicóticas conduz o pesquisador a estudos mais profundos do que no caso das neuroses, porquanto aquelas dizem respeito a problemáticas menos graves que se repetem nos painéis do organismo físico e mental em formas transitórias...

Não obstante a demorada discussão em torno de as psicopatias manisfetarem-se no corpo ou na mente, já não resta dúvidas quanto aos seus fatores causais, classificados como endógenos e enógenos, que facultam a eclosão do terrível mal, responsável por torpes alienações .

Essas doenças mentais, genericamente classificadas como psicoses, impõem, às vezes, desvios qualificativos, mesmo nos casos de aparente e puro desvio quantitativo, nos valores de caráter do homem. Em face de complexidade, multiplicidade de tais desvios, uma classificação exata dos fenômenos psicóticos é sempre difícil.

Há, sem dúvida, além dos fatores psicológicos, uma vasta gama de incidentes sociais que conduzem a psicoses múltiplas, num emaranhado causal relevante.

Nos fatores enógenos, há causas externas (tóxicos, infecções) e corpóreas (doenças de outros órgãos, distúrbios do metabolismo, amências, estados crepusculares, delírios confusionais a se expressarem não especificamente como derivados de várias etiologias, mal de Basedow, do diabete, uremia), como, também, nos de ordem endógena (a esquisofrenia, as perturbações mentais da epilepsia, a psicose maníaco-depressiva), em que as psicoses se expressam como um processo de auto-punição que o espírito se impõe pelos malogros e os crimes cometidos em outras vidas, que não foram alcançados pela legislação humana.

O psicótico maníaco-depressivo, por exemplo, traz gravado nas paisagens do inconsciente os hediondos desvios morais pregressos que escaparam à justiça estabelecida nos códigos da humana legislação e que ora expungem, como tendência à fuga ao dever e à responsabilidade, pelo suicídio.

O esquizofrênico, na sua múltipla classificação, é igualmente um espírito revel, enredado nas malhas dos abusos que praticou noutra vida e que, sem embargo, passaram desconsiderados quanto ignorados pelos cômpares da existência anterior.

Não nos desejando fixar, apenas nessas, constatamos que, mesmo as psicoses de climatério, cujas causas são óbvias, fazem-se escoadouro purificador, recurso de que se utilizam as Leis Divinas para alcançar os infratores e relapsos que pretenderam ludibriar o código de ética universal, inviolável.

Em todo problema de psicoses, seja ele de natureza neurótica ou psiconeurótica, tenha o gravame da psicopatia ou não, o ser espiritual é sempre o responsável pela conjuntura que padece.
Aqui se podem incluir as psicoses de guerra como instrumento da vida a fim de justiçar arbitrários campeões do crime.

No espírito, encontram-se latentes os valiosos recursos que o podem incitar à liberação do carma pela importância da terapêutica tradicional, quando o paciente resolve ajudar-se; pela técnica fluidoterápica da Ciência Espírita, quando o alienado deseja cooperar; mediante os recursos valiosos da psicoterapia através da auto, da hetero-sugestão do otimismo, da oração, da edificação em si mesmo, quando o enfermo deseja submeter-se espontaneamente.

Em qualquer problema de ordem mental como psicológica, o terreno em que se desbordam as enfermidades e distonias é o mesmo que agasalha os sêmens de vida e saúde, aguardando que a primavera da boa vontade do espírito, colhido pela impetérrita justiça de Deus, lhe faculte o surgimento em forma de paz.

Nesse sentido, a caridade fraternal junto aos psicóticos, a solidariedade gentil diante deles, a paciência irrefragável para com eles, a intercessão generosa a benefício deles são contribuições inestimáveis que o espírita a todos tem o dever de oferecer, particularmente em se tratando dos irmãos tombados no aturdimento interior.

Simultaneamente, a evangelização do enfermo, a disciplina que a si se deve impor, a diretriz de reabilitação por meio de um roteiro de trabalho renovador e produtivo são indispensáveis recursos utilizados para que o ser espiritual abandone as províncias da sombra em que se acha enjaulado, interiormente, e possa recompor os painéis mentais desarticulados de que se utiliza para a andadura material na Terra.

Entretanto, no caso das ulcerações dos tecidos orgânicos, das intoxicações que deixam rastro de várias degenerescências, havendo já insculpida, seja na paisagem mental, seja no organismo físico, a presença do desequilíbrio, esta se revela como distonia perturbante.

A crença de que o “cérebro não pode adoecer” tem cedido lugar ao conceito griesingeriano, após demoradas investigações fisiológicas como psicológicas.

Mesmo nas paralisias gerais, nas doenças encefálicas complexas, decorrentes de causas sifilíticas, com alteração da personalidade que padece demência, delírios, em cima de psicose perfeita, o espírito se reajusta à ordem universal, resgatando gravames...

Não há porque se desesperarem os que se atribuem o dever da enfermagem fraternal.
Máquina em desequilíbrio - dificuldade para o condutor.
Condução irresponsável - maquinaria em desarticulação.

Sempre se pode ajudar, mesmo não se esperando uma reabilitação imediata, ao menos uma liberação do compromisso negativo, tendo em vista que a vida não se circunscreve ao breve período da reencarnação, dilatando-se além do desequilíbrio orgânico e da degeneração celular, na direção da imortalidade.

E como o procedimento orgânico e o moral, não raro, acompanham o viandante da eternidade, ajudar alguém a desembaraçar-se de psicoses com vistas a melhores dias espirituais, é também terapia preventiva ou assistência curadora, que não pode ser relegada a plano secundário.

A saúde é um estado interior que nasce no espírito, mas a felicidade deve ser a meta que todos almejam para agora, amanhã ou mais tarde, devendo ser trabalhada desde hoje, mediante os atos de enobrecimento e elevação que cada um se pode e deve impor, imediatamente.

Carneiro Campos
Texto extraído da obra Sementes de Vida Eterna,
Psicografia de Divaldo P. Franco,
Ditado por diversos Espíritos, 1ª ed.,
págs. 55 a 59, 1978, LEAL

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