ADVERTÊNCIA AOS MÉDIUNS
Allan Kardec afirmou com sabedoria que a mediunidade é “apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral”.
Por essa e outras razões, os médiuns não se podem vangloriar de haverem sido eleitos como missionários da Nova Era, deixando-se sucumbir aos tormentos da fascinação sutil ou extravagante.
A atividade mediúnica, por isso mesmo, constitui oportunidade abençoada para o aperfeiçoamento intelecto-moral do indivíduo, que se permitiu dislates em reencarnações anteriores, comprometendo-se em lamentáveis situações espirituais.
A mediunidade é, portanto, um ensejo especial para a autorrecuperação, devendo ser utilizada de maneira dignificante, em cujo ministério de amor e de caridade será encontrada a diretriz de segurança para o reequilíbrio.
Quando se trata de mediunidade ostensiva, com mais gravidade devem ser assumidos os deveres que lhe dizem respeito, porquanto maior se apresenta a área de serviço a ser desenvolvido.
Em qualquer tipo de realização nobilitante sempre se enfrentam desafios e lutas, em face do estágio evolutivo em que se encontram os seres humanos e o planeta terrestre. É natural que haja alguma indiferença pelo que é bom e elevado, quando não se apresentam hostilidades em trabalho impeditivo da sua divulgação.
Sendo a mediunidade um recurso que possibilita o intercâmbio entre o mundo físico e o espiritual, as mentes desprevenidas ou ainda arraigadas na perversidade tudo investem para impedir que o fenômeno ocorra de maneira saudável, proporcionando, assim, os meios para restabelecer-se a ordem moral e confirmar-se a imortalidade do ser, propondo-lhe equilíbrio e venturas no porvir.
Não são poucos os obstáculos a serem transpostos por todo aquele que se candidata ao relevante labor mediúnico. Os primeiros encontram-se no seu mundo íntimo, nos hábitos doentios a que se acostumou no pretérito, quando permaneceu distanciado dos deveres morais, criando problemas para o próximo, que resultaram em inquietações para si mesmo. A luta a ser travada, para a superação do desafio, ninguém vê, exceto aquele que está empenhado no combate em favor da autolibertação, impondo-se a necessidade de rigorosas disciplinas que possam proporcionar-lhe novas condutas saudáveis, capazes de facilitar-lhe a execução das tarefas espirituais sob a responsabilidade e comando dos Mensageiros do Senhor.
O estudo consciente da faculdade mediúnica e a vivência dos requisitos morais são, a seguir, outro grande desafio, por imporem condições de humildade no desempenho das tarefas, tomando sempre para si as informações e advertências que lhe chegam do Mais Além, ao invés de transferi-las para os outros.
O médium sincero, mais do que outro lidador laborioso em qualquer área de ação, encontra-se em constante perigo, necessitando aplicar a vigilância e a oração com frequência, de modo a manter-se em paz ante o cerco das Entidades ociosas e vingadoras da erraticidade inferior. Isto porque, comprazendo-se na prática do mal, a que se dedicam, as mesmas transformam--se em inimigos gratuitos de todos aqueles que lhes parecem ameaçar a situação em que se encontram.
Por isso mesmo, a prática mediúnica reveste-se de seriedade e de entrega pessoal, não dando espaço para o estrelismo, as competições doentias e as tirânicas atitudes de agressão a quem quer que seja...
Devendo ser passivo o médium, a fim de bem captar o pensamento que verte das Esferas superiores, o seu comportamento há de caracterizar-se pela jovialidade, pela compreensão das dificuldades alheias, pela compaixão em favor de tudo e de todos que encontre pelo caminho.
As rivalidades entre médiuns, que sempre existiram e continuam, defluem da inferioridade moral dos mesmos, porque a condição mais relevante a ser adquirida é a de servidor incansável, convidado ao trabalho na Seara por Aquele que é o Senhor.
Examinar com cuidado as comunicações de que se faz portador, evitando a divulgação insensata de temas geradores de polêmica, a pretexto de revelações retumbantes, e defendê-los, constitui inadvertência e presunção, por considerar-se como o vaso escolhido para as informações de alto coturno, que o mundo espiritual libera somente quando isso se faz necessário. Jamais esquecer, quando incluído nessa categoria, que o caráter da universalidade do ensino, conforme estabeleceu o mestre de Lyon, é fundamental para demonstrar a qualidade, quando o indivíduo que a aplica no Bem procura servir com bondade e alegria, evitando a disputa das glórias mentirosas do mundo físico, assim como os desvios de conduta responsáveis pelas quedas morais da sua aplicação indevida.
As trombetas do mundo espiritual ressoam hoje, como em todos os tempos, nas consciências alertas, convocando os corações afetuosos para o grande empreendimento de iluminação de vidas e de sublimação de sentimentos, atenuando as dores expressivas deste momento de transição de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração.
Aos médiuns dignos e sinceros cabe a grande tarefa de preparar o advento da Era Nova, conforme o fizeram aqueles que se tornaram instrumento das mensagens libertadoras que foram catalogadas por Allan Kardec, nos seus dias, elaborando a Codificação Espírita, e que se mantêm atuais ainda hoje, prosseguindo certamente pelos dias do futuro.
Que os médiuns, pois, se desincumbam do compromisso e não da missão, como alguns levianamente a interpretam, gerando simpatia e solidariedade, unindo as pessoas numa grande família, que a constituem, e sustentando-lhes a sede e a fome de luz e de paz, de esperança e de amor, como somente sabem fazer os Guias da Humanidade a serviço de Jesus.
Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde de 16 de abril de 2009, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.
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