A Lição do Mestre
Quando sua figura imponente apareceu, uma emoção dulcíssima percorreu a multidão atenciosa.
Os olhos tranquilos derramando claridade de luar e a postura nobre, aureolada de suave luz, compunham o conjunto harmônico que lhe dava a transcendência superior.
Abrindo a boca em resposta às mudas interrogações da massa, Ele elucidou:
"Não sois o que suportais. O vosso fardo de ansiedades e de dores não significa a vossa realidade. Na impermanência de todas as coisas e acontecimentos, sois vida da Vida e realidade da Realidade.
"Nas passageiras demonstrações das ocorrências dolorosas, avançai na busca de vós próprios. O vento dos fenômenos sacode-vos, porém, causas que sois deles todos, basta-vos alterar o rumo dos passos e se modificarão as vossas expressões.
Olhai em derredor e constatareis que passais pelas águas do rio do tempo, e, enquanto ele permanece o mesmo no seu curso, diferente se vos apresenta o peregrinar.
"Dizei: eu não sou isto, estes amargos efeitos, e erguei-vos para reencetar a marcha.
"Quem deseja alcançar o Meio-Dia, viaja com o Sol do amanhecer e segue além."
Silenciando por um momento, a fim de que o povo lhe assimilasse a lição, ante a brisa branda que ciciava no arvoredo, Ele voltou a falar:
"Viajai para dentro do ser e examinai com as lentes da meditação os vossos sentimentos. Renascestes para o triunfo que vos aguarda. Não estanqueis o passo, demorando-vos no pódio das vitórias ilusórias.
"Vencedor é aquele que supera as más inclinações e doma as cruéis paixões.
"Tudo vos chama para o mundo de enganos ledos. Buscai Deus, a certeza única de todas as certezas.
"Quando vos tornardes cinzas remanescentes do corpo, então evolareis em espírito e recuperareis a vossa plenitude que ireis instalando desde já no imo.
"Vós sois luz, oculta em vasilhame grosseiro que necessita de purificação. Reflexionai, buscando o vosso fanal, e afirma desde agora: Eu sou vitória, eu sou saúde, eu sou paz."
Ao silenciar, pairava sobre todos os ouvintes uma doce esperança de felicidade.
De "Paz íntima",
de Divaldo Pereira Franco,
pelo Espírito Eros
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