A PRIMEIRA PESSOA DO PLURAL
"Há pessoas que, do fato de os animais ao cabo de certo tempo abandonarem suas crias, deduzem não serem os laços de família, entre os homens, mais do que resultado dos costumes sociais e não efeito de uma lei da Natureza. Que devemos pensar a esse respeito?"
"Diverso dos animais é o destino do homem. Porque, então, querem identificá-lo com estes? Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas; há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis porque os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos."
Em 1932, Aldous Huxley, conhecido escritor inglês, lançava seu mais famoso livro: "O Admirável Mundo Novo", uma visão pessimista do futuro da Humanidade, em que imaginava uma sociedade onde a família estaria abolida. Isso deveria ocorrer até o final deste século.
Nessa "admirável" loucura a mulher não mais daria à luz. Os filhos nasceriam em incubadeiras altamente sofisticadas, madres artificiais. Ninguém teria pai nem mãe. Seria considerado subversão falar-se do assunto. Exercitar-se-ia o sexo sem compromisso, heterogeneamente. Cada indivíduo cuidaria da própria vida, sem deveres com ninguém a não ser com o Estado.
A partir dos anos cinquenta, com o rompimento de tabus relacionados com o sexo e o advento do amor livre, muita gente imaginou que estivéssemos a caminho de uma sociedade dessa natureza.
No entanto mais de três décadas passaram e, embora o casamento seja muito questionado, a família está longe de extinguir-se e jamais o será, porquanto o acasalamento e a prole, a união entre o homem e a mulher com responsabilidades recíprocas no cuidado dos filhos, é uma instituição divina que se faz sentir nos indivíduos como uma necessidade básica, muito menos subordinada a modismos sociais e muito mais como decorrência dos desígnios de Deus.
A constituição da família obedece a uma lei natural. Com ela habilitamo-nos a desbravar os domínios do Amor, onde residem as aspirações mais ardentes da criatura humana. Referimo-nos não ao exacerbamento do impulso sexual, na paixão avassaladora, mas ao amor de verdade, que é o sentimento profundo de comunhão envolvendo os componentes da célula familiar, cujo exemplo mais eloquente e nobre exprime-se na solicitude materna, como ressalta Coelho Neto na poesia inesquecível:
"Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração; ser mãe é ter no alheio lábio que suga o pedestal do seio onde a Vida, onde o amor, cantando vibra.
Ser mãe é ser um anjo que libra sobre um berço dormido, é ser anseio, é ser temeridade, é ser receio, é ser força que os males equilibra.
Todo o bem que a mãe goza é bem do filho, espelho em que se mira afortunada, luz que lhe põe nos olhos novo brilho.
Ser mãe é andar chorando num sorriso, ser mãe ter um mundo e não ter nada, Ser mãe é padecer num paraíso."
Estes versos exprimem com fidelidade o que é o amor sublime que brota espontâneo na mulher que concebe, luz divina depositada em seu coração, transformando-a em colaboradora do Céu a iluminar os caminhos de filhos de Deus sob seus cuidados.
Por isso a família jamais desaparecerá, sejam quais forem as novidades inventadas pelo homem e as fantasias inspiradas no decantado amor livre, que não passa de mero exercício de sexo irresponsável. Qual a mãe que se sente com liberdade plena de fazer o que lhe aprouver, sem considerar a prole? Amor é compromisso, é dedicação, é esforço, é trabalho em favor do ser amado.
Uma das características marcantes do homem, no estágio evolutivo em que nos encontramos, é o egoísmo, a tendência de pensarmos muito em nós mesmos. No lar damos os primeiros passos a caminho da fraternidade. Na interdependência existente entre os membros da família, envolvendo pais e filhos, marido e mulher, irmãos e irmãs, opera-se um fenômeno prodigioso: aprendemos a conjugar o verbo de nossa ação não mais na primeira pessoa do singular (eu); usamos a primeira do plural (nós).
Temos no lar uma microssociedade onde exercitamos a vocação de conviver e participar. É significativo que pessoas com problemas de relacionamento social, que cometem desatinos, que se revelam incapazes de respeitar o próximo, de sensibilizar-se com os sofrimentos alheios, geralmente vêm de famílias desajustadas, onde escasseavam afetividade, carinho, compreensão, solicitude...
Em mundos mais evoluídos, a família amplia-se além das fronteiras do sangue, abrangendo imensas comunidades, o que é natural: somos todos filhos de Deus.
Na Terra, adiantam-se numa abençoada vanguarda de renovação aqueles que, não obstante o cuidado da família consanguínea, ampliam sua capacidade de amar com o esforço em favor do semelhante. Cuidam de enfermos, auxiliam necessitados, consolam aflitos, vinculam-se a obras assistenciais, integrando-se verdadeiramente na vida social, onde se destacam não pela riqueza ou pela cultura, mas pelo empenho de trabalho em favor do bem comum, exercitando amor como o fazem as mães.
E, como ocorre com as mães, estes abnegados vanguardeiros, estagiam, intimamente, no paraíso, ainda que transitando pelos espinhos da Terra.
"Diverso dos animais é o destino do homem. Porque, então, querem identificá-lo com estes? Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas; há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis porque os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos."
Questão nº 774 (Da Lei de Sociedade) - O Livro dos Espíritos
Em 1932, Aldous Huxley, conhecido escritor inglês, lançava seu mais famoso livro: "O Admirável Mundo Novo", uma visão pessimista do futuro da Humanidade, em que imaginava uma sociedade onde a família estaria abolida. Isso deveria ocorrer até o final deste século.
Nessa "admirável" loucura a mulher não mais daria à luz. Os filhos nasceriam em incubadeiras altamente sofisticadas, madres artificiais. Ninguém teria pai nem mãe. Seria considerado subversão falar-se do assunto. Exercitar-se-ia o sexo sem compromisso, heterogeneamente. Cada indivíduo cuidaria da própria vida, sem deveres com ninguém a não ser com o Estado.
A partir dos anos cinquenta, com o rompimento de tabus relacionados com o sexo e o advento do amor livre, muita gente imaginou que estivéssemos a caminho de uma sociedade dessa natureza.
No entanto mais de três décadas passaram e, embora o casamento seja muito questionado, a família está longe de extinguir-se e jamais o será, porquanto o acasalamento e a prole, a união entre o homem e a mulher com responsabilidades recíprocas no cuidado dos filhos, é uma instituição divina que se faz sentir nos indivíduos como uma necessidade básica, muito menos subordinada a modismos sociais e muito mais como decorrência dos desígnios de Deus.
A constituição da família obedece a uma lei natural. Com ela habilitamo-nos a desbravar os domínios do Amor, onde residem as aspirações mais ardentes da criatura humana. Referimo-nos não ao exacerbamento do impulso sexual, na paixão avassaladora, mas ao amor de verdade, que é o sentimento profundo de comunhão envolvendo os componentes da célula familiar, cujo exemplo mais eloquente e nobre exprime-se na solicitude materna, como ressalta Coelho Neto na poesia inesquecível:
"Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração; ser mãe é ter no alheio lábio que suga o pedestal do seio onde a Vida, onde o amor, cantando vibra.
Ser mãe é ser um anjo que libra sobre um berço dormido, é ser anseio, é ser temeridade, é ser receio, é ser força que os males equilibra.
Todo o bem que a mãe goza é bem do filho, espelho em que se mira afortunada, luz que lhe põe nos olhos novo brilho.
Ser mãe é andar chorando num sorriso, ser mãe ter um mundo e não ter nada, Ser mãe é padecer num paraíso."
Estes versos exprimem com fidelidade o que é o amor sublime que brota espontâneo na mulher que concebe, luz divina depositada em seu coração, transformando-a em colaboradora do Céu a iluminar os caminhos de filhos de Deus sob seus cuidados.
Por isso a família jamais desaparecerá, sejam quais forem as novidades inventadas pelo homem e as fantasias inspiradas no decantado amor livre, que não passa de mero exercício de sexo irresponsável. Qual a mãe que se sente com liberdade plena de fazer o que lhe aprouver, sem considerar a prole? Amor é compromisso, é dedicação, é esforço, é trabalho em favor do ser amado.
Uma das características marcantes do homem, no estágio evolutivo em que nos encontramos, é o egoísmo, a tendência de pensarmos muito em nós mesmos. No lar damos os primeiros passos a caminho da fraternidade. Na interdependência existente entre os membros da família, envolvendo pais e filhos, marido e mulher, irmãos e irmãs, opera-se um fenômeno prodigioso: aprendemos a conjugar o verbo de nossa ação não mais na primeira pessoa do singular (eu); usamos a primeira do plural (nós).
Temos no lar uma microssociedade onde exercitamos a vocação de conviver e participar. É significativo que pessoas com problemas de relacionamento social, que cometem desatinos, que se revelam incapazes de respeitar o próximo, de sensibilizar-se com os sofrimentos alheios, geralmente vêm de famílias desajustadas, onde escasseavam afetividade, carinho, compreensão, solicitude...
Em mundos mais evoluídos, a família amplia-se além das fronteiras do sangue, abrangendo imensas comunidades, o que é natural: somos todos filhos de Deus.
Na Terra, adiantam-se numa abençoada vanguarda de renovação aqueles que, não obstante o cuidado da família consanguínea, ampliam sua capacidade de amar com o esforço em favor do semelhante. Cuidam de enfermos, auxiliam necessitados, consolam aflitos, vinculam-se a obras assistenciais, integrando-se verdadeiramente na vida social, onde se destacam não pela riqueza ou pela cultura, mas pelo empenho de trabalho em favor do bem comum, exercitando amor como o fazem as mães.
E, como ocorre com as mães, estes abnegados vanguardeiros, estagiam, intimamente, no paraíso, ainda que transitando pelos espinhos da Terra.
De "A Constituição Divina"
De Richard Simonetti
De Richard Simonetti
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