FUGA DO MUNDO
A fuga do mundo é verdadeira inconformação com as vicissitudes corporais. A vida espiritual é o objeto de desejo em semelhantes casos. É um comportamento neurótico de transferir para um mundo ideal as esperanças e expectativas do dia a dia no mundo real. É uma fuga, uma transferência como mecanismo de defesa de questões íntimas não resolvidas e dolorosas, resultantes principalmente de frustrações e insatisfações para o homem encarnado. Faz-se algo hoje pensando em colher na imortalidade, sem nutrir-se dos benefícios dessa ação no hoje e no agora, vivendo um mundo imaginário desconectado dos sentimentos. Seu traço principal é a negação dos prazeres humanos com os quais seu portador carrega sofríveis desajustes.
Apresenta-se esse conflito interior com variados assuntos como a riqueza, a beleza, a inteligência, a virtude e outros temas existenciais; por isso é comum projetar julgamentos estereotipados e repreensivos à conduta alheia, exatamente naqueles embates que a criatura carrega.
Apresenta-se esse conflito interior com variados assuntos como a riqueza, a beleza, a inteligência, a virtude e outros temas existenciais; por isso é comum projetar julgamentos estereotipados e repreensivos à conduta alheia, exatamente naqueles embates que a criatura carrega.
Doentio nesse lance da vida mental é a suposição que se elabora para si mesmo sobre os futuros frutos que obterá na vida dos espíritos, simplesmente pelo fato de aguentar resignadamente as dores pelas quais vêm passando, quando tais dores nesse tipo de vivência são desajustes de inaceitação e rebeldia, provas morais adicionais e distante das provas reais, ante os quadros de afeição terrena a que todo espírito reencarnado está submetido com mais ou menos intensidade.
O conhecimento espírita precisa ser contextualizado. O acúmulo de informações, sem a devida renovação da experiência de viver e conviver, poderá servir ao interesse pessoal na fuga dos deveres que a Terra impõe como planeta expiatório.
Há uma cultura de supervalorização das questões do mundo extrafísico e consequentemente negando-se a relação com o mundo físico, resultando:
- a transferência de responsabilidade sobre os insucessos pessoais, imputada a espíritos e carmas.
- negação do passado da atual existência pela camuflagem de medos, frustrações, desejos, culpas e sentimentos; são as máscaras emocionais
- foco dos pensamentos centrado no tipo de relações sociais das colônias de além túmulo contidas na literatura espiritista.
Ante essa cruel vivência da vida interior, torna-se escassa a auto-estima, enfraquece-se o desejo de progresso e espera-se resultados ótimos na vida além túmulo pelo simples fato de apenas pertencer às fileiras de serviço ou frequência das casas doutrinárias, como se assim todos os problemas estivessem solucionados. E quando encontra decepções e surpresas desagradáveis na própria convivência com os companheiros de tarefa, melindra-se ostensivamente, afogando-se em mágoas e deserções irrefletidas, supondo que novos carmas surgiram para elevá-lo ainda mais na escala de sua suposta ascensão!
Obra: MEREÇA SER FELIZ – Superando as ilusões do orgulho
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux
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