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01 julho 2012

Respeito - Hammed


RESPEITO

De que maneira as pessoas nos tratam? Sentimo-nos constantemente usados ou desrespeitados? Às vezes, permitimos que os outros nos tracem metas ou objetivos sem antes nos consultar? Sabemos distinguir quando estamos doando realmente ou quando estamos sendo explorados? Respeitamos nossos valores e direitos inatos? Costumamos representar papéis de vítimas ou de perfeitos?

A pior situação que podemos viver é passar toda uma existência sem nos dar o devido amor e respeito, fazendo coisas completamente diferentes do que sentimos.

Nossos sentimentos são parte importante de nossa vida. Se permitirmos que eles fluam em nós, então saberemos o que fazer e como nos conduzir diante das mais variadas situações do cotidiano.

Em virtude disso, não devemos nos esquecer de que, quando nos respeitamos plenamente, mostramos aos outros como eles devem nos tratar.

Se nós não nos aceitarmos, quem nos aceitará? Se nós não nos amarmos, quem nos amará?

Será dado respeito ao que se respeita e não ao que não tem ou pensa ter. Assim funciona tudo em nossa vida íntima – temos o que damos. Devemos esperar dos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos.

Examinemos nossos sentimentos e atitudes e nos perguntemos: por que permito que me tratem com desconsideração? O que estimula os outros a se comportarem com desprezo em relação à minha pessoa?

Se nós não nos auto-responsabilizamos pela forma como somos tratados, continuaremos impotentes para mudas o contexto penoso em que estamos vivendo. É muito cômodo culpar os outros por qualquer desilusão ou sofrimento que estejamos passando. Não é fácil aceitar a responsabilidade pelas nossas próprias ilusões e desenganos.

Quando renunciamos ao controle de nós mesmos, com toda a certeza outros indivíduos tomarão as rédeas de nossa vida.

Somos iguais perante os olhos da divindade. Todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: o sol brilha para todos. Com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais.

Realmente o sol brilha para todos, pois Deus não deu, a nenhum homem, superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte.

Não somos nem melhores nem piores que ninguém. Ao recusarmos o respeito a nós mesmos, estamos abdicando do direito de exigi-lo. Sem senso de valor individual, nos sentiremos diminuídos diante do mundo e destituídos da habilidade de dar e receber amor.

O mais valioso tesouro que possuímos é a dignidade pessoal. Não é lícito sacrificá-la por nada ou por ninguém. Quando autorizamos os outros a determinar o quanto valemos, uma sensação de vazio nos toma conta da alma.

O autodesrespeito é um grande desserviço a nós mesmos. Quando ele se instala em nossa casa mental, passamos a não mais prestar atenção aos avisos e intuições que brotam espontaneamente do reino interior. As vozes de inspiração divina são sempre idéias claras, providas de síntese e simplicidade, que a Vida Providencial murmura no imo de nossa alma.

Quando nos respeitamos, somos livres para sentir, agir, ir, dizer, pensar e saber o que autodeterminamos, confiantes em que, se estivermos prontos, no tempo exato o Poder Superior do Universo nos dará todo o suprimento, todo o apoio e toda a orientação para cumprirmos o sublime plano que Ele nos reservou.

Somente optando pelo auto-respeito é que conseguiremos o respeito alheio. Encontraremos nos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos.

À medida que a criança cresce e se desenvolve no convívio familiar, ela reproduz ou copia tudo o que vê, ouve e observa. Os adultos servem de padrões, quer dizer, são modelos e exemplos. Por meio da identificação com os pais, tios, avós ou irmãos mais velhos, ou mesmo da imitação de seus atos e atitudes, a criança, de forma consciente ou inconsciente, modela-se firmemente no ambiente doméstico.

Socialização é o processo de adaptação do indivíduo ao gripo social; é o desenvolvimento das relações na vida grupal, caracterizado pelo espírito de coletividade e pelo sentimento de cooperação e solidariedade.

Particularmente na criança, a socialização se inicia a partir do momento em que o recém-nascido é conduzido para casa pelos pais. No entanto, não devemos esquecer que, desde a sua concepção, a alma, já ligada ao diminuto embrião humano, sofre forte influência do ambiente em que vive.

De acordo com Jean Piaget, cada criança, na fase da socialização doméstica, assimila e modela tudo o que a sensibiliza de acordo com sua individualidade – utilizando sua personalidade única e peculiar, o que irá distingui-la de todas as outras pessoas. Acontecimentos caseiros, atos e opiniões dos adultos, considerações sobre ética, religião, costumes, moral e filosofia, proibições e preconceitos, permissões e intolerâncias, tudo vai-se modelando na argila plástica, que é a mentalidade infantil, e delineando a criança dentro de preceitos, regras de conduta e de princípios que variam culturalmente, de família para família, e interiormente, de criança para criança.

Mesmo nos gêmeos idênticos, o desenvolvimento psicossocial ocorrerá de forma diferenciada devido à bagagem espiritual que cada alma traz consigo – produto de suas vidas sucessivas.

Consulta Kardec a espiritualidade maior, na terceira parte, capítulo IX, de O Livro dos Espíritos: De onde se origina a inferioridade moral da mulher em certos países? E os obreiros do bem respondem: Do império injusto e cruel que o homem tomou sobre ela. É um resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre os homens pouco avançados, do ponto de vista moral, a força faz o direito.

A formação machista que as crianças recebem na infância as influencia durante toda a vida. Homens são treinados para ser fortes, corajosos, agressivos, seguros, bem-sucedidos e auto-suficientes. Para os estudiosos do comportamento humano, o estereótipo do macho iniciou-se nas eras pré-históricas, quando os nossos antepassados do sexo masculino tiveram que abandonar o medo e disputar a comida com os animais.

Machismo é um conjunto de normas, costume, leis e atitudes baseado em regras socioculturais do homem, que tem por finalidade explícita e/ou implícita criar e manter a submissão da mulher em todos os níveis: afetivo, sexual, procriativo, profissional.

Quando a mulher, nos seus mais diversos relacionamentos, romper com essa visão de que deve ser submissa, reclusa, frágil e dependente do homem, ela recuperará toda a estrutura de poder e o senso de iniciativa.

A guerra dos sexos, na maioria das vezes, tenta impor, com ou sem armas, a supremacia do homem sobre a mulher por meio da violência, clara ou dissimulada, salvaguardando interesses falocratas de mentalidades medievais.

O machista atua como tal, sem poder explicar seus atos ou perceber suas atitudes externas, porque não se dá conta das estruturas preconceituosas que internalizou nesta ou em outras existências. Ele se limita apenas a reproduzir ou pôr em prática tudo aquilo que viveu culturalmente no lar, na escola, no templo religioso, na cidade, no mais, enfim em qualquer lugar ou situação que o tenha influenciado.

Muitas mulheres, de forma inconsciente, compartilham do machismo na medida em que não notam as estruturas psicológicas de hegemonia masculina que regulam suas relações afetivas e sociais. E podem reproduzi-las, sem perceber, na educação dos filhos, sejam eles homens ou mulheres, contribuindo dessa forma para que a idéia machista se perpetue automaticamente.

São muitos os provérbios humilhantes e os insultos irônicos endereçados às mulheres, estes acompanhados de risos sarcásticos e depreciativos. O sexismo – atitude de discriminação fundamentada no sexo – leva mulheres ingênuas, inseguras e dependentes a aceitar essas críticas mordazes como naturais, porquanto o modelo de educação em que organizaram seu mundo íntimo baseou-se nesses valores e crenças distorcidos.

A mulher precisa descobrir que não depende de ninguém para viver a própria existência, pois tem dentro de si uma extraordinária capacidade de fazer mudanças positivas. Ela, como o homem, tem um mundo diante de si, e todos podem crescer até onde permite sua capacidade, seu dom, seu talento nato. Todos nós estamos em constante mutação e nos transformamos todo o tempo nos aspectos físicos, mental, emocional e espiritual. Nada na natureza permanece estático; tudo flui através dos processos da vida, dentro e em torno de nós.

Em muitas ocasiões, a mulher, em vez de reverter a situação desgostosa em que vive, tenta mudar de forma superficial, apenas substituindo o cônjuge por outro, mas sem renovar seu modo de sentir, pensar e agir. Como não se preocupa em erradicar os velhos padrões ou crenças inadequados de seu mundo interior, corre o risco de atrair outro parceiro igual ou muito parecido com o que acaba de deixar. A lei de atração perpetua tanto alegria como tristeza para nossas vidas.

Não devemos jamais deixar que uma empresa, associação ou ligação afetiva, profissional ou de amizade, venha eclipsar nossa vida a ponto de desrespeitarmos quem somos.

Neste novo milênio, cabe à mulher recuperar sua dignidade e o respeito por si mesma. Descobrir, verdadeiramente, que o respeito anda de mãos dadas com a auto-estima e o bem-estar. Deve iniciar o processo – que muitas já o fizeram – de valorizar suas forças individuais e únicas, usando a energia interior para descobrir capacidades inatas e novos talentos adormecidos.

Constituições modernas já estabeleceram, há muito tempo, leis e direitos que firmam a igualdade entre os sexos. No entanto, essas leis e direitos só terão valor e significado quando forem totalmente assimilados e colocados em prática por todos aqueles que os validaram.

É possível que determinadas pessoas discordem e não aceitem nossas ponderações, mas nem por isso tudo está perdido. A diversidade de opinião e a forma de olhar o mundo dependem da singularidade evolutiva de cada criatura.

O equilíbrio vai sendo pouco a pouco atingido. A visão machista gradativamente se desfaz, nascendo em seu lugar a amizade, o respeito e a cooperação entre seres humanos. Na estrutura social do porvir, pouco importará o sexo do indivíduo, pois todos são igualmente valorizados e jamais oprimidos.

Num futuro breve, quando a mulher se legitimar pelo que é e por onde quer chegar, adquirirá o respeito – dos outros e de si mesma. Acreditar que alguém exista só para nos servir é uma visão egocêntrica e degradante da atual humanidade. Enquadrar pessoas em papéis sexuais nitidamente definidos – subserviência, inferioridade, subordinação -, usando-as como objetos que podem ser controlados e descartados, é imensamente cruel e impiedoso. O amor cristão não considera os papéis sexuais, e sim encoraja todos os seres a exprimir a liberdade, o respeito e o amor uns pelos outros.

Do livro: OS PRAZERES DA ALMA -
uma reflexão sobre os potenciais humanos
Espírito de Hammed
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto

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