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21 janeiro 2013

Convivência na Casa Espírita - José Lázaro


CONVIVÊNCIA NA CASA ESPÍRITA

Salvo raras exceções, o homem permanece insensível ao inadiável processo de despertar da consciência. Por causa dessa postura, persiste, voluntariamente ”adormecido” em relação aos objetos essenciais da sua existência. Via de regra, cria “álibis fictícios” na tentativa de justificar para os outros a morosidade com que assimila e vive as verdades transcendentes.

Aliás, a própria tentativa de justificar-se para os outros, no ensejo de conseguir aprovação alheia acerca da conduta, já é, por si só, uma demonstração gritante de imaturidade. O homem amadurecido espiritualmente sabe que a aprovação ou a reprovação do seu código de conduta moral deve vir da sua consciência, que, por sua vez, deverá estar em sintonia com as Leis Divinas.

A simples vinculação com algum credo religioso está longe de conseguir fazer com que o homem deixe em definitivo a indolência, cultivada por séculos. Tampouco essa vinculação fará com que ele modifique seu “estado de espirito”, já que o liame com homem com Deus se dá através de mudanças profundas no “cerne do próprio ser”, e não tão somente porque o mesmo ostente o título religioso.

Indubitavelmente, o espírita não foge à regra e, apesar da avalanche de obras literárias e da multiplicação das Casas Espíritas, em sua maioria, os adeptos da terceira revelação não logram encontrar o seu Deus interior da verdadeira transformação íntima.

Em se tratando do assunto em pauta, crio que os espíritas andam totalmente esquecidos de Paulo, quando alertou: “Uni-vos para serdes fortes”.

Essa história, – desculpe-me a franqueza – de que o trabalhador espírita, por amor à causa, deva tornar-se um pugnador pela pureza doutrinária, sendo levado, por essa razão, a atritar-se com o companheiro de caminhada, é, no mínimo, absurda. Divergências de ideias não podem conduzir a dissensões.

O suposto amor à causa espírita que conduz ao desentendimento e à agressão verbal não é amor, é desequilíbrio.

Quem se coloca na posição de “guardião” da pureza doutrinária, e por causa disso fere os corações mais sensíveis, não é defensor da Doutrina; na verdade, é um pretensioso.

Quem discute, por achar que suas ideias devem ser acatadas pelo grupo de trabalho, por serem melhores, pode ser um erudito, mas, acima de tudo, é um arrogante.

Quem acredita ter autoridade para cercear a comunicação deste ou daquele espírito, nas reuniões de intercâmbio mediúnico, em verdade, ainda está preso ao seu catre de preconceitos.

E o mais importante a ser dito nesse momento: quem despreza o “espírito de equipe”, nas atividades doutrinárias, dá demonstração clara e irrefutável de que ainda não entendeu quase nada da mensagem espírita.

Para que não nos percamos, apenas em considerações pessoais, recorremos novamente a Vicente de Paulo. Na mensagem onde afirma que só seremos fortes, se nos mantivermos unidos, ele também orienta:

“Para vos tornardes invulneráveis aos dardos envenenados da calúnia e da negra falange dos espíritos ignorantes, egoístas e hipócritas, faz-se necessário que uma indulgência e uma benevolência recíprocas presidam as vossas relações, que os vossos defeitos passem despercebidos, que somente as vossas qualidades sejam notórias. A chama da amizade pura deve iluminar e aquecer os vossos corações.”

Como vocês sabem – prosseguiu Klaus em sua exposição – o espírita atualmente, quase sempre está alheio a essas recomendações. 

Em linhas gerais, o espírita prefere: - trabalhar isolado, para que não tenha que dividir os “holofotes” com alguém;

- nos bastidores das agremiações espíritas, ressalta com ênfase e até com prazer os defeitos alheios, ao mesmo tempo que deixa passar despercebidas as qualidades alheias;

- é doce e amável quando está doutrinando um espírito desencarnado, mas ríspido e sem paciência para com os confrades da Casa Espírita;

- recomenda a tolerância nas exposições evangélicas, mas se mostra intolerante com a menor contrariedade.

Infelizmente, meus caros, a chama da amizade que, segundo Vicente de Paulo, deve iluminar e aquecer os corações, está se apagando e, por causa disso, muitas agremiações espíritas já começam a caminhar na escuridão. 

Estão “frias” e sem “vida”, justamente porque a chama está se apagando. Com todo respeito, nossos irmão espíritas deveriam substituir a legenda tão comum nas Casas Espíritas: “O silêncio é uma prece” por “O sorriso ou o abraço é uma prece”. Uma prece de louvor à amizade, ao bom relacionamento, até porque o silêncio exterior nem sempre traduz o silêncio interior.

Livro Contato Imediato, Cap. 3
Espírito José Lázaro
Psicografia de Agnaldo Paviani

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