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26 fevereiro 2014

Guerreando pelo afeto - Espírito Lúcius


GUERREANDO PELO AFETO

No sentimento, os homens guerreiam. Armam estratégias de batalha, se municiam com um arsenal inumerável, adotam fantasias ou disfarces para melhor enganar as suas vítimas, disputam cada palmo do território conquistado, exercitam-se para estar em forma, fazem propaganda de sua causa para atrair o apoio moral dos seus companheiros, atiram suas armas sem medo nem dó, desprezam as vítimas de seus ataques e se apossam, quando pensam ter vencido, do prêmio decorrente de seus esforços, como algo que lhes pertencesse por direito, como acontecia ao vencedor de outrora.

Mas aquele que perde, em geral, inconformado com a derrota, geralmente se entrincheira no ódio, na desastrosa mágoa corrosiva e, por sua vez, articula o contragolpe, se possível mortal, a ser desferido contra seus oponentes.

Nessa atmosfera se acham todos os que são considerados homens e mulheres nas lutas da conquista afetiva, guerreiros que, em nome de um amor que dizem nutrir, espalham ódios, divisões, enganos, mentiras, agressão, más palavras, calúnias, jogando com a afetividade alheia para obterem alguma vantagem pessoal.
E quando atingem seus objetivos, depois de destruírem relações estáveis, depois de atearem fogo ao sossego de outros relacionamentos, passam a ter que suportar as exigências da nova conquista, agora sob sua tutela, ao mesmo tempo em que precisam administrar o ódio dos perdedores e as suas estratégias de ataque para destruírem a nova situação afetiva implantada.

Por isso, muita gente, depois de abandonada pelo companheiro ou companheira, adotando a postura da vingança, ao invés de reconstruir sua vida em outras bases mais luminosas e limpas, entregando os que partiram ao destino que os irá educar, se compromete a fazer a infelicidade dos que fugiram ao compromisso.

Muitos dizem: se não for para ser feliz ao meu lado, não será feliz ao lado de ninguém. Se não é para estar comigo, vou mover céus e terras para acabar com eles. Não pensem que vão me deixar aqui, na solidão, enquanto vão ficar sorrindo de felicidade por aí, como dois pombinhos apaixonados, isso é que não.

Se o abandono os feriu como efeito de um pretérito comprometido na área do afeto, quando suas outras vidas passadas testemunharam suas condutas irresponsáveis, produzindo, agora, o sofrimento da solidão para aprenderem o amargor de tal comportamento, ao adotarem o caminho da vingança, voltam a cair na mesma condição de agressores, de espalhadores do mal, de semeadores de tragédias.

E isso é assim em todos os setores da vida.


Livro Despedindo-se da Terra, cap.12
Espírito Lúcius
Psicografia de André Luiz Ruiz


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