RESPEITO PELOS OUTROS
Todos somos naturalmente egocêntricos, pois o egocentrismo é a base
da individualidade e, consequentemente, da personalidade. A pessoa
humana é um ego conscientemente definido. E é necessário que seja assim,
pois do contrário não seríamos um ser, uma consciência estruturada e
capaz de agir. Mas o egoísmo é uma deformação do egocentrismo, uma
doença do ego. Essa doença se manifesta por vários sintomas bem
conhecidos: a arrogância, a avareza, o comodismo, a ganância e,
sobretudo a falta de respeito pelos outros.
A facilidade com que interferimos na vida alheia, com que xingamos,
insultamos, caluniamos, julgamos os outros – é o maior flagelo que
assola o mundo. Essa falta de respeito pelos outros é o fruto espinhento
do egoísmo que gera os conflitos no lar, na sociedade, nas nações e na
vida internacional.
Os espíritas, incumbidos da missão de restabelecer o cristianismo na
Terra, são os que mais necessitam de compreender esse problema. O
primeiro dever dos espíritas, no tocante ao respeito pelo próximo,
refere-se à própria doutrina que nos foi dada pelos espíritos superiores
através do trabalho missionário de Allan Kardec. No entanto, a todo o
momento vemos espíritas que pretendem, sem o mínimo de conhecimento
doutrinário exigível, reformar a doutrina e superara Kardec.
No item 4 do capítulo XX de O evangelho segundo o espiritismo
temos a bela mensagem de Erasto, discípulo do apóstolo Paulo,
intitulada “Missão dos espíritas”, que devia ser lida e comentada
constantemente nas reuniões doutrinárias. Erasto nos adverte: “Cuidado,
que entre os chamados para o espiritismo muitos se desviaram da senda!
Atentai, pois, no vosso caminho – e buscai a verdade!”
Emmanuel, em sua mensagem, nos conclama ao amor e ao respeito mútuos,
segundo “as leis do bem que Jesus nos legou”. Amor e respeito não
querem dizer anulação do discernimento e da personalidade, querem dizer
compreensão. Precisamos amar, compreender e respeitar os outros, mas
sempre nos lembrando do respeito que devemos ao Espírito da Verdade e à
doutrina que ele nos legou. O primeiro sinal de obsessão num espírita,
num adepto da doutrina, é a sua leviandade na aceitação das fábulas que
desfiguram o ensino dos espíritos do Senhor, a falta de respeito para
com o Espírito da Verdade.
Irmão Saulo*
*Pseudônimo de J.Herculano Pires
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