PLANEJAMENTO REENCARNATÓRIO
No intervalo compreendido entre as reencarnações (reencarnação = entrar de novo na carne, isto é, em novo corpo físico), em geral, o Espírito imortal, no exercício de seu livre-arbítrio, escolhe o gênero de provas por que há de passar em sua próxima experiência e, com isso, assume desde logo a responsabilidade por suas decisões e logicamente pelas conseqüências delas decorrentes. Sendo importante destacar que esta escolha di
z respeito ao gênero das provas propriamente dito, e não às suas particularidades, razão pela qual os Mentores Espirituais, como sempre, recomendam cautela.
Toda reencarnação é precedida de planejamento. O Espírito trabalha, pesquisa, estuda e observa para fazer a sua escolha. Tal afirmação às vezes provoca surpresa, por existir quem acredite que, na Terra, integra determinada família por engano. Entretanto, e como facilmente se pode observar, um mínimo de planejamento é necessário até mesmo para o cumprimento de tarefas primárias de nosso dia-a-dia. E quanto ao trabalho (toda ocupação útil é trabalho” – “O Livro dos Espíritos”, questão 675), não deveria nos surpreender a afirmação de sua existência após a desencarnação diante do que disse Jesus, o Cristo, há mais de dois mil anos: O Pai trabalha até hoje, isto é, sempre!
De outra parte, informado do planejamento, há quem não compreenda, por exemplo, a razão de alguém escolher a prova da miséria quando poderia optar pela prova da riqueza, que proporciona facilidades, conforto, bem-estar. No entanto, completada a informação, passa a entender que ambas as provas são difíceis e que a prova da riqueza provavelmente seja mais difícil porque pode torná-lo avaro e egoísta; pode lançá-lo aos vícios.
De certo modo, agimos assim, quando fisicamente adoentados, por exemplo, tomamos o remédio mais desagradável para nos curarmos de pronto.
Está mais do que comprovado que precisamos aprender, crescer, progredir intelectual e moralmente e que não nos encontramos em férias, e muito menos em férias permanentes.
Até atingir a perfeição relativa, o Espírito passa por provas e expiações (“A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando” – “A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na viciação.” – livro “Dimensões da Verdade”, Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal, cap. “Sob testes e exames”). O ideal é que enfrentemos com fé, resignação e amor, mantendo-nos ativos, trabalhando e estudando sempre, procurando eliminar quanto antes as queixas de nossa vida.
A propósito, como já esclareceu André Luiz, Espírito, no livro Agenda Cristã: “As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você.” (psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB, cap. 38).
Na mesma linha, no livro “Para Uso Diário”, o Espírito Joanes aconselha: “Evite a lamentação, uma vez que ela em nada lhe auxiliará. Não diminuirá o peso da sua cruz, nem dispensará as nuvens que estejam toldando, porventura, os seus horizontes.” (psicografia de José Raul Teixeira, Ed. Fráter, cap. 20).
Como se pode observar com muita facilidade, a queixa não soluciona qualquer problema. Logo, se não resolve nem sequer acrescenta nos outros um só grama de simpatia por nós, cabe perguntar: que postura devo adotar? Qual a mais adequada? Qual a que mais nos beneficia?
A reencarnação, repetimos para enfatizar, é sempre precedida de planejamento, de modo que ninguém está solto, só, e muito menos por acaso na Terra, havendo fortíssimas razões para termos renascido neste ou naquele país, nesta ou naquela cidade, nesta ou naquela família, com incontáveis facilidades ou dificuldades, etc., mesmo que agora não saibamos identificá-las e apontá-las.
A reencarnação, como bênção de oportunidade, reflete a Justiça de Deus. Oportunidade de corrigir nossos erros, males e equívocos, ainda que parcialmente, de ajustar e reajustar contas. Oportunidade de crescimento, de evolução, de progresso intelectual e moral. Oportunidade ímpar de dar nova direção à nossa Vida, com o ingresso definitivo na estrada do Bem, praticando-o onde quer que nos encontremos.
Antonio Moris Cury
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