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31 julho 2017

Calvário dos médiuns - Vianna de Carvalho



CALVÁRIO DOS MÉDIUNS


Envolta em auréola mítica por largos séculos, a mediunidade tem sido confundida, na sua realidade paranormal, transitando do estado de graça à condição de demonopatia ou degeneração psicológica da natureza humana.

Homenageada em alguns períodos da História, noutros detestada e perseguida com dureza, ainda permanece ignorada pela presunção de uns, pela ignorância de outros, pelo preconceito que, teimosamente, se demoram, dominadores, no organismo sociocultural dos nossos dias.

Allan Kardec foi o corajoso estudioso que lhe penetrou as causas e estudou à saciedade, estabelecendo critérios justos de avaliação e técnicas próprias para a compreensão, estudo e desdobramento das suas possibilidades psíquicas.

As suas análises abrem espaços científicos e culturais para um conhecimento lógico dessa faculdade, desvestindo-a de todas as superstições, fantasias e acusações de que tem sido vítima.

Mediante linguagem clara e fácil ao entendimento de todos, examinou a mediunidade sob os pontos de vista orgânico, psicológico, psiquiátrico e sociológico, concluindo pela sua legitimidade e amplos recursos para a perfeita integração do homem na harmonia da Natureza, estabelecendo diretrizes morais para o seu exercício e regras comportamentais para a sua demonstração científica, elaborando um tratado extraordinário, que permanece o mais completo a respeito da paranormalidade humana, que é o insuperável O livro dos médiuns.

Apesar disso, a mediunidade e os médiuns prosseguem como motivo de surpresa, admiração e sarcasmo, conforme o meio social em que se apresentem.

Utilizados, invariavelmente, para futilidades e divertimentos, sofrem o barateamento da ingerência de pessoas astutas, porém desinformadas, que pretendem conduzi-los em proveito próprio ou para exibição em espetáculos que se caracterizam pelo ridículo decorrente da ignorância de que são portadores.

Chamam a atenção pelo exibicionismo vulgar e logo desaparecem, quais cometas que passam com celeridade, sem maior benefício, para o zimbório sombrio, por onde deambulam errantes.

A mediunidade, exercida com elevação de propósito, séria e digna, tem sofrido a incompreensão e agressividade daqueles que gostariam de utilizá-la nos jogos da ilusão e do prazer. Por consequência, os médiuns sinceros e honestos, de conduta moral incorruptível pagam alto preço pela vida moral a que se entregam e por se fazerem dóceis às orientações dos seus guias espirituais, que não convivem com ideias, discussões estéreis, rivalidades de indivíduos, grupos, nem sociedades que se entregam ao campeonato da vaidade.

Atacados os próprios arraiais do Movimento no qual laboram, são levados à praça público do ridículo por companheiros apressados, sem nenhuma folha de serviço apresentada à Causa Espírita, mas, hábeis, nos aranzéis da agressão, escrevendo ou falando, desta forma, por mecanismo de transferência psicológica, atirando no trabalhador o que se encontra neles próprios e descarregando a mal disfarçada inveja que os leva a competir, às vezes, inconvenientemente, quando deveriam compartir e participar do serviço de iluminação de consciências ao qual aquele se entrega.

Sucede que se encontram teleguiados por mentes insanas, as quais sempre combateram e perseguiram os instrumentos das Vozes lúcidas do Além-Túmulo que vêm despertar os homens e adverti-los das ciladas preparadas por esses adversários desencarnados, incansáveis nos seus malfadados programas de perturbação e crimes, obsessão e loucura...

Além destes, que medram com exuberância nos dias atuais, a dureza dos descrentes e gozadores sempre está disposta a agredir os médiuns e acusá-los de serem portadores de desequilíbrios da mente, do sexo, da conduta, por serem diferentes, isto é, por adotarem um comportamento saudável, que aqueles têm como incompatível com os dias de luxúria e abuso de toda natureza, ora vigentes.

Outros perseguidores ainda repontam em pessoas que procuram depender emocionalmente do amigo da mediunidade, as quais, contrariadas por este ou aquele motivo, verdadeiro ou falso, se levantam para infligir maior soma de sofrimentos a quem sempre lhes aturou com paciência a preguiça mental e as irregularidades morais, brindando-os com palavras amigas e consoladoras...

Já não se apedrejam, nem se encarceram ou conduzem à fogueira os médiuns. Todavia, a maledicência e a acrimônia, a crítica sistemática e as exigências de consultas largas quão inócuas constituem prova e martírio para os instrumentos abnegados que se entregam ao ministério com unção. Além do círculo de erro exterior que os comprime, a sua condição humana exige-lhes muitas renúncias silenciosas, que os amigos fingem não ver, por considerarem que a mediunidade, segundo alguns, é um privilégio que libera o seu portador das aflições e processos de evolução pela dor.

Carregando todos os problemas inerentes à sua situação evolutiva, remuneram a alto preço a existência, em holocaustos admiráveis e perseverantes no Bem, que os credenciam a receber maior assistência e amor dos seus amigos espirituais.

Por fim, sofrem o assédio tanto das entidades inimigas do progresso da Humanidade, como dos seus próprios adversários espirituais, que não os perdoam pela tarefa que desempenham em favor de si mesmos e das demais criaturas.

O calvário dos médiuns é oculto e deve ser vivido com dignidade, sem queixas ou reclamações, pois que é, também, o pórtico da ressurreição gloriosa, de onde se alarão às regiões felizes, depois de cumpridas as tarefas de amor e esclarecimento, de caridade e perdão para as quais reencarnaram.

Têm por modelo Jesus, que lhes permanece como o Conquistador Inconquistado que, morrendo por amor, distribui vida para todos aqueles que o buscam e nele creem, servem e passam, rumando na direção da Imortalidade...

Vianna de Carvalho
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 20 de abril de 1988, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador Bahia.

30 julho 2017

Crenças inflexíveis - Jane Maiolo,



CRENÇAS INFLEXÍVEIS

“Quero pois que os homens orem em todo lugar levantando mãos santas sem ira nem contendas”. [1]Timóteo 1;8

A palavra tentação vem do latim tentatio,onis que etimologicamente significa instigar, induzir, influenciar. Somos criaturas facilmente influenciáveis e a prova inconteste é o crescente número de ocorrências positivas e negativas que nos envolvemos num período relativamente curto no espaço-tempo.

Até o presente momento as vozes do mundo espiritual vem realizando um esforço hercúleo a fim de que despertemos para a verdadeira vida, que é a vida espiritual, porém, o sono da ilusão ainda mantém-nos induzidos às manobras lentas e desprovidas de iluminação interior.

Mergulhados num sono profundo e alheios a nossa responsabilidade com a vida espiritual iniciamos os primeiros movimentos para o despertar do espírito, todavia, a tentação de permanecermos na ilusão ainda nos ensombrece a razão. O gosto pelo domínio das ideias e instituições, pelo poder, pelos prazeres efêmeros, fazem com que permaneçamos em estado de hipnose e inutilidade.

A busca pela verdade deveria ser o objetivo real e intransferível das nossas existências na matéria densa.

Pela tradição do Judaísmo, Malaquias foi o último dos Profetas do Antigo Testamento a anunciar a vinda do Cristo e as verdades esquecidas e restabelecidas para época. Malaquias foi o profeta que após o exílio do povo Judeu na Babilônia teve a tarefa de avivar os ensinamentos transcendentes ao povo hebreu . Após o seu silêncio os seres espirituais, na sequência, emudeceram profundamente.

Por quatrocentos anos não se ouviram mais as vozes do “céu”, entretanto, os habitantes das regiões celestes, responsáveis pelo nosso adiantamento e evolução espiritual, permaneceram no trabalho silenciosos.

Os operário divinos, responsáveis pelo destinos da Terra, enviaram para o orbe alguns personagens grandiosos na área da filosofia, a saber, Sócrates, Platão, Aristóteles; artesãos da beleza como Horácio, Virgílio e estrategistas militares como , Anibal, Alexandre , Júlio Cesar, dentre outros homens, com os objetivos específicos de solavancos psíquicos e progresso social, político, econômico, filosófico, artísticos na Terra.

Todos os enviados citados acima foram falíveis como todo ser humano o é, porém, se contribuíram para alguns avanços ao mesmo tempo escreveram dores e sofrimento nas suas trajetórias.

Entretanto, de repente o silêncio do mundo espiritual é rompido e as vozes inexplicáveis retornam ao mundo físico através de João, o Batista, notório pelo símbolismo da voz do que clama no deserto. O filho de Isabel anuncia a presença apoteótica do Cristo entre nós. Os panoramas sócio-culturais e espirituais ganham outra dimensão, outro colorido, outra Vida. Novas esperanças. O pensamento religioso sofre um abalo, não obstante as transformações do ser continuem morosas, lentas.

Com Jesus iniciamos uma Nova Era de emancipação espiritual, ou seja, a transição entre a ignorância e a sabedoria espiritual. Suas pregações, seus exemplos nos impulsionaram para o pensamento de um novo paradigma, que lançado silenciosamente, levaram-nos a entender que há um mundo espiritual à nossa volta com qual mantemos contato ,ou seja, somos influenciados, induzidos, seduzidos, instigados e constrangidos.

O espírita, médico neurologista e neurocirurgião Nubor Facure elucida reflexões oportunas na sua recente obra intitulada Metaneurologia ao proferir que “há outras expressões de vida e energia para os quais ainda não temos instrumentos para registrar a presença. (...) A evolução fundamental é a evolução da Alma que repercute e altera a evolução biológica. (...) Há muito mais experiências ao nível psíquico do que na dimensão material. (...) O corpo espiritual é o que contém nossa história filogenética em toda a sua pujança”. [2]

Somos seres que vivemos múltiplas existências e no Universo há várias moradas. Nossas crenças e convicções dantes inflexíveis hoje carecem de revisões. Os ancestrais julgamentos sobre a vida terrena e a pujante realidade espiritual carecem ainda de apuradas cogitações coerentes. As crenças autocráticas e monolíticas haverão de desaparecer. A tentação de conservarmos inertes nos braços de Morfeu tem que ser vencida, porém, conforme orienta sobre a concórdia, o “Convertido de Damasco” adverte ao discípulo Timóteo: “Quero pois que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas sem ira e sem contenda”. [3]

É imperioso lembrar que “As grandes vozes do céu ressoam como o toque da trombeta, e os coros dos anjos se reúnem. Homens, nós vos convidamos ao divino concerto: que vossas mãos tomem a lira, que vossas vozes se unam, e, num hino sagrado, se estendam e vibrem, de um extremo do Universo ao outro.[4]

Somos colaboradores do Cristo e nossas vozes precisam entoar o cântico da Terceira Revelação ao mundo nas expressões arrebatadoras da verdade, do consolo e da instrução oriunda do mundo espiritual , amparadas na concordância e universalidade dos ensinos dos espíritos.

Deterioremos as vaidades, debelemos as injúrias, silenciemos as blasfêmias, afinal, Jesus nos solicita mãos que servem ao bem e vozes que anunciam verdades imortais , jamais iras e contendas entre nós.

Jane Maiolo

Referências bibliográficas:

1-Timoteo 1;8

2-Facure, Nubor Orlando-Metaneurologia - Há um "cérebro" além do cérebro /- Londrina, PR: EVOC, 2016. 63 p.

3-Timóteo-1;8

4- KARDEC, Allan Kardec. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 3ª edição .FEB. Rio de Janeiro, 2007.


29 julho 2017

As colônias espirituais existem? - Wellington Balbo



AS COLÔNIAS ESPIRITUAIS EXISTEM?

Há no meio espírita muitas controvérsias com relação as colônias espirituais. Debates acalorados são travados e, não raro, discussões que acabam por provocar animosidades acontecem por conta do assunto.

Alguns espíritas dizem que sim, as cidades espirituais existem.

Médiuns também corroboram com a tese. Há diversos livros psicografados pelos mais diferentes médiuns em que são relatadas cidades no mundo dos espíritos.

Aliás, médiuns em épocas mais recuadas do que o próprio Espiritismo já falavam das cidades espirituais.

Cidades semelhantes as da Terra, com prédios, móveis, objetos de todos os tipos.

Já outros autores e estudiosos do Espiritismo afirmam que as colônias não existem, porquanto Kardec nada fala sobre isto em suas obras.

Estuda daqui, reflete de lá e eis que aqui me encontro para dar meu pitaco sem, contudo, a pretensão de convencer A, B ou C.

Kardec não fala disto abertamente em sua obra, mas em minha interpretação é possível que as colônias existam.

Tomo como base uma passagem em O livro dos Médiuns. No capítulo VIII, Laboratório do Mundo Invisível, Kardec e São Luis travam curioso diálogo sobre a aparição do espírito de uma pessoa viva e que portava uma tabaqueira.

Foquemos no objeto: a tabaqueira.

Kardec esmiúça o assunto. Como sempre ele quer saber tudo de tudo. Seria uma cópia da tabaqueira que havia no mundo físico a que apareceu junto com o Espírito?

Seria uma ilusão para dar veracidade a aparição?

Teria alguma coisa de material a tabaqueira?

São Luis responde que a tabaqueira não é uma ilusão e tem algo de material. Informa, ainda, que os Espíritos exercem enorme poder sobre a matéria, um poder, aliás, que não podemos imaginar.

O Espírito, portanto, a depender de sua vontade pode concentrar objetos e dar-lhes forma, inclusive tornando-os tangíveis ao homem encarnado.

Diante do diálogo de Kardec com São Luis, suponho, então, que os Espíritos podem construir as colônias espirituais e demais objetos no mundo dos Espíritos se assim o quiserem.

Ou minha suposição está errada?

De qualquer modo, cedo ou tarde saberemos o que se passa...


Wellington Balbo


28 julho 2017

Inimigos em família - Morel Felipe Wilkon


 
INIMIGOS EM FAMÍLIA


Como a Doutrina Espírita explica a existência de desafetos dentro da própria família? Quase todas as famílias têm seus casos de desentendimento entre alguns dos seus membros, muitas vezes verdadeira aversão sem nenhuma explicação na existência presente.

“Por que certos desafetos reencarnam como nossos familiares? Mesmo se o perdão for obtido em uma das partes eles continuarão reencarnando próximos um ao outro em outras vidas?”- Kirae Scarffon

É bom nós sabermos – e quem fez essa pergunta já sabe disso – que é comum que antigos desafetos reencarnem próximos um do outro, principalmente no meio familiar. Numa mesma família geralmente há o encontro de antigos desafetos. Por quê?

Imagine que você se mude para o outro lado do mundo, que você nunca mais tenha contato com ninguém do Brasil, com ninguém que você conheceu aqui. Daqui a uns 40 anos, quando eventualmente você se lembrar de alguém que você conheceu aqui, de quem você vai se lembrar?

Você vai lembrar das pessoas que você ama e das pessoas que você odeia. Talvez você não ame ninguém, ou você não odeie ninguém. Mas você certamente formou vínculos de afeto e de desafeto. Muitas pessoas que nós conhecemos nessa existência não irão representar grande coisa para nós no futuro. São coadjuvantes em nossa vida. Mas há os protagonistas em nossa vida, que são aquelas pessoas por quem nós nutrimos sentimentos de amor e ódio.

São com essas pessoas que nós temos vínculos. É a elas que nós estamos ligados. É importante considerarmos que se nós sentimos ódio de alguém é porque muito provavelmente antes de experimentarmos esse sentimento de ódio nós sentimos por esse alguém algo muito próximo muito semelhante ao amor. Ninguém sente ódio de alguém se nunca gostou desse alguém antes. As relações de ódio quase sempre surgem a partir da traição, do engano, da inveja, da disputa desenfreada – mas antes de se manifestar a traição, o engano, a inveja, a disputa desenfreada, havia amor – não o amor verdadeiro porque nós ainda não sabemos amar de verdade, mas algo muito próximo ao amor.

Se uma pessoa que eu não conheço, ou um conhecido qualquer – se essa pessoa me trai, é claro que eu não vou gostar, mas também não vou morrer de ódio dessa pessoa.

Mas se alguém que eu amo – um irmão, um filho, o cônjuge – se um deles me trair, o amor que eu sinto poderia se transformar em ódio: eu tenho um vínculo muito forte com essa pessoa e esse vínculo permanece – ele apenas deixa de ser positivo e se torna negativo.

Os nossos grandes desafetos, então, são espíritos com quem nós já convivemos no passado, em outras existências, e são espíritos de quem nós já gostamos, fomos grandes amigos, talvez sócios, ou irmãos, ou amantes – já tivemos laços de amor no passado.

Os espíritos se atraem por afinidade. A reencarnação acontece normalmente por afinidade. É um equívoco supor que todos nós passamos por um planejamento antes de reencarnar. Isso é correto se considerarmos que a Lei de Deus (o grande conjunto de Leis que nos regem) seja um planejamento – ou que comportem um planejamento. Mas não há planejamento individual para cada espírito que reencarna.

Nós nos aproximamos, então, por afinidade. Nós temos vínculos aqui, temos laços de afeto e desafeto com algumas pessoas, nós mantemos esses laços depois de desencarnados, e esses laços permanecem ainda quando reencarnamos. São esses vínculos que nos unem, que aproximam as pessoas em pequenos e grandes grupos.

– Qual é a razão, na Lei de Deus, para que os desafetos se encontrem? Não seria melhor se nós nunca mais encontrássemos os nossos desafetos?

Não. Se nós não os encontrássemos novamente, nós não curaríamos as feridas produzidas por esses laços de ódio. O ódio é uma doença do espírito. Enquanto nós sentimos ódio, enquanto nós tivermos ódio dentro de nós, mesmo que bem controlado, mesmo que nós nem percebamos que sentimos ódio – nós não nos curamos. E a única maneira de curar essa doença chamada ódio – ódio e seus derivados: mágoa, rancor, ressentimento – o meio de nós curarmos essa doença é nos rearmonizando com nós mesmos e com os nossos desafetos.

Em relação ao perdão: eu posso perdoar, posso me elevar espiritualmente e superar esses laços negativos. Perdoar é desligar-se, deixar para trás. Perdoar alguém de quem eu tive ódio é romper com esses laços de ódio, eu já não estou ligado a essa pessoa por laços de ódio.

Poderíamos pensar, então, que basta perdoar para nos vermos livres dos nossos desafetos.

É mais ou menos. Quando eu perdoo eu me livro da doença, eu estou curado do ódio. Mas a Lei é perfeita. A Lei de Deus é perfeita. Nada escapa da Lei. Temos que considerar que nós contribuímos para a formação desses laços de ódio, nós contribuímos para que essa desarmonia acontecesse. Se examinarmos as nossas existências anteriores veremos que nós não somos vítimas. Podemos ter sido vítimas numa determinada existência, mas fomos algozes em outra existência anterior – às vezes espíritos se perseguem durante milênios, alternando as posições de perseguido e perseguidor. Isso só termina com o perdão e a rearmonização.

Referindo-se a esses laços de desafeto, a essas relações de ódio, Jesus nos ensinou no sermão da montanha:

“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.” Mateus 5:25-26

Temos que pagar até o último centavo. O que isso quer dizer?

Quer dizer que nós não nos elevaremos de verdade enquanto estivermos em débito com as Leis divinas.

Jesus disse para entrarmos em acordo com o nosso adversário, para nos conciliarmos, ou nos reconciliarmos com o nosso adversário – o adversário é esse desafeto que reencarnou como nosso familiar. Temos a oportunidade de nos reconciliarmos agora. Isso não quer dizer que temos que morrer de amores por esse familiar nosso. Se nós construímos grandes diferenças um com o outro, a ponto de mal nos suportarmos, dificilmente vamos amar esse desafeto, nesta reencarnação, como nós amamos outras pessoas. Mas é preciso começar a rearmonização. É preciso tolerar; compreender; ajudar, se for o caso; e querer o bem para essa pessoa, orar por essa pessoa – isso é o mínimo que podemos fazer.

O perdão liberta, é verdade. Mas não nos isenta de trabalharmos pela rearmonização, de trabalharmos pela harmonia do universo.

A Lei de Deus é pura harmonia. Deus é amor, é alegria, é prazer – para vivermos o reino de Deus, que é o nosso próximo estágio evolutivo, temos que estar em plena harmonia com as Leis de Deus.

Autor: Morel Felipe Wilkon


27 julho 2017

Razão de Viver - Espírito Joanes

 
RAZÃO DE VIVER


É consideravelmente grande o número de pessoas que se ergue pela manhã sem qualquer sentido para o seu despertar. Se dormiu sem nenhum objetivo, acorda do mesmo modo, transformando todo o seu dia, a partir de então, em uma experiência insossa ou vazia.

Em decorrência desse oco no campo da existência, é que incontáveis criaturas põem-se a vagar pelas ruas, sem nenhum objetivo, ficando à mercê do que apareça, do que aconteça no passar do dia.

Essa experiência de levar uma vida sem direção costuma fazer com que nas pessoas não considerem a importância do tempo, a grandeza de cada oportunidade que a encarnação apresenta. Desaparece qualquer significação para família, amigos, trabalho. O indivíduo costuma deixar-se levar pelos ventos do acaso ou pelas correntezas do "deixa acontecer".

Quando se estabelece esse estado d'alma, a pessoa corre o risco de ser traga pelo aguaceiro das circunstâncias, completamente desprevenida, sem quaisquer resistências morais para facear qualquer perigo.

Com certeza, esse não é o melhor modo de se viver.

É urgente que nos possamos sentir como peças importantes nas engrenagens da vida, tomando gradual consciência quanto ao nosso exato papel frente às leis de Deus.

Seria muito belo se cada pessoa, principalmente as que ainda não encontraram sentido para as próprias vidas, resolvesse perguntar-se: o que é que posso fazer em prol do mundo onde estou? Ou, por outro lado: afinal, para o que pe que eu vivo? Para quem é que eu vivo?

Muito dificilmente não achará respostas valiosas, caso esteja, de fato, imbuída da vontade de conferir um sentido para a sua existência no mundo.

Cada um de nós, quando se encontra nas pelejas do mundo terreno, pode viver para atender, para cuidar de alguém ou de alguma coisa, dando valor as suas horas. É importante e necessário dar sentido à vida. É, sim, importante viver por algo ou por alguém. Tal experiência irá desatando os filetos do nosso amor, que se tornarão cascatas, até que se transformem em gigantescas cachoeiras, derramando as energias dessa luminosa virtude.

Dedique-se a um ser que lhe seja querido, que lhe sensibilize a alma, e passe a viver em homenagem a ele, ou a eles, se forem vários.

Dedique-se a uma causa que lhe pareça significativa para o bem geral, e passe a viver em cooperação com ela.

Dedique-se a cuidar de jardins, de animais, do ambiente. Apóie-se seja no que for, desde que voltado para as fontes do bem, que alimentará seu íntimo, a fim de que seus passos pela Terra não sigam a esmo, ao azar.

Quando se encontram razões para viver, passa-se a respeitar e a honrar as bênçãos da existência terrestre, o que converte cada momento em oportunidade valiosa para crescer e progredir.

A vida na Terra não precisa ser um 'campo de concentração' a impor-lhe tormentos a cada hora. Se você quiser, ele será um jardim de flores ou um pomar de saborosos frutos, após a sementeira responsável e cuidadosa que você fizer. Dedique-se a isso.

Empreste sentido e beleza a cada um dos seus dias terrenos. Liberte-se desse amortecimento da alma que produz indiferença. Sinta que, apesar de todos os problemas e danações que se abatem sobre a humanidade, a chuva nutriente continua a beijar a face do mundo e um sol magnífico segue iluminando e garantindo a vida em todo lugar. Isto porque todos nós somos alvos da dedicação de Deus.

Meditação: A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance.

Espírito Joanes 
Mensagem extraída do Livro Para Uso Diário 
Psicografia José Raul Teixeira 

26 julho 2017

O Espírita no velório, cerimônia do “até já”,“até logo”, “nos veremos em breve” - Jorge Hessen

 

O ESPÍRITA NO VELÓRIO, CERIMÔNIA DO "ATÉ JÁ", "ATÉ LOGO", "NOS VEREMOS EM BREVE"
 

Certa vez, um confrade segredou-me que não permitirá velórios no sepultamento de seus familiares mais próximos, porque é totalmente contra tal tradição mortuária. Não vê lógica doutrinária nesse tipo de cerimonial. Crê que após constatada a desencarnação, em no máximo algumas poucas horas, deveriam ser feitos os preparativos para o sepultamento, sem rituais religiosos.

Busquei esclarecê-lo de que velório ou “velação” não é necessariamente um ritual religioso”, portanto não está associado a religiões, até porque seu início dá-se quando a pessoa está doente e precisa de ser velada, cuidada, vigiada. Pois é! A origem da palavra velar que dá origem a velório vem do latim "vigilare", que dá significado de vigilância. E mais: o termo velar não se refere às "velas", flores, missas, cultos, mas (repito) ao verbo "velar" (de cuidar, zelar).

O dicionarista define o verbo velar como "ficar acordado ao lado de (alguém)", "ficar acordado durante (um tempo)" e ainda "manter-se de guarda, vigia" dentre outras definições. O termo tem uma conotação exata se de fato as pessoas que vão "velar" o falecido, realmente o fazem com atitude de zelo, vigília, respeito e de despedida do corpo que serviu ao espírito durante a experiência que se encerra.

É evidente que velar o defunto é atitude respeitável. No velório devemos orar respeitosamente ao amigo que se despoja do corpo físico, dirigindo-lhe por exemplo (como sugestão) a prece indicada por Allan Kardec contida no cap. XXVIII, item 59 do Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado “Pelos recém-falecidos”. [1] 

Protocolarmente ou não, no velório nos solidarizamos com os parentes e amigos do “morto”, auxiliando no que for preciso, seja ofertando um abraço fraterno ou apenas a presença serena, numa empatia repleta de misericórdia, na base da paciência e do estímulo, da consolação e do amor, como nos instrui Emmanuel. [2]

Em contrapartida, em muitos casos essa celebração se desviou, e muito, do sentido ético, pois acima das emoções justificáveis por parte dos parentes e amigos, ostenta-se um funeral por despesas excessivas com coroas de flores, santinhos, escapulários, velas que podem ser usados em doações a instituições assistenciais, conforme instrui André Luiz. Ouçamo-lo: Os espíritas devem dispensar, nos funerais, as honrarias materiais exageradas e as encenações, pois considerando que "nem todo Espírito se desliga prontamente do corpo", importa, porém, que lhe enviemos cargas mentais favoráveis de bênçãos e de paz, através da oração sincera, principalmente nos últimos momentos que antecedem ao enterramento ou à cremação. Oferenda de coroas e flores deve transformar-se "em donativos às instituições assistenciais, sem espírito sectário". [3]

Social, moral e espiritualmente, quando comparecemos a um velório exercemos abençoado dever de solidariedade, proporcionando consolação à família. Infelizmente, tendemos a fazê-lo por desencargo de consciência formal, com a presença física, ignorando o decoro espiritual, a exprimir-se no respeito pelo recinto e no esforço de auxiliar o desencarnado com pensamentos elevados.

Ora, o desencarnado precisa de vibrações de harmonia, que só se formam através da prece sincera e de ondas mentais positivas. Em o livro Conduta Espírita, o Espírito André Luiz mais uma vez adverte-nos para "procedermos corretamente nos velórios, calando anedotário e galhofa em torno da pessoa desencarnada, tanto quanto cochichos impróprios ao pé do corpo inerte. O recém-desencarnado pede, sem palavras, a caridade da prece ou do silêncio que o ajudem a refazer-se. “É importante expulsar de nós quaisquer conversações ociosas, tratos comerciais ou comentários impróprios nos enterros a que comparecermos". Até porque a "solenidade mortuária é ato de respeito e dignidade humana". [4]

Deploravelmente, poucos se dão ao cuidado de conversar baixinho, principalmente no momento da remoção do cadáver do recinto para a “catacumba”, quando se amontoam maior número de pessoas. Temos motivos de sobra para a moderação, cultivemos o silêncio, conversando, se necessário, em voz baixa, de forma edificante.

Podemos fazer referências ao finado com discrição, evitando pressioná-lo com lembranças e emoções passíveis de perturbá-lo, principalmente se forem trágicas as circunstâncias do seu falecimento. Oremos em seu benefício, porque “morre-se” como “se vive”. Se não conseguirmos manter semelhante comportamento, melhor será que nem compareçamos ou nos retiremos do ambiente, evitando alargar o estrepitoso coro de vozes e vibrações desrespeitosas que afligem o recém-desencarnado, até porque o “morrer” nem sempre é o “desencarnar”.

Referências bibliográficas:

[1] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 59, RJ: Ed. FEB, 1939
[2] Xavier, Francisco Cândido. Servidores no Além, SP: Editora – IDE, 1989
[3] Vieira, Waldo. Conduta Espírita, RJ: Ed FEB, 1999
[4] Idem



Jorge Hessen

25 julho 2017

Comece por você - Momento Espírita


COMECE POR VOCÊ


Para quem tem olhos de ver, em toda parte ensinamentos se fazem presentes.

No túmulo de um bispo anglicano, que está na cripta da Abadia de Westminster, na praça do Parlamento, em Londres, pode-se ler o seguinte:

Quando eu era jovem, livre, e minha imaginação não tinha limites, eu sonhava em mudar o mundo.

À medida que me tornei mais velho e mais sábio, descobri que o mundo não ia mudar. Reduzi, então, meu campo de visão e resolvi mudar apenas meu país.

Mas acabei achando que isso, também, eu era incapaz de mudar.

Envelhecendo, numa última e desesperada tentativa, decidi mudar apenas minha família, os mais próximos, mas, ai de mim, eles não estavam mais ali.

Agora, no meu leito de morte, de repente percebo: se eu tivesse primeiro me empenhado apenas em mudar a mim mesmo, pelo meu exemplo eu teria mudado minha família.

Com a inspiração da família e encorajado por ela, teria sido capaz de melhorar meu país e, quem sabe, poderia até ter mudado o mundo. Quase sempre, pensamos e agimos exatamente assim. É comum lermos um trecho do Evangelho e logo pensarmos como aquelas frases seriam muito importantes para alguém da nossa família.

Quando ouvimos uma palestra edificante, que concita ao bem, logo nos vem à mente o pensamento de que seria muito bom se determinada pessoa estivesse ali para ouvir.

Isso faria muito bem para ela! É o que dizemos para nós mesmos.

Como esta informação a poderia modificar, mudar sua forma de agir!

Quando estamos vinculados a uma determinada religião, o pensamento não é diferente.

Ficamos a desejar que nossos parentes, nossos amigos, colegas professem a mesma crença, comunguem dos mesmos ideais.

Por vezes, chegamos a nos tornar um pouco inconvenientes, ou talvez até em demasia, mandando recados, frases escolhidas para os amigos.

Tudo nesse intuito de que eles as leiam, as absorvam e coloquem em prática.

São frases que se referem aos bons costumes, à ética, à moral e quem as recebe, com certeza, pensará também: Seria muito bom que o remetente colocasse em prática essas fórmulas. Ele precisa disso.

Por isso é que o mundo ainda não é esse local especial que tanto ansiamos: um oásis de compreensão, com aragem de paz e fontes cantantes de fraternidade.

Porque cada um de nós deseja, pensa, anseia por mudar o outro. Por fazer que o outro se revista de compreensão, de polidez.

Contudo, o Modelo e Guia da Humanidade estabeleceu que cada um deve dar conta da sua própria administração.

Administração da sua vida, dos seus deveres, da sua missão.

O mundo é a somatória de todos nós, das ações de todos os homens.

Cabe-nos pois a inadiável decisão de nos propormos à própria melhoria.

E hoje, hoje é o melhor dia para isso. Nem amanhã, nem depois.

Hoje. Comecemos a pensar em que poderemos nos melhorar.

Quem sabe, um gesto de gentileza? Que tal um bom dia? Um obrigado, um sorriso?

Pensemos nisso.


Por Redação do Momento Espírita

24 julho 2017

Doenças mentais e obsessões - Joanna de Ângelis


DOENÇAS MENTAIS E OBSESSÕES

Questão grave que requisita acurados estudos e contínuo exame, a fim de haurir-se necessário conhecimento, a que diz respeito à problemática das distonias e afecções psíquicas, sejam decorrentes dos transtornos orgânicos e mentais, sejam de causa obsessiva.

Em cada processo de alienação mental há uma causa preponderante com complexidades que escapam ao observador menos vigilante e pouco adestrado, em relação às questões do Espírito.

Sendo o homem um Espírito encarnado em processo evolutivo, somente por meio do seu conhecimento espiritual serão possíveis os esforços exitosos no solucionamento dos distúrbios que o surpreendem no trânsito carnal.

Cada enfermidade mental tem sua etiopatogenia específica sediada nas intricadas tecelagens do perispírito do paciente, como resultado do comportamento que se permitiu de maneira equivocada. Isto porque as soberanas Leis da Justiça Divina sempre alcançam os infratores dos seus estatutos, onde quer que se encontrem.

O homem, por meio das realizações, construções mentais e atitudes, instala nos centros da vida pensante os germens dos distúrbios que produzem alienações as mais diversas, impondo os impostergáveis ressarcimentos pela autopunição, por meio das psicoses, psicopatias, psiconeuroses, traumas, obsessões que se apresentam em múltiplos aspectos...

Da neurose simples às complexas manifestações da hidro, da micro e da macrocefalia, do mongolismo [Síndrome de Down], da esquizofrenia, as causas atuais possuem suas matrizes na anterioridade do caminho percorrido, no passado, pelo Espírito ora em alienação...

As agressões à caixa craniana e ao cérebro, pela desarvoração que conduz ao suicídio, engendram as anomalias da constituição morfológica e de funcionamento das engrenagens mentais desarranjadas pelos petardos e atentados perpetrados na suprema rebeldia a que o homem se entrega...

Ninguém foge à vida sem se surpreender com ela mais adiante... Pessoa alguma se evade à responsabilidade sem que se veja defrontada pelos problemas criados à frente. Criminosos não justiçados reencarnam com psicoses maníaco-depressivas, como a tentarem fazer justiça ante o delito, não ressarcido, fixado na memória. Homens que enganaram, não obstante as homenagens que desfrutaram, refugiam-se em várias formas de loucura, como a fugirem dos compromissos que não têm coragem para enfrentar...

Na gama multiface das alienações mentais, a obsessão igualmente ocupa lugar expressivo. Ódios demoradamente cultivados e decorrentes de erros graves vinculam os que se demoram no além-túmulo aos que reencarnaram na Terra, produzindo lamentáveis consórcios mentais de consequências imprevisíveis. Hediondos conciliábulos que transcorreram em sombras, produzindo gravames, convertem-se em heranças de interdependência psíquica, que degeneram em obsessões cruéis... Amores violentos, saciados em sangue, asfixiados em traição, silenciados em infâmias, mantidos em tramas urdidas para se libertarem dos empecilhos, reagrupam algozes e vítimas no intercâmbio espiritual que se transforma em subjugações truanescas de curso demorado e pungente...

A morte não apaga a memória, antes a aguça, facultando a uns lucidez exagerada, enquanto outros jazem em longo torpor, automaticamente atraídos e imantados aos cômpares dos crimes e descalabros, produzindo interdependência, em comunhão danosa, de vampirização fluídica, em que se exaurem as forças constitutivas da cápsula carnal, por onde deambulam os encarnados. A morte é sempre a grande, fatal desveladora de mistérios, de enigmas, de causas ocultas... E a vida física se organiza mediante as consequências dos atos pretéritos, transformados em presídios de dor ou paisagem de liberdade. Simultaneamente, a experiência carnal enseja tesouros de incomparável valor para a elaboração de causas propiciatórias à paz e à felicidade que um dia todos lograrão, após depurados e esclarecidos.

Do conhecimento da Vida Espiritual defluirão preciosos benefícios para a sanidade mental das criaturas humanas.

O Espiritismo ou Cristianismo moderno possui as mais valiosas terapêuticas para a problemática mental da atualidade, por ensinar a indestrutibilidade e comunicabilidade do princípio espiritual do homem, asseverando quanto à necessidade das sucessivas reencarnações, anulando o pavor da morte, dos sofrimentos e sendo o mais perfeito método contra os fatores que produzem traumas, desvarios, desequilíbrios...

Favorecendo o otimismo, este produz a vitalização dos centros do equilíbrio psicofísico, reabastecendo de energias compatíveis as engrenagens eletromagnéticas do campo mental, vitalizando os fulcros debilitados da fomentação de forças mantenedoras da vida.

A diminuição das defesas morais encarregadas de criarem um campo de força defensiva no homem faculta a invasão microbiana no organismo, permitindo que sequelas desta ou daquela ordem afetem os núcleos do discernimento e da razão, arrojando-o no desconserto da loucura.

O cultivo da prece, a conversação edificante, o exercício da meditação e da reflexão, as ações nobilitantes, o labor pelo próximo, conseguem fortalecer o homem com energias específicas, forrando-o das agressões físicas como espirituais, propiciatórias das distonias múltiplas, promotoras das doenças mentais e obsessivas que tanto infelicitam.

No sentido oposto, a ociosidade física e mental, o pessimismo, a irritabilidade, o desânimo, a malícia, a ira e o ódio, o ciúme e os vícios, facultam não apenas a proliferação dos fatores que geram loucuras como o surgimento de matrizes para fixações obsessivas de consequências graves.

Em razão proporcional aos distúrbios morais crescem os desvarios mentais supliciando os Espíritos levianos e culpados, em terapêutica depuradora, de que se poderiam forrar, não se demorassem vinculados aos círculos da insensatez, da leviandade, do imediatismo...

Em face do conhecimento do Mundo Espiritual, presente em todos os cometimentos humanos, poderão a Psiquiatria, a Psicologia, a Psicanálise, a Psicossomática enriquecer-se de luzes para se transformarem, realmente, em ciências da alma e da mente em benefício do homem, após vencido o preconceito que não obstante o respeito que nos merecem, lhes põem antolhos impeditivos para a clara e ampla visão das realidades da vida, na grandeza que lhe é própria.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 25 de fevereiro de 1974, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Do site: http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=475.

23 julho 2017

O fenômeno Prevorst - Justinus Kerner

(Frederica Hauffe - A Vidente Prevorst)


O FENÔMENO DE PREVORST


Muito tempo antes do começo do meu tratamento, a Sra. Hauffe era de tal forma sonâmbula, que ficamos convencidos de que o seu período de vigília era aparente. Não há dúvida de que ela estava então mais bem acordada que os que a rodeavam, porque aquele estado, ainda que o não considerem assim, era o da mais perfeita vigília. Nele não possuía ela força orgânica e dependia completamente dos outros, dos quais recebia a força pelos olhos e pela extremidade dos dedos. Dizia ela que extraía a vida do ar e das emanações nervosas alheias, sem que os outros nada perdessem. Não obstante, afirmam certas pessoas que se sentiam fracas quando ficavam muito tempo perto dela; experimentavam contrações, tremores, sensação de fraqueza nos olhos, na cavidade epigástrica, que ia até ao delíquio. Ela declarava, aliás, que era nos olhos dos homens vigorosos que hauria forças. Recebia mais por parte de parentes que de estranhos, e quando estava inteiramente enfraquecida era naqueles que encontrava alívio. A vizinhança dos fracos e doentes debilitava-a como as flores que perdessem sua beleza e perecessem nas mesmas circunstâncias. Sustentava-se à custa do ar e mesmo nos grandes frios não podia viver sem uma janela aberta.


Era sensível a quaisquer emanações fluídicas, do que não duvidamos, principalmente das provenientes de metais, plantas, homens e animais. As substâncias imponderáveis, tanto quanto as diferentes cores do prisma, produziam-lhe efeitos sensíveis. Sentia influências elétricas de que não temos a menor consciência. E o que é quase incrível, possuía a noção do sobrenatural ou o conhecimento por inspiração do que um homem houvesse escrito.


Seus olhos brilhavam como um luar espiritual que impressionava imediatamente os que a viam, e em tal estado, era mais um espírito que um habitante deste mundo mortal.


Se quiséssemos compará-la a um ser humano, diríamos que ela estaria nas condições dos que flutuando entre a vida e a morte, mais pertencem ao mundo que vão visitar do que ao mundo que estão por deixar.


Não se trata apenas de uma figura poética, senão da expressão de um fato. Sabemos que no momento da morte os homens têm muitas vezes reflexos do outro mundo e o provam. Vemos que um Espírito deixa incompletamente o corpo antes de destacado definitivamente do invólucro terrestre. Se pudéssemos manter durante anos uma pessoa em estado de morte iminente, obteríamos a imagem fiel do estado da Sra. Hauffe. Não é simples suposição, mas a verdade exata.


Ela achava-se muitas vezes nesse estado em que se tem a faculdade de ver Espíritos, perceber o Espírito fora do corpo, como se ele estivesse envolto em ligeira gaze. E via-se desdobrada. Dizia então:


“- Parece que saio de meu corpo e plano acima dele, e faço reflexões sobre ele. Não me traz isto agradáveis pensamentos, pois reconheço que o corpo é meu.


Se minha alma estivesse mais estreitamente ligada à força vital, esta ficaria em união mais íntima com os meus nervos; mas os laços que retêm minha força vital afrouxam-se cada vez mais.”


Parecia de fato que a força vital estava tão debilmente retida pelo sistema nervoso, que o menor movimento bastaria para pô-la em liberdade. Via-se ela então fora do corpo e este perdia toda a noção de peso.


A Sra. Hauffe não recebeu instrução nem notas de habilitação. Não conhecia Línguas, História, Geografia, História Natural, não possuía as noções comuns de seu sexo. Durante longos anos de sofrimento, a Bíblia e o Livro dos Salmos eram o seu único estudo. Incontestável a sua moralidade; piedosa sem hipocrisia; considerava seus longos sofrimentos e estranhas condições como um desígnio de Deus, e exprimia em poesia os seus sentimentos.


Como costumo escrever versos, logo disseram que era eu que lhe comunicava essa faculdade por minha força magnética; ela porém já falava em verso antes de eu conhecê-la e não é sem razão que chamaram Apolo o deus dos médicos, dos poetas e dos profetas. O sonambulismo dá faculdade de profetizar, de curar, de compor poesia. Os antigos fizeram uma justa ideia do sonambulismo e nós o envolvemos em todos os mistérios. Galeno, o grande médico, teve mais êxitos com os sonhos do que com toda a sua ciência médica. Conheço uma camponesa que não sabe escrever, mas que em estado sonambúlico se exprime em verso.


Os erros que o mundo espalhou à conta da Sra. Hauffe são inconcebíveis: nunca vi mais sonora prova do pendor para a calúnia que nesta circunstância. Ela gostava de dizer:


“- Eles têm poder sobre meu corpo, nunca porém sobre meu Espírito.” Entretanto, o maior número de pessoas que, por curiosidade, lhe rodeavam o leito, causavam-lhe grandes aborrecimentos. Recebia a todos graciosamente, posto que a fadiga que provocavam lhe ocasionasse muitos sofrimentos; e defendia os que mais a caluniavam. Recebia bem os bons e os maus. Percebia as más intenções, porém não as julgava. Muitos pecadores incrédulos que vinham vê-la emendavam-se e foram levados a crer na vida futura.


Muitos anos antes de ter sido confiada a meus cuidados, a terra, o ar, tudo o que aí respira, sem excetuar a espécie humana, não existia para ela. Aspirava a muito mais do que lhe podiam dar os mortais; queria outros céus, outros alimentos, outra atmosfera que o planeta não lhe podia oferecer. Vivia quase em estado de Espírito e já pertencia ao mundo dos Espíritos. Fazia parte do Além e já estava meio morta.


É extremamente provável que fosse possível, nos primeiros anos de sua doença, por um tratamento hábil, pô-la em um estado que lhe permitisse viver nas condições ordinárias do mundo; mas já no último período era impossível. Entretanto, graças aos nossos cuidados, conseguimos para ela tal melhora que, a despeito dos esforços para envenenar-lhe a existência, ela considerou os anos passados em Weinsberg como os menos penosos de sua vida sonambúlica.


Como dissemos, seu corpo frágil envolvia um Espírito como um véu de gazes. Era pequena; seus traços lembravam o Oriente; tinha os olhos penetrantes e proféticos e a expressão avivada por longos cílios pretos. Flor delicada, vivia dos raios do Sol.


Eschenmayer diz a seu respeito nos Mistérios: “Suas disposições naturais eram doces, amáveis, sérias. Sentia-se sempre conduzida para a contemplação e para a prece. Havia algo de espiritual na expressão dos olhos, sempre claros e brilhantes, apesar do sofrimento; de grande mobilidade durante a conversa, tornavam-se subitamente fixos; e via-se por este sinal, que ela estava em presença de uma de suas estranhas aparições. Em tais condições proferia palavras rápidas.


“Quando a vi pela primeira vez, sua vida física não prometia longa duração, e ela abandonara a esperança de alcançar um estado que a pudesse manter no mundo.


“Embora nenhuma função estivesse alterada, sua vida era uma tocha que se extinguia, uma presa entre as garras da morte e sua alma só se ligava ao corpo pelo poder magnético.


“Nela, alma e espírito pareciam em constante oposição, de tal sorte que a primeira se conservava ligada ao corpo, enquanto o segundo desprendia as asas e voava a outras regiões.” 
Dr. Justinus Kerner
Obra: A Vidente de Prevorst


Nota do compilador: Dr. Kerner comenta como era a Vidente de Prevorst. Segundo a Doutrina Espírita, nos estudos relativos à Mediunidade levados a efeito por Kardec e posteriormente por outros estudiosos, a Vidente mantinha-se prostrada o tempo todo justamente por não ter o entendimento de como lidar com a sua Mediunidade. Hoje, seguramente, um médium nas circunstâncias dela, pode levar a vida normalmente, desde que saiba o porquê e de como atuar no seu cotidiano.


22 julho 2017

Imagens Divinas - Léon Denis

 

IMAGENS DIVINAS


É a ti, ó Potência Suprema! qualquer que seja o nome que te deem e por mais imperfeitamente que sejas compreendida; é a ti, fonte eterna da vida, da beleza, da harmonia, que se elevam nossas aspirações, nossa confiança, nosso amor.

Onde estás, em que céus profundos, misteriosos, tu te escondes? Quantas Almas acreditaram que bastaria, para te encontrar, o deixar a Terra! Mas tu te conservas invisível no mundo espiritual, quanto no mundo terrestre, invisível para aqueles que não adquiriram ainda a pureza suficiente para refletir teus divinos raios.

Tudo revela e manifesta, no entanto, tua presença. Tudo quanto na Natureza e na Humanidade canta e celebra o amor, a beleza, a perfeição, tudo que vive e respira é mensagem de Deus. As forças grandiosas que animam o Universo proclamam a realidade da Inteligência divina; ao lado delas, a majestade de Deus se manifesta na História, pela ação das grandes Almas que, semelhantes a vagas imensas, trazem às plagas terrestres todas as potências da obra de sabedoria e de amor. E Deus está, assim, em cada um de nós, no templo vivo da consciência. É aquele o lugar sagrado, o santuário em que se encontra a divina centelha.

Homens! aprendei a imergir em vós mesmos, a esquadrinhar os mais íntimos recônditos do vosso ser; interrogai-vos no silêncio e no retiro. E aprendereis a reconhecer-vos, a conhecer o poder escondido em vós. É ele que leva e faz resplandecer no fundo de vossas consciências as santas imagens do bem, da verdade, da justiça, e é honrando essas imagens divinas, rendendo-lhes um culto diário, que essa consciência, ainda obscura, se purifica e se ilumina.

Pouco a pouco, a luz se engrandece em nós outros. De igual modo que gradualmente, de maneira insensível, as sombras dão lugar à luz do dia, assim a Alma se ilumina das irradiações desse foco que reside nela e faz desabrochar, em nosso pensamento e em nosso coração, formas sempre novas, sempre inesgotáveis de verdade e de beleza. E essa luz é também harmonia penetrante, voz que canta na alma do poeta, do escritor, do profeta, e os inspira e lhes dita as grandes e fortes obras, nas quais eles trabalham para elevação da Humanidade. Mas, sentem essas coisas apenas aqueles que, tendo dominado a matéria, se tornaram dignos dessa comunhão sublime, por esforços seculares, aqueles cujo senso íntimo se abriu às impressões profundas e conhecem o sopro potente que atiça os clarões do gênio, sopro que passa pelas frontes pensativas e faz estremecer os envoltórios humanos. 


Léon Denis
Obra: O Grande Enigma 

21 julho 2017

Reencarnação e Progresso - Martins Peralva

 

REENCARNAÇÃO E PROGRESSO


O problema das aptidões intelectuais é bem significativo no estudo da reencarnação, e sugere apreciações interessantes quando observado à luz das diversas doutrinas religiosas ou filosóficas.

As religiões que ensinam ter a criatura humana apenas uma existência, ou seja, as que preconizam a criação da alma no momento da formação do corpo, teriam, sem dúvida, bastante dificuldade em explicar, entre outras, a palpitante questão do conhecimento e da sabedoria, da erudição e do talento inatos.

Dificilmente se pode compreender como uma pessoa, numa existência de apenas algumas dezenas de anos, possa revelar privilegiada inteligência e sabedoria, como frequentemente ocorre, sabendo-se que, sendo tão vastos os ramos dos conhecimentos humanos, impossível seria a um homem acumular tanto em tão curto prazo.

"Uma encarnação é como um dia de trabalho" - afirma, acertadamente, um Amigo espiritual.

Daí a nossa dificuldade em compreender como pode um homem realizar vastas e apreciáveis conquistas intelectuais, nos mais variados campos do saber, num período de seis, sete ou mesmo oito dezenas de anos.

E essa dificuldade aumentaria, mais, se catalogássemos os homens que, em idênticos períodos, nada ou quase nada aprenderam nos templos do saber, apesar do esforço despendido.

Ficamos, assim, numa expectante e dolorosa alternativa: ou Deus, Supremo Criador de todas as coisas, é parcial e injusto, porque cria e põe no mundo sábios e ignorantes, quando a todos os seus filhos deveria dar, como o fazem os mais imperfeitos pais terrenos, as mesmas possibilidades, ou seremos inevitavelmente levados a aceitar a tese das religiões reencarnacionistas: cada existência representa um elo de imensa cadeia de sucessivas vidas, durante as quais o Espírito aprende e cresce, evolui e se enriquece de valores novos e consecutivos.

O Espiritismo é reencarnacionista; como tal, ensina a doutrina das existências múltiplas, das vidas que se renovam, como o faz a maioria das doutrinas antigas.

O conjunto dos ensinamentos espíritas agira em torno do seguinte enunciado filosófico: "Nascer, morrer, renascer ainda, progredir continuamente - tal é a lei."

O Espiritismo fixou nessa admirável sentença a sua estrutura doutrinária, fornecendo uma chave de luz para intricados problemas que têm desafiado a argúcia, a cultura e o talento de inúmeros pensadores, em todas as épocas da Humanidade.

A reencarnação nos faz compreender a Deus por Suprema inteligência e Suprema Justiça. Faz-nos compreendê-Lo por Infinita Perfeição e Infinita Misericórdia.

Deus nos é mostrado, através da reencarnação, Justo e Bom, criando almas simples e ignorantes, a fim de que, pelo esforço próprio, ascendam todas aos pináculos evolutivos, no rumo da perfeição com Jesus.

Aceitando a reencarnação, não temos dificuldade em compreender a promessa do Mestre: - "Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá."

À luz da reencarnação, o que era nebuloso se tornou límpido. A interpretação do Evangelho se tornou menos difícil. Mais compreensível se tornou o pensamento de Jesus.

O que era confuso e indecifrável, passou a refletir, espontânea e naturalmente, a meridiana claridade do bom senso e da lógica.

A explicação palingenésica leva-nos, afinal, a melhor compreendermos por que existem sábios e ignorantes no mundo, cruzando as mesmas ruas, sofrendo as mesmas dores, respirando o mesmo oxigênio, sem que sejamos, dolorosa e tristemente, compelidos a aceitá-lo como um Pai que usa, com os seus filhos, dois pesos e duas medidas.

A cultura, o conhecimento, o progresso, enfim decorrem desses maravilhoso encadeamento de existências, durante as quais a alma adquiriu e armazenou valiosos patrimônios intelectuais.

Sem a tese reencarnacionista, a explicação do progresso das Humanidades permanece incompleta, ou, pelo menos, incompreensível.

O observador imparcial, o historiador sensato e o homem desprovido de preconceito hão de estar conosco, nessa afirmativa. 


Martins Peralva
Estudando o Evangelho - FEB