FÁBULAS DAS CAROCHINHA E O ANCESTRAL "ESPIRITISMO" À BRASILEIRA
Um belo dia, assisti a um vídeo (documentário) sobre as atividades de certa instituição espírita dirigida rigorosamente sob os preceitos da coerência doutrinária. Entretanto, no que pese o admirável trabalho assistencial efetivado por essa instituição, ela o realiza em sociedade (parceria) com outro “centro espírita”, que é administrado sem discernimentos e integral inobservância dos princípios kardecianos.
Eis aí o nó da questão!
Para meu espanto, notei no vídeo que alguns trabalhadores do segundo centro espírita estavam trajados com camisetas brancas à guisa de uniformes e coruscantes manifestações de idolatrias ao “médium” protagonista que “incorpora” “doutores do além” e/ou “espíritos curadores”.
No documentário ainda percebi cenas em que são exibidas substâncias acondicionadas em diversas garrafas, supostamente contendo “remédios” prescritos por orientações de “pretos velhos”. Com obviedade estranhei sobre tal prática, considerando que o documentário foi exibido numa instituição de orientação genuinamente kardeciana. Por isso, deliberei escrever aqui sobre as inconsistências dessa segunda instituição.
São raras, ainda, as instituições espíritas que se podem entregar à prática mediúnica, com plena consciência da tarefa que têm em mãos. Deste modo, é aconselhável e prudente a intensificação das reuniões de estudos sérios das obras de Kardec, a fim de que os trabalhadores de boa vontade não venham a cair no desânimo ou na inércia por causa de um antecipado e imaturo comércio com as energias do plano invisível.
Creio que os médiuns são úteis, mas não indispensáveis numa casa espírita. É evidente que a ausência de estudos de Kardec não é prudente nas instituições espíritas, e é de se estranhar que médiuns estudiosos e sinceros continuem com suas consciências escravizadas, incidindo no velho erro do misticismo e/ou da idolatria.
Quanto aos médiuns idolatrados, é importante adverti-los que o seu maior inimigo não é quem os adverte, mas o seu personalismo e sua pirraça no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho. Há médiuns que se convenceram quanto aos fenômenos, sem se converterem ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do Espiritismo os seus caprichos pessoais, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração.
É importante prevenir fraternalmente que os Espíritos que se apresentam como “caboclos” e “pretos(as)-velhos(as)” nos terreiros ou noutros recintos possuem muito pouco ou quase nada de si mesmos para ensinar, em termos de filosofia espírita.
O princípio do ÓBVIO nos sussurra que devemos ter respeito, atenção, carinho, amor, sincero desejo de ajudar tais entidades, porém essa não é uma recomendação isolada para Espíritos de “caboclos” e “pretos(as)-velhos(as)”. Isso vale para todas e quaisquer comunicação mediúnica.
Dizem que por trás desses estereótipos (“pretos(as)-velhos(as)”, “caboclos”) podem estar “médicos”, “filósofos”, “poetas” etc., que apenas se utilizam de tais “roupagens” para ensinar melhor (!…). Conquanto exista obra mediúnica já consagrada nas hostes espíritas que afiance isso, particularmente, duvido sobre tal veridicidade. Nada mais precipitado do que se dar crédito a esses argumentos. Até porque, o PENSAMENTO é a linguagem, por excelência, no mundo espiritual, e a forma e trejeitos no falar e agir são adicionais supérfluos e desnecessários.
Ora, não há eternos espíritos de “pretos(as)-velhos(as)”, nem brancos(as)-velhos(as), porque todos estão em processo de evolução e não podem permanecer nessas categorias. Por essa razão, devemos ter toda cautela com os seus atavismos primários. Até porque essas entidades precisam descontruir tais psiquismos atávicos que, a rigor, mais assemelham-se aos mitológicos “deuses” do velho politeísmo.
A Doutrina dos Espíritos está estruturada nas Obras Básicas de Allan Kardec e não possui ramificações ou subdivisões com outras crenças. Seu corpo doutrinário está contido nos ensinos dos Espíritos Elevados (isso mesmo! Espíritos Superiores). Motivo pelo qual não podemos nos acomodar com um Espiritismo “à moda brasileira”, ou seja, um Espiritismo umbandizado, catoliquizado, irracional, místico e mistificado por desajustados centros “espíritas” que insistem em difundir as ingênuas fábulas da carochinha…